Fernando escreveu:Abmael escreveu:- Eu, particularmente, pegaria o primeiro táxi pro hospício
Por que? A visão de um anjo não é suficiente pra fazer vc ter certeza absoluta de que é um ser humano especial com capacidade pra tal? Não é. E esse é o ponto. Por mais que Deus falasse com Jesus que ele era seu filho, etc, etc, isso não impede que ele, como ser humano, tivesse uma certeza tal de tudo isso que não temesse nada. Então, se Jesus era também um ser humano, nada mais normal do que sentir medo de tudo que iria ocorrer. Ainda que soubesse que era um Deus encarnado, etc, etc. Pois tudo isso ainda lhe apareceria como sendo uma crença. Aliás, não é possível pra um ser humano ultrapassar o estatuto da crença. Só um Deus exercendo a plenitude de sua infinitude seria capaz de tal coisa. Pois poderia provar um raciocínio por um nexo infinito de premissas e conclusões. Quanto a nós humanos, resta-nos contentar com a crença.
- Pô Fernando, acho que estamos em círculos, já escrevi que, na minha avaliação do que li, JC tinha tudo para passar do estatuto da crença, provas cabais, conhecimento e 100% de divindade, por muitíssimo menos que isso humanos normais foram pro sacrifício sem titubear, Sócrates, por exemplo, bebeu veneno sem suar sangue nem fazer beicinho.
Fernando escreveu:Abmael escreveu:mas
Paulo de Tarso,
Estevão,
João Batista,
Cosme e Damião,
São Sebastião e muitos outros partiram pro vôo sem precisar de tanto, logo, um filho de Deus 100% Deus e 100% homem (seja lá o que isso queira dizer) faria isto com um pé nas costas.
- E, veja bem, fizeram isso sem Getsêmani e sem questionar, porisso é muito estranho JC ter se melindrado tanto, na minha opinião deveriam ter escrito que ele foi muito macho quando ia morrer, isso sim seria exemplo de vida, mas é só uma opinião de um ateu desrespeitoso, nem precisa comentar.
Mas vc acha que eles não tiveram medo? Que ser humano não tem medo da morte?
- Com certeza, mas nenhum deles suou sangue, pelo contrário, enfrentaram o fim de cabeça erguida, embora fossem 100% humanos carcomidos pelo pecado.
Fernando escreveu:Abmael escreveu:- A teoria é baseada numa interpretação das contradições sem apologética e usando uma hermenêutica não-religiosa, não sei porque você deu tanta importância a isto, achei que minha colocação de admitir o texto como alegórico ao invés de histórico geraria mais questionamento.
- Mas, se quiser, te passo alguns links sobre isso.
Jesus não sabia de todas as coisas, pois assumiu a finitude. Jesus não podia todas as coisas pelo mesmo motivo. Assumir a forma humana significa exercer toda a sua potência. A contradição da qual vc está falando só existiria se ele exercesse toda a potência de pensar e agir. Mas não é isso que a Bíblia narra. Não existem narrativas dizendo que Jesus é onisciente e onipotete. Afinal de contas ele assumiu a forma humana. Os milagres serviram apenas como artifício pra convencer aqueles que estavam próximos de que ele não era uma pessoa comum. Afinal não dá pra sair acreditando num cara só pq ele diz ser filho de Deus, tem que ter alguma prova disso. Esses milagres foram fundamentais no processo de assentimento dos discípulos acerca da divindade de Jesus. Mas eles não são uma prova efetiva da sua infinitude.
Eu nõ vejo essas contradições das quais vc fala. Acredito que elas aparecem pq vc toma como ponto de partida que um Deus não pode sentir medo. Agora, não se trata apenas de um Deus, mas também de um homem, que como tal, é finito e está sujeito a sofrer todas as privações que recaem sobre um ser finito, inclusive o medo. Posto isso, não dá pra ver nenhuma contradição num cara andar sobre as águas e ter medo de morrer.
- Caro Fernando, o discurso que você coloca é uma defesa de um texto bíblico que mostra JC ora humano, ora Deus, essa construção busca conciliar essa dualidade das escrituras.
- Como você já deve ter percebido da resposta que o Acauan me deu, isto é uma construção teológica que resolve a figura de Jesus conforme as escrituras e também segundo uma concepção filosófica.
- Se eu assumir que tais contradições tem outro significado, que não a natureza dual de JC, eu posso chegar a outras interpretações, como eu disse antes, eu parti de outra hermenêutica.
- Os papéis se inverteram, agora é você que não discorre hipoteticamente a partir de premissas alienígenas (a você, é claro).
Abraços,