Religião é Veneno

"O Globo" 16/09/08

Devoção em alta
Alessandro Soler - asoler@oglobo.com.br

Lugar-comum: a cada geração as pessoas estão menos ligadas à religião. Fato: uma pesquisa da fundação alemã Bertelsmann Stiftung feita com 21 mil jovens de 18 a 29 anos em 21 países mostra que os brasileiros são os terceiros mais religiosos, atrás apenas dos de Nigéria e Guatemala e no mesmo nível de indonésios e marroquinos. Cerca de 95% dos entrevistados no país são religiosos; e 65%, “muito religiosos”, de acordo com a análise dos pesquisadores. Para se ter uma idéia, Rússia e Áustria, entre os menos devotos, tiveram índices de, respectivamente, 3% e 5%.

O resultado do estudo inédito, chamado “Monitor da Religião”, surpreende: mesmo na fase de maior contestação a idéias préconcebidas, os jovens brasileiros estão mais próximos dos pais do que poderiam supor.

— Há similaridade entre os jovens e os mais velhos. Cerca de 95% das pessoas entre 18 e 29 são religiosas; com 60 anos ou mais, o número é de 96%. Agora, quando indagados, vários jovens tendem a subestimar a própria fé, por diferentes razões. Mas, ao cruzarmos a auto-avaliação que eles fazem da religiosidade com as respostas que deram a perguntas sobre o nível de interesse em assuntos religiosos, a crença em Deus ou a relevância da religião no diaadia, chegamos ao alto número (95%) — explica o gerente de projetos da Bertelsmann, Matthias Jäger. — Mesmo a auto-avaliação da religiosidade dos entrevistados é acima da média internacional. No Brasil, 37% se consideram muito religiosos; 35%, moderadamente religiosos; e só 27%, não religiosos.

Outros dados dizem mais sobre o nível de crenças religiosas ou espirituais no Brasil, sempre acima da média mundial. Por aqui, 91% garantiram acreditar em Deus e em vida após a morte; 71% afirmaram que Deus influi diretamente nas suas vidas; e 74% contaram que rezam uma ou várias vezes ao dia. As porcentagens não surpreendem a todos: — Conheço cada vez mais jovens que procuram uma fé. A vida religiosa é prazerosa. Alguns estranham quando falo sobre isso, quem não me conhece pode até me ridicularizar. Mas penso que a maioria admira a minha posição. No fundo, todo mundo gostaria de ter algo forte em que acreditar — pondera Lucas Stolerman, 20 anos, católico devoto e membro de um movimento que arrebanha jovens em âmbito latino-americano — Já questionei Deus e a minha fé, mas isso não é ruim. Muitas vezes é duvidando que a gente conhece e se aprofunda mais.

A fim de entender como os jovens religiosos se relacionam com a sociedade contemporânea, a Megazine entrevistou um seguidor de cada uma das principais correntes mapeadas no Estado do Rio pelo IBGE, no Censo de 2000 (último dado disponível). Como é alto o número de pessoas sem religião apurado pelo Censo (15,76% do total), também ouvimos alguém desta categoria. Confira o que todos eles disseram.

LéoTeclas escreveu:Isso é verdade mano??? E qual tua religião???

Fenrir escreveu:Estariamos melhor, bem melhor se fossemos o terceiro povo mais culto!

Ate posso admitir alguns beneficios da religiao, mas com certeza nao se comparam a
educacao e conhecimento. Quem tem os ultimos nao tem muita necessidade do primeiro.

Um indício disso são as igrejas e templos vazios em muitos países europeus.

Carlos Castelo escreveu:Aquí acontece um fato interesante, mesmo não praticando uma religião a grande maioria das pessoas cuja família é católica se dizem católicos não praticantes. Mas se você se diz ateu, alguém logo comenta: Como pode? Alguém tem que acreditar em alguma coisa!
Como se o simples fato de não acreditar em um deus, ou qualquer outra coisa do além, nos isentássemos de acreditar em outra coisa!

Fenrir escreveu:Estariamos melhor, bem melhor se fossemos o terceiro povo mais culto!

Ate posso admitir alguns beneficios da religiao, mas com certeza nao se comparam a
educacao e conhecimento. Quem tem os ultimos nao tem muita necessidade do primeiro.

Um indício disso são as igrejas e templos vazios em muitos países europeus.

Apo escreveu:

Carlos Castelo escreveu:Aquí acontece um fato interesante, mesmo não praticando uma religião a grande maioria das pessoas cuja família é católica se dizem católicos não praticantes. Mas se você se diz ateu, alguém logo comenta: Como pode? Alguém tem que acreditar em alguma coisa!
Como se o simples fato de não acreditar em um deus, ou qualquer outra coisa do além, nos isentássemos de acreditar em outra coisa!

É o que ocorre com a maioria dos que tiveram infância católica e vão aos poucos se desprendendo. Lembro que até uns...15, 20 anos atrás, qualquer cadastro de crédito, ficha de emprego, inscrição em concurso, continha a pergunta sobre que religião confessava ( como se isto fosse dado importante da vida da pessoa para tais casos acima citados e outros). Eu sempre ficava entre colocar católica ou sem religião/outros ( mas esta última opção apareceu mais recentemente, antes era incogitável).

Carlos Castelo escreveu:

Apo escreveu:

Carlos Castelo escreveu:Aquí acontece um fato interesante, mesmo não praticando uma religião a grande maioria das pessoas cuja família é católica se dizem católicos não praticantes. Mas se você se diz ateu, alguém logo comenta: Como pode? Alguém tem que acreditar em alguma coisa!
Como se o simples fato de não acreditar em um deus, ou qualquer outra coisa do além, nos isentássemos de acreditar em outra coisa!

É o que ocorre com a maioria dos que tiveram infância católica e vão aos poucos se desprendendo. Lembro que até uns...15, 20 anos atrás, qualquer cadastro de crédito, ficha de emprego, inscrição em concurso, continha a pergunta sobre que religião confessava ( como se isto fosse dado importante da vida da pessoa para tais casos acima citados e outros). Eu sempre ficava entre colocar católica ou sem religião/outros ( mas esta última opção apareceu mais recentemente, antes era incogitável).

Essa de identificar a religião praticante para preenchimento de um documento eu ainda não passei, mas já vi uma observação em um anúncio onde o passaporte para uma possível contratação era ser evangélico.

Carlos Castelo escreveu:

Apo escreveu:

Carlos Castelo escreveu:Aquí acontece um fato interesante, mesmo não praticando uma religião a grande maioria das pessoas cuja família é católica se dizem católicos não praticantes. Mas se você se diz ateu, alguém logo comenta: Como pode? Alguém tem que acreditar em alguma coisa!
Como se o simples fato de não acreditar em um deus, ou qualquer outra coisa do além, nos isentássemos de acreditar em outra coisa!

É o que ocorre com a maioria dos que tiveram infância católica e vão aos poucos se desprendendo. Lembro que até uns...15, 20 anos atrás, qualquer cadastro de crédito, ficha de emprego, inscrição em concurso, continha a pergunta sobre que religião confessava ( como se isto fosse dado importante da vida da pessoa para tais casos acima citados e outros). Eu sempre ficava entre colocar católica ou sem religião/outros ( mas esta última opção apareceu mais recentemente, antes era incogitável).

Essa de identificar a religião praticante para preenchimento de um documento eu ainda não passei, mas já vi uma observação em um anúncio onde o passaporte para uma possível contratação era ser evangélico.

Vai ver eles estavam querendo recrutar mormons. Eles já estão acostumados a viajar em duplas mesmo.
Hãã. será que o Abmael vai ler isso??

QUEM: Ariane Luzia Mendonça da Silva, 17 anos, no 4o ano do curso de formação de professores.

O QUÊ: Adepta de um mix de tradições pagãs, com ênfase na sabedoria wicca, de origem celta.

COMO: “Eu era quase obrigada pela minha mãe a ir a cultos evangélicos. Foram duas amigas que me mostraram a bruxaria. Por favor, é muito mais interessante! Os evangélicos na minha sala, que são 37 em 40, ficam enchendo, mandam aceitar Jesus, dizem que estou perdida... Já achei graça, mas ando incomodada com o preconceito e a burrice. São futuros professores, coitados dos alunos dessas pessoas! Até professores são intolerantes. Na volta das férias, uma delas perguntou o que a turma tinha lido. Fui uma das únicas a levantar a mão e mostrei um livro de wicca. Ela começou a detonar, dizer que não concordava. Agora, cômicos são meus amigos roqueiros. Muitos são satanistas e acham que eu deveria ser mais pauleira! Não tenho nada contra nada. A lei básica da minha crença é: faça o que quiser, só não agrida a si ou aos outros.

” POR QUÊ: “Tenho uma grande ligação com a natureza. Acredito que Deus e as outras coisas sagradas, a Lua, a Terra, tudo nasceu da Deusa, que é o ser supremo na tradição wicca. A religião tem seus códigos, são 29 rituais ao ano, mas, por causa dos estudos, ando meio relapsa. Adoro me aprofundar, mas é uma pena que existam pouquíssimos círculos sérios no país. Mexer sem sabedoria com a magia é perigoso. Tudo o que as pessoas fazem volta para elas. E acho que até o fato de eu estar aqui, vivendo entre pessoas ignorantes que me discriminam, tem um propósito. Se o mundo já fosse perfeito, não precisaríamos de religião.”

POR QUÊ: “Tenho uma grande ligação com a natureza. Acredito que Deus e as outras coisas sagradas, a Lua, a Terra, tudo nasceu da Deusa, que é o ser supremo na tradição wicca. A religião tem seus códigos, são 29 rituais ao ano, mas, por causa dos estudos, ando meio relapsa. Adoro me aprofundar, mas é uma pena que existam pouquíssimos círculos sérios no país. Mexer sem sabedoria com a magia é perigoso. Tudo o que as pessoas fazem volta para elas. E acho que até o fato de eu estar aqui, vivendo entre pessoas ignorantes que me discriminam, tem um propósito. Se o mundo já fosse perfeito, não precisaríamos de religião.”