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Prova e Evidência

Enviado: 29 Abr 2009, 16:34
por Apo
Quando pedimos provas, alguns respondem dizendo que só há evidências. Mas um conjunto de evidências poderia ser tomado como prova. Ou não, e em que áreas do conhecimento ou de atuação?

Mesmo que as evidências se acumulem, sempre restará uma lacuna de discussão sobre o equacionamento de um enigma assim, portanto passível de ceticismo natural.

Uma prova seria algo que estaria num patamar de refutabilidade perto do zero?

Quando o discurso filosófico usa a palavra evidência, pode-se considerar que sem uma mostra matemática ou física, não há prova?

Não sei se fui clara... :emoticon26:

Re: Prova e Evidência

Enviado: 29 Abr 2009, 16:42
por Darkside
Prove que você existe Apo.

Ou melhor, prove que você é você mesma. Que sua visão de mundo é a correta diante da realidade a qual você faz parte, que você não é um outro ser completamente diferente vivendo em um mundo fabricado pela sua consciência defeituosa, produto de alguma doença neurológica de seu real sistema desconhecido.

Re: Prova e Evidência

Enviado: 29 Abr 2009, 16:46
por Apo
Darkside escreveu:Prove que você existe Apo.

Ou melhor, prove que você é você mesma. Que sua visão de mundo é a correta diante da realidade a qual você faz parte, que você não é um outro ser completamente diferente vivendo em um mundo fabricado pela sua consciência defeituosa, produto de alguma doença neurológica de seu real sistema desconhecido.


:emoticon22: :emoticon22: :emoticon22: :emoticon22: :emoticon22:

Re: Prova e Evidência

Enviado: 29 Abr 2009, 17:24
por Acauan
Evidências indicam possibilidades.
Provas indicam fatos.

Evidência:
Ele foi filmado no local e na hora do assalto

Prova:
Ele foi filmado assaltando o banco.

Re: Prova e Evidência

Enviado: 29 Abr 2009, 17:59
por Benetton


Acauan escreveu:Evidências indicam possibilidades.

Ok.




Acauan escreveu:Provas indicam fatos.

Que só existem na área da matemática e da lógica.

Por exemplo, num julgamento, o réu não é condenado por meio de provas e sim de várias evidências que se somam e corroboram para um objetivo, embora, o termo "prova" seja muito usado no meio forense.

Tanto é assim que, em casos de homicídios, um corpo de jurados LEIGOS é que decide sobre a sorte do infeliz. Ou seja, intimamente, baseado no que eles ouviram das duas partes, cada um ACHA que o réu é inocente ou culpado. E a maioria dos achismos ganha.

Se houvesse provas cabais e incontestáveis, não haveria necessidade de Juiz, Juri, Fóruns, julgamentos, advogados, etc.






Acauan escreveu:Evidência:
Ele foi filmado no local e na hora do assalto.

Ok. Porém é passível de refutações.






Acauan escreveu:Prova:
Ele foi filmado assaltando o banco.

Não prova. Fica ainda no campo das evidências, face à possibilidade de falseamento dessa premissa.
Hoje, não é tão difícil adulterar um filme.

Hoje, podemos ver filmes de fenômenos tão espetaculares que, num primeiro momento, somos levados a acreditar na sua veracidade. Mas depois que especialistas desmontam as peças, vemos o quanto ainda precisamos de nos acautelar diante de farsas bem montadas.




Re: Prova e Evidência

Enviado: 29 Abr 2009, 18:00
por Apo
Acauan escreveu:Evidências indicam possibilidades.
Provas indicam fatos.

Evidência:
Ele foi filmado no local e na hora do assalto

Prova:
Ele foi filmado assaltando o banco.


Isto parece claro, a priori. Mas na ausência de provas, muitas evidências subsituem a prova para fins de julgamento.
Na crença religiosa ( assim como no ceticismo ) não funciona assim? Mesmo com ausência de provas, as evidências costumam colocar em lados opostos a validação de uma afirmação de existência ou não existência.

Afinal, quando a DE tenta provar que existe vida espiritual através dos tais experimentos, ela está apenas tentando juntar evidências?

Re: Prova e Evidência

Enviado: 29 Abr 2009, 18:06
por Benetton


Apo escreveu: Afinal, quando a DE tenta provar que existe vida espiritual através dos tais experimentos, ela está apenas tentando juntar evidências?

Apo, a D.E não tenta provar nada. Não haveria como.

Como disse reiteradas vezes em outros tópicos, não há como provar nada acerca da fenomenologia. Só podemos oferecer evidências que sugerem mais estudos.




Re: Prova e Evidência

Enviado: 29 Abr 2009, 18:07
por Apo
A Justiça trabalha com hipóteses e evidências quando não há provas. Se há, as provas são sempre inconstestáveis? Muitas vezes, não. Algumas vezes, sim. Mas isto não é novidade, visto que processos são reabertos.

Mas religião e crença não servem ao mesmo objetivo de um julgamento ( quando há um crime e vítimas).

Re: Prova e Evidência

Enviado: 29 Abr 2009, 18:09
por Acauan
Benetton escreveu: Tanto é assim que, em casos de homicídios, um corpo de jurados LEIGOS é que decide sobre a sorte do infeliz. Ou seja, intimamente, baseado no que eles ouviram das duas partes, cada um ACHA que o réu é inocente ou culpado. E a maioria dos achismos ganha.


Não funciona assim.
Há um limite para o poder de decisão do juri.
Se eles votarem de modo a contrariar ostensivamente as provas apresentadas, o juiz pode anular o veredicto e convocar outro julgamento, com outro corpo de jurados.


Benetton escreveu:
Acauan escreveu:Prova:
Ele foi filmado assaltando o banco.


Não prova. Fica ainda no campo das evidências, face à possibilidade de falseamento dessa premissa.
Hoje, não é tão difícil adulterar um filme..


Veja, a frase:

"Ele foi filmado assaltando o banco" implica necessariamente que o filme é uma prova que registra o fato.

O que não constitui prova é a frase "foi apresentado um filme em que ele aparece assaltando um banco."

Re: Prova e Evidência

Enviado: 29 Abr 2009, 18:13
por Apo
Benetton escreveu:
Apo escreveu: Afinal, quando a DE tenta provar que existe vida espiritual através dos tais experimentos, ela está apenas tentando juntar evidências?

Apo, a D.E não tenta provar nada. Não haveria como.

Como disse reiteradas vezes em outros tópicos, não há como provar nada acerca da fenomenologia. Só podemos oferecer evidências que sugerem mais estudos.


Se eu e outras pessoas presenciássemos algum fenômeno em comum, as evidências seriam mais fortes. Pelo menos para mim. Você e um grupo de pessoas já presenciou isto de que fala?

Por que eu devo acreditar em algo que nunca sequer me passou ao alcance ( mesmo eu tendo tido contato com mediums e espíritas e tendo ido à centros variados)? Não há nada lá!

E se não podem, por que se esforçam tanto para tal, citando experimentos e cientistas e testemunhos e fotos e filmes ridículos? Por que não se restringem a dizer: algumas pessoas acreditam ou sentem que possa haver uma outra vida depois desta, que talvez algo muito etéreo esteja mais perto de nós do que possamos ver em nossa limitação de sentidos? Por que tanto espetáculo circense e dogmas absurdos?

Re: Prova e Evidência

Enviado: 29 Abr 2009, 18:15
por Acauan
Apo escreveu:Isto parece claro, a priori. Mas na ausência de provas, muitas evidências subsituem a prova para fins de julgamento.


Somente se o conjunto das evidências produzir o efeito da prova, ou seja, indicar o fato e não uma probabilidade.
Ninguém pode ser condenado com base em probabilidade por conta do princípio in dúbio pro reo.


Apo escreveu:Na crença religiosa ( assim como no ceticismo ) não funciona assim? Mesmo com ausência de provas, as evidências costumam colocar em lados opostos a validação de uma afirmação de existência ou não existência.


Aí entramos no campo filosófico, que trabalho conceitos ideais.
A justiça trabalha conceitos reais, admitindo suas imperfeições.


Apo escreveu:Afinal, quando a DE tenta provar que existe vida espiritual através dos tais experimentos, ela está apenas tentando juntar evidências?


Como explanei em outra ocasião, defensores da sustentação científica da DE em geral cometem erros de método.

Re: Prova e Evidência

Enviado: 29 Abr 2009, 18:20
por Acauan
Apo escreveu:A Justiça trabalha com hipóteses e evidências quando não há provas. Se há, as provas são sempre inconstestáveis? Muitas vezes, não. Algumas vezes, sim. Mas isto não é novidade, visto que processos são reabertos.
Mas religião e crença não servem ao mesmo objetivo de um julgamento ( quando há um crime e vítimas).


Se não há provas não pode haver condenação, como posto.
A questão está na definição de prova jurídica, científica ou filosófica, cada qual estabelecida segundo seus próprios postulados.

No caso jurídico um grupo de testemunhas consideradas imparciais pelo júri, que apresenta um relato suficientemente consistente e harmonioso da ocorrência de determinado crime pode ser considerado prova.

Todos podem estar mentindo, mas aí cabe à defesa invalidar a prova, uma vez que a justiça admite que sob juramento seu testemunho é válido, até evidência em contrário.

Re: Prova e Evidência

Enviado: 29 Abr 2009, 19:11
por Apo
Eu não sei por que motivos os crentes não conseguem responder assim a este tipo de questão tão simples...

Re: Prova e Evidência

Enviado: 29 Abr 2009, 19:17
por Apo
Tá certo que a fonte é palha. Mas estes conceitos são bem desfiguráveis:

Evidência

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Uma evidência é tudo aquilo que pode ser usado para provar que uma determinada afirmação é verdadeira ou falsa.

Uma evidência científica é o conjunto de elementos utilizados para suportar a confirmação ou a negação de uma determinada teoria ou hipótese científica. Para que haja uma evidência científica é necessário que exista uma pesquisa realizada dentro de preceitos científicos - e essa pesquisa deve ser passível de repetição por outros cientistas em locais diferentes daquele onde foi realizada originalmente.

No direito penal, a evidência criminal é qualquer prova documental, testemunhal ou pericial que se destine a firmar a convição do juiz sobre a verdade dos fatos alegados pelas partes. Na investigação criminal, a reunião de evidências criminais visa determinar o verdadeiro responsável por um ato criminoso.

Obtido em "http://pt.wikipedia.org/wiki/Evid%C3%AAncia"

Re: Prova e Evidência

Enviado: 29 Abr 2009, 19:28
por Apo
Acho que não respondem porque não é simples assim.

Lembrei agora da tal Tutela da Evidência.

Vejam como as coisas se relativizam e se adequam dependendo da conveniência.

A Tutela da Evidência confere prontidão ao provimento jurisdicional.

http://jusvi.com/artigos/18453

É muito abstrato argumentar trivialmente sobre o que seja uma prova e uma evidência quando o assunto é Ciência ( a menos que se criterize e hierarquize parâmetros para a análise), que dirá no tocante à fé doutrinária.

Re: Prova e Evidência

Enviado: 29 Abr 2009, 23:40
por Acauan
Apo escreveu:É muito abstrato argumentar trivialmente sobre o que seja uma prova e uma evidência quando o assunto é Ciência ( a menos que se criterize e hierarquize parâmetros para a análise), que dirá no tocante à fé doutrinária.


O caso Isabela Nardoni é um exemplo elucidativo da diferença.

Para todos é evidente que o casal Nardoni é culpado, ou seja, há evidência da culpa
Mas evidente não significa provado.
A evidência da culpa dos Nardoni se dá pela conclusão intuitiva de que, dadas as circunstâncias, as probabilidades levam inevitavelmente a esta conclusão - como, por exemplo: qual a probabilidade de uma terceira pessoa ter cometido o crime?

Para o senso comum a evidência é suficiente para sustentar uma crença.

Só que tanto no sentido jurídico, quanto no científico, a prova deve estabelecer um nexo direto - material ou causal - entre a afirmação a ser provada e a conclusão de que a afirmação é verdadeira, ou seja, não basta a evidência de que não poderia ter sido outra pessoa - que não as acusadas - que cometeu o crime, é preciso provar que as pessoas acusadas cometeram o crime, mesmo que tal fato pareça evidente ao juiz e juri.

Re: Prova e Evidência

Enviado: 30 Abr 2009, 01:38
por Apo
Acauan escreveu:
Apo escreveu:É muito abstrato argumentar trivialmente sobre o que seja uma prova e uma evidência quando o assunto é Ciência ( a menos que se criterize e hierarquize parâmetros para a análise), que dirá no tocante à fé doutrinária.


O caso Isabela Nardoni é um exemplo elucidativo da diferença.

Para todos é evidente que o casal Nardoni é culpado, ou seja, há evidência da culpa
Mas evidente não significa provado.
A evidência da culpa dos Nardoni se dá pela conclusão intuitiva de que, dadas as circunstâncias, as probabilidades levam inevitavelmente a esta conclusão - como, por exemplo: qual a probabilidade de uma terceira pessoa ter cometido o crime?

Para o senso comum a evidência é suficiente para sustentar uma crença.

Só que tanto no sentido jurídico, quanto no científico, a prova deve estabelecer um nexo direto - material ou causal - entre a afirmação a ser provada e a conclusão de que a afirmação é verdadeira, ou seja, não basta a evidência de que não poderia ter sido outra pessoa - que não as acusadas - que cometeu o crime, é preciso provar que as pessoas acusadas cometeram o crime, mesmo que tal fato pareça evidente ao juiz e juri.


Mesmo que seja aceitável no senso comum, as doutrinas e crenças populares ainda tentam analogias com a Ciência e os tribunais, porque são estes os parâmetros que a maioria dos não-crentes segue em seu bom senso. Sem provas, nada feito.
Enfim, o que move este debate nunca é a prova em si, mas a negativa deles de que se trata de fé apenas.

Re: Prova e Evidência

Enviado: 30 Abr 2009, 10:52
por Benetton


Acauan escreveu:
Benetton escreveu: Tanto é assim que, em casos de homicídios, um corpo de jurados LEIGOS é que decide sobre a sorte do infeliz. Ou seja, intimamente, baseado no que eles ouviram das duas partes, cada um ACHA que o réu é inocente ou culpado. E a maioria dos achismos ganha.


Não funciona assim.
Há um limite para o poder de decisão do juri.
Se eles votarem de modo a contrariar ostensivamente as provas apresentadas, o juiz pode anular o veredicto e convocar outro julgamento, com outro corpo de jurados.

Sim, há um limite.

Mas não é o Juiz quem anula o julgamento. Por incrível que pareça, ele não tem poder para isso. Quem pode pedir anulação é a promotoria ou o advogado do réu, através do recurso de apelação, o que resultará, se acatado, em uma mudança do corpo de jurados, se comprovado que o veredito representa uma divergência da função judicante do Conselho de Sentença. Dessa forma, não é qualquer diferença entre o vereditos e os elementos de convicção obtidos na instrução que vão autorizar a cassação do julgamento.

E mesmo assim, escolhido outro corpo de jurados, volta-se à estaca inicial. A soberania da setença do juri continua na consciência de cada um, que julgará conforme as evidências apontadas nos autos.





Acauan escreveu:
Benetton escreveu:
Acauan escreveu:Prova:
Ele foi filmado assaltando o banco.

Não prova. Fica ainda no campo das evidências, face à possibilidade de falseamento dessa premissa.
Hoje, não é tão difícil adulterar um filme..

Veja, a frase:
"Ele foi filmado assaltando o banco" implica necessariamente que o filme é uma prova que registra o fato.

Não necessariamente. Se o filme não mostrar nitidamente as características e linhas faciais, não se poderá provar quem assaltou. Esse "Ele" foi filmado assaltando um banco, continuará sem determinação, podendo ser qualquer um. Talvez, e no máximo, um elemento com características muito próximas de quem se quer acusar.




Re: Prova e Evidência

Enviado: 30 Abr 2009, 12:58
por Fernando Silva
Benetton escreveu:
Veja, a frase:
"Ele foi filmado assaltando o banco" implica necessariamente que o filme é uma prova que registra o fato.

Não necessariamente. Se o filme não mostrar nitidamente as características e linhas faciais, não se poderá provar quem assaltou. Esse "Ele" foi filmado assaltando um banco, continuará sem determinação, podendo ser qualquer um. Talvez, e no máximo, um elemento com características muito próximas de quem se quer acusar.

No exemplo do Acauan sobre a diferença entre prova e evidência, supõe-se que o filme não deixe dúvidas. Neste caso, ele é uma prova.

Na vida real, é claro, um filme pode dar margens a dúvida.

Re: Prova e Evidência

Enviado: 30 Abr 2009, 14:27
por Benetton


Fernando Silva escreveu:
Benetton escreveu:
Veja, a frase:
"Ele foi filmado assaltando o banco" implica necessariamente que o filme é uma prova que registra o fato.

Não necessariamente. Se o filme não mostrar nitidamente as características e linhas faciais, não se poderá provar quem assaltou. Esse "Ele" foi filmado assaltando um banco, continuará sem determinação, podendo ser qualquer um. Talvez, e no máximo, um elemento com características muito próximas de quem se quer acusar.

No exemplo do Acauan sobre a diferença entre prova e evidência, supõe-se que o filme não deixe dúvidas. Neste caso, ele é uma prova.
Na vida real, é claro, um filme pode dar margens a dúvida.

Um filme SEMPRE deixará dúvidas. Ele pode no máximo servir como peça auxiliar que poderá corroborar nas evidências, sejam elas contra ou a favor do réu. Um filme NUNCA poderá ser usado como única "prova" ( vamos aqui usar esse termo ) para condenar ou absolver ninguém. Ele será apenas mais uma peça que poderá concorrer nos autos, junto com outros levantamentos dos peritos.

Basta lembrar as lojas de departamentos e supermercados. Todas as grandes redes dispõem de câmeras. Mas, basta o filme flagrando o sujeito para mandá-lo para cadeia? Não! Se não fizerem a revista e comprovarem o furto com a peça escondida nas roupas do indivíduo, os donos poderão sofrer um belo processo de danos morais.

Acho esse sistema muito bom e deve ser usado para prevenção. A grande maioria comprova o furto. Mas já li, há muito tempo, no interior de Minas, de casos que o sujeito foi levado para revista e nada encontraram. Não deu outra. Processaram o dono do supermercado e ganharam. O que foi concluído era que o supervisor fez uma interpretação errônea do comportamento de pessoas que estavam próximas ao acusado.

Ou seja, o fator humano pesa e muito nesses casos. A máquina não mente, mas o Homem erra ao interpretar seus dados.





Re: Prova e Evidência

Enviado: 30 Abr 2009, 14:49
por Acauan
Benetton escreveu:Um filme SEMPRE deixará dúvidas. Ele pode no máximo servir como peça auxiliar que poderá corroborar nas evidências, sejam elas contra ou a favor do réu. Um filme NUNCA poderá ser usado como única "prova" ( vamos aqui usar esse termo ) para condenar ou absolver ninguém. Ele será apenas mais uma peça que poderá concorrer nos autos, junto com outros levantamentos dos peritos.


Benetton,

Como não devo ter sido claro na primeira explicação, vamos tentar de novo.

O que eu disse foi:

"Ele foi filmado assaltando o banco" implica necessariamente que o filme é uma prova que registra o fato.

O que não constitui prova é a frase "foi apresentado um filme em que ele aparece assaltando um banco.".


Note que a prova não é o filme em si, mas o fato de ele ter sido filmado assaltando o banco, do qual o filme é apenas o registro, ou prova material, como queiram.

O que a defesa pode fazer é contestar a prova, mas uma vez que a afirmação seja verdadeira, a prova se define per si, pelo princípio da veracidade.

É análogo ao que ocorre nos cartórios.
Quando você leva uma assinatura de terceiro para reconhecer firma, o tabelião "reconhece por semelhança" a assinatura de alguém.
Quando você pessoalmente, portando o documento de identidade assina um documento na frente do tabelião, ele "reconhece como verdadeira" a sua assinatura.

O filme, por si só, apresenta uma semelhança do acusado.
Já o "ato de ter sido filmado executando o crime" caracteriza uma prova por veracidade.

As circunstâncias jurídicas em que as duas situações se definem são técnicas, mas é por aí a filosofia da coisa.

Acho... Tô dando pitacos demais em seara alheia.


Re: Prova e Evidência

Enviado: 30 Abr 2009, 16:33
por Benetton


Acauan escreveu:
Benetton escreveu:Um filme SEMPRE deixará dúvidas. Ele pode no máximo servir como peça auxiliar que poderá corroborar nas evidências, sejam elas contra ou a favor do réu. Um filme NUNCA poderá ser usado como única "prova" ( vamos aqui usar esse termo ) para condenar ou absolver ninguém. Ele será apenas mais uma peça que poderá concorrer nos autos, junto com outros levantamentos dos peritos.


Benetton,

Como não devo ter sido claro na primeira explicação, vamos tentar de novo.

O que eu disse foi:

"Ele foi filmado assaltando o banco" implica necessariamente que o filme é uma prova que registra o fato.

O que não constitui prova é a frase "foi apresentado um filme em que ele aparece assaltando um banco.".


Note que a prova não é o filme em si, mas o fato de ele ter sido filmado assaltando o banco, do qual o filme é apenas o registro, ou prova material, como queiram.

O que a defesa pode fazer é contestar a prova, mas uma vez que a afirmação seja verdadeira, a prova se define per si, pelo princípio da veracidade.

É análogo ao que ocorre nos cartórios.
Quando você leva uma assinatura de terceiro para reconhecer firma, o tabelião "reconhece por semelhança" a assinatura de alguém.
Quando você pessoalmente, portando o documento de identidade assina um documento na frente do tabelião, ele "reconhece como verdadeira" a sua assinatura.

O filme, por si só, apresenta uma semelhança do acusado.
Já o "ato de ter sido filmado executando o crime" caracteriza uma prova por veracidade.

As circunstâncias jurídicas em que as duas situações se definem são técnicas, mas é por aí a filosofia da coisa.

Acho... Tô dando pitacos demais em seara alheia.


Vamos lá.

Se não for isso, desculpe-me por não entender a Filosofia Tupi :emoticon12:

O ATO de filmar, é uma prova. Mas a apresentação do filme, não é prova, mas sim uma evidência.

A película analógica ou o DVD digital são meros coadjuvantes. O que conta é o ato de filmar ( prova ) e o ato de apresentar ( evidência ) o filme. Seria isso?

Não vou continuar, agora. Caso Você referende ( ou não ) o acima descrito, continuarei com meus argumentos.

Obrigado.





Re: Prova e Evidência

Enviado: 01 Mai 2009, 09:22
por Pedro Reis
Eu acho que o pessoal aqui andou falando de coisas diferentes mas usando as mesmas palavras, o que acabou causando alguma dificuldade de comunicação.

Prova e Evidência assumem diferentes conotações dependendo do contexto em que são empregadas.

No contexto jurídico uma testemunha ocular, um exame de DNA identificando o assassino na cena do crime,
são considerados provas.

No contexto da Ciência provas só existem no âmbito da Matemática e da Lógica. Na Matemática e na Lógica os teoremas são provados a partir de axiomas que são estabelecidos arbitrariamente. Ou seja,
um axioma é verdadeiro por definição.

Aplicando uma série de regras ( também definidas arbitrariamente ) aos axiomas obtém-se novas construções. Como estas construções foram obtidas através das regras diz-se que foram provadas.

Por exemplo, na Álgebra temos vários axiomas:

Comutatividade a + b = b + a

Distributividade a( b + c ) = ab + ac

Existência do elemento neutro da adição e multiplicação 0 + a = a 1.a = a

E outros...

Aplicando sucessivamente as regras da álgebra à construção (a + b)² posso provar a² + 2ab + b²

É uma prova porque não faria sentido duvidar ou questionar este resultado uma vez que tanto as operações algébricas quanto os axiomas da álgebra foram definidos arbitrariamente.

Por que 2 + 2 = 4 ? Porque eu quero e pronto!

Se você quiser criar uma álgebra diferente não tem problema nenhum. Na álgebra booleana 1 + 1 = 1

Mas é claro que este 1 booleano não é um número, no entanto eu poderia criar uma álgebra onde 24
fosse o elemento neutro da soma, e então 24 + 5 = 5. Poderia usar para calcular horas, 5 horas da manhã
mais 24 horas é igual a 5 horas da manhã ( do dia seguinte )

Nas outras ciências as premissas são obtidas não por definição, mas por observação da Natureza. Portanto, estritamente falando, não podemos ter certeza absoluta que sejam verdadeiras.

A Lei da Gravidade parece ser verdadeira em todo o universo e até hoje não foi observada situação
onde falhasse, mas, filosoficamente falando, quem pode garantir que amanhã as maçãs não vão
começar a flutuar ao invés de cair na cabeça dos sábios?

Mas é uma questão filosófica porque na ciência aplicada evidências podem ser tão fortes que na vida prática as tratamos como provas.

Re: Prova e Evidência

Enviado: 01 Mai 2009, 11:12
por Fernando Silva
Pedro Reis escreveu:Eu acho que o pessoal aqui andou falando de coisas diferentes mas usando as mesmas palavras, o que acabou causando alguma dificuldade de comunicação.

Resumo interessante. Lembrou-me do tempo em que eu estudava lógica e tinha que provar "equações" enormes compostas de letras que simbolizavam afirmações.

Para provar por absurdo, tínhamos que postular um universo T' (tau linha), que era o universo T (o universo das coisas aceitas) mais a afirmação que queríamos demonstrar ou refutar. Se fosse gerado um absurdo, então essa afirmação era falsa, caso contrário, T se expandia para englobá-la.

Re: Prova e Evidência

Enviado: 01 Mai 2009, 11:33
por user f.k.a. Cabeção

Acauan,

Por mais que fatos objetivos existam, e que algumas conclusoes positivas possam ser tiradas deles, a verdade e que a maior parte das observacoes que sao feitas e medidas sao de carater circunstancial e ruidoso e podem contribuir para a formacao de uma impressao mais ou menos clara a cerca das coisas, mas dificilmente podem permitir cem por cento de certeza sobre os fatos objetivos subjascentes aquilo que se observou.

Ainda que os fatos reais ocorram, quando a informacao chega a mao de terceiros para se efetuar um julgamento ela e uma evidencia mais forte ou mais fraca, e dependendo da margem de erro subjetiva que admitirmos para o carater dessa evidencia, nos a chamaremos de "prova".

Mas nos aprendemos a conviver com margens de erro.

Um sistema de justica saudavel deve procurar produzir em suas deliberacoes uma margem de erro que seja ao mesmo tempo suficientemente pequena para que as pessoas nao sintam que correm risco grande de serem punidas sendo inocentes e suficientemente grandes para que o grau de precisao necessario seja alcancavel de maneira a punir os criminosos eficientemente.

Nao e possivel medir o quao toleravel e esse risco, mas em geral o que se espera e que no longo prazo o sistema se ajuste espontaneamente em resposta as reacoes e a evolucao daquela sociedade.

Como eu disse em outro topico, os individuos de uma sociedade onde ha violencia corriqueira de bandidos podem ser muito mais tolerantes com uma justica mais rigida nas punicoes e menos rigida nas evidencias necessarias do que os individuos de uma sociedade mais ordeira e pacifica, que podem se dar ao luxo de ter uma justica mais "cuidadosa" e "tolerante". Evidente que essa impressao subjetiva sobre o carater da justica nao depende apenas da sociedade em si, mas do individuo em questao e sua mentalidade. Alguns temem mais o poder excessivo dos justiceiros, outros temem mais a impunidade que estimula os desordeiros.

Veja, sempre que um inocente for punido ou que um criminoso escapar impune teremos uma "injustica". E nenhum sistema e livre delas. Mas ignorar que exista esse payoff e que a realidade seja um pouco mais turva do que as definicoes fazem parecer nao me parece uma boa ideia.