07/10/2004
Comunismo foi mal necessário, segundo Papa
O comunismo no século XX foi um 'mal necessário', permitido por Deus para render oportunidades para o bem, após sua derrocada, afirma o Papa João Paulo II em seu novo livro. Memória e Identidade, que deve ser publicado no começo de 2005, é a mais recente obra do Pontífice, de 84 anos, voltado ao grande público. Todos os livros anteriores do Papa foram best-sellers.
João Paulo II, que presenciou o nazismo e o comunismo em sua terra natal, a Polônia, reflete em determinado capítulo sobre o significado do mal na vida e na História.
'Experimentei pessoalmente a realidade das 'ideologias do mal'. Isso continua registrado indelevelmente na minha memória', conta o religioso na obra, que relata uma série de conversas entre ele e colegas filósofos na Polônia, em 1993.
Trechos de Memória e Identidade foram divulgados nesta quarta-feira na Feira do Livro de Frankfurt, na Alemanha, pela editora italiana Rizzoli.
O Pontífice contou que mesmo um otimista como ele teve momentos de pessimismo durante a opressão comunista. 'Para mim estava bastante claro que o comunismo duraria muito mais que o nazismo. Por quanto tempo? Isso era difícil de prever', disse ele.
'Havia um sentimento de que esse mal era de alguma forma necessário para o mundo e para a Humanidade. Pode acontecer, na verdade, que em certas situações humanas específicas, o mal seja revelado como algo útil na medida em que cria oportunidades para o bem'.
Para historiadores, o apoio de João Paulo II ao sindicato polonês Solidariedade foi determinante para a entidade formar o primeiro governo pós-comunista do Leste Europeu.
http://revistaepoca.globo.com/Epoca/0,6 ... 64,00.html
Essa explicação já foi detalhada no excelente "The Tale of the Twelve Officers" que usa as justificativas de doze polícias que não interromperam um estupro seguido de assassinato como metáfora para as explicações teólogicas. Eis o trecho que aborda a idéia de João Paulo:
[...]
"Well," said the second officer, "my motivation was a little bit different. I was about to pull my gun on the murderer when I thought to myself, 'But wait, wouldn't this be a perfect opportunity for some unarmed bystander to exercise selfless heroism, should he chance to walk by? If I were to intervene all the time like I was just about to, then no one would ever be able to exercise such a virtue. In fact, everyone would probably become very spoiled and self-centered if I were to prevent every act of rape and murder.' So I backed off. It's unfortunate that no one actually showed up to heroically intervene, but that's the price of having a universe where people can display virtue and maturity. Would you rather the world were nothing but love, peace, and roses?" [...]
http://www.infidels.org/library/modern/ ... /five.html