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Os Tempos Chegaram

Enviado: 06 Jun 2006, 13:37
por Vitor Moura
[center]OS TEMPOS CHEGARAM[/center]

[center]EXEMPLAR: CR$ 100, 00

ANO I JUNHO DE 1963 NUM. 1[/center]

[center]Redação: Rua Timor nº 331
Santo André – Estado de São Paulo

Proprietário:
José Costa Lima

Diretor Responsável:
Hernani Mendes Clare

Redator-Chefe:
Renaldo Stérckele

De acordo com a lei, fica proibida a reprodução total ou parcial desta Revista.

Registrada sob nº 2003

SUMÁRIO[/center]
pág.
Convite fraterno.........................................................................1
O sublime triângulo......................................................................2
Testemunho de um sábio.................................................................3
Trinta anos depois.......................................................................8
Testemunho do Espiritismo Científico....................................................9
Testemunho do Espiritismo Filosófico...................................................15
Documento fotográfico.................................................................17


[center]CONVITE FRATERNO[/center]

Meu amigo:

Deposito neste momento em tuas mãos estas páginas humildes, nas quais são encontradas anotações colhidas no aprendizado de cada dia.

Iluminados pelo trabalho incessante e fecundo a serviço do Infinito Bem, nossos irmãos vêm até nós com o testemunho vivo de almas integradas na missão de conduzir a humanidade para dias melhores, despertando-nos a consciência para a fraternidade que deve unir todas as criaturas, nesta espinhosa estrada de progresso em que nos encontramos marchando, incessantemente, em busca do aperfeiçoamento.

Tomo a liberdade de convidar-te à meditação, formando na tela da mente as imagens do Amor Divino que chegam até nós em todos os instantes: o colorido de uma flor, o canto de um pássaro, o vôo de um inseto, um límpido raio de luz que atravessa farrapos de nuvens ao findar do dia, a voz cristalina do regato que corre aos nossos pés, o ciciar da brisa falando-nos ao entendimento, enfim, todo esse mundo de harmonias que é o templo da natureza donde são retirados os fluidos generosos que asseguram o equilíbrio à vida.

Agora que os tempos chegaram, meu amigo, confiemos nestas instruções espirituais que tem o objetivo de nos harmonizar com a obra da Providência Divina, alertando-nos sobre as verdade acerca da existência, da sobrevivência e da evolução do espírito.

Aqui fica, pois, este convite fraterno, em nome daqueles que têm procurado tornar inteligíveis para todo o mundo os princípios da Doutrina do Divino Redentor.

Hernâni M. Clare


[center]O SUBLIME TRIÂNGULO[/center]

(Página recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier, na reunião pública da noite de 16-4-1956, em Pedro Leopoldo)

A Ciência, a Filosofia e a Religião constituem o triângulo sublime sobre o qual a Doutrina Espírita assenta as próprias bases, preparando a Humanidade do presente para a vitória suprema do Amor e da Sabedoria no grande futuro.

Recorramos, assim, a três vigorosas sínteses da Codificação Kardequiana, para comentar, com mais segurança, o tríplice aspecto de nossos princípios redentores.

Com a Ciência, asseverou o grande missionário:

“A fé sólida é aquela que pode encarar a razão, face a face”.

Com a Filosofia, afirmou peremptório:

“Nascer, viver, morrer e renascer de novo, progredindo sempre, tal é a lei”.

Com a Religião disse bem alto:

“Fora da caridade não há salvação”.

Não será justo em nosso movimento libertador da vida espiritual, prescindir da Ciência que estuda, da Filosofia que esclarece e da Religião que sublima.

Buscando a verdade, colheremos o conhecimento superior; conquistando o conhecimento superior, penetraremos as faixas da evolução e, absorvendo-lhes a claridade divina, compreenderemos que somente pela caridade, que é o amor puro, é que viveremos em harmonia com a justiça imutável, erguendo-nos enfim à desejada ascensão.

Abracemos, pois, em nossa fé santificante o trabalho paciente da pesquisa honesta e a construção do entendimento, para que a fraternidade cristã possa insculpir em nós mesmos a viva pregação do ideal que espalhamos, no serviço aos outros e que significa serviço a nós mesmos.

Em suma, instruamo-nos e amemo-nos uns aos outros, descerrando o coração ao sol da boa vontade infatigável e incessante, e o Espírito da Verdade nos tornará na Terra por instrumentos úteis na edificação do Reino de Deus.

Emmanuel


[center]TESTEMUNHO DE UM SÁBIO[/center]

(Fenômenos espíritas observados por William Crookes, físico inglês –, membro da Sociedade Real de Londres –, com o auxílio da médium Florence Cook)

[center]ÚLTIMA APARIÇÃO DE KATIE KING, SUA FOTOGRAFIA COM O AUXÍLIA DA LUZ ELÉTRICA[/center]

“Tendo eu tomado parte muito ativa nas últimas sessões da Srta. Cook, e obtido muito bom êxito na produção de numerosas fotografias de Katie King, com o auxílio da luz elétrica, julguei que a publicação de alguns detalhes seria interessante para os espiritualistas.

“Durante a semana que precedeu a partida de Katie, ela deu sessões na minha casa, quase todas as noites, a fim de permitir fotografá-la à luz artificial. Cinco aparelhos completos de fotografia foram pois preparados para esse efeito. Eles consistiam em cinco câmaras escuras, uma do tamanho de placa inteira, uma de meia placa, uma de quarta, e duas câmaras estereoscópicas binoculares, que deviam todas ser dirigidas sobre Katie ao mesmo tempo, cada vez que ela ficasse em posição de se lhe obter o retrato. Cinco banhos sensibilizadores e fixadores foram preparados, e grande número de placas foram prontas previamente, prontas a servir, a fim de que não houvesse nem hesitação nem demora durante as operações fotográficas, que eu mesmo executei, assistido por um ajudante.

A minha biblioteca serviu de câmara escura; ela possuía uma porta de dois batentes que se abria para o laboratório; um desses batentes foi levantado dos seus gonzos, e uma cortina colocada em seu lugar, para permitir a Katie entrar e sair facilmente. Os nossos amigos, que se achavam presentes, estavam sentados no laboratório, em frente à cortina, e as câmaras escuras ficaram colocadas um pouco atrás deles, prontas a fotografar Katie quando ela saísse, e a tomar igualmente o interior do gabinete todas as vezes que a cortina fosse levantada para esse fim.

Cada noite, havia 3 ou 4 exposições de placas nas 5 câmaras escuras, o que dava pelo menos quinze provas por sessão. Algumas se estragaram no desenvolvimento, outras ao regular a luz; apesar de tudo, tenho 44 negativos, uns medíocres, alguns nem bons nem maus e outros excelentes.

Katie recomendou a todos os assistentes que ficassem sentados e observassem essa exigência; somente eu não fui compreendido na medida; depois de algum tempo permitiu-me fazer o que eu desejasse, tocá-la, entrar no gabinete e dele sair, quase todas as vezes que eu quisesse.

Acompanhei-a muitas vezes ao gabinete e algumas vezes vi Katie e a médium, ao mesmo tempo; geralmente, pois, eu só encontrava a médium em letargia, e deitada no soalho; Katie, com o seu vestuário branco, tinha instantaneamente desaparecido.

Durante esses seis últimos meses, a Senhorita Cook fez-nos numerosas visitas e demorava-se algumas vezes uma semana em nossa casa; só trazia consigo pequena mala de mão que não fechava à chave; durante o dia estava em companhia da Sra. Crookes, na minha ou na de algum outro membro da família; não dormia só, não tinha ocasião de preparar algo, mesmo de caráter menos aperfeiçoado, que fosse apto para representar o papel de Katie King.

Eu mesmo preparei e dispus a minha biblioteca, assim como a câmara escura, e, como de costume, depois que a Srta. Cook jantava e conversava conosco, ela se dirigia logo ao gabinete; a seu pedido eu fechava à chave a segunda porta, guardando a chave comigo durante toda a sessão; então, abaixava-se o gás e deixava-se a Srta. Cook na escuridão.

Entrando no gabinete, a Srta. Cook deitava-se no soalho, repousando a cabeça num travesseiro, e logo depois caía em letargia. Durante as sessões fotográficas, Katie envolvia a cabeça da médium com um chalé, para impedir que a luz lhe caísse sobre o rosto.

Várias vezes levantei um lado da cortina, quando Katie estava em pé, muito perto, e então não era raro que as 7 ou 8 pessoas que estavam no laboratório pudessem ver, ao mesmo tempo, a Srta. Cook e Katie, à plena claridade da luz elétrica. Não podíamos então perceber o rosto da médium, por causa do chalé, mas notávamos as suas mãos e pés; vimo-la mover-se, penosamente, sob a influência dessa luz intensa, e, por momentos, ouvíamos-lhe os gemidos.

Tenho uma prova de Katie e da médium fotografadas juntamente; mas Katie está colocada diante da cabeça da Srta. Cook.

Enquanto eu tomava parte ativa nessas sessões, a confiança que em mim tinha Katie aumentava gradualmente, a ponto de ela não querer mais prestar-se à sessão, sem que eu me encarregasse das disposições a tomar, dizendo que queria sempre ter-me perto dela e perto do gabinete. Desde que essa confiança ficou estabelecida, e quando ela teve a satisfação de estar certa de que eu cumpriria as promessas que lhe fazia, os fenômenos aumentaram muito em força e foram-me dadas provas que me seriam impossíveis obter se me tivesse aproximado da médium de maneira diferente.

Katie me interrogava muitas vezes a respeito das pessoas presentes às sessões e sobre o modo de serem colocadas, pois nos últimos tempos se tinha tornado muito nervosa, em conseqüência de certas sugestões imprudentes, que aconselhavam empregar a força, para tornar as pesquisas mais científicas.

Uma das fotografias mais interessantes é aquela em que estou de pé, ao lado de Katie; tendo ela o pé descalço sobre determinado ponto do soalho. Vestiu-se em seguida a Srta. Cook como Katie; ela e eu nos colocamos exatamente na mesma posição e fomos fotografados pelas mesmas objetivas colocadas perfeitamente como na outra experiência, e alumiados pela mesma luz. Quando os dois esboços foram postos um sobre o outro, as minhas duas fotografias coincidiram exatamente quanto ao porte, etc, mas Katie é maior meia cabeça do que a Srta. Cook, e, perto dela, parece uma mulher gorda. Em muitas provas, o tamanho do seu rosto e a estatura do seu corpo diferencem essencialmente da médium, e as fotografias fazem ver vários outros pontos de dessemelhança.

Mas a fotografia é tão impotente para representar a beleza perfeita do rosto de Katie como as palavras o são para descrever o encanto de suas maneiras. A fotografia pode, é verdade, dar um desenho do seu porte; mas como poderá ela reproduzir a pureza brilhante de sua tez ou a expressão variada de suas feições sempre cambiante dos seus traços, tão móveis, ora velados pela tristeza, quando narra algum acontecimento doloroso da sua vida passada, ora sorridente, com toda a inocência de uma menina, quando reúne os meus filhos ao redor de si e os diverte, contando-lhes episódios das suas aventuras na Índia?

Vi tão bem Katie, recentemente, quando estava alumiada pela luz elétrica, que me é possível acrescentar alguns traços às diferenças que, em precedente artigo, estabeleci entre ela e a médium.

Tenho a mais absoluta certeza de que a Srta. Cook e Katie são duas individualidades distintas, pelo menos no que diz respeito aos seus corpos. Vários pequenos sinais, que se acham no rosto da Srta. Cook, não existem no de Katie. A cabeleira da Srta. Cook é de um castanho tão forte que parece quase preto; um cacho da cabeleira de Katie, que tenho à vista, e que ela me permitiu cortar de suas tranças luxuriantes, depois de ter seguido com os meus próprios dedos até o alto de sua cabeça e de haver convencido de que ali nascera é de um rico castanho dourado.

Uma noite, contei as pulsações de Katie; o pulso batia regularmente 75, enquanto o da Srta. Cook, poucos instantes depois atingia a 90, seu número habitual. Auscultando o peito de Katie, eu ouvia um coração bater no interior, e as suas pulsações eram ainda mais regulares que as do coração da Srta. Cook, quando, depois da sessão, ela me permitia igual verificação.

Examinados da mesma forma, os pulmões de Katie mostravam-se mais sãos que os da médium, pois no momento em que fiz a experiência, a Srta. Cook seguia tratamento médico por motivo de bronquite.

Quando chegou o momento de Katie nos deixar, pedi-lhe o obsequio de ser eu o último a vê-la. Chamou ela a si cada pessoa da sociedade e lhes disse algumas palavras em particular, deu instruções gerias sobre nossa direção futura e sobre a proteção a dispensar a Srta. Cook. Dessas instruções, que foram estenografadas, cito a seguinte: “O Sr. Crookes sempre agiu muito bem, e é com a maior confiança que deixo Florence em suas mãos, perfeitamente convicta de que não faltará à confiança que tenho nele. Em todas as circunstâncias imprevistas, o Sr. Crookes poderá agir melhor do que eu mesma, porque tem mais força”.

“Tenho terminado suas instruções, Katie convidou-me a entrar no gabinete com ela, e permitiu-me ficar nele até o fim. Depois de fechada a cortina, conversou comigo durante algum tempo, em seguida atravessou o quarto para ir ter até a Srta. Cook, que jazia inanimada no soalho; inclinando-se para ela, tocou-a e disse-lhe: “Acorda, Florence! É preciso que eu te deixe agora!”

A Srta. Cook acordou e, em lágrimas, suplicou a Katie que ficasse algum tempo ainda: “Minha cara, não posso; a minha missão está cumprida; que Deus te abençoe!”, respondeu Katie, e continuou a falar com a Srta. Cook. Durante alguns minutos conversaram juntas, até que enfim as lágrimas da Srta. Cook a impediram de falar. Seguindo as instruções de Katie, precipitei-me para suster Cook, que ia cair sobre o assoalho e que soluçava convulsivamente. Olhei ao redor de mim, mas Katie, com o seu vestido branco, tinha desaparecido. Logo que a Srta. Cook ficou bastante calma, trouxeram luz, e a conduzi para fora do gabinete.

As sessões, quase diárias, com que a Srta. Cook me favoreceu ultimamente, muito esgotaram as suas forças, e desejo patentear, o mais possível, os obséquios que lhe devo pelos eu desempenho em me ajudar nas experiências.

A qualquer prova que eu propusesse, concordava ela em submeter-se com a maior boa vontade; a sua palavra é franca e viva e vai diretamente ao assunto. Nunca vi a menor coisa que pudesse assemelhar-se à mais ligeira aparência do desejo de enganar. Na verdade, não creio que ela pudesse levar uma fraude a bom fim, porque, se o tentasse, seria prontamente descoberta, por ser completamente estranho à sua natureza tal modo de proceder.

E quanto a imaginar que uma inocente colegial de quinze anos tenha sido capaz de conceber e de pôr em prática durante três anos, com grande êxito, tão gigantesca impostura como esta, e que durante esse tempo se tenha submetido a todas as condições que dela se exigiram, que tenha suportado as pesquisas mais minuciosas; que tenha consentido em ser examinada a cada momento, fosse antes, fosse depois das sessões; que tenha obtido ainda mais êxito na minha própria casa do que na de seus pais, sabendo que ia para ali, expressamente com o fim de se submeter a rigorosos ensaios científicos, quanto a imaginar que a Katie King dos últimos três anos é o resultado de uma impostura, isso faz mais violência à razão e ao bom senso, do que crer que Katie King é o que ela própria afirma ser.

Não me seria conveniente concluir este artigo sem agradecer igualmente ao Sr. e à Sra. Cook as grandes facilidades que me proporcionaram para poder prosseguir nas minhas observações e experiências. Os meus agradecimentos e os de todos os espiritualistas são também devidos ao Sr. Charles Blackburn, que pela sua generosidade que permitiu à Srta. Cook consagrar todo o seu tempo ao desenvolvimento dessas manifestações, e, em último lugar, ao seu exame científico”.


[center]TRINTA ANOS DEPOIS...

(Trecho de discurso que o ilustre sábio fez em setembro de 1898, no Congresso da Associação Britânica)[/center]


[center]
“Trinta anos se passaram desde que publiquei as atas das experiências tendentes a mostrar que fora dos nossos conhecimentos científicos existe uma força posta em atividade por uma inteligência diferente da inteligência comum a todos os mortais. Nada tenho de que me retratar em relação a essas experiências e mantenho as minhas verificações já publicadas, podendo a elas acrescentar muita coisa”.[/center]

[center]TESTEMUNHO DO ESPIRITISMO CIENTÍFICO[/center]

[center](Manifestações de efeitos físicos obtidos com o objetivo de testemunho do espiritismo científico)[/center]

As provas científicas que constam das atas que se seguem nos atestam a necessidade de permanecermos fiéis aos princípios enunciados por Jesus, que nos citou ser Ele próprio o Caminho, a Verdade e a Vida. Conduzem-se à certeza de que a morte é apenas física e que no além-túmulo a personalidade subsiste, com todas as características relativas ao grau de evolução por ele atingido.

O esplendor do mundo espiritual se oferece, pois, a todos aqueles que busquem em sua renovação melhorar as condições do espírito, facilitando isso a aproximação natural entre os que habitam as diversas moradas da casa do Pai.

Dadas as circunstâncias da vida do homem terreno, do homem encarnado, a Espiritualidade Superior de há muito vem procurando dar-lhe todas as provas que o possam convencer dessa necessidade, recorrendo aos elementos de que é ele formado e que o habilitam devidamente ao serviço de evolução do mundo que habita. Tais elementos são o corpo, o perispírito e o espírito; cada espírito age segundo o seu livre arbítrio e seus elementos podem ser manipulados pela Espiritualidade a serviço da causa do progresso.

Dos três, o corpo físico representa o elemento necessário ao trabalho de evolução do espírito, nas encarnações sucessivas determinadas pela necessidade de buscar o aperfeiçoamento. A despeito de o corpo representar morada transitória, não pode ser menosprezado. Assim, o homem terá de trata-lo com zelo para que possa cumprir a missão a que foi destinado como elemento de seu progresso, proporcionando-lhe assimilar qualidades que possam contribuir para o fortalecimento e o equilíbrio do espírito.

O segundo elemento, o perispírito, é o menos conhecido pelos homens, que a ele não tem dedicado atenção. Diremos que é um organismo fluídico, matéria quintessenciada inapreensível, em seu estado normal, aos nossos sentidos. É o corpo astral do espírito em sua trajetória e nele se registra todo o progresso obtido, sendo lógico, a luz desse raciocínio, que se torna de interesse capital para o homem a necessidade de ajustar-se ao equilíbrio. Analisando-se o perispírito como parte integrante da vida do espírito, de cujos atos recebe impressão, e sabendo-se que se vai tornando menos denso à medida em que o ser evolui, compreende-se que a sua composição varia em obediência às experiências obtidas no decurso das encarnações.

Papel importantíssimo cabe ao perispírito no trabalho de intercâmbio entre os planos espirituais. De fato, é por seu intermédio que se faz a aproximação da entidade que se deseja manifestar e o ser encarnado, e não, como crêem algumas pessoas, diretamente por contato no corpo físico.

Finalmente, o espírito é o ser pensante que dirige, pelo emprego da vontade, os elementos já mencionados. Firmado no livre arbítrio, utiliza o corpo para a exteriorização de sua personalidade, colhendo e arquivando mentalmente os resultados das ações e reações que provoca.

Em se tratando da materialização de espíritos, necessário se torna também considerarmos, para compreensão dos fatos, o fluidos nervoso (ou ectoplasma). Tal fluido, comum a todos os espíritos encarnados, é encontrado em maior abundância no organismo dos chamados médiuns de efeitos físicos, e utilizado pelas entidades para dar transitória e visível tangibilidade aos seus próprios perispíritos, prestando-nos o testemunho irretorquível da continuação da vida, para cujo fim concordam, com a maior boa vontade, com a pesquisa feita em bases sérias.

Este trabalho, pois, representa parte dos resultados já obtidos em reuniões de estudo, e é dado à publicidade na esperança de que se possa constituir em motivo de meditação para quantos, na época atual, busquem horizontes novos para os anseios do coração, já cansado de encarar a vida apenas pelo lado terreno. Essa é, aliás, a finalidade do esforço dos espíritos.

Todavia, a par do desejo de esclarecimento da humanidade adulta existe, sempre declarado, o de orientação segura para os que se dedicam à tarefa da educação moral da criança, porquanto o sonhado mundo feliz de amanhã só se tornará realidade se os homens de amanhã, cônscios de suas responsabilidades perante a vida, empregarem na mais larga escala o amor fraterno pregado pelo Cristo.

Renaldo Stérckele

[center]ATA DA PRIMEIRA REUNIÃO[/center]

Aos vinte e seis dias do mês de abril do ano de mil e novecentos e sessenta e um, presentes os Srs. e Sras. Hernani Mendes Clare, E. F. Cunha, Antônio Dionísio Cortez, Zilda Ferraz da Rosa, Antônio Alvez Jacobina, Nair do Amaral Cavalcanti, Sônia Ribeiro, Antônio Alves Feitosa, José Luquetti Netto, Antônio Parra Filho, Maura Alves, Amélia Bacchi, Carmen Cunha Nicoletti, Waldemar Xandó de Oliveira, Antônio Lopes Raposo e Bento F. da Rosa, realizou-se a primeira reunião de efeitos físicos com o objetivo de testemunho do espiritismo científico. Montou-se na sala destinada ao trabalho a máquina fotográfica, devidamente testada, para obtenção de fotografias se houvesse autorização espiritual. Trata-se da máquina “Rolley-flex” 1: 3: 5, equipada com flash e munida de filme 120 comum, sob a responsabilidade de operação do Sr. Antônio Lopes Raposo. Feita breve preparação mediante leitura do “Livro dos Médiuns” foram, às 20:30 horas, algemados e vendados os médiuns Antônio Alves Feitosa, Carmen Cunha Nicoletti, Waldemar Xandó de Oliveira e Sônia Ribeiro, distribuídos, por determinação espiritual, os dois primeiros dentro da cabina e os dois últimos fora, sendo estes na qualidade de médiuns em desenvolvimento. Apagadas as luzes, o Sr. Hernani Mendes Clare, dirigente da reunião, solicitou que todos se compenetrassem da responsabilidade exigida por essa modalidade de trabalho espiritual, salientando a necessidade de despreendimento, harmonia e confiança para o bom êxito. Foram feitas preces enquanto os espíritos colocavam a vitrola em funcionamento. Logo após foram produzidos ruídos juntos às grades da cabina e notaram-se movimentos com os fios elétricos e com as cortinas. Os ruídos se fizeram freqüentes com mais freqüência, e de parte dos colaboradores o dirigente solicitou seguidas preces. Ouviram-se palmadas aplicadas por um espírito no rosto dos médiuns e então, falando pela voz direta, apresentou-se o espírito de irmão Atanázio cumprimentando e desejando a paz de Jesus com todos. Solicitou união de pensamentos para ser alcançado o objetivo, salientando que estavam todos reunidos em setor sagrado, e comunicou que quando terminasse a faixa do disco deveríamos contar até sete e disparar o flash. Ao ser batida a primeira fotografia foi possível, à claridade do flash, observar a médium Carmen ladeada pelos médiuns Waldemar e Sônia e atrás da Sra. Carmen um espírito de grande porte, um tanto inclinado para a frente. Retornou irmão Atanázio e autorizou uma fotografia, contando-se para tanto até cinco quando chegasse ao fim da faixa do disco. Desta vez não foi visível nenhum fenômeno à luz do flash. Ainda uma outra fotografia foi autorizada, sendo notada uma entidade atrás do médium Feitosa, que estava colocado no centro da sala. A entidade dava a impressão de ser de estatura regular e de estar inclinada para a frente. Obtida a foto, voltou irmão Atanázio, determinou que fosse apagada a luz da máquina e se retirou. Instantes após, também falando pela voz direta, o espírito de irmão Adri Caramuru saudou-nos em nome do Mestre. Indagou se todos haviam bem observado as manifestações e afirmou ser necessário deixar a curiosidade. Aconselhando, disse ser indispensável dominar os vícios e entregar o coração a Jesus, eis que os tempos são chegados e tudo está sendo cumprido como o Mestre predisse há 2.000 anos atrás, e assim será até o último til. Disse ser preciso tomar a responsabilidade, porque a Espiritualidade necessita de todos e a todos auxilia. Dirigindo-se ao Sr. Bento, afirmou que este estava em dificuldade, referindo-se à mesa por ele utilizada e que fôra retirada pelos espíritos momentos antes. Retirou-se o espírito e logo voltou, colocou a vitrola em funcionamento e determinou ao Sr. Clare tomasse a responsabilidade destas reuniões, cabendo-lhe fazer o que for necessário, podendo, a seu critério, ser abolido o estudo preliminar habitual. Falando com o Sr. bento, indagou se havia ele bem entendido a instrução, e depois disse à Sra. Maura que a ela caberia a direção de outros três trabalhos. Atendendo a solicitação do Sr. Bento, o espírito pediu firme concentração e chamou a médium Carmen, aconselhando-a a não esmorecer agora que havia recebido a tarefa, cabendo-lhe pois multiplicar os próprios talentos trabalhando em benefício dos necessitados, deixando claro que o abandono das responsabilidades a conduziria à estrada do abismo já percorrida por muitos. Comunicando haver chegado o término da tarefa, solicitou vibrações para recuperação dos médiuns e comunicou que um dos irmãos espirituais, Atanázio ou Benedito de Souza, viria autorizar o encerramento. Despediu-se, e depois de alguns instantes retornou irmão Atanázio para determinar fossem feitas as preces finais. Informou que haviam retirado as vendas dos médiuns e salientou que o trabalho era um pouco demorado em face do desenvolvimento de alguns trabalhadores. Despediu-se esse espírito, foram feitas as preces e ao final fizeram-se ouvir, como confirmação, estalidos secos produzidos pelo espírito de irmão Genaro. Chamados os médiuns foram acesas as luzes, notando-se que o Sr. Feitosa e a Sra. Carmen estavam com flores nos braços. A reunião terminou às 23:20 horas.

[center]ATA DA SEGUNDA REUNIÃO[/center]

Aos vinte e quatro dias do mês de maio de mil e novecentos e sessenta e um, presentes os Srs. e Sras. Hernani Mendes Clare, E. F. Cunha, Antônio Dionísio Cortez, Zilda Ferraz da Rosa, Antônio Alves Jaconina, Nair do Amaral Cavalcanti, Sônia ribeiro, Antônio Alves Feitosa, José Luquetti Netto, Antônio Parra Filho, Maura Alves, Amélia Bacchi, Carmen Cunha Nicoletti, Waldemar Xandó de Oliveira, Antônio Lopes Raposo e Bento F. da Rosa, realizou-se a segunda reunião d eefeitos físicos com o objetivo de testemunho do espiritismo científico. Montou-se na sala destinada ao trabalho a mesma máquina citada na ata anterior (“Rolleyflex” 1: 3: 5), sempre devidamente testada e sob a responsabilidade de operação do Sr. Antônio Lopes raposo. O Sr. Clare, dirigente da reunião, relembrou as instruções do espírito do irmão Adri no tocante à harmonia que deve reinar entre os integrantes da família espírita, em face das grandes responsabilidades que lhe estão reservadas. Fez luz sobre a importância do trabalho em benefício da Doutrina Espírita e conclui lendo trecho do trabalho em benefício da Doutrina Espírita e conclui lendo trecho de mensagem de Emmanuel contendo recomendações do Senhor aos trabalhadores da Seara, que terão de estar sempre às ordens e prontos a servir de instrumentos à causa do Pai. Às 20:55 horas foram preparadas, algemados e vendados os médiuns Antônio Alves Feitosa e Carmen Cunha Nicoletti no interior da cabina, ficando do lado de fora, como da vez anterior, os médiuns Waldemar Xandó de Oliveira e Sônia Ribeiro. Feita a prece de abertura, a vitrola foi posta em funcionamento pelos espíritos e fizeram-se ouvir três pancadas, desferidas pelas entidades, confirmando a reunião. Após pouco tempo apresentou-se o espírito de irmão Atanázio, falando pela voz direta, o qual, depois dos cumprimentos em nome da Espiritualidade, recomendou que ao terminar a gravação que se encontrava na vitrola fosse contado até cinco e disparado o flash. À claridade produzida pelo flash eletrônico afigurou-se-nos ver os dois médiuns Carmen e Antônio fornecendo os fluidos necessários à materialização do espírito de irmão Pedro Rodrigues, que trazia nas mãos o violão. Após prolongado silêncio apresentou-se, também falando pela voz direta, o espírito de irmão Adri Caramuru. Desejou paz aos presentes, e respondendo a pedido de orientação sobre as fotografias, formulado pelo Sr. Clare, limitou-se a responder que cada galho estava produzindo seus frutos. Relembrou depois algumas recomendações do espírito do Preto Velho, a propósito de que dia viria em que um educandário para as crianças seria possível e afirmou que tudo se estava realizando. Mandou que se providenciassem clichês e fossem organizadas mensagens explicativas para distribuição. Pediu nesse momento firmeza de vibrações a fim de que um espírito familiar pudesse estar conosco. De fato, essa entidade, que depois soubemos tratar-se de irmão Jerônimo, proferiu palavras de incentivo, salientando ter estado, como nós, no mundo físico e hoje se encontra no mundo espiritual, recomendando pela sua experiência seja o edifício do progresso construído com atos e não apenas palavras, para que tenhamos boas possibilidades futuras. Retornando, irmão Adri pediu vibrações em benefício do desenvolvimento mediúnico e informou que iria percorrer os lares, os hospitais e os manicômios. Antes de sair, esclareceu que deveremos sempre pedir em benefício de nossa luz espiritual, e não de nossos corpos físicos. Durante a ausência de irmão Adri manifestou-se o espírito de irmão Pedro Rodrigues, executando ao violão suas melodias habituais. Retirou-se essa entidade e voltou irmão Atanázio, comunicando que irmão Adri estava auxiliando as criancinhas, enquanto ele, Atanázio, tinha a seu cargo auxiliar os velhos, que também são crianças, por serem espíritos quase inconscientes. Informou que tudo ia bem e que as dificuldades serão sempre superadas. Logo depois retornou irmão Adri, afirmando então que hoje já não precisávamos ver os espíritos, mas apenas comprovar a verdade. Autorizou o encerramento e despediu-se, e logo depois das preces ouviu-se a confirmação espiritual. Chamamos os médiuns, foram acesas as luzes.
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TESTEMUNHO DO ESPIRITISMO FILOSÓFICO
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(Extraído de “O Grande Enigma”, 3ª Edição, pág. 197. de Leon Denis, que se dedicou ao campo do Espiritismo Filosófico)

O Espiritismo é a questão do momento presente, o problema universal.

Não é mais possível quedar indiferentes em face dele.

E é precisamente porque essa invasão espiritual enche os dois mundos e preocupa o pensamento humano, que acreditamos dever insistir sobre os deveres que nos incubem para com essa nova fé, essa ciência, jovem e forte, que oferece provas irrefutáveis da vida depois da morte, e contém, em gérmen, todas as ressurreições do futuro!

Relembramos o caráter sensível do Espiritismo moderno. Não é um sistema novo que se vem juntar a outro, nem um conjunto de teorias vãs. É um ato solene do drama da evolução, que começa, uma revelação que ilumina, ao mesmo tempo, as profundezas do passado e do futuro, que faz surgir do pó dos séculos as crenças adormecidas, as anima com uma nova chama e, completando-as, as faz reviver.

É um sopro poderoso que desce dos espaços e corre sobre o mundo; sob sua ação, todas as grandes verdades se revelam. Majestosas, emergem do crepúsculo das idades, para desempenhar o papel que o pensamento divino lhes assinala. As grandes coisas se fortificam no recolhimento e no silêncio. No olvido aparente dos séculos, colhem energias novas. Retraem-se e preparam-se para os empreendimentos futuros.

Acima das ruínas dos templos, das civilizações extintas e dos impérios desmonorados, acima do fluxo e do refluxo das marés humanas, um a voz poderosa se eleva; e esta voz clama:

Os tempos são vindos, os tempos são chegados!

Das profundezas estreladas descem à terra os Espíritos em legião, para combater o combate da luz contra as trevas.

Não são mais os homens, os sábios, os filósofos que trazem uma doutrina nova. São os Gênios do Espaço que vêm e sopram em nossos pensamentos os ensinos chamados a regenerar o mundo.

São os Espíritos de Deus! Todos quanto possuem o dom da clarividência os percebem – pairando acima dos seres da Terra, imiscuindo-se em nossos trabalhos, lutando ao nosso lado para o resgate e a ascensão da Alma humana.

Grandes feitos se preparam. Que se ergam os trabalhadores do pensamento, se querem participar na missão oferecida por Deus a todos os que amam e servem à verdade.

Re.: Os Tempos Chegaram

Enviado: 06 Jun 2006, 14:44
por Tranca
Isso me faz lembrar que estou te devendo uma matéria da Piper.

Acho que vai ser mais fácil te mandar o livro pelo correio. :emoticon16:

Re: Re.: Os Tempos Chegaram

Enviado: 06 Jun 2006, 14:45
por Vitor Moura
Tranca-Ruas escreveu:Isso me faz lembrar que estou te devendo uma matéria da Piper.

Acho que vai ser mais fácil te mandar o livro pelo correio. :emoticon16:


Mande do jeito que for, o importante é chegar enquanto ainda estou vivo :emoticon16: