Religião e insanidade

Fórum de discussão de assuntos relevantes para o ateísmo, agnosticismo, humanismo e ceticismo. Defesa da razão e do Método Científico. Combate ao fanatismo e ao fundamentalismo religioso.
Avatar do usuário
spink
Mensagens: 3106
Registrado em: 08 Nov 2005, 11:10
Gênero: Masculino
Contato:

Religião e insanidade

Mensagem por spink »

O filme se repete, ad nauseam, com previsibilidade digna dos laterais do Galo. Em algum recanto dos grotões da América, juntam-se um punhado de ingredientes: o cenário é uma escola ou uma igreja; o personagem é um homem revoltado contra a conspiração dos “liberais”, dos gays, dos imigrantes ou de outro bode expiatório conveniente; o instrumento é uma arma, comprada no exercício do sagrado direito de proteger a propriedade contra as “ameaças externas”; o enredo é sempre o mesmo, um massacre com vítimas que morrem sem ter nem idéia do porquê. É um tipo de crime tão americano como a torta de maçã.

Desta vez, aconteceu em Knoxville, Tennessee, cidade simpática, que hospeda a boa universidade do estado e destoa do atraso cultural imperante na região. Quando estourou a notícia de que mais um lunático havia entrado numa igreja para fuzilar inocentes, com duas fatalidades e sete feridos, os sites de extrema-direita salivaram com as possibilidades: Assassinando cristãos? Deve ser um ateu! Provavelmente um radical de esquerda! Na certa um terrorista islâmico!

De novo, como havia sido o caso com Timothy McVeigh, tratava-se de um homem branco, armado até os dentes e cheio de revolta contra “liberais e gays”. Bastava saber um pouco sobre a igreja que sofreu o ataque para suspeitar. A Unitarian Universalist Church é a única igreja americana que conheço que exibe um cartaz enorme, bem na porta, com as palavras gays welcome. Lugar bacana, ecumênico, de gente tolerante e pacífica, envolvida com grupos de apoio e iniciativas de direitos civis para gays e lésbicas, a Unitarian Universalist Church reúne judeus, muçulmanos, cristãos, ateus; heteros e homos; pretos e brancos.

O assassino, David Adkisson -- no momento em que descobriram que era branco, desapareceu a palavra terrorista --, escreveu uma carta de quatro páginas detalhando seu ódio aos “liberais e gays”. Em seu carro, foram encontrados livros de Bill O'Reilly, Sean Hannity e Michael Savage. O primeiro é o mais conhecido âncora de extrema-direita dos EUA, da famigerada Fox News. Os outros dois são membros do poderoso movimento ultra-conservador que se congrega nos programas de “entrevistas” de rádio nos EUA. Savage é o autor de um livro com o inacreditável título O liberalismo é uma doença mental (Liberalism is a mental health disorder).

Não sei qual é a percepção aí no Brasil, mas morando há 18 anos nos EUA e observando a coisa de perto, não vejo muito como fugir da conclusão: vamo' que vamo' ladeira abaixo.


PS: Ainda sobre religião e insanidade, veja essa incrível história: numa missa no campus da Universidade da Flórida Central, um garoto recebe a hóstia e não a ingere. Guarda a bolacha no bolso para mostrá-la a um colega que queria informações sobre a fé católica. A partir daí, sua vida se transforma num inferno. Escândalo nacional. A imprensa começa a publicar matérias sobre como o garoto havia seqüestrado a hóstia. A porta-voz da diocese compara o ato a um crime de ódio (hate crime). Começam a discutir a expulsão do estudante. O covarde presidente da UCF, em vez de defender seu aluno, se dedica a fazer média com a hierarquia católica. O garoto, Webster Cook, pode ter simplesmente destruído o seu futuro acadêmico porque foi pra casa com um pedaço de farinha no bolso. Inacreditável.

http://www.idelberavelar.com/archives/2 ... nidade.php
"Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma." (Joseph Pulitzer).

Avatar do usuário
Judas
Mensagens: 3171
Registrado em: 17 Mai 2007, 11:03
Localização: Belo Horizonte

Re: Religião e insanidade

Mensagem por Judas »

Pra mim religião só serve pra isso mesmo. Fuder com o mundo!
Quando vejo um religioso protestando, irritado, exigindo respeito às suas crenças idiotas, penso logo...BOM SINAL! Sinal de que alguém esta fazendo alguma coisa certa.

Avatar do usuário
Fernando Silva
Administrador
Mensagens: 20080
Registrado em: 25 Out 2005, 11:21
Gênero: Masculino
Localização: Rio de Janeiro, RJ
Contato:

Re: Religião e insanidade

Mensagem por Fernando Silva »

Religião é um problema mental?

Por que temos uma religião ou, pelo menos, a crença em algum deus?

Há dois motivos principais:

-A crença nos é imposta na infância, como uma lavagem cerebral.
-É aceita mais tarde, de forma aparentemente voluntária, em geral num momento de dificuldade, e não numa decisão racional.

Quando a religião é imposta a uma criança, antes que seu pensamento crítico tenha se desenvolvido, encastela-se em um canto do cérebro e torna-se muito difícil de ser questionada mais tarde. A pessoa a aceita como um fato da vida, goste dela ou não.

Muitos cumprem os preceitos e os rituais sem nunca questionar, conscientemente, o que fazem. É uma obrigação, ponto final. Se a pessoa não fizer o que deve, "Deus castiga". Não há nenhum prazer envolvido, nenhum entusiasmo. "Deus" não é uma presença, um sentimento, é uma informação recebida. Se a informação revela-se falsa, a fé se vai sem fazer falta.

Outros, ao contrário, apóiam-se a sua crença como a uma muleta, assim como outros bebem ou se drogam. Buscam nela refúgio e consolo diante de seus problemas.
Chegam, em alguns casos, a "sentir" a presença de Deus, "ouvem" sua voz, desfrutam de êxtases místicos. Falam em "línguas", estrebucham no chão, supostamente tomados pela divindade.

Paulo, em suas epístolas, admite que a religião possa parecer loucura, mas se defende dizendo que Deus fez de loucos os sábios deste mundo e que a verdadeira sabedoria é a dos loucos em Deus. Da mesma forma, tribos primitivas viam nos loucos a marca de Deus e os respeitavam.

Experimente fazer uma pergunta simples: "Se você acredita pela fé, sem precisar de provas, como sabe que as outras religiões estão erradas se elas também não precisam de provas? Qual foi o seu critério para escolher uma religião entre tantas? "
Você não conseguirá nenhuma resposta coerente. E, se insistir na pergunta, a pessoa se irritará com você. Uma reação emocional em lugar de argumentos.

Entretanto:

-Pessoas com transtorno obsessivo compulsivo (TOC) procuram tratamento.
-Pessoas com cleptomania procuram tratamento.
-Pessoas que nunca conseguem chegar na hora a seus compromissos procuram tratamento.

Elas não se ofendem ao serem chamadas de doentes. Na verdade, sentem-se aliviadas ao perceber que não é um problema de caráter e que pode haver uma cura.

Não é à toa que existem tantos "Alguma Coisa" Anônimos pelo mundo.

Quando se trata de religião, entretanto, comportamentos ridículos e anormais são vistos como sinais de santidade e aceitos pela sociedade. Pessoas que dizem falar com Deus ou com os mortos são consideradas especiais e superiores.

Pessoas que se trancam em conventos, com voto de silêncio, pobreza e castidade, e passam o resto da vida isoladas, rezando para as paredes, são consideradas virtuosas.
Algumas, ainda mais "santas", fazem jejum, penitência, se auto-flagelam.

O que seria considerado um ataque epilético é visto como a possessão por um deus quando ocorre num templo.
Milhares de adolescentes gritando e se descabelando diante de um artista famoso não passa de histeria coletiva, mas "Deus está operando" quando a gritaria acontece durante um culto.
Dizer coisas incoerentes é sinal de problemas mentais - a menos que o fato se dê no contexto da religião, quando pode ser visto como "falar em línguas" ou mediunidade.

Quando a religião está envolvida, é considerado um insulto grave insinuar que essas pessoas possam estar malucas. Que possam ter algum problema mental. Que uma parte da mente delas está fora de seu alcance e controle.

Por que?
Qual a diferença?

Se muitas pessoas dizem que tiveram contacto com o sobrenatural, justifica-se uma investigação, só que nenhuma investigação até hoje mostrou nada.
A ciência já estudou o que ocorre no cérebro de budistas durante a "iluminação" ou de freiras em "êxtase místico" e localizou as partes envolvidas com o fenômeno. Em seguida, estimulou essas mesmas partes em voluntários, induzindo neles um sentimento de religiosidade. O mesmo já foi feito com a sensação de estar fora do corpo.
Deus pode ser ligado e desligado com um botão num laboratório?

A religiosidade pode ser apenas uma característica de nosso cérebro. Pode ter representado uma vantagem evolucionária no passado, ao unir as comunidades em torno de uma crença comum, ao lhes dar uma causa pela qual lutar e se sacrificar.
Entretanto, assim como outras características de nossos antepassados selvagens que abandonamos em nome da civilização, talvez seja hora de abandonar nosso respeito supersticioso pela religião e considerar seriamente a pergunta:

Seria a religião apenas um produto de nosso cérebro? Que, em excesso, não passa de uma doença?

Avatar do usuário
NadaSei
Mensagens: 3573
Registrado em: 27 Dez 2006, 18:43
Gênero: Masculino

Re: Religião e insanidade

Mensagem por NadaSei »

Nossa Fernando, você consegue achar os textos mais idiotas... verdadeira pérolas.
Fernando Silva escreveu:
Religião é um problema mental?
Há dois motivos principais:

-A crença nos é imposta na infância, como uma lavagem cerebral.
-É aceita mais tarde, de forma aparentemente voluntária, em geral num momento de dificuldade, e não numa decisão racional.

Isso vale pra qualquer tipo de crença... mas pegam esses casos e dizem: Isso é religião e nada mais.
Esse é o primeiro erro.

Vou pular umas bobagens e mesmices...
Fernando Silva escreveu:Pessoas que se trancam em conventos, com voto de silêncio, pobreza e castidade, e passam o resto da vida isoladas, rezando para as paredes, são consideradas virtuosas.
Algumas, ainda mais "santas", fazem jejum, penitência, se auto-flagelam.

Acho que só vou rir aqui... huahauhauhauhauah
Fernando Silva escreveu:Se muitas pessoas dizem que tiveram contacto com o sobrenatural, justifica-se uma investigação, só que nenhuma investigação até hoje mostrou nada.

Vou rir novamente... hauhauhauhau
Fernando Silva escreveu:A ciência já estudou o que ocorre no cérebro de budistas durante a "iluminação" ou de freiras em "êxtase místico" e localizou as partes envolvidas com o fenômeno. Em seguida, estimulou essas mesmas partes em voluntários, induzindo neles um sentimento de religiosidade. O mesmo já foi feito com a sensação de estar fora do corpo.
Deus pode ser ligado e desligado com um botão num laboratório?

Um erro gritante aqui e que demonstra profundo desconhecimento sobre o tema religião, é que testam budistas e freiras durante e após a meditação, não "durante" a "iluminação", a ultima é algo completamente diferente.

O erro principal aqui é usar do suposto argumento de que, se estimulada uma área do cérebro que produz resultado semelhante ao natural, devemos então concluir que o fenomeno se passa apenas na mente...
Seria como argumentar que foi possível estimular em laboratório uma área do cérebro que fez com que pessoas vissem pássaros e ouvissem o som da chuva, depois concluir disso que os pássaros e a chuva são apenas produto do cérebro e não tem realidade alguma.

Outro erro é fruto do desconhecimento do que se propõe a pratica religiosa, pois trata justamente em parte do controle das funções mentais, e, se, conscientemente, a meditação leva ao estimulo de áreas que de outra forma necessitam de estimulo externo feito em laboratório e que não costumam ocorrer naturalmente sem essa força externa ou sem a pratica dos ensinamentos, essa é uma evidencia da funcionalidade de tais ensinamentos ao menos em parte do que se propõe.

Outro erro fundamental aqui é o da omissão e da indução ao erro, aqui se omite outros estudos sobre o assunto que não são reproduzíveis por "estimulo laboratorial" e apoiado pela indução ao erro dita anteriormente (em uma das partes que me limitei a rir) e que fala sobre o "sobrenatural".
Isso é uma indução ao erro, por colocar toda a questão religiosa como o que definem como "sobrenatural", e por dizer que nenhuma investigação jamais mostrou nada.

A ciência já demonstrou que durante as chamadas viagens astrais as áreas relativas a visão e audição são ativadas quando os mesmos dizem estar vendo e ouvindo certas coisas, o que se debate é o significado disso, entretanto isso demonstra que algo está acontecendo e necessita de mais estudo, a ciência já demonstra em estudos os relatos sobre os benefícios da meditação na capacidade de concentração, onde o individuo tem um aumento na percepção do que se passa no mundo externo, estudos demonstram que a meditação é capaz de dar controle consciente a coisas que antes julgavam que eram exclusivamente involuntárias, entre outras coisas.
Ou seja, a ciência vem estudando, vem descobrindo novidades e corroborando alguns dos relatos milenares dos praticantes. Dizer o contrario é então uma mentira ou uma indução ao erro originada em desconhecimento.

Essa é a diferença entre cientistas e proselitistas anti-religião, enquanto uns estudam, investigam e questionam, outros se limitam a pregar crenças anti-religiosas sobre o tema.
Fernando Silva escreveu:A religiosidade pode ser apenas uma característica de nosso cérebro. Pode ter representado uma vantagem evolucionária no passado, ao unir as comunidades em torno de uma crença comum, ao lhes dar uma causa pela qual lutar e se sacrificar.
Entretanto, assim como outras características de nossos antepassados selvagens que abandonamos em nome da civilização, talvez seja hora de abandonar nosso respeito supersticioso pela religião e considerar seriamente a pergunta:

Seria a religião apenas um produto de nosso cérebro? Que, em excesso, não passa de uma doença?
[/quote]
O final é o mais hilário.
Falam sobre uma "possibilidade" não comprovada do que a religião "talvez" seja, apresentam uma "possibilidade" que segue uma filosofia materialista/evolucionista como "possível" explicação e perguntam se não devemos abandonar em nome da civilização como fizemos com outras características e fazer uma pergunta que, dado o carácter tendencioso do texto, o titulo e o complemente com a segunda pergunta, dá implicitamente uma resposta afirmativa a questão.
Realmente nada cético isso... além de apego a possibilidades improvadas, mostra profundo desconhecimento da religião em si e até desconhecimento cientifico sobre o tema.
Uma vez que o ceticismo adequadamente se refere à dúvida ao invés da negação - descrédito ao invés de crença - críticos que assumem uma posição negativa ao invés de uma posição agnóstica ou neutra, mas ainda assim se auto-intitulam "céticos" são, na verdade, "pseudo-céticos".

Trancado