Fernando Silva escreveu:Investiguei o assunto e notei que se recomenda considerar o critério de falseabilidade como uma atribuição de graus de confiabilidade e não uma determinação taxativa de "verdadeiro" ou "falso".
Algo como a Navalha de Ockham. Uma diretriz e não um dogma.
Mais sobre o assunto:
http://clubecetico.org/forum/index.php?topic=12278.0
É indiferente se acreditamos na falseabilidade como uma verdade absoluta ou se acreditamos como uma "atribuição de graus de confiabilidade". O que importa é que em ambos os casos nós
acreditamos, ou seja, nós assentimos, julgamos de forma positiva com relação a esse conhecimento. O que leva a nossa questão pra âmbitos não experimentais. Afinal não atentamos mais para a verossimilidade de um juízo sobre fatos. Mas para o critério que discrimina quais desses juízos devemos ser assentir e quais não devemos. Isso não é experimental, e nós assentimos a ele sem que haja verificação empírica.
Com base nisso podemos colocar ainda outra questão mais geral e mais fundamental do que o assentimento a uma teoria não experimenta: Qual é o critério segundo o qual julgamos o critério de uma teoria como verdadeiro ou falso? Note que essa é uma pergunta que pode levar ao infinito. Uma tarefa que nenhum ser humano conseguiria realizar. Mas é algo que precisa ser pensado e não pode ser aceito de graça. Eis a tarefa da Filosofia. Tentar deixar essa cadeia de raciocínios um pouco menos dogmáticos. Afinal de contas, como somos finitos, alguma hora temos que parar com a pergunta do critério do critério. Mas não podemos fazer isso sem dar uma boa razão.
Por isso mesmo, os gregos acreditavam que a sabedoria era algo que só podia existir entre os deuses. Só eles poderiam realizar esse processo infinito. Nós, seres humanos, desejamos a sabedoria ardentemente, mas nunca conseguirimos possui-la. E é justamente pq não somos sábios e nem podemos sê-lo, resta-nos uma contentação um tanto frustrande de podermos ser apenas amigos da sabedoria. Em grego isso soaria assim:
philos sophós. E é isso precisamente que significa a palavra
filosofia: tentar possuir o máximo de sabedoria que conseguir, sem ter a ambição de ter dado conta do nexo infinito de raciocínios necessários para se provar algo.