OK. Então você é um empirista radical segundo o qual as próprias leis do raciocínio derivam da experiência. Ex:
Sabemos que a menor distância entre dois pontos é uma linha reta porque, sempre que são encontrados dois pontos na natureza, a menor distância entre eles é uma linha reta.
Sabemos que 2+2=4 porque sempre que encontrados dois conjuntos binários de qualquer coisa na natureza, a junção destes resulta num conjunto quaternário.
Por que não posso dizer o mesmo sobre os princípios lógicos?
Veja o seguinte silogismo categórico:
Todo A é B.
Todo B é C.
Logo, todo A é C.
Segundo seu próprio posicionamento (o qual eu não concordo, o que não me impede de analisá-lo) não podemos dizer que ele é válido pois consiste na transcendência formal de infinitos casos válidos na natureza?
Dados 3 elementos presentes no mundo real:
A, B e C.
se posso formular os seguintes juízos sobre eles:
"Todo A é B".
"Todo B é C".
não poderia dizer, segundo sua própria teoria epistemica, que, caso os juízos sejam verdadeiros, é necessário que o juízo "todo A é C" é necessáriamente verdadeiro, e podemos ter certeza disto pois todos conjuntos de 3 elementos na natureza sobre os quais pode-se formular os dois primeiros juízos, também pode-se formular o terceiro?
Para ilustrar, digamos que conhecemos inumeráveis casos do tipo:
Todo cão é mamífero.
Todo mamífero é animal.
Todo cão é animal.
Todo homem é mortal.
Fulano é um homem.
Fulano é mortal.
Todo triângulo é polígono.
Todo polígono é plano.
Todo triângulo é plano.
Segundo sua própria posição, é possível, a partir destes casos particulares que vieram ao nosso conhecimento pela experiência, formular uma regra universal de raciocínio válida para todos os casos, que poderia ser formulada assim:
Dados 3 elementos (A, B e C). Se os seguintes juízos acerca deles são verdadeiros:
"Todo A é B"
"Todo B é C"
é necessáriamente verdadeiro o seguinte juízo:
"Todo A é C".
Dado isto, se eu posso usar princípios universais derivados da experiência para fazer cálculos aritméticos sobre coisas fictícias, fazer cálculos geométricos sobre coisas fictícias, e prever a trajetória (por meio das leis da mecânica) de corpos fictícios; por que eu não poderia fazer raciocínios lógicamente válidos acerca de premissas fictícias?
Entendeu que ponto eu cheguei, pensador?
Levando em conta a fundamentação empirista do conhecimento, se é lícito usar o conhecimento formal para lidar com ficções, a validade do argumento independe da verdade das premissas.
Nota-se duas graves falhas lógicas no seu raciocínio,
salientadas principalmente nas partes grifadas:
1)O raciocínio sobre os três elementos(A,B e C) está errado.
Certamente que todo A é C mas nâo podemos depreender do argumento que todo C é A e portanto o silogismo apresentado nâo generaliza eventos mas antes particulariza eventos.Ele parte da primeira classe de eventos gerais(C) para a mais específica classe de eventos estipulada pelo mesmo(A).Isso significa que nâo podemos fazer afirmaçôes gerais do tipo todo A é C baseadas em eventos específicos(A).
2)Se todo silogismo parte inicialmente de premissas que se consituem na afirmativa da mais específica classe de eventos da situaçâo em questâo logo todo silogismo parte da experiência sensível e nâo do raciocínio puro.
II)Quanto à probabilidade:
1)Eu nunca estive errado em considerar que a padronizaçâo aleatória de eventos caóticos e desordenados se torna menos provável quanto maior o grau de organizaçâo requerido,em vez de mais provável.
Esta é a regra que orientou meu raciocínio em todos meus pensamentos sobre probabilidade enquanto que a regra que orientou o pensamento de quem nâo concordou comigo é contrária à esta.
Concluo que a probabilidade de que um determinado número de fatores seja escolhido dentre um determinado número máximo de fatores,por exemplo,nâo aumenta na medida em que os "sorteios" sâo feitos e sim diminue exponencialmente.
Apliquem este raciocínio à todos os cálculos e meus supostos erros sobre Estatística desaparecem.