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Óh deuses, o que fazer para o Jantar?

Enviado: 11 Abr 2007, 14:25
por Gilghamesh
Os deuses da Grécia. Quem eram eles?

Os deuses gregos, eram representados vivendo numa grande corte, festejando na Grande Antecâmara de Zeus nos céus — o Olimpo, cujo correspondente na Terra era o pico grego mais alto, o monte Olimpo.
Os gregos descreveram seus deuses como antropomórficos, fisicamente semelhantes aos homens e mulheres mortais, e humanos na personalida¬de: podiam ficar alegres ou tristes e ciumentos; amavam, discutiam e lutavam; e procriavam como os humanos, trazendo à luz uma descendência numerosa por meio de relações sexuais quer entre si, quer com hu¬manos.
Eram inatingíveis e, no entanto, imiscuíam-se permanentemente nos negócios humanos. Podiam viajar a velocidades enormes, aparecer e desapa¬recer; possuíam armas de imenso e invulgar poder. Cada um tinha funções específicas e, como resultado, uma atividade humana específica po¬dia sofrer ou beneficiar-se com as atitudes do deus encarregado dessa atividade particular; deste modo, os rituais de adoração e oferendas aos deu¬ses eram considerados como benéficos para a obtenção de seus favores.
A deidade principal dos gregos durante a civilização helênica era Zeus, “o pai dos deuses e dos homens”, “senhor do fogo celestial”. Sua principal arma e símbolo era o raio. Era um “rei na Terra que descera dos céus; um tomador de decisões e distribuidor do bem e do mal aos mortais, e, no entanto, alguém cujos domínios oríginais estavam nos céus.
Não era nem o primeiro deus na terra, nem a primeira divindade a aparecer nos céus. Misturando a teologia com a cosmologia para chegar àqui¬lo que os estudiosos chamam mitologia, veremos que os gregos acredita-vam que o primeiro fora o Caos; depois apareceram Gaia (Terra) e seu consorte Urano (Céu). Gaia e Urano deram ao mundo os doze Titãs, seis machos e seis fêmeas. Embora seus feitos legendários acontecessem na Terra, acreditava-se que tinham um equivalente astral.
Cronos, o Titã macho mais jovem, surgiu como a principal figura na mitologia do Olimpo. Alcançou a supremacia entre os Titãs mediante a usurpação, depois de castrar seu pai, Urano. Temendo os outros Titãs, Cronos aprisionou-os e expulsou-os. Por essa ação foi amaldiçoado pela mãe — ele deveria sofrer o mesmo destino que seu pai e seria destronado por um de seus próprios filhos.
Cronos contraiu matrimônio com a própria irmã Réia, que lhe deu três filhos e três filhas: Hades, Poséidon e Zeus; Héstia, Deméter e Hera. Uma vez mais foi decretado que seu filho mais novo seria aquele que deporia o pai, e a maldição de Gala tornou-se real quando Zeus destronou Cronos, seu pai.
A destituição, parece, não teria decorrido sem atritos. Por muitos anos
se travaram batalhas entre os deuses e uma hoste de seres monstruosos.
A batalha decisiva ocorreu entre Zeus e llfon, uma divindade-serpente.
A luta travou-se em largas áreas, na Terra e nos céus. A batalha final deu-se no monte Cásio, perto da fronteira entre o Egito e a Arábia — aparente¬mente, em algum lugar na península do Sinai.
Ao vencer o combate, Zeus foi reconhecido como a principal divindade. Mesmo assim, teve de partilhar o poder com seus irmãos. Por escolha (ou, de acordo com uma versão, por meio de sorteio), foi dado a Zeus o con¬trole dos céus, a Hades, o irmão mais velho, se concedeu o Mundo Infe¬nor, e ao irmão do meio, Poséidon, o domínio dos Mares.
Embora com o tempo Hades e sua região se tornassem sinônimos de Inferno, seu domínio original era um território situado num lugar “longe e abaixo”, englobando pântanos, áreas desoladas e terras irrigadas por po-derosos rios. Hades era descrito como “o invisível” — indiferente, proibitivo, austero; não demomível por súplicas ou sacrifícios. Poséidon, por outro lado, era freqüentemente visto segurando seu símbolo, o tridente. Embo¬ra governasse os mares, era também mestre das artes de metalurgia e escultura, assim como competente mágico e feiticeiro. Enquanto Zeus era representado na tradição e lenda gregas como severo para com a humanidade — tendo até mesmo planejado em determinada época aniquilar o gê¬nero humano —, Poséidon era considerado amigo do homem e um deus que esforçava-se para ganhar o apreço dos mortais.
Os três irmãos e as três irmãs, todos filhos de Cronos e de sua irmã Réia, constituíam os membros mais antigos do Círculo Olímpico, o grupo dos Doze Grandes Deuses. Os outros seis eram prole de Zeus, e as lendas gregas tratavam sobretudo de sua genealogia e relações.
As “deidades” filhas de Zeus, tinham por mãe várias e diferentes deusas. Casando primeiro com uma deusa chamada Métis, Zeus teve dela uma filha, a grande deusa Atena. Ela tinha a seu cargo o senso comum e a habilidade manual e era, deste modo, a Deusa da Sabedoria. Mas como foi a única grande divindade a permanecer com Zeus durante seu combate com Tifon (todos os outros desertaram), Atena adquiriu também qualidades marciais e tornou-se Deusa da Guerra. Era a “perfeita donzela” e não se tornou mulher de ninguém, embora algumas lendas a relacionem com freqüência com seu tio Poséidon que, mesmo mantendo como consorte oficial a divindade que se tornara Deusa do Labirinto da ilha de Creta, teve como amante sua sobrinha Atena.
Zeus casou depois com outras deusas, mas seus filhos não entraram para o Círculo Olímpico. Quando Zeus preocupou-se em arranjar um herdeiro masculino, voltou-se para uma de suas próprias irmãs. A mais velha era Héstia, uma solitária, talvez demasiado velha ou demasiado abatida para ser objeto de atividades matrimoniais. Zeus não precisou de grandes desculpas para voltar suas atenções para Deméter, a irmã do meio, Deusa da Fertilidade. Mas em vez de um filho, ela deu-lhe uma filha, Perséfone, que se tornou mulher de seu tio Hades e compartilhou seu domínio no Mundo Inferior.
Desapontado por não lhe ter nascido um filho, Zeus procurou outra deusa para lhe dar conforto e amor. De Harmonia, teve nove filhas. Depois, Leto concedeu-lhe uma filha e um filho, Artemis e Apolo, que logo foram destacados para o grupo das deidades principais.
Apolo, como primeiro filho de Zeus, era um dos maiores deuses do panteão helênico. Temido do mesmo modo por homens e deuses, era o intérprete para os mortais da vontade de seu pai, Zeus, e, deste modo, a autoridade em matéria de lei religiosa e adoração nos templos. Representando as leis morais e divinas, personificava a purificação e a perfeição, tanto espiritual como ftsica.

O segundo filho de Zeus nascido da deusa Maia, era Hermes, patrono dos pastores, guardião dos rebanhos e manadas. Menos importante e poderoso que seu irmão Apolo, estava mais próximo dos negócios humanos; qualquer golpe de boa sorte lhe era atribuído. Como Dispensador das Boas Coisas, a seu cargo estava o comércio, e era o patrono de mercadores e viajantes. Mas seu principal papel no mito e na épica era o de arauto de Zeus, mensageiro dos deuses.
Impelido por certas tradições dinásticas, Zeus exigiu ainda um filho de uma das suas irmãs e voltou-se para a mais nova, Hera. Casando com ela nos ritos do sagrado matrimônio, Zeus proclamou-a rainha dos deuses, a Deusa-Mãe. O casamento, abençoado com um filho, Ares, e duas filhas, foi ameaçado por constantes infidelidades por parte de Zeus e por uma faladíssima infidelidade de Hera, que lançou a dúvida sobre a paternidade verdadeira de outro filho, Hefesto.
Ares foi desde logo incorporado no Círculo Olímpico dos Doze Grandes Deuses e foi feito tenente-chefe de Zeus, um Deus da Guerra. Foi repre¬sentado como o Espírito do Massacre, e, no entanto, estava longe de ser invencível — lutando na Batalha de Tróia, do lado dos troianos, sofreu um ferimento que apenas Zeus podia curar.
Hefesto, por outro lado, teve de abrir seu caminho para alcançar o topo do Olimpo. Deus da Criatividade, a ele se atribuía o fogo da forja e a arte da metalurgia. Era um artífice divino, fabricante tanto de objetos práticos como de objetos mágicos para os homens e para os deuses. As lendas di¬zem que nasceu coxo e foi por isso banido com raiva por sua mãe Hera. Outra versão, mais plausível, diz que foi Zeus que expulsou Hefesto, por causa da dúvida que pairava sobre sua paternidade, mas que Hefesto usou seus criativos poderes mágicos para forçar Zeus a dar-lhe assento entre os grandes deuses.
As lendas dizem ainda que Hefesto fabricou, um dia, uma cadeia invisível que se fechava sobre o leito de sua mulher, se fosse aquecida por um amante intrometido. Ele deve ter necessitado dessa proteção uma vez que sua mulher era Afrodite, a Deusa do Amor e da Beleza. Era muito natural que tantos contos de casos amorosos fossem construídos à sua volta; em muito desses contos o sedutor era Ares, irmão de Hefesto (um dos reben¬tos deste caso de amor ilícito foi Eros, o Deus do Amor).
Afrodite foi incluída no Círculo Olímpico dos doze, e as circunstâncias de sua inclusão lançam luz sobre nosso tema. Ela não era nem irmã de Zeus nem sua filha e, no entanto, não a podiam ignorar. Viera das costas asiáticas do Mediterrâneo, em frente à Grécia (de acordo com o poeta gre¬go Hesíodo, chegou vinda de Chipre); e reclamando sua grande antiguidade, fez remontar sua origem aos descendentes de Urano. Deste modo, genealogicamente, ela estava uma geração à frente de Zeus, sendo (por assim dizer) uma irmã do pai dele e a encarnação do castrado pai primitivo dos deuses.
Afrodite, assim, tinha de ser incluída entre os deuses do Olimpo. Mas seu número total, doze, aparentemente, não podia ser excedido. A solução foi engenhosa — juntar um, pondo outro de lado. Uma vez que a Hades fora dado domínio sobre o Mundo Inferior e não permanecera entre os grandes deuses no monte Olimpo, criou-se uma vaga, admiravelmente pron¬ta para nela sentar-se Afrodite, no elitista grupo dos doze.
Parece também que o número doze era uma exigência que funcionava nos dois sentidos, ou seja, assim como não podia haver mais de doze habitantes no Olimpo, também não podia haver menos. Isto torna-se evidente através das circunstâncias que levaram à inclusão de Dioniso no Círculo Olímpico. Ele era um filho de Zeus, nascido quando Zeus engravidou sua própria filha, Sêmele. Dioniso, que teve de ser escondido da cólera de Hera, foi enviado para terras longínquas (chegando a alcançar a Índia), introdu¬zindo o cultivo de vinhas e a fabricação de vinho onde quer que estivesse. Entretanto, ficou disponível uma vaga no Olimpo. Héstia, a irmã mais velha e mais fraca de Zeus, foi completamente esquecida pelo círculo dos deuses. Dioniso regressou então à Grécia e foi-lhe permitido tomar assen¬to no Olimpo. Uma vez mais, havia doze habitantes no Olimpo.
Embora a mitologia grega não seja clara no tocante às origens da humanidade, as lendas e as tradições reivindicavam a ascendência divina para heróis e reis. Estes semideuses eram o elo entre o destino humano — suor diário, dependência dos elementos, pragas, doenças e morte — e um passado dourado quando apenas os deuses perambulavam pela Terra. E em¬bora muitos desses deuses tivessem nascido na Terra, o seleto círculo dos doze olimpianos representava o aspecto celestial dos deuses. O Olimpo original era descrito na Odisséia como estando situado “no mais puro ar dos céus”. Os genuínos doze grandes deuses eram divindades do céu que desceram à Terra e representavam os doze corpos celestiais na “abóbada celeste”.
Os nomes latinos dos grandes deuses, que lhes foram conferidos quan¬do os romanos adotaram o panteão grego, clarificam suas associações astrais: Gaia era a Terra, Hermes, Mercúrio; Afrodite, Vênus; Ares, Marte; Cronos, Saturno; e Zeus, Júpiter. Continuando com a tradição grega, os romanos encararam Júpiter como um deus trovejante cuja arma era a luminosa flecha; tal como os gregos, os romanos associam-no ao touro.
Existe agora um acordo geral sobre a colocação dos alicerces da distinta civilização grega na ilha de Creta, onde a cultura minóica floresceu desde cerca do ano 2 700 a.C. até 1 400 a.C. Na mitologia minóica é proeminen¬te a lenda do Minotauro. Este semi-homem, semitouro era o rebento de Pasífae, a mulher do rei Minos, e de um touro. Os achados arqueológicos confirmaram a ampla adoração dos minóicos ao touro e alguns selos cilíndricos descrevem o touro como um ser divino acompanhado de uma cruz que simbolizava qualquer planeta ou estrela não identificados. Conjetura-se desde aí, que o touro adorado pelos minóicos não é a criatura terrena comum, mas o Touro Celestial — a constelação de Touro — em comemoração de certos eventos ocorridos quando o equinócio primaveril do Sol apareceu nessa constelação, cerca de 4 000 a.C.
Pela tradição grega, chegou ao continente grego, via Creta, de onde escapara (nadando pelo Mediterrâneo), depois de raptar Europa, a Linda fi¬Lha do rei da cidade fenícia de Tiro. Na verdade, quando o mais remoto escrito minóico foi, finalmente, decifrado por Cyrus H. Gordon, demonstrou-se que se tratava “de um dialeto semita das costas do Medi¬terrâneo Oriental”.
De fato, os gregos nunca disseram que seus deuses olímpicos vieram dos céus diretamente para a Grécia. Zeus chegou depois de atravessar o Mediterrâneo, via Creta. Afrodite, dizia-se, veio por mar do Oriente Mé¬dio, via Chipre. Poséidon (Netuno para os romanos) trouxe consigo o ca¬valo, vindo da Ásia Menor. Atena trouxe “a oliveira, fértil e que se cultiva por si própria” para a Grécia, vinda das terras da Bíblia.
Não há dúvida de que as tradições e religião gregas chegaram ao continente grego vindas do Oriente Médio, via Ásia Menor e ilhas mediterrâneas. Foi lá que seu panteão firmou raízes; é lá que devemos procurar as origens dos deuses gregos e suas relações astrais com o número doze.



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(logo, logo) :emoticon16:

E em breve :emoticon16: : Os deuses do Shumer (Suméria) quem eram eles?
(Este, eu acho o texto mais interessante, pois nos mostra como uma religião nascida de uma primeira civilização, acabou influenciando todas as religiões das outras civilizações!) :emoticon16:

Aguardem, neste mesmo bat-fórum! :emoticon3: :emoticon12: