O materialismo é uma superstição
Enviado: 29 Jul 2007, 21:16
A revista Ser Médico (Ano III, num. 11, abr/mai/jun/2000), publicação do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo, trouxa uma entrevista com o endocrinologista indiano, Deepak Chopra, autor de vários livros, entre os quais “A cura quântica”, com os principais conceitos do entrevistado sobre saúde.
Filho de cardiologista, radicado nos Estados Unidos, desde os anos 70 Chopra exerceu a endocrinologia por mais de duas décadas, sendo também professor universitário e chefe de equipe do Memorial Hospital de Nova Iorque. Gradativamente, porém, foi deixando de clinicar para aprofundar-se nos estudos da inter-relação entre a milenar medicina Ayurveda (ciência da vida) e ciência ocidental moderna, tendo por base também as antigas escrituras Vedas, que têm mais de cinco mil anos.
Hoje mora em La Jolla, Califórnia, onde mantém o Centro Chopra para o Bem Estar, procurando aplicar em seus pacientes o melhor da milenar sabedoria indiana com o que há de mais avançado na ciência. Para ele, a saúde conquista-se pela integração mente-corpo-espírito, recomendando, para isso, a experiência do silêncio e a prática diária da meditação, que ele mesmo faz todos os dias das 4 as 6 horas da manhã e mais meia hora a tarde.
Chopra afirma que o “corpo humano é uma farmácia capaz de produzir o remédio de que precisamos”.
Nos Estados Unidos, país fortemente arraigado ao paradigma científico materialista reducionista, Deepak Chopra navega contra a correnteza da mentalidade dominante, desde que optou por unir, na prática, a medicina ayurveda (ciência da vida) a ciência ocidental moderna. Hoje com 52 anos, após décadas de estudos, tem uma posição crítica em relação a própria sabedoria milenar indiana, afirmando que ela não é uma verdade intocável, tem muitos preceitos contestáveis, mas possui outros que devem ser resgatados, pois vão além do que a ciência conseguiu explicar, até agora. Seus livros, traduzidos para muitos idiomas, já venderam mais de 15 milhões de exemplares, só no Brasil foram 500 mil. No último deles, How to Know God (Como conhecer Deus), ainda não traduzido para o português, ele faz fusão entre o espiritualismo e a física quântica. A seguir, a entrevista:
P: O Sr. é endocrinologista formado dentro dos padrões científicos da medicina tradicional ocidental. Como ocorreu a volta as suas origens culturais e o seu esforço em unir a ciência e alguns conhecimentos ancestrais?
Chopra: Venho estudando a consciência e sua evolução há 20 anos. Como médico, meu interesse primordial era entender como se dão os processos de cura e como a consciência os influenciava. Na metade dos anos 70, já tinha ficado claro para mim, e para muita gente, que o corpo humano é uma farmácia capaz de produzir o remédio de que precisamos, na dose certa e sem efeitos colaterais. No começo dos anos 80, então, fiquei cada vez mais interessado na relação entre a consciência e o corpo. Nessa relação está a chave das chamadas curas milagrosas. Milagre é simplesmente a palavra que usamos quando não entendemos alguma coisa. Os milagres de hoje são a ciência de amanhã.
P: O Sr. poderia dar um exemplo?
Chopra: Podemos citar, entre muitas coisas, o processo de envelhecimento pela qual comecei a me interessar no final dos anos 80. A forma pela qual envelhecemos é absolutamente pessoal: se você se apaixona, vive mais, se é alegre, vive mais. Esses exemplos provam que é possível reverter a idade biológica. É possível ter alguém com 80 anos e idade biológica de 60. Não há fim para o potencial humano.
P: O Sr. escreveu que o “corpo humano assemelha-se a um rio de informações, em constante mudança. Em menos de um ano, mudamos 98% de nosso corpo. Ele é como poesia que está constantemente alterando o ambiente, em constante transformação”. Porque é assim?
Chopra: Nada no mundo físico permanece estático, o que inclui o corpo humano. O mundo físico está em constante transformação. Nossa memória não está no cérebro, mas em todas as células do corpo. Nossas células são compostas por átomos e, segundo a física quântica, o átomo é composto por mais de 99,9% de espaço vazio. As partículas subatômicas que se movem nesse espaço são feixes de energia que carregam informações. Essa é a definição de nosso corpo: um monte de nada, unidades de informação e energia. Ao pensarmos, criamos matéria do nada.
P: O Sr. propõe uma mudança de paradigmas na medicina ocidental?
Chopra: Um paradigma é um padrão de pensamento, um modelo de realidade. Estou seguro de que hoje estamos no meio de uma mudança de paradigma. Os olhos da carne e os olhos da mente não vêem tão bem quanto achávamos. Como diz o poeta William Blacke, “somos levados a crer na mentira quando vemos com e não através dos olhos”. Essa não é uma metáfora. Blacke fala literalmente, como muitos poetas, aliás. O que hoje está absolutamente claro é que o que vemos é nossa forma de ver o mundo. Nossos sentidos nos dizem que a terra é plana – mas na verdade sabemos que ela é redonda. Não vemos o que existe, mas a nossa interpretação do que existe. Nossos sentidos nos levam a uma interpretação prematura e nos prendem a uma realidade fixa, que só existe dentro de regras culturais, religiosas, etc. É a hipnose da realidade. A primeira coisa que vi quando entrei na faculdade foi um cadáver. Eu tinha ido estudar medicina para curar. Mas na faculdade os métodos de ensino eram tais que eu tinha que entender a vida através da morte. Para um dos meus professores, lembro bem, a vida era uma doença sexualmente transmissível.
P: Mas é o que a ciência propôs até agora ...
Chopra: O materialismo é uma superstição. Eu quero ir além disso, Olho para uma flor e vejo as pétalas, o caule, o miolo. Uma abelha olha para aquele mesmo ponto que eu olho e vê mel, não a flor. Isso porque os olhos da abelha enxergam de forma diferente da nossa, em outra freqüência. Como é o mundo então? Só podemos responder a essa pergunta por meio dos olhos da mente e da alma, do espírito. Nosso corpo parece uma estrutura anatômica em três dimensões, mas não é. Como já dissemos, o corpo humano é um rio de informação, constantemente em mutação.
P: Como definir então nosso corpo físico?
Chopra: Podemos dizer que a premissa fundamental da ciência do corpo físico é que não há corpo físico. Há uma conversa interna permanente, que todas as células internas ouvem e participam. Assim, a mente não está no cérebro mas em todas as células do nosso corpo. O próprio tempo é criado na consciência. Como Einstein já disse, o tempo depende da posição do observador, da velocidade do movimento, etc. O tempo é o que nos separa do objeto observado. A experiência da ausência do tempo vem quando eu e aquilo que observo, eu e a montanha, por exemplo, somos um.
P: O Sr. poderia explicar melhor sua teoria de que “observamos a realidade física utilizando os olhos da carne, a realidade quântica utilizando os olhos de nossa mente, e a realidade virtual utilizando os olhos de nossa alma ...”
Chopra: A nossa realidade externa é experimentada por meio da percepção sensorial e o mundo espiritual é experimentado por meio das disciplinas meditativas. O cérebro é um transformador de energia em informação. Já o interpretador, o pensador, é a alma. E a alma não está nos pensamentos, mas no espaço entre os pensamentos. O que chamamos de alma existe num domínio não localizado. A alma não tem localização no tempo-espaço, está intimamente ligada e se comunica com o domínio universal de consciência não-localizado chamado espírito. Nossos saltos de criatividade são saltos quânticos. Um padrão de pensamento pula para outro padrão de pensamento sem ter que passar por uma transição. As nossas memórias e desejos são virtuais e existem na alma como possível desejos/memórias até que sejam realmente por nós experimentados como memórias e desejos. Embora nosso karma exista em nossa alma e governe a nossa vida, não está escrito no sentido clássico. As leis da física são leis matemáticas que governam o comportamento do universo e, no entanto, não estão escritas em nenhum lugar. Por exemplo, o Teorema de Pitágoras não localização no espaço, mas descreve uma verdade geométrica. Eu acredito que a consciência (ou espírito) é a fonte de tudo o que existe no universo. Ela se manifesta como espaço, tempo, informação, energia e matéria através da execução das leis quânticas. Nossa alma pessoal é uma aspecto dessa consciência universal.
P: Qual é a importância da meditação nas nossas vidas?
Chopra: Meditação é a ferramenta mais importante para o autoconhecimento, autodesenvolvimento e realização dos desejos. É uma jornada espiritual que nos permite acessar o espírito, o nosso verdadeiro eu. Por meio do contato diário com o silêncio, o ser humano entra no campo da pura potencialidade, desenvolvendo, dessa maneira a produtividade, criatividade, saúde perfeita e amor incondicional.
P: Porque o Sr. escreveu o livro “Como conhecer Deus”e o que as pessoas podem esperar dele?
Chopra:A razão é que acredito que a experiência de Deus está disponível para qualquer pessoa independentemente de sua prática religiosa ou da falta dela. O sistema nervoso humano é ligado fisicamente para experimentar Deus. Neste livro Deus é definido como uma inteligência infinita e, conseqüentemente, uma criatividade infinita. Sempre que criamos algo novo em nossas vidas, entramos em contato com a mente infinita. Os milagres descritos em cada tradição espiritual são manifestações da criatividade a que temos acesso quando entramos em contato com a “mente de Deus”. Einstein disse “Quero saber como Deus pensa, todo o resto é apenas um detalhe”. Essa foi a minha inspiração para escrever o livro.
Folha Espírita – junho/2000
Filho de cardiologista, radicado nos Estados Unidos, desde os anos 70 Chopra exerceu a endocrinologia por mais de duas décadas, sendo também professor universitário e chefe de equipe do Memorial Hospital de Nova Iorque. Gradativamente, porém, foi deixando de clinicar para aprofundar-se nos estudos da inter-relação entre a milenar medicina Ayurveda (ciência da vida) e ciência ocidental moderna, tendo por base também as antigas escrituras Vedas, que têm mais de cinco mil anos.
Hoje mora em La Jolla, Califórnia, onde mantém o Centro Chopra para o Bem Estar, procurando aplicar em seus pacientes o melhor da milenar sabedoria indiana com o que há de mais avançado na ciência. Para ele, a saúde conquista-se pela integração mente-corpo-espírito, recomendando, para isso, a experiência do silêncio e a prática diária da meditação, que ele mesmo faz todos os dias das 4 as 6 horas da manhã e mais meia hora a tarde.
Chopra afirma que o “corpo humano é uma farmácia capaz de produzir o remédio de que precisamos”.
Nos Estados Unidos, país fortemente arraigado ao paradigma científico materialista reducionista, Deepak Chopra navega contra a correnteza da mentalidade dominante, desde que optou por unir, na prática, a medicina ayurveda (ciência da vida) a ciência ocidental moderna. Hoje com 52 anos, após décadas de estudos, tem uma posição crítica em relação a própria sabedoria milenar indiana, afirmando que ela não é uma verdade intocável, tem muitos preceitos contestáveis, mas possui outros que devem ser resgatados, pois vão além do que a ciência conseguiu explicar, até agora. Seus livros, traduzidos para muitos idiomas, já venderam mais de 15 milhões de exemplares, só no Brasil foram 500 mil. No último deles, How to Know God (Como conhecer Deus), ainda não traduzido para o português, ele faz fusão entre o espiritualismo e a física quântica. A seguir, a entrevista:
P: O Sr. é endocrinologista formado dentro dos padrões científicos da medicina tradicional ocidental. Como ocorreu a volta as suas origens culturais e o seu esforço em unir a ciência e alguns conhecimentos ancestrais?
Chopra: Venho estudando a consciência e sua evolução há 20 anos. Como médico, meu interesse primordial era entender como se dão os processos de cura e como a consciência os influenciava. Na metade dos anos 70, já tinha ficado claro para mim, e para muita gente, que o corpo humano é uma farmácia capaz de produzir o remédio de que precisamos, na dose certa e sem efeitos colaterais. No começo dos anos 80, então, fiquei cada vez mais interessado na relação entre a consciência e o corpo. Nessa relação está a chave das chamadas curas milagrosas. Milagre é simplesmente a palavra que usamos quando não entendemos alguma coisa. Os milagres de hoje são a ciência de amanhã.
P: O Sr. poderia dar um exemplo?
Chopra: Podemos citar, entre muitas coisas, o processo de envelhecimento pela qual comecei a me interessar no final dos anos 80. A forma pela qual envelhecemos é absolutamente pessoal: se você se apaixona, vive mais, se é alegre, vive mais. Esses exemplos provam que é possível reverter a idade biológica. É possível ter alguém com 80 anos e idade biológica de 60. Não há fim para o potencial humano.
P: O Sr. escreveu que o “corpo humano assemelha-se a um rio de informações, em constante mudança. Em menos de um ano, mudamos 98% de nosso corpo. Ele é como poesia que está constantemente alterando o ambiente, em constante transformação”. Porque é assim?
Chopra: Nada no mundo físico permanece estático, o que inclui o corpo humano. O mundo físico está em constante transformação. Nossa memória não está no cérebro, mas em todas as células do corpo. Nossas células são compostas por átomos e, segundo a física quântica, o átomo é composto por mais de 99,9% de espaço vazio. As partículas subatômicas que se movem nesse espaço são feixes de energia que carregam informações. Essa é a definição de nosso corpo: um monte de nada, unidades de informação e energia. Ao pensarmos, criamos matéria do nada.
P: O Sr. propõe uma mudança de paradigmas na medicina ocidental?
Chopra: Um paradigma é um padrão de pensamento, um modelo de realidade. Estou seguro de que hoje estamos no meio de uma mudança de paradigma. Os olhos da carne e os olhos da mente não vêem tão bem quanto achávamos. Como diz o poeta William Blacke, “somos levados a crer na mentira quando vemos com e não através dos olhos”. Essa não é uma metáfora. Blacke fala literalmente, como muitos poetas, aliás. O que hoje está absolutamente claro é que o que vemos é nossa forma de ver o mundo. Nossos sentidos nos dizem que a terra é plana – mas na verdade sabemos que ela é redonda. Não vemos o que existe, mas a nossa interpretação do que existe. Nossos sentidos nos levam a uma interpretação prematura e nos prendem a uma realidade fixa, que só existe dentro de regras culturais, religiosas, etc. É a hipnose da realidade. A primeira coisa que vi quando entrei na faculdade foi um cadáver. Eu tinha ido estudar medicina para curar. Mas na faculdade os métodos de ensino eram tais que eu tinha que entender a vida através da morte. Para um dos meus professores, lembro bem, a vida era uma doença sexualmente transmissível.
P: Mas é o que a ciência propôs até agora ...
Chopra: O materialismo é uma superstição. Eu quero ir além disso, Olho para uma flor e vejo as pétalas, o caule, o miolo. Uma abelha olha para aquele mesmo ponto que eu olho e vê mel, não a flor. Isso porque os olhos da abelha enxergam de forma diferente da nossa, em outra freqüência. Como é o mundo então? Só podemos responder a essa pergunta por meio dos olhos da mente e da alma, do espírito. Nosso corpo parece uma estrutura anatômica em três dimensões, mas não é. Como já dissemos, o corpo humano é um rio de informação, constantemente em mutação.
P: Como definir então nosso corpo físico?
Chopra: Podemos dizer que a premissa fundamental da ciência do corpo físico é que não há corpo físico. Há uma conversa interna permanente, que todas as células internas ouvem e participam. Assim, a mente não está no cérebro mas em todas as células do nosso corpo. O próprio tempo é criado na consciência. Como Einstein já disse, o tempo depende da posição do observador, da velocidade do movimento, etc. O tempo é o que nos separa do objeto observado. A experiência da ausência do tempo vem quando eu e aquilo que observo, eu e a montanha, por exemplo, somos um.
P: O Sr. poderia explicar melhor sua teoria de que “observamos a realidade física utilizando os olhos da carne, a realidade quântica utilizando os olhos de nossa mente, e a realidade virtual utilizando os olhos de nossa alma ...”
Chopra: A nossa realidade externa é experimentada por meio da percepção sensorial e o mundo espiritual é experimentado por meio das disciplinas meditativas. O cérebro é um transformador de energia em informação. Já o interpretador, o pensador, é a alma. E a alma não está nos pensamentos, mas no espaço entre os pensamentos. O que chamamos de alma existe num domínio não localizado. A alma não tem localização no tempo-espaço, está intimamente ligada e se comunica com o domínio universal de consciência não-localizado chamado espírito. Nossos saltos de criatividade são saltos quânticos. Um padrão de pensamento pula para outro padrão de pensamento sem ter que passar por uma transição. As nossas memórias e desejos são virtuais e existem na alma como possível desejos/memórias até que sejam realmente por nós experimentados como memórias e desejos. Embora nosso karma exista em nossa alma e governe a nossa vida, não está escrito no sentido clássico. As leis da física são leis matemáticas que governam o comportamento do universo e, no entanto, não estão escritas em nenhum lugar. Por exemplo, o Teorema de Pitágoras não localização no espaço, mas descreve uma verdade geométrica. Eu acredito que a consciência (ou espírito) é a fonte de tudo o que existe no universo. Ela se manifesta como espaço, tempo, informação, energia e matéria através da execução das leis quânticas. Nossa alma pessoal é uma aspecto dessa consciência universal.
P: Qual é a importância da meditação nas nossas vidas?
Chopra: Meditação é a ferramenta mais importante para o autoconhecimento, autodesenvolvimento e realização dos desejos. É uma jornada espiritual que nos permite acessar o espírito, o nosso verdadeiro eu. Por meio do contato diário com o silêncio, o ser humano entra no campo da pura potencialidade, desenvolvendo, dessa maneira a produtividade, criatividade, saúde perfeita e amor incondicional.
P: Porque o Sr. escreveu o livro “Como conhecer Deus”e o que as pessoas podem esperar dele?
Chopra:A razão é que acredito que a experiência de Deus está disponível para qualquer pessoa independentemente de sua prática religiosa ou da falta dela. O sistema nervoso humano é ligado fisicamente para experimentar Deus. Neste livro Deus é definido como uma inteligência infinita e, conseqüentemente, uma criatividade infinita. Sempre que criamos algo novo em nossas vidas, entramos em contato com a mente infinita. Os milagres descritos em cada tradição espiritual são manifestações da criatividade a que temos acesso quando entramos em contato com a “mente de Deus”. Einstein disse “Quero saber como Deus pensa, todo o resto é apenas um detalhe”. Essa foi a minha inspiração para escrever o livro.
Folha Espírita – junho/2000