Ateia converte-se ao Islão
Enviado: 15 Nov 2007, 07:48
PORQUE ME TORNEI MULÇUMANA?
Maria Moreira
Fazer o relato de conversão é uma experiência um tanto difícil porque a considero pessoal e intransferível. Cada pessoa tem seu próprio momento e circunstâncias, mas espero que este relato possa ser útil àqueles que no momento estão pretendo abraçar o Islam.
Ao contrário de muitas pessoas, eu não fiz nenhuma procura religiosa, eu estava muito feliz (ou achava que estava) com o meu agnosticismo. Eu fui batizada na Igreja Católica como a maioria das crianças brasileiras mas era uma autêntica "catolaica".
Durante a maior parte de minha vida fui atéia convicta mas depois de um tempo achei que da mesma forma que ninguém havia me dado provas suficientes da existência de Deus, por outro lado também não havia meio de confirmar com 100% de certeza a Sua não-existência, então me tornei agnóstica e fiquei "em cima do muro". Esta posição não me incomodava nem um pouco e nunca tive crises existenciais por causa disto e a clássica pergunta "de onde viemos e para onde vamos?" não era motivo de preocupação, já que eu achava que ninguém tinha mesmo uma resposta para ela.
Portanto, devido à minha total, profunda e mais absoluta descrença, Deus em Sua misericórdia decidiu que o Islam teria que bater à minha porta, porque se dependesse de mim eu não moveria uma palha para isto.
Foi um processo relativamente longo e vou tentar resumi-lo. Começou quando encontrei uns muçulmanos que estavam no Brasil a trabalho e embora eles não aparentassem ser religiosos, falavam do Islam.
Apesar de já terem se passado na época 10 anos da Revolução Islâmica no Irã, as imagens das mulheres cobertas de negro e ameaçadas de castigos físicos se não se cobrissem ainda estavam bem vivas na minha memória e era esta a idéia que eu tinha do Islam. O comportamento destes muçulmanos não se encaixava nestes padrões e eu considerei que talvez eles não fôssem pessoas religiosas. "Se fôssem", eu pensei, "com certeza estariam me tratando mal por ser mulher".
Eu sempre argumentava contra as afirmações destes muçulmanos e embora meus argumentos fôssem razoavelmente bem-sucedidos com os meus amigos cristãos, não funcionavam com eles. O problema é que todos os meus argumentos se baseavam na idéia passada pela mídia ou de uma analogia com o Cristianismo e as duas abordagens não funcionam no caso do Islam.
Resolvi então estudar o Islam por dois motivos básicos: "salvar" estes muçulmanos das "limitações" que a crença religiosa supostamente impõe à liberdade de pensamento e não perder mais nas discussões que tínhamos sobre religião, por conta de meu pouco conhecimento do Islam.
Comecei a ler, mas se encontrar bons livros sobre o Islam no Brasil até hoje é difícil, imagine há 10 anos atrás. Comprei alguns livros em "sebos" mas eles na verdade não pretendiam ensinar o Islam e sim atacá-lo. Me recomendaram que eu procurasse uma mesquita, onde eu poderia conseguir livros escritos por muçulmanos gratuitamente. Custei mas acabei achando a Sociedade Beneficente Muçulmana do Rio de Janeiro, que comecei a frequentar e onde obtive alguns livros.
Neste ínterim, eu resolvi ler um livro chamado "Cosmos" do astrônomo Carl Sagan que havia ganho de presente de minha irmã 5 anos atrás e não tinha tido tempo de ler em profundidade. Em uma determinada passagem do livro, o astrônomo falava do fim inevitável do mundo que conhecemos e fazia algumas especulações, baseadas nas informações científicas disponíveis, de como este fim do mundo se processaria. Em um dos livros que eu havia comprado sobre Islam, haviam algumas partes de suratas do Alcorão e uma delas tratava do mesmo assunto. A semelhança entre as duas descrições, a científica e a religiosa, me pareceram impressionantes. Supondo que tal conhecimento científico não estava disponível na época do profeta (SAWS), conclui que apenas "Alguém" com conhecimento superior poderia ser o responsável por tais informações e que este "Alguém" só poderia ser Aquele que todos chamavam de Deus.
Esta constatação foi um choque porque significava que eu poderia estar errada em minhas tão profundas e enraizadas convicções de descrença. Passei a crer em Deus mas ainda não pensava em adotar o Islam como religião. Continuei lendo livros e visitando a Sociedade Muçulmana às sextas-feiras sempre que possível.
Passei a trocar idéias sobre Islam com um casal de muçulmanos convertidos (ele americano, ela brasileira) e em um determinado momento, eles me deram de presente uma tradução do Alcorão. O impacto definitivo foi quando encontrei um versículo falando do desenvolvimento embrionário com tamanha precisão, que mais uma vez me deparei com a constatação de que era impossível que um homem que vivia no deserto há mais de 1.400 anos atrás pudesse ter tal conhecimento e fôsse, consequentemente, o "autor" do Alcorão.
Fui aos poucos me convencendo de outros aspectos da religião. Ao mesmo tempo eu achava que devia ser coerente e se havia sido através do Alcorão que eu havia chegado até Deus e se eu acreditava que ali estava a Verdade, eu devia então praticá-la por inteiro.
Foi um período difícil porque eu sabia que esta decisão mudaria a minha vida e eu também me preocupava um pouco com a reação das pessoas. Na realidade nem tanto por elas, era mais uma questão de orgulho. Eu havia passado boa parte de minha vida adulta negando Deus e criticando as pessoas que tinham alguma religião, porque acreditava que este era um sinal de fraqueza e incapacidade de lidar com o desconhecido, que as levava a recorrer a explicações "sobrenaturais" para responder às suas dúvidas existenciais. Além disto eu era uma feminista "ferrenha" e feminismo e Islam sempre pareceram incompatíveis aos olhos ocidentais. Como então eu iria encarar todos os meus amigos e dizer que eu iria abraçar uma religião e justo o Islam? Seria um reconhecimento "público" de que estava errada.
Tentei tomar a decisão mais fácil: esquecer tudo e retomar a minha vida normal. Só que não consegui. Afinal eu estava negando o que, para quem? Eu não podia enganar a mim mesma, seria ridículo e incoerente.
O sofrimento resultante destas constatações e o questionamento sobre que caminho seguir foram o meu "jihad" (esforço no caminho de Deus). Fiz a minha "chahada" (testemunho de fé) e me tornei muçulmana em 14 de dezembro de 1990, Alhamdulillah.
Cortesia de: http://sbmrj.org.br/Mulheres-Maria.htm
Maria Moreira
Fazer o relato de conversão é uma experiência um tanto difícil porque a considero pessoal e intransferível. Cada pessoa tem seu próprio momento e circunstâncias, mas espero que este relato possa ser útil àqueles que no momento estão pretendo abraçar o Islam.
Ao contrário de muitas pessoas, eu não fiz nenhuma procura religiosa, eu estava muito feliz (ou achava que estava) com o meu agnosticismo. Eu fui batizada na Igreja Católica como a maioria das crianças brasileiras mas era uma autêntica "catolaica".
Durante a maior parte de minha vida fui atéia convicta mas depois de um tempo achei que da mesma forma que ninguém havia me dado provas suficientes da existência de Deus, por outro lado também não havia meio de confirmar com 100% de certeza a Sua não-existência, então me tornei agnóstica e fiquei "em cima do muro". Esta posição não me incomodava nem um pouco e nunca tive crises existenciais por causa disto e a clássica pergunta "de onde viemos e para onde vamos?" não era motivo de preocupação, já que eu achava que ninguém tinha mesmo uma resposta para ela.
Portanto, devido à minha total, profunda e mais absoluta descrença, Deus em Sua misericórdia decidiu que o Islam teria que bater à minha porta, porque se dependesse de mim eu não moveria uma palha para isto.
Foi um processo relativamente longo e vou tentar resumi-lo. Começou quando encontrei uns muçulmanos que estavam no Brasil a trabalho e embora eles não aparentassem ser religiosos, falavam do Islam.
Apesar de já terem se passado na época 10 anos da Revolução Islâmica no Irã, as imagens das mulheres cobertas de negro e ameaçadas de castigos físicos se não se cobrissem ainda estavam bem vivas na minha memória e era esta a idéia que eu tinha do Islam. O comportamento destes muçulmanos não se encaixava nestes padrões e eu considerei que talvez eles não fôssem pessoas religiosas. "Se fôssem", eu pensei, "com certeza estariam me tratando mal por ser mulher".
Eu sempre argumentava contra as afirmações destes muçulmanos e embora meus argumentos fôssem razoavelmente bem-sucedidos com os meus amigos cristãos, não funcionavam com eles. O problema é que todos os meus argumentos se baseavam na idéia passada pela mídia ou de uma analogia com o Cristianismo e as duas abordagens não funcionam no caso do Islam.
Resolvi então estudar o Islam por dois motivos básicos: "salvar" estes muçulmanos das "limitações" que a crença religiosa supostamente impõe à liberdade de pensamento e não perder mais nas discussões que tínhamos sobre religião, por conta de meu pouco conhecimento do Islam.
Comecei a ler, mas se encontrar bons livros sobre o Islam no Brasil até hoje é difícil, imagine há 10 anos atrás. Comprei alguns livros em "sebos" mas eles na verdade não pretendiam ensinar o Islam e sim atacá-lo. Me recomendaram que eu procurasse uma mesquita, onde eu poderia conseguir livros escritos por muçulmanos gratuitamente. Custei mas acabei achando a Sociedade Beneficente Muçulmana do Rio de Janeiro, que comecei a frequentar e onde obtive alguns livros.
Neste ínterim, eu resolvi ler um livro chamado "Cosmos" do astrônomo Carl Sagan que havia ganho de presente de minha irmã 5 anos atrás e não tinha tido tempo de ler em profundidade. Em uma determinada passagem do livro, o astrônomo falava do fim inevitável do mundo que conhecemos e fazia algumas especulações, baseadas nas informações científicas disponíveis, de como este fim do mundo se processaria. Em um dos livros que eu havia comprado sobre Islam, haviam algumas partes de suratas do Alcorão e uma delas tratava do mesmo assunto. A semelhança entre as duas descrições, a científica e a religiosa, me pareceram impressionantes. Supondo que tal conhecimento científico não estava disponível na época do profeta (SAWS), conclui que apenas "Alguém" com conhecimento superior poderia ser o responsável por tais informações e que este "Alguém" só poderia ser Aquele que todos chamavam de Deus.
Esta constatação foi um choque porque significava que eu poderia estar errada em minhas tão profundas e enraizadas convicções de descrença. Passei a crer em Deus mas ainda não pensava em adotar o Islam como religião. Continuei lendo livros e visitando a Sociedade Muçulmana às sextas-feiras sempre que possível.
Passei a trocar idéias sobre Islam com um casal de muçulmanos convertidos (ele americano, ela brasileira) e em um determinado momento, eles me deram de presente uma tradução do Alcorão. O impacto definitivo foi quando encontrei um versículo falando do desenvolvimento embrionário com tamanha precisão, que mais uma vez me deparei com a constatação de que era impossível que um homem que vivia no deserto há mais de 1.400 anos atrás pudesse ter tal conhecimento e fôsse, consequentemente, o "autor" do Alcorão.
Fui aos poucos me convencendo de outros aspectos da religião. Ao mesmo tempo eu achava que devia ser coerente e se havia sido através do Alcorão que eu havia chegado até Deus e se eu acreditava que ali estava a Verdade, eu devia então praticá-la por inteiro.
Foi um período difícil porque eu sabia que esta decisão mudaria a minha vida e eu também me preocupava um pouco com a reação das pessoas. Na realidade nem tanto por elas, era mais uma questão de orgulho. Eu havia passado boa parte de minha vida adulta negando Deus e criticando as pessoas que tinham alguma religião, porque acreditava que este era um sinal de fraqueza e incapacidade de lidar com o desconhecido, que as levava a recorrer a explicações "sobrenaturais" para responder às suas dúvidas existenciais. Além disto eu era uma feminista "ferrenha" e feminismo e Islam sempre pareceram incompatíveis aos olhos ocidentais. Como então eu iria encarar todos os meus amigos e dizer que eu iria abraçar uma religião e justo o Islam? Seria um reconhecimento "público" de que estava errada.
Tentei tomar a decisão mais fácil: esquecer tudo e retomar a minha vida normal. Só que não consegui. Afinal eu estava negando o que, para quem? Eu não podia enganar a mim mesma, seria ridículo e incoerente.
O sofrimento resultante destas constatações e o questionamento sobre que caminho seguir foram o meu "jihad" (esforço no caminho de Deus). Fiz a minha "chahada" (testemunho de fé) e me tornei muçulmana em 14 de dezembro de 1990, Alhamdulillah.
Cortesia de: http://sbmrj.org.br/Mulheres-Maria.htm