Gente, sei não, mas eu acho que o Manoel Carlos não está bem. Eu, particularmente, nunca tive apreço pelas helenas dele, mas Aborrecer a Vida já abusou do direito de ser chata e tediosa para se transformar em ofensiva aos portadores de necessidades especiais. Vamos com calma, que eu chego lá.
Vamos combinar, chata é pouco... A novéia aborrece pela mesmice e falta de dinâmica, chateia pelos chavões religiosos e de autoestima, entedia pela vulgaridade dos diálogos e irrita pelo estereótipo. Quando a novéia não cai nas graças do público, é notável a apelação de um lado e a desmotivação do elenco, de outro. Estão todos cumprindo contrato; só isso.
O que mais me irrita é a relação mãe/filha de Dora/Rafaela. Que é aquilo gente?! Eu, fosse a Dora, escreveria pra Supernanny. Tudo bem que a Supernanny é da TV concorrente do tio Silvio, mas isso é o de menos perto da idiotice daquelas duas?! O papo-aranha de mãe/filha, todo santo capítulo a mesma coisa, superam, de longe, o PAC bichinha-palanqueira. Ademais, a menina não estuda e só pensa em comprar, consumir, tomar sorvete. Quando faz aquele tipo menina-exorcista, a pequena atriz prima pela canastrice. Lullorota, em Cuba, demonstrando seu sentimento e preocupação com a morte de Zapata soou mais sincero que a sofrível interpretação da Giovanna Antonelli tentando dar uma de mãe pedagogicamente correta, e note que elle nem ator é. Pelo menos de profissão.
As cenas são arrastadas demais. Essa é uma característica do Monjardim que somada à preguiça e falta de criatividade do autor, colocaram o tal do Jorge mais de uma semana trancafiado naquele quarto, em deprê profunda, com as fotos da ex na tela do computador para dar crédito ao dramalhão. Fala sério! Que coisa mais cansativa!!! Mais enjoada!!! Os dois irmãos são profissionais bem sucedidos, se odeiam igual cão e gato, não podem nem se ver, mas nem passa pela cabeça de nenhum dos dois comprar um apartamento e viver a vida, sem a intromissão de ninguém. Não é estranho?
O tema “superação” abordado em torno da personagem Luciana, seria bacana, não fosse o exagero. A novéia tá parecendo uma Superinteressante em capítulos. É muita didática para pouca prática. É muita aula de fisioterapia para pouca exploração dos sentimentos e da mudança de comportamento que uma situação dessas ocasiona na vida de uma pessoa, e especialmente na de um jovem.
A equipe está tão desanimada que nem o site da Luciana eles se empenharam em passar corretamente. Quem tenta entrar no site falado, decantado e repetido pelas cajazeiras do novo milênio - http://www.sonhosdeluciana.com.br - encontra a mensagem: esse blog não é o da Luciana. Ah, tá bom. Brigada.
INTERROMPEMOS NOSSA ESPINAFRAÇÃO PARA UMA INFORMAÇÃO DE UTILIDADE PÚBLICA.
Dentro de um espaço e duas linhas, retornaremos a nossa espinafração normal.
Quem quiser acessar o site da Luciana, o correto é: especial.viveravida.globo.com/sonhos-de-luciana/
Por mera falta de conteúdo, sobra exagero nas personagens Gustavo/Malu começaram a engatar o par cômico da história, mas não demorou para cair na armadilha da caricatura vulgar de quinta categoria. A Marta que estava em estado terminal, sumiu de cena. Cadê ela? Já morreu? Já disse aqui que o autor está deixando várias personagens pelo caminho. Não sei se ele esquece delas, se elas não tem importância alguma na estória ou se um capítulo é muito pequeno para tanta aula de fisio/equipamentos e merchandising a granel.
Concluindo, chegamos à ofensa aos portadores de necessidades especiais. Quem assistiu ao capítulo em que o pai extremado e modelo madrasta modelo apresentam o novo quarto da Luciana?! Fala sério, gente. É ofensivo para todos os portadores de necessidades especiais que existem nesse pobre e miserável país, todo aquele aparato mostrado em cena (camas inteligentes, sala completa de fisio com profissionais 24 hs, piscina, mesa de computador toda adaptada, enfim). Do lado de cá, a turma reclama que não tem ônibus, não tem calçada, não tem estrutura nenhuma para cadeirantes, que dirá toda aquela última palavra em tecnologia de ponta!!!!!! A mensagem subliminar é que só os cadeirantes bem nascidos é que podem ter a esperança de ter um acompanhamento eficiente e eficaz, o que, por si, é um acinte. Será que é isso mesmo, ou estou enganada? A aberração chamou atenção de um espectador que perguntou justamente isso no blog da personagem (o questionamento foi ao ar no capítulo de terça-feira, 2 de março). A personagem leu a pergunta, disse que iria entrevistar uma tal de Camila (que ainda não está na trama) e... foi a praia. O que será que se passa na cabeça desse autor. Ou o Maneco tá viajando no vinho tinto ou “Aborrecer a Vida” está inaugurando uma nova fase da emissora: o padrão Globo de boçalidade ou seja boçalidade em grande estilo.