O mal existe?
O mal existe?
Recebi o seguinte e-mail:
O MAL EXISTE?
Um professor ateu desafiou seus alunos com esta pergunta:
- Deus fez tudo que existe ?
Um estudante respondeu corajosamente: - "Sim, fez !"
- Deus fez tudo, mesmo ?
- Sim, professor - respondeu o jovem.
O professor replicou:
- Se Deus fez todas as coisas, então Deus fez o mal, pois o mal existe, e
considerando-se que nossas ações são um reflexo de nós mesmos, então Deus
é mal.
O estudante calou-se diante de tal resposta e o professor, feliz, se
vangloriava de haver provado uma vez mais que a Fé era um mito.
Outro estudante levantou sua mão e disse:
- Posso lhe fazer uma pergunta, professor?
Sem dúvida, respondeu-lhe o
professor.
O jovem ficou de pé e perguntou:
- Professor, o frio existe ?
- Mas que pergunta é essa ? Claro que existe, você por acaso nunca sentiu
frio ?
O rapaz respondeu:
- Na verdade, professor, o frio não existe. Segundo as leis da Física, o
que consideramos frio,
na realidade é ausência de calor. Todo corpo ou objeto pode ser estudado
quando tem ou transmite energia, mas é o calor e não o frio que faz com
que tal corpo tenha ou transmita energia.
O zero absoluto é a ausência total e absoluta de calor, todos os corpos
ficam inertes, incapazes de reagir, mas o frio não existe. Criamos esse
termo para descrever como nos sentimos quando nos falta o calor.
- E a escuridão, existe ? - continuou o estudante.
O professor respondeu:
- Mas é claro que sim.
O estudante respondeu:
- Novamente o senhor se engana, a escuridão tampouco existe. A escuridão é
na verdade a ausência de luz. Podemos estudar a luz, mas a escuridão
não.
O prisma de Newton decompõe a luz branca nas varias cores de que se
compõe,
com seus diferentes comprimentos de onda.
A escuridão não. Um simples raio de luz rasga as trevas e ilumina a
superfície que a luz toca.
Como se faz para determinar quão escuro está um determinado local do
espaço ?
Apenas com base na quantidade de luz presente nesse local, não é mesmo ?
Escuridão é um termo que o homem criou para descrever o que acontece
quando não há luz presente.
Finalmente, o jovem estudante perguntou ao professor:
- Diga, professor, o mal existe?
Ele respondeu:
- Claro que existe. Como eu disse no início da aula, vemos roubos, crimes
e violência diariamente em todas as partes do mundo, essas coisas são o
mal.
Então o estudante respondeu:
- O mal não existe, professor, ou ao menos não existe por si só
- O mal é simplesmente a ausência de Deus. É, como nos casos anteriores,
é um termo que o homem criou para
descrever essa ausência de Deus.
Deus não criou o mal.
Não é como a Fé ou o Amor, que existem como existe a Luz e o Calor.
O mal resulta de que a humanidade não tenha Deus presente em seus
corações.
É como o frio que surge quando não há calor, ou a escuridão que acontece
quando não há luz."
S I M P L E S M E N T E G E N I A L ! ! !
O MAL EXISTE?
Um professor ateu desafiou seus alunos com esta pergunta:
- Deus fez tudo que existe ?
Um estudante respondeu corajosamente: - "Sim, fez !"
- Deus fez tudo, mesmo ?
- Sim, professor - respondeu o jovem.
O professor replicou:
- Se Deus fez todas as coisas, então Deus fez o mal, pois o mal existe, e
considerando-se que nossas ações são um reflexo de nós mesmos, então Deus
é mal.
O estudante calou-se diante de tal resposta e o professor, feliz, se
vangloriava de haver provado uma vez mais que a Fé era um mito.
Outro estudante levantou sua mão e disse:
- Posso lhe fazer uma pergunta, professor?
Sem dúvida, respondeu-lhe o
professor.
O jovem ficou de pé e perguntou:
- Professor, o frio existe ?
- Mas que pergunta é essa ? Claro que existe, você por acaso nunca sentiu
frio ?
O rapaz respondeu:
- Na verdade, professor, o frio não existe. Segundo as leis da Física, o
que consideramos frio,
na realidade é ausência de calor. Todo corpo ou objeto pode ser estudado
quando tem ou transmite energia, mas é o calor e não o frio que faz com
que tal corpo tenha ou transmita energia.
O zero absoluto é a ausência total e absoluta de calor, todos os corpos
ficam inertes, incapazes de reagir, mas o frio não existe. Criamos esse
termo para descrever como nos sentimos quando nos falta o calor.
- E a escuridão, existe ? - continuou o estudante.
O professor respondeu:
- Mas é claro que sim.
O estudante respondeu:
- Novamente o senhor se engana, a escuridão tampouco existe. A escuridão é
na verdade a ausência de luz. Podemos estudar a luz, mas a escuridão
não.
O prisma de Newton decompõe a luz branca nas varias cores de que se
compõe,
com seus diferentes comprimentos de onda.
A escuridão não. Um simples raio de luz rasga as trevas e ilumina a
superfície que a luz toca.
Como se faz para determinar quão escuro está um determinado local do
espaço ?
Apenas com base na quantidade de luz presente nesse local, não é mesmo ?
Escuridão é um termo que o homem criou para descrever o que acontece
quando não há luz presente.
Finalmente, o jovem estudante perguntou ao professor:
- Diga, professor, o mal existe?
Ele respondeu:
- Claro que existe. Como eu disse no início da aula, vemos roubos, crimes
e violência diariamente em todas as partes do mundo, essas coisas são o
mal.
Então o estudante respondeu:
- O mal não existe, professor, ou ao menos não existe por si só
- O mal é simplesmente a ausência de Deus. É, como nos casos anteriores,
é um termo que o homem criou para
descrever essa ausência de Deus.
Deus não criou o mal.
Não é como a Fé ou o Amor, que existem como existe a Luz e o Calor.
O mal resulta de que a humanidade não tenha Deus presente em seus
corações.
É como o frio que surge quando não há calor, ou a escuridão que acontece
quando não há luz."
S I M P L E S M E N T E G E N I A L ! ! !
Deus é um só...
...mas com várias caras: uma para cada religião
O homem é um animal inteligente o bastante para criar o seu próprio criador
Ei, porque acreditar em alguem que pune todos os descendentes e também todos os animais por causa da desobediência de dois indivíduos?
Re.: O mal existe?
Respondi da seguinte forma:
Bom, então aí está desfeito o mito da onipresença uma vez que para haver o mal deve haver ausência de Deus. Onipresença = estar em todos os lugares ao mesmo tempo
Quem tiver mais sugestões de respostas será bem-vindo
Bom, então aí está desfeito o mito da onipresença uma vez que para haver o mal deve haver ausência de Deus. Onipresença = estar em todos os lugares ao mesmo tempo


Quem tiver mais sugestões de respostas será bem-vindo
Deus é um só...
...mas com várias caras: uma para cada religião
O homem é um animal inteligente o bastante para criar o seu próprio criador
Ei, porque acreditar em alguem que pune todos os descendentes e também todos os animais por causa da desobediência de dois indivíduos?
Re.: O mal existe?
Deus é a causa, e por equívoco é constantemente considerado como se fosse motivo.....
Por mais que desejamos, por mais que anseiamos que Deus exista....
Nenhuma Divindade ou Deus virá a existir para atender nossos anseios...
Citação da Bíblia Sagrada- Anotado por mim na contra-capa de Caneta Bic Preta

O Problema do Mal
© por Mike Hardie
“Uma árvore boa não pode dar frutos ruins, nem uma árvore má, dar bons frutos.”
-Mateus 7:18
“Eu formo a luz e crio as trevas, asseguro o bem estar e crio a desgraça: sim, eu, Iahweh, faço tudo isto.”
-Isaías 45:7
Introdução
A resposta de que "tudo é bom"
A resposta da "ausência do bem"
A teodicéia do livre-arbítrio
A resposta do "aprimoramento do caráter"
A resposta da soberania
Conclusão
Introdução
Na teologia cristã tradicional, Deus nos é apresentado como possuidor de certas qualidades definidas. Mais especificamente, acredita-se que essa deidade seja onisciente (sabedora de tudo), onipotente (com poder para tudo), onibenevolente (totalmente bondosa), e a Criadora incriada de todas as coisas. Não é necessário dizer que um tal ser, se existisse, seria verdadeiramente impressionante -- ao ponto de nenhum ser humano poder jamais compreender sua grandeza.
De qualquer forma, há nessa simples definição a base para um sério problema de lógica. Um ser tão impressionantemente perfeito como seria esse Deus, ao que parece, seria tão perfeito que ele nunca poderia, em tempo algum, cometer um erro. E no entanto a Bíblia -- a fonte das qualidades distintivas listadas acima -- surge para nos dizer que esse mesmo Deus já cometeu um erro.
O erro está na natureza daquilo que se supõe ser a maior das criações divinas: o próprio universo. Parece que nós poderíamos inferir que este universo, se criado por um ser perfeitamente bom e todo-poderoso, deveria, ele mesmo, ser perfeitamente bom -- contudo, como até a Bíblia freqüentemente admite, ele não é perfeito de jeito algum. O que nos é mostrado é um cenário onde uma divindade perfeitamente bondosa criou tudo; e mesmo assim nem tudo é bom.
Este é um problema que requer uma explicação, e -- infelizmente, para o teísta cristão -- parece que somente duas são possíveis: que Deus não foi capaz de criar um universo perfeitamente bom, ou que Ele não quis fazer isso. E, mais infelizmente ainda, a primeira explicação estabelece que Deus não seria todo-poderoso, e a segunda, que Deus não seria todo-bondoso.
Naturalmente, já que tanto a onipotência quanto a onibenevolência são consideradas qualidades essenciais do Deus cristão, esse é um problema de primeiríssima grandeza. Como essas duas afirmações -- de que Deus é todo-poderoso e todo-bondoso, e a de que o universo contém o mal -- podem ser reconciliadas?
Minha opinião é a de que elas não podem. O Problema do Mal não é apenas um irritante enigma teológico, apesar de ter sido assim considerado. Ele é uma inconsistência lógica dentro das afirmações do Cristianismo tradicional.
Mas, naturalmente, o Problema do Mal não passou despercebido pelos teólogos, e tem havido muitas tentativas de resolvê-lo. É obviamente necessário examinar algumas das soluções propostas para ver se um delas serve para acabar com a inconsistência. Em cada caso, devemos exigir duas coisas: que a resposta resolva de forma lógica o Problema do Mal, e que ela permaneça coerente com a teologia que se propõe defender.
Além disso, para preservar a clareza, é necessário definir exatamente a que postura eu me refiro com a expressão "teologia cristã tradicional". Por isto eu quero dizer a doutrina de que Deus tem as três características já listadas e é também um ser "justo" que recompensará os bons com a vida eterna, e punirá os maus com a danação igualmente eterna. Você pode perguntar por que eu limito a discussão a essa concepção somente, e seria uma pergunta justa -- minha resposta é que seria praticamente impossível tratar de um pequeno número de posições teológicas adicionais e ainda manter este ensaio num tamanho razoável. Deixemos de lado, então, por enquanto, as análises do Problema do Mal relacionadas a essa outras posições.
A resposta de que "tudo é bom"
Esta é uma tentativa de negar o Problema do Mal pela simples sugestão de que não existe o mal. Isso é conhecido pelo outro nome de a teoria do "melhor dos mundos possíveis", proposta por Leibniz (e celebremente satirizada por Voltaire no Cândido). Esta resposta é, creio eu, melhor resumida por uma citação:
"Toda a natureza não é senão arte, desconhecida para ti,
Todo acaso, discrição que não podes ver;
Toda discórdia, harmonia mal compreendida;
Todo mal parcial, bem universal;
E a despeito do orgulho, ao enganar o ódio da razão,
Uma verdade transparece: o que quer seja, certo está."
- Alexander Pope
Assim, noutras palavras, esta defesa sugere que o "mal" não é nada além das interpretações errôneas do homem do que é, na verdade, o bem no grande plano de Deus. Agora, esta pode ser uma resposta que consiga resolver o Problema do Mal no que toca a certos tipos de teísmo; no entanto, ela não é compatível com o teísmo cristão tradicional especificamente.
A razão para isso é que a base essencial do Cristianismo é a idéia de salvação... Mas, se só existe o bem, e não há mal algum, então não há nada de que ser salvo. Da mesma maneira, se não existe o mal, então não há motivo para um inferno, não há motivo para um castigo, e nem mesmo um Diabo. Dado que tudo esses elementos são necessários para o tipo de teologia em questão, a resposta de que "tudo é bom" não é o suficiente.
A resposta da "ausência do bem"
Esta é uma resposta clássica ao Problema do Mal, mais conhecidamente defendida por São Tomás de Aquino. Essencialmente, esta resposta é uma tentativa de seguir o caminho da resposta de que "tudo é bom" sem perder a coerência com a teologia cristã.
A "ausência do bem“ tenta fazer isso dizendo que o mal não é uma "coisa", é a falta de uma coisa -- em outras palavras, é simplesmente a ausência do bem, no mesmo sentido de que a escuridão é meramente a ausência de luz. O objetivo é fazer do mal algo a que se possa fazer referência sem torná-lo algo cuja existência deva ser considerada casualmente.
Essa resposta pode parecer mais uma questão inútil de semântica, e de fato é. Afinal de contas, mesmo se partirmos do princípio de que o mal não é uma "coisa", mas só a falta do bem, ele ainda tem de ser levado em conta! Devemos, no máximo, simplesmente reformular o "Problema do Mal" como o "problema da falta do bem".
A analogia entre bem/mal e luz/escuridão é útil para explicar isto. Imagine um arquiteto que desenha um prédio de escritórios para uma companhia. Esta, enquanto examina as plantas que ele fez, nota uma discrepância impressionante: o prédio proposto não tem janelas nem iluminação! Obviamente, se esse edifício for realmente construído, os trabalhadores terão muitas dificuldades no trabalho.
Agora imagine que eles mostram a falha ao arquiteto e ele responde dizendo que a escuridão não é "algo" em si mesma, e portanto não pode ser considerada uma falha. Em parte ele tem razão, claro; a escuridão é apenas a falta de luz. Isso significa que a ausência de luz não é uma falha? Não. Visto que a iluminação é uma coisa que um bom arquiteto deveria ter projetado, não fazê-lo revela uma arquitetura muito abaixo dos padrões.
Do mesmo modo, mesmo se o mal for mesmo a ausência do bem, isso não significa que ele deixa de ser um problema. A "ausência do bem" é uma falha tão notável quanto a existência do mal -- quanto mais porque se crê que o "arquiteto", no caso, é um ser perfeito.
E os problemas com essa resposta não terminam aí. Há mais duas objeções que se podem fazer, ambas insistindo no mesmo ponto: o mal não pode ser realmente definido apenas como "ausência do bem". Isso nos força a fazer uma breve incursão ao mundo da filosofia moral, mas uma que, espero, valerá a pena.
Primeiro, considere a idéia de que um determinado ato é "mau". Isso é a mesma coisa que dizer apenas que "o ato não é bom"? Não. Nós normalmente fazemos uma distinção entre atos que são bons, os que são maus, e os que não são uma coisa nem outra (i.e., não têm implicações morais). Mas se o mal for apenas a "ausência do bem", então a última categoria é excluída, pois tudo o que não fosse bom seria mau por definição.
Isso significaria que qualquer ato que não tivesse conotações moralmente "boas" -- digamos, atos mais mundanos como usar um guardanapo, ou comer chocolate em vez de sorvete de baunilha -- seriam tecnicamente maus! Isso reduz a idéia do "mal" ao nível do absurdo, e certamente o reduz a um conceito mais ridículo do que a maioria dos teístas estaria preparada para aceitar.
Segundo, considere a idéia de que há diferentes graus de maldade. Por exemplo, tome a diferença entre um assassinato e um assassinato em massa. Nós geralmente não hesitaríamos em dizer que o último é um ato bem mais perverso que o primeiro. Mas a noção de que o mal é a "falta do bem" pode comportar essa idéia de graduação? Não, simplesmente porque nem o assassinato nem o assassinato em massa são bons em grau nenhum -- como um poderia ser "menos bom" que o outro?
Então, se realmente formos coerentes ao aceitar o ponto de vista de que o mal é apenas a falta do bem, estaremos nos comprometendo com o ponto de vista de que nenhuma ação "não-boa" pode ser pior que a outra. Alguém está mesmo preparado para admitir que não há diferença moral entre um assassinato e um assassinato em massa? Ou ainda, entre assassinar alguém e escolher sorvete de chocolate? Para quem quer que não esteja, a resposta da "ausência do bem" simplesmente não é uma opção.
A teodicéia do livre-arbítrio
Esta é provavelmente a resposta mais comum dada pelos cristãos modernos ao Problema do Mal. O argumento é mais ou menos o seguinte: Deus concedeu o livre-arbítrio aos seres humanos, e eles escolheram o mal por livre e espontânea vontade. Assim, o mal foi criado livremente pelos humanos, e, por conseqüência, não é atribuível a Deus.
Naturalmente, se a teodicéia do livre-arbítrio conseguisse estabelecer que os humanos foram a origem do mal, ela de fato refutaria a inconsistência lógica que o Problema do Mal sugere. A questão aqui é que, para isso, a teodicéia deve de algum modo conseguir quebrar a corrente causal -- ou cadeia de relações de causa-e-efeito -- entre as ações humanas e Deus.
Infelizmente, propor o livre-arbítrio não vai realmente quebrar essa corrente causal, simplesmente porque a mesma resposta admite que o livre arbítrio é algo criado por Deus.
A fim de ilustrar esse ponto, vamos supor que o mal tenha sido mesmo introduzido no universo pelos seres humanos. Então, por que eles criaram o mal? Porque eles tinham o livre-arbítrio para fazê-lo, de acordo com a teodicéia do livre-arbítrio. E por que, sendo assim, eles tiveram essa capacidade de livre-arbítrio? Porque Deus os fez tê-la.
Este é o ponto onde o problema com essa teodicéia se torna aparente. Se Deus criou o livre-arbítrio, o então o livre-arbítrio criou o mal, então Deus ainda assim criou o mal – Ele apenas teria feito uso de causa intermediárias. A única diferença entre esse cenário com livre-arbítrio e o da predestinação calvinista seria que, ao invés de criar o mal diretamente, aqui Deus cria o livre-arbítrio – o qual, por sua vez, cria o mal para Ele.
Mas, alguns objetarão, esse é o ponto: Deus não é a causa direta do mal, e portanto o mal não pode ser algo pelo qual Ele é responsável. Para essa objeção ser correta, de qualquer forma, deve-se crer que não se deve impingir a alguém a responsabilidade pelos atos de que não é causa direta. Mas, por sua vez, isso não é correto.
Imagine uma situação em que alguém atira de propósito em outra pessoa, matando-a. Naturalmente o pistoleiro não matou diretamente a vítima – foi a bala. Então, o pistoleiro não é culpado pela morte da vítima? É a bala a causa real da morte, só porque foi a causa mais imediata? Claro que não, porque a bala foi posta em movimento pelo pistoleiro. Este deu o tiro, e o fez porque tinha o propósito premeditado de matar alguém. Portanto, ele é responsável pela morte. Ele causou a morte, ele sabia que a estava causando, e fez isso intencionalmente.
Podemos aplicar os mesmos critérios para determinar se Deus deve ser responsabilizado pelo mal. Aqui, sabemos que Ele deve ter posto cada ato mau em movimento, simplesmente porque, como Causa Primeira, Deus põe tudo em movimento. Também sabemos que a onisciência de Deus garante Seu conhecimento do resultado de qualquer curso de ação, de modo que a criação do livre-arbítrio só poderá ter sido feita com a possibilidade da criação do mal em mente. Por conseguinte, os critérios de causa, conhecimento antecipado e intenção são preenchidos – logo, o Deus do Cristianismo tradicional seria responsável de forma demonstrável pela existência do mal, mesmo que se acrescente o "livre-arbítrio" à corrente causal.
Certas variações da teodicéia do livre-arbítrio tentam resolver esse problema dizendo que, apesar de Deus saber que a criação do livre-arbítrio iria, por sua vez, criar o mal, Ele tinha de criá-lo de qualquer maneira, pois o livre-arbítrio é, em algum sentido, necessário. Geralmente, pensa-se que esse é o caso porque é preciso haver livre-arbítrio para que as criações de Deus possam criá-lo livremente... e fazer esse tipo de amor possível é, segundo a teodicéia, tão inerentemente bom que a criação do mal é um infeliz mas aceitável efeito colateral.
O problema com essa solução é duplo. Primeiro, há a questão de se, mesmo com o livre-arbítrio, os seres humanos podem de fato amar Deus (ou fazer qualquer outra coisa!) livremente. Podemos lidar com isso do mesmo jeito que fizemos com o fato de os seres humanos praticarem o mal: eles amam Deus porque têm a liberdade de consciência para fazê-lo, e têm liberdade de consciência para fazê-lo porque Deus lhes deu essa capacidade. Então, o fato de que as pessoas amam Deus não é, em última instância, atribuível a elas, mas ao próprio Deus – precisamente o problema que o livre-arbítrio tem de resolver necessariamente.
Segundo, a questão inteira da responsabilidade individual humana pelos atos – uma área importante na teologia tradicional – é posta na berlinda aqui. Mesmo considerando que o livre-arbítrio tinha de ser criado a fim de estabelecer a melhor situação possível, a existência do mal ainda permanece como conseqüência de algo que Deus fez. Por que Deus o faz é irrelevante; mas o que é relevante é o que os seres humanos não são responsáveis por esse mal. A única coisa que um Deus justo e virtuoso poderia acusar pela existência do mal é a própria realidade – mais especificamente, o fato da realidade que fez do mal uma conseqüência necessária do livre-arbítrio.
Isso dito, acusar as pessoas de serem responsáveis pelo mal – e, com efeito, amaldiçoá-las eternamente por isso! – é dificilmente uma coisa que se possa esperar de um Deus onibenevolente. Se a teodicéia do livre-arbítrio dscrita acima é verdadeira, o mal é algo que aflige as pessoas, não algo que elas acabaram por criar... e pode o tipo de Deus proposto pelo Cristianismo punir as pessoas por algo que está além do controle delas?
Em suma, existem objeções muito importante à teodicéia do livre-arbítrio como solução para o Problema do Mal segundo a teologia tradicional. O apologista do livre-arbítrio parece propor uma situação onde ninguém seria moralmente responsável pela existência do mal, e, contudo, um Deus justo, virtuoso e benevolente ainda pune as pessoas por isso. Assim, para essa teodicéia se tornar relevante, deve-se admitir que Deus não deseja realmente responsabilizar as pessoas pelo mal... Uma admissão que a idéia tradicional de um inferno terno não permite.
A resposta do "aprimoramento do caráter"
Esta é outra resposta bastante popular. Ela afirma que Deus realmente criou o mal por vontade própria, mas o fez para que a humanidade pudesse aprender com a experiência. O argumento vai mais adiante e diz que, sem experimentar o mal, a humanidade nunca poderia apreciar a bondade divina em sua plenitude. Portanto, torna as pessoas más, porque isso vai aprimorar seu caráter, por assim dizer.
Em primeiro lugar, essa resposta é falha por sugerir que Deus não é onipotente. Não há razão lógica por que Deus, se quisesse, não poderia simplesmente criar as pessoas com o "caráter" que Ele quer que elas tenham. Conseqüentemente, não há necessidade lógica para a criação do mal – presumindo-se, se Deus tiver criado o mal, que não foi porque teve de fazê-lo.
E ela é falha também porque não é coerente com a teologia tradicional. A incoerência, no caso, vem do fato de que o Deus da Bíblia constantemente pune as pessoas pelo mal que praticam – ao ponto de matá-las e ainda condená-las pela eternidade. Isso não é compatível com a idéia de que Deus aprova o mal como algum tipo de "experiência de aprendizagem". Afinal de contas, os mortos não tem muita chance de recolher seus pedaços dispersos e declarar, "Bem, parece que eu aprendi minha lição"...!
A resposta da soberania
Esta é uma tentativa um tanto dura de lidar com o Problema do Mal, e uma que parece ser usada quase inteiramente por aqueles que defendem alguma forma de calvinismo. Ela afirma que Deus criar o mal não é um problema, pois Deus é um ser soberano, e pode fazer o que quiser. Significa, essencialmente, dizer, "Sim, Deus criou o mal. E daí? Ele é Deus!" Há algum precedente bíblico para essa opinião:
"20: Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim?
21: Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para honra e outro para desonra?
22: E que direis se Deus, querendo mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita paciência os vasos da ira, preparados para a perdição..."
Romanos 9:20-22
Esta é certamente uma nova alternativa à teodicéia, mas, infelizmente, não uma solução ao Problema Lógico do Mal. Afinal, a questão-chave aqui não é se Deus tem o direito de cria ro mal, mas se sua suposta natureza é logicamente coerente com esse ato.
Conclusão
Dificilmente as seções anteriores poderiam ter abrangido todas as respostas possíveis ao Problema do Mal, mas espero que elas tenham mostrado por que muitas das resposta não servem.
Claro, simplesmente lidar com algumas respostas não basta para solucionar a questão: é possível uma resposta para o problema do Mal? Talvez seja, e com certeza ela seria procurada ardentemente, não só por cristãos, mas por todos aqueles preocupados com o tema. Por ora, de qualquer forma, o Problema do Mal parece permanecer como uma verdadeira inconsistência lógica, e as conseqüências disto devem ser notadas: se as afirmações do teísmo cristão tradicional são inconsistentes, então elas, por lógica, têm de estar no mínimo parcialmente erradas.
Fonte: http://www.geocities.com/Athens/Column/ ... o_mal.html
© por Mike Hardie
“Uma árvore boa não pode dar frutos ruins, nem uma árvore má, dar bons frutos.”
-Mateus 7:18
“Eu formo a luz e crio as trevas, asseguro o bem estar e crio a desgraça: sim, eu, Iahweh, faço tudo isto.”
-Isaías 45:7
Introdução
A resposta de que "tudo é bom"
A resposta da "ausência do bem"
A teodicéia do livre-arbítrio
A resposta do "aprimoramento do caráter"
A resposta da soberania
Conclusão
Introdução
Na teologia cristã tradicional, Deus nos é apresentado como possuidor de certas qualidades definidas. Mais especificamente, acredita-se que essa deidade seja onisciente (sabedora de tudo), onipotente (com poder para tudo), onibenevolente (totalmente bondosa), e a Criadora incriada de todas as coisas. Não é necessário dizer que um tal ser, se existisse, seria verdadeiramente impressionante -- ao ponto de nenhum ser humano poder jamais compreender sua grandeza.
De qualquer forma, há nessa simples definição a base para um sério problema de lógica. Um ser tão impressionantemente perfeito como seria esse Deus, ao que parece, seria tão perfeito que ele nunca poderia, em tempo algum, cometer um erro. E no entanto a Bíblia -- a fonte das qualidades distintivas listadas acima -- surge para nos dizer que esse mesmo Deus já cometeu um erro.
O erro está na natureza daquilo que se supõe ser a maior das criações divinas: o próprio universo. Parece que nós poderíamos inferir que este universo, se criado por um ser perfeitamente bom e todo-poderoso, deveria, ele mesmo, ser perfeitamente bom -- contudo, como até a Bíblia freqüentemente admite, ele não é perfeito de jeito algum. O que nos é mostrado é um cenário onde uma divindade perfeitamente bondosa criou tudo; e mesmo assim nem tudo é bom.
Este é um problema que requer uma explicação, e -- infelizmente, para o teísta cristão -- parece que somente duas são possíveis: que Deus não foi capaz de criar um universo perfeitamente bom, ou que Ele não quis fazer isso. E, mais infelizmente ainda, a primeira explicação estabelece que Deus não seria todo-poderoso, e a segunda, que Deus não seria todo-bondoso.
Naturalmente, já que tanto a onipotência quanto a onibenevolência são consideradas qualidades essenciais do Deus cristão, esse é um problema de primeiríssima grandeza. Como essas duas afirmações -- de que Deus é todo-poderoso e todo-bondoso, e a de que o universo contém o mal -- podem ser reconciliadas?
Minha opinião é a de que elas não podem. O Problema do Mal não é apenas um irritante enigma teológico, apesar de ter sido assim considerado. Ele é uma inconsistência lógica dentro das afirmações do Cristianismo tradicional.
Mas, naturalmente, o Problema do Mal não passou despercebido pelos teólogos, e tem havido muitas tentativas de resolvê-lo. É obviamente necessário examinar algumas das soluções propostas para ver se um delas serve para acabar com a inconsistência. Em cada caso, devemos exigir duas coisas: que a resposta resolva de forma lógica o Problema do Mal, e que ela permaneça coerente com a teologia que se propõe defender.
Além disso, para preservar a clareza, é necessário definir exatamente a que postura eu me refiro com a expressão "teologia cristã tradicional". Por isto eu quero dizer a doutrina de que Deus tem as três características já listadas e é também um ser "justo" que recompensará os bons com a vida eterna, e punirá os maus com a danação igualmente eterna. Você pode perguntar por que eu limito a discussão a essa concepção somente, e seria uma pergunta justa -- minha resposta é que seria praticamente impossível tratar de um pequeno número de posições teológicas adicionais e ainda manter este ensaio num tamanho razoável. Deixemos de lado, então, por enquanto, as análises do Problema do Mal relacionadas a essa outras posições.
A resposta de que "tudo é bom"
Esta é uma tentativa de negar o Problema do Mal pela simples sugestão de que não existe o mal. Isso é conhecido pelo outro nome de a teoria do "melhor dos mundos possíveis", proposta por Leibniz (e celebremente satirizada por Voltaire no Cândido). Esta resposta é, creio eu, melhor resumida por uma citação:
"Toda a natureza não é senão arte, desconhecida para ti,
Todo acaso, discrição que não podes ver;
Toda discórdia, harmonia mal compreendida;
Todo mal parcial, bem universal;
E a despeito do orgulho, ao enganar o ódio da razão,
Uma verdade transparece: o que quer seja, certo está."
- Alexander Pope
Assim, noutras palavras, esta defesa sugere que o "mal" não é nada além das interpretações errôneas do homem do que é, na verdade, o bem no grande plano de Deus. Agora, esta pode ser uma resposta que consiga resolver o Problema do Mal no que toca a certos tipos de teísmo; no entanto, ela não é compatível com o teísmo cristão tradicional especificamente.
A razão para isso é que a base essencial do Cristianismo é a idéia de salvação... Mas, se só existe o bem, e não há mal algum, então não há nada de que ser salvo. Da mesma maneira, se não existe o mal, então não há motivo para um inferno, não há motivo para um castigo, e nem mesmo um Diabo. Dado que tudo esses elementos são necessários para o tipo de teologia em questão, a resposta de que "tudo é bom" não é o suficiente.
A resposta da "ausência do bem"
Esta é uma resposta clássica ao Problema do Mal, mais conhecidamente defendida por São Tomás de Aquino. Essencialmente, esta resposta é uma tentativa de seguir o caminho da resposta de que "tudo é bom" sem perder a coerência com a teologia cristã.
A "ausência do bem“ tenta fazer isso dizendo que o mal não é uma "coisa", é a falta de uma coisa -- em outras palavras, é simplesmente a ausência do bem, no mesmo sentido de que a escuridão é meramente a ausência de luz. O objetivo é fazer do mal algo a que se possa fazer referência sem torná-lo algo cuja existência deva ser considerada casualmente.
Essa resposta pode parecer mais uma questão inútil de semântica, e de fato é. Afinal de contas, mesmo se partirmos do princípio de que o mal não é uma "coisa", mas só a falta do bem, ele ainda tem de ser levado em conta! Devemos, no máximo, simplesmente reformular o "Problema do Mal" como o "problema da falta do bem".
A analogia entre bem/mal e luz/escuridão é útil para explicar isto. Imagine um arquiteto que desenha um prédio de escritórios para uma companhia. Esta, enquanto examina as plantas que ele fez, nota uma discrepância impressionante: o prédio proposto não tem janelas nem iluminação! Obviamente, se esse edifício for realmente construído, os trabalhadores terão muitas dificuldades no trabalho.
Agora imagine que eles mostram a falha ao arquiteto e ele responde dizendo que a escuridão não é "algo" em si mesma, e portanto não pode ser considerada uma falha. Em parte ele tem razão, claro; a escuridão é apenas a falta de luz. Isso significa que a ausência de luz não é uma falha? Não. Visto que a iluminação é uma coisa que um bom arquiteto deveria ter projetado, não fazê-lo revela uma arquitetura muito abaixo dos padrões.
Do mesmo modo, mesmo se o mal for mesmo a ausência do bem, isso não significa que ele deixa de ser um problema. A "ausência do bem" é uma falha tão notável quanto a existência do mal -- quanto mais porque se crê que o "arquiteto", no caso, é um ser perfeito.
E os problemas com essa resposta não terminam aí. Há mais duas objeções que se podem fazer, ambas insistindo no mesmo ponto: o mal não pode ser realmente definido apenas como "ausência do bem". Isso nos força a fazer uma breve incursão ao mundo da filosofia moral, mas uma que, espero, valerá a pena.
Primeiro, considere a idéia de que um determinado ato é "mau". Isso é a mesma coisa que dizer apenas que "o ato não é bom"? Não. Nós normalmente fazemos uma distinção entre atos que são bons, os que são maus, e os que não são uma coisa nem outra (i.e., não têm implicações morais). Mas se o mal for apenas a "ausência do bem", então a última categoria é excluída, pois tudo o que não fosse bom seria mau por definição.
Isso significaria que qualquer ato que não tivesse conotações moralmente "boas" -- digamos, atos mais mundanos como usar um guardanapo, ou comer chocolate em vez de sorvete de baunilha -- seriam tecnicamente maus! Isso reduz a idéia do "mal" ao nível do absurdo, e certamente o reduz a um conceito mais ridículo do que a maioria dos teístas estaria preparada para aceitar.
Segundo, considere a idéia de que há diferentes graus de maldade. Por exemplo, tome a diferença entre um assassinato e um assassinato em massa. Nós geralmente não hesitaríamos em dizer que o último é um ato bem mais perverso que o primeiro. Mas a noção de que o mal é a "falta do bem" pode comportar essa idéia de graduação? Não, simplesmente porque nem o assassinato nem o assassinato em massa são bons em grau nenhum -- como um poderia ser "menos bom" que o outro?
Então, se realmente formos coerentes ao aceitar o ponto de vista de que o mal é apenas a falta do bem, estaremos nos comprometendo com o ponto de vista de que nenhuma ação "não-boa" pode ser pior que a outra. Alguém está mesmo preparado para admitir que não há diferença moral entre um assassinato e um assassinato em massa? Ou ainda, entre assassinar alguém e escolher sorvete de chocolate? Para quem quer que não esteja, a resposta da "ausência do bem" simplesmente não é uma opção.
A teodicéia do livre-arbítrio
Esta é provavelmente a resposta mais comum dada pelos cristãos modernos ao Problema do Mal. O argumento é mais ou menos o seguinte: Deus concedeu o livre-arbítrio aos seres humanos, e eles escolheram o mal por livre e espontânea vontade. Assim, o mal foi criado livremente pelos humanos, e, por conseqüência, não é atribuível a Deus.
Naturalmente, se a teodicéia do livre-arbítrio conseguisse estabelecer que os humanos foram a origem do mal, ela de fato refutaria a inconsistência lógica que o Problema do Mal sugere. A questão aqui é que, para isso, a teodicéia deve de algum modo conseguir quebrar a corrente causal -- ou cadeia de relações de causa-e-efeito -- entre as ações humanas e Deus.
Infelizmente, propor o livre-arbítrio não vai realmente quebrar essa corrente causal, simplesmente porque a mesma resposta admite que o livre arbítrio é algo criado por Deus.
A fim de ilustrar esse ponto, vamos supor que o mal tenha sido mesmo introduzido no universo pelos seres humanos. Então, por que eles criaram o mal? Porque eles tinham o livre-arbítrio para fazê-lo, de acordo com a teodicéia do livre-arbítrio. E por que, sendo assim, eles tiveram essa capacidade de livre-arbítrio? Porque Deus os fez tê-la.
Este é o ponto onde o problema com essa teodicéia se torna aparente. Se Deus criou o livre-arbítrio, o então o livre-arbítrio criou o mal, então Deus ainda assim criou o mal – Ele apenas teria feito uso de causa intermediárias. A única diferença entre esse cenário com livre-arbítrio e o da predestinação calvinista seria que, ao invés de criar o mal diretamente, aqui Deus cria o livre-arbítrio – o qual, por sua vez, cria o mal para Ele.
Mas, alguns objetarão, esse é o ponto: Deus não é a causa direta do mal, e portanto o mal não pode ser algo pelo qual Ele é responsável. Para essa objeção ser correta, de qualquer forma, deve-se crer que não se deve impingir a alguém a responsabilidade pelos atos de que não é causa direta. Mas, por sua vez, isso não é correto.
Imagine uma situação em que alguém atira de propósito em outra pessoa, matando-a. Naturalmente o pistoleiro não matou diretamente a vítima – foi a bala. Então, o pistoleiro não é culpado pela morte da vítima? É a bala a causa real da morte, só porque foi a causa mais imediata? Claro que não, porque a bala foi posta em movimento pelo pistoleiro. Este deu o tiro, e o fez porque tinha o propósito premeditado de matar alguém. Portanto, ele é responsável pela morte. Ele causou a morte, ele sabia que a estava causando, e fez isso intencionalmente.
Podemos aplicar os mesmos critérios para determinar se Deus deve ser responsabilizado pelo mal. Aqui, sabemos que Ele deve ter posto cada ato mau em movimento, simplesmente porque, como Causa Primeira, Deus põe tudo em movimento. Também sabemos que a onisciência de Deus garante Seu conhecimento do resultado de qualquer curso de ação, de modo que a criação do livre-arbítrio só poderá ter sido feita com a possibilidade da criação do mal em mente. Por conseguinte, os critérios de causa, conhecimento antecipado e intenção são preenchidos – logo, o Deus do Cristianismo tradicional seria responsável de forma demonstrável pela existência do mal, mesmo que se acrescente o "livre-arbítrio" à corrente causal.
Certas variações da teodicéia do livre-arbítrio tentam resolver esse problema dizendo que, apesar de Deus saber que a criação do livre-arbítrio iria, por sua vez, criar o mal, Ele tinha de criá-lo de qualquer maneira, pois o livre-arbítrio é, em algum sentido, necessário. Geralmente, pensa-se que esse é o caso porque é preciso haver livre-arbítrio para que as criações de Deus possam criá-lo livremente... e fazer esse tipo de amor possível é, segundo a teodicéia, tão inerentemente bom que a criação do mal é um infeliz mas aceitável efeito colateral.
O problema com essa solução é duplo. Primeiro, há a questão de se, mesmo com o livre-arbítrio, os seres humanos podem de fato amar Deus (ou fazer qualquer outra coisa!) livremente. Podemos lidar com isso do mesmo jeito que fizemos com o fato de os seres humanos praticarem o mal: eles amam Deus porque têm a liberdade de consciência para fazê-lo, e têm liberdade de consciência para fazê-lo porque Deus lhes deu essa capacidade. Então, o fato de que as pessoas amam Deus não é, em última instância, atribuível a elas, mas ao próprio Deus – precisamente o problema que o livre-arbítrio tem de resolver necessariamente.
Segundo, a questão inteira da responsabilidade individual humana pelos atos – uma área importante na teologia tradicional – é posta na berlinda aqui. Mesmo considerando que o livre-arbítrio tinha de ser criado a fim de estabelecer a melhor situação possível, a existência do mal ainda permanece como conseqüência de algo que Deus fez. Por que Deus o faz é irrelevante; mas o que é relevante é o que os seres humanos não são responsáveis por esse mal. A única coisa que um Deus justo e virtuoso poderia acusar pela existência do mal é a própria realidade – mais especificamente, o fato da realidade que fez do mal uma conseqüência necessária do livre-arbítrio.
Isso dito, acusar as pessoas de serem responsáveis pelo mal – e, com efeito, amaldiçoá-las eternamente por isso! – é dificilmente uma coisa que se possa esperar de um Deus onibenevolente. Se a teodicéia do livre-arbítrio dscrita acima é verdadeira, o mal é algo que aflige as pessoas, não algo que elas acabaram por criar... e pode o tipo de Deus proposto pelo Cristianismo punir as pessoas por algo que está além do controle delas?
Em suma, existem objeções muito importante à teodicéia do livre-arbítrio como solução para o Problema do Mal segundo a teologia tradicional. O apologista do livre-arbítrio parece propor uma situação onde ninguém seria moralmente responsável pela existência do mal, e, contudo, um Deus justo, virtuoso e benevolente ainda pune as pessoas por isso. Assim, para essa teodicéia se tornar relevante, deve-se admitir que Deus não deseja realmente responsabilizar as pessoas pelo mal... Uma admissão que a idéia tradicional de um inferno terno não permite.
A resposta do "aprimoramento do caráter"
Esta é outra resposta bastante popular. Ela afirma que Deus realmente criou o mal por vontade própria, mas o fez para que a humanidade pudesse aprender com a experiência. O argumento vai mais adiante e diz que, sem experimentar o mal, a humanidade nunca poderia apreciar a bondade divina em sua plenitude. Portanto, torna as pessoas más, porque isso vai aprimorar seu caráter, por assim dizer.
Em primeiro lugar, essa resposta é falha por sugerir que Deus não é onipotente. Não há razão lógica por que Deus, se quisesse, não poderia simplesmente criar as pessoas com o "caráter" que Ele quer que elas tenham. Conseqüentemente, não há necessidade lógica para a criação do mal – presumindo-se, se Deus tiver criado o mal, que não foi porque teve de fazê-lo.
E ela é falha também porque não é coerente com a teologia tradicional. A incoerência, no caso, vem do fato de que o Deus da Bíblia constantemente pune as pessoas pelo mal que praticam – ao ponto de matá-las e ainda condená-las pela eternidade. Isso não é compatível com a idéia de que Deus aprova o mal como algum tipo de "experiência de aprendizagem". Afinal de contas, os mortos não tem muita chance de recolher seus pedaços dispersos e declarar, "Bem, parece que eu aprendi minha lição"...!
A resposta da soberania
Esta é uma tentativa um tanto dura de lidar com o Problema do Mal, e uma que parece ser usada quase inteiramente por aqueles que defendem alguma forma de calvinismo. Ela afirma que Deus criar o mal não é um problema, pois Deus é um ser soberano, e pode fazer o que quiser. Significa, essencialmente, dizer, "Sim, Deus criou o mal. E daí? Ele é Deus!" Há algum precedente bíblico para essa opinião:
"20: Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim?
21: Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para honra e outro para desonra?
22: E que direis se Deus, querendo mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita paciência os vasos da ira, preparados para a perdição..."
Romanos 9:20-22
Esta é certamente uma nova alternativa à teodicéia, mas, infelizmente, não uma solução ao Problema Lógico do Mal. Afinal, a questão-chave aqui não é se Deus tem o direito de cria ro mal, mas se sua suposta natureza é logicamente coerente com esse ato.
Conclusão
Dificilmente as seções anteriores poderiam ter abrangido todas as respostas possíveis ao Problema do Mal, mas espero que elas tenham mostrado por que muitas das resposta não servem.
Claro, simplesmente lidar com algumas respostas não basta para solucionar a questão: é possível uma resposta para o problema do Mal? Talvez seja, e com certeza ela seria procurada ardentemente, não só por cristãos, mas por todos aqueles preocupados com o tema. Por ora, de qualquer forma, o Problema do Mal parece permanecer como uma verdadeira inconsistência lógica, e as conseqüências disto devem ser notadas: se as afirmações do teísmo cristão tradicional são inconsistentes, então elas, por lógica, têm de estar no mínimo parcialmente erradas.
Fonte: http://www.geocities.com/Athens/Column/ ... o_mal.html
Nós, Índios.
Acauan Guajajara
ACAUAN DOS TUPIS, o gavião que caminha
Lutar com bravura, morrer com honra.
Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!
Acauan Guajajara
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Re.: O mal existe?
O mal existe. Hoje estou mal...
"Tentar provar a existencia de deus com a biblia, é a mesma coisa q tentar provar a existencia de orcs usando o livro senhor dos aneis."


Re: Re.: O mal existe?
Johnny escreveu:O mal existe. Hoje estou mal...
preocupa não, amanhã estarás melhor.....
























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Por mais que desejamos, por mais que anseiamos que Deus exista....
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Citação da Bíblia Sagrada- Anotado por mim na contra-capa de Caneta Bic Preta

Re: Re.: O mal existe?
Johnny escreveu:O mal existe. Hoje estou mal...



Deus é um só...
...mas com várias caras: uma para cada religião
O homem é um animal inteligente o bastante para criar o seu próprio criador
Ei, porque acreditar em alguem que pune todos os descendentes e também todos os animais por causa da desobediência de dois indivíduos?