Vinícius Torres Freire em Blogs da Folha escreveu:18/02/2009 - Banco SUÍÇO lava mais sujo
O UBS admitiu nos EUA que cometia o crime de ajudar americanos ricos a sumir com dinheiro para não pagar imposto. Admitiu e assinou embaixo. Um vexame grosso, daqueles para dar razão a todos os títulos do tipo "bancos suíços lavam mais sujo" ou "a Suíça lava mais branco".
O UBS, o maior banco da Suíça, vai pagar ao governo dos Estados Unidos US$ 780 milhões, uma espécie de multa, para se livrar de um processo de fraude fiscal. Terá também de dedar os americanos que faziam a negociata.
Literalmente, o UBS é acusado de "conspiração para fraudar os Estados Unidos e sua agência ‘Internal Revenue Service’ [o IRS, a Receita Federal deles]". Na verdade, não é apenas "acusado". Segundo o texto do acordo firmado entre a Justiça dos EUA e o banco, o UBS "reconhece e aceita" que de "2000 até 2007" "participou de um esquema para fraudar os Estados Unidos e o IRS" por meio da criações de contas "offshore" (fora dos EUA), com o objetivo de esconder dinheiro e transações financeiras do fisco, entre outras lambanças. Além do mais, o acordo assinado pelo UBS diz ainda que executivos e gerentes do UBS sabiam da maracutaia e continuaram a realizá-la até 2007 devido "à lucratividade do negócio" (sic).
Não era coisa de varejo. O Departamento ("ministério") da Justiça dos EUA acusa o UBS de ter cometido o crime de ajudar mais de 17 mil americanos a fraudar o imposto de renda. Segundo o governo americano, apenas em 2004 os banqueiros suíços fizeram 3.800 viagens para aos EUA para fazer a negociata da pirataria fiscal. Se o bancão suíço auxiliar a investigação e parar com a maracutaia, o governo dos EUA vai deixar o processo criminal para lá.
Na verdade, não se tratava de negócio com subsidiárias do banco: era "aconselhamento" por debaixo do pano mesmo. "Enviados especiais" do UBS procuravam aglomerações de ricos nos EUA e ofereciam os serviços de esconder dinheiro do fisco.
Ajudar a investigação significa: dedar os fraudadores do fisco, seus nomes e suas contas. O caldo vai entornar, pois um banco suíço entregar nome de clientes é coisa raríssima.
Coisa semelhante se faz no Brasil, o que os bancos suíços daqui negam, embora o rolo já tenha resultado em algumas prisões pela Polícia Federal. Bem, se fazem nos Estados Unidos, onde a coisa dá processo e cadeia, porque não fariam no Brasil? Veja post sobre o assunto publicado aqui, em 12 de novembro: Bancões que lavam dinheiro de fortunas: EUA e Brasil.
O UBS disse em nota oficial que "cometemos erros e nossos sistemas de controle era inadequados" e admitiu "plena responsabilidade por estas atividades impróprias". Isto é, reconheceu que fizeram besteira grossa e que ajudou a armar a bandalheira.
A auto-regulação do mercado é mesmo uma maravilha.
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http://www1.folha.uol.com.br/folha/bbc/ ... 6543.shtml