Dois dias de lula reeleito e a imprensa já está sob ataque

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Dois dias de lula reeleito e a imprensa já está sob ataque

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A blitzkrieg contra a Veja e a ação em favor da imprensa livre de FHC e Tasso
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A imprensa está sob ataque. Alertei na edição de ontem e em outro texto hoje de manhã. A Veja, conforme anteciparam ontem os bate-paus do petismo, é o principal alvo.

Daqui a pouco, a Veja On Line publica o relato da intimidação de que foram vítimas os jornalistas Marcelo Carneiro, Júlia Dualibi e Camila Pereira na Polícia Federal. Eles foram chamados para prestar esclarecimentos sobre o vazamento das fotos do dinheiro, feito pelo delegado Edmilson Bruno, e sobre a reunião de Freud Godoy com Gedimar Passos na Polícia Federal. Uma reunião ilegal. Embora estivessem acompanhados de advogados, este foi impedido de se manifestar. E o "esclarecimento", conduzido por um delegado chamado “Moisés”, evoluiu para a intimidação. Ele queria saber por que as reportagens haviam sido publicadas e quanto Veja havia ganhado por elas. Diante da reclamação dos jornalistas de que já estavam ali havia duas horas, Moisés afirmou que o chefe dos três “ficaria quatro”.

Ao saber do que estava em curso, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o presidente do PSDB, Tasso Jereissati, ligaram para o ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) e ameaçaram ir pessoalmente à Polícia Federal para acompanhar o depoimento dos jornalistas. Só aí, então, o ministro que não sabia de nada, é claro, tomou providências, e os jornalistas foram “libertados”.

Eis aí a verdadeira “concertação” do governo Lula. Trata-se de uma concertação contra a imprensa livre. Quem são os responsáveis morais por isso? O primeiro deles, pela proximidade temporal com o fato, é Marco Aurélio Garcia, presidente do PT. Vejam na nota que postei nesta madrugada, abaixo, o que ele espera da imprensa.

Hoje é terça-feira. Lula se reelegeu no domingo. Reparem na escalada contra a imprensa havida em dois miseráveis dias. Escrevi no meu artigo de Veja nesta semana, que está nas bancas desde sábado passado, antes da reeleição de Lula:

“Faz 26 anos que os democratas se ocupam de atrair o PT para a civilização. Os tupinambás e caetés, no entanto, resistem e tentam impor o canibalismo como algo doce e decoroso. Antes, tingiam a cara para a guerra e nos propunham o dilema: “Socialismo ou barbárie”. Com o tempo, eles mesmos fizeram a opção sem nem nos dar a chance de escolher: barbárie! Institucional, quando menos. Mas continuamos aqui, firmes no nosso papel de jesuítas, crentes na nossa missão civilizadora, esforçando-nos para catequizá-los, fingindo que são tupis amistosos — tentando, enfim, emprestar-lhes alguma metafísica. (...)

(...)
Ou o petismo passa a ser visto no curso de uma revolução cultural ou jamais será entendido — e vencido. E o canibalismo será regra. Numa campanha eleitoral sem propostas, sem valores, sem alternativas, sem diferenças de conteúdo, aborrecida a mais não poder, resta, sem dúvida, uma intenção, anunciada por Lula, que faz toda a diferença. No debate da TV Record, deixou entrever a disposição de estudar o que eles chamam “controle social dos meios de comunicação”. Trata-se de um eufemismo e de uma perífrase para “censura”. O PT vê em cada veículo — ou, vá lá, em boa parte deles — um bispo Sardinha dando sopa. Sabe que a imprensa livre é o Evangelho da democracia; que ela guarda seus segredos e seus fundamentos.”
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Re.: Dois dias de lula reeleito e a imprensa já está sob ata

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Abusos, ameaças e constrangimentos a jornalistas de VEJA
31 de Outubro de 2006


A pretexto de obter informações para uma investigação interna da corregedoria sobre delitos funcionais de seus agentes e delegados, a Polícia Federal intimou cinco jornalistas de VEJA a prestar depoimentos. Eles foram os profissionais responsáveis pela apuração de reportagens que relataram o envolvimento de policiais em atos descritos pela revista como "uma operação abafa" destinada a afastar Freud Godoy, assessor da presidência da Republica, da tentativa de compra do dossiê falso que seria usado para incriminar políticos adversários do governo. Três dos cinco jornalistas intimados – Júlia Duailibi, Camila Pereira e Marcelo Carneiro – foram ouvidos na tarde de terça-feira pelo delegado Moysés Eduardo Ferreira.

Para surpresa dos repórteres sua inquirição se deu não na qualidade de testemunhas, mas de suspeitos. As perguntas giraram em torno da própria revista que, por sua vez, pareceu aos repórteres ser ela, sim, o objeto da investigação policial. Não houve violência física. O relato dos repórteres e da advogada que os acompanhou deixa claro, no entanto, que foram cometidos abusos, constrangimentos e ameaças em um claro e inaceitável ataque à liberdade de expressão garantida na Constituição.

Ao tomar o depoimento da repórter Julia Duailibi, o delegado Moysés Eduardo Ferreira indagou os motivos pelos quais ela escrevera "essa falácia". A repórter da VEJA, então, perguntou ao delegado Moysés qual era o sentido de seu depoimento, uma vez que ele já chegara à conclusão antecipada de que as informações publicadas pela revista eram "falácias". Ao ditar esse trecho do depoimento para o escrivão, o delegado atribuiu a palavra à repórter, no que foi logo advertido pela representante do Ministério Público Federal, a procuradora Elizabeth Kobayashi. A procuradora pediu ao delegado que retirasse tal palavra do depoimento porque tratava-se de um juízo de valor dele próprio e que a repórter nunca admitira que escrevera falácias.
Embora a jornalista de VEJA estivesse depondo na condição de testemunha num inquérito sem nenhuma relação com a divulgação das fotos do dinheiro do dossiê, o delegado Moysés Eduardo Ferreira a questionou sobre reportagem anterior, assinada por ela, que tratava do tema. O delegado exigiu, então, da repórter que revelasse quem lhe dera um CD com as fotos. A repórter se recusou a revelar sua fonte.
Durante todo o depoimento da repórter Julia Duailibi, o delegado Moysés Eduardo Ferreira a questionou a sobre o que ele dizia ser uma operação de VEJA para "fabricar" notícias contra a Polícia Federal. Disse que matéria fora pré-concebida pelos editores da revista e quis saber quem fora o editor responsável pela expressão "Operação Abafa".
O delegado disse que as acusações contra o diretor-executivo da Superintendência da PF, Severino Alexandre, eram muito graves. E perguntou "Foi você quem as fez? Como vieram parar aqui?". Referindo-se à duração do depoimento, o delegado Moysés Eduardo Ferreira disse: "Se você ficou duas horas, seu chefe vai ficar quatro"
Indagada sobre sua participação na matéria, a repórter Camila Pereira disse ter-se limitado a redigir uma arte explicativa, a partir de entrevistas com advogados, sobre como a revelação da origem do dinheiro poderia ameaçar a candidatura e/ou um eventual segundo mandato do presidente Lula. O delegado perguntou quais advogados foram ouvidos. A repórter respondeu que seus nomes haviam sido publicados no próprio quadro. O delegado, então, perguntou se VEJA pagara pela colaboração dos advogados. Diante da resposta negativa, o delegado ditou para o escrevente que a repórter respondera que "normalmente a revista não paga por esse tipo de colaboração". A repórter, então, o corrigiu, dizendo que a revista nunca paga para suas fontes
Embora os repórteres de VEJA tenham sido convocados como testemunhas, o delegado Moysés Eduardo Ferreira impediu que eles se consultassem com a advogada que os acompanhava, Ana Dutra. Todo e qualquer aparte de Ana Dutra era considerado pelo delegado Ferreira como uma intervenção indevida. Em determinado momento, Ferreira ameaçou transformar a advogada em depoente. Ele também negou aos jornalistas de VEJA o direito a cópias de suas próprias declarações, alegando que tais depoimentos eram sigilosos. A repórter Júlia Duailibi foi impedida de conversar com o repórter Marcelo Carneiro.
A estranheza dos fatos é potencializada pela crescente hostilidade ideológica aos meios de comunicação independentes, pelas agressões de militantes pagos pelo governo contra jornalistas em exercício de suas funções e, em especial, pela leniência com que esses fatos foram tratados pelas autoridades. Quando a imprensa torna-se alvo de uma força política no exercício do poder deve-se acender o sinal de alerta de modo que a faísca seja apagada antes que se torne um incêndio. Nunca é demais lembrar: "Pior do que estar submetido à ditadura de uma minoria é estar submetido a uma ditadura da maioria."

http://vejaonline.abril.com.br/notitia/ ... urrentDate
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Spitfire
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Re.: Dois dias de lula reeleito e a imprensa já está sob ata

Mensagem por Spitfire »

A Veja esta espeneando... direito dela... assim como é direito de qualquer um critica-la.

http://observatorio.ultimosegundo.ig.co ... =405JDB003

BALANÇO DAS URNAS
A mídia está em discussão

Por Venício A. de Lima em 30/10/2006

As eleições de 2006 sinalizam um importante avanço histórico em nosso país: a grande mídia entrou – finalmente – na agenda de discussão pública. Houve outros momentos no passado – eleições para governador no Rio de Janeiro em 1982; campanha das Diretas Já em 1984; debates presidenciais em 1989 – em que o tema ganhou dimensões públicas. Mas nada como agora.

E quais seriam as razões para que a grande mídia e seu papel na democracia brasileira tenham alcançado a agenda pública?

Certamente uma dessas razões tem sido o deslocamento entre a posição – declarada ou não – da cobertura política da grande mídia e o pensamento da maioria da população brasileira. Isso porque, ao contrário do que a própria mídia indicava, esse deslocamento vem se dando não só em relação aos muitos milhões de brasileiros de baixa renda beneficiários do programa Bolsa Família, mas também em relação a importantes segmentos das classes média e rica, constituindo uma maioria considerável de mais de 60% da população brasileira.

No programa Observatório da Imprensa na TV de 24 de outubro, o jornalista Alberto Dines lembrou que os colunistas da grande mídia são seus porta-vozes. Eles são profissionais escolhidos para falarem pelas empresas de comunicação.

É fácil constatar, por exemplo, que quando se desenvolve alguma divergência entre colunista e empresa – vide os casos recentes de Franklin Martins e Helena Chagas – eles não têm seus contratos renovados ou são demitidos. Dessa forma, a posição desses colunistas adquire uma importância ainda maior.

Blindagem trincada

Vale lembrar o resultado do acompanhamento das colunas desses jornalistas feito pelo Observatório Brasileiro de Mídia (ver "Os colunistas são imparciais?") durante o primeiro turno das eleições presidenciais. Realizado no período de 6 de julho a 29 de setembro, o acompanhamento revela como os 14 principais colunistas dos cinco principais jornais de referência nacional – Folha de S.Paulo (4), O Estado de S.Paulo (2), O Globo (4), Jornal do Brasil (2) e Correio Braziliense (2) – trataram a cobertura dos quatro principais candidatos à Presidência da República.

Como já havia sido verificado nas análises da cobertura política (reportagens), Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi o candidato mais citado e também o que recebeu maior número de menções negativas. Somadas às menções negativas sobre a figura de Lula presidente, o número chega a ser quase quatro vezes maior que o número de menções para Geraldo Alckmin (PSDB).

Se considerarmos individualmente a posição de cada um dos 14 colunistas, somente um demonstrou equilíbrio entre as análises positivas e negativas com relação ao candidato Lula e apenas um teve mais análises positivas do que negativas.

Desnecessário reafirmar que os colunistas têm o direito de escrever o que bem quiserem (desde que não confrontem a opinião editorial dos seus empregadores).

O que nos interessa aqui é outra questão.

Os desequilíbrios da cobertura política e de seus principais colunistas não estariam nos introduzindo em um terreno – o da credibilidade – que até agora tem sido blindado pela grande mídia em sua própria proteção?

Debate bem-vindo

Em artigo publicado no auge da crise política ("Questão de método: ABC da capitulação", Valor Econômico de 23/6/2005, p. A-6), o cientista político Wanderley Guilherme dos Santos avançou a hipótese de que nas "democracias de instituições vulneráveis a extorsões", seria grande o poder da mídia de gerar instabilidade política. Já nos países de democracias estáveis, ao contrário, "pouca coisa acontece fora da arena eleitoral, exceto quando o escândalo revela a ruptura, por parte do governo, do pacto constitucional do país".

Segundo ele, nas democracias estáveis a grande mídia nacional "enfrenta concorrentes a nível estadual e local, algo inexistente na América Latina, cuja opinião pública é controlada por dois ou três jornais nacionais em cada país". Essa concorrência regional e local faria com que a grande mídia, tenha "reduzidíssima capacidade de afetar a estabilidade institucional". Dessa forma, restaria a ela "uma única carta na tentativa de pautar os governos: sua credibilidade profissional". Nas democracias de instituições vulneráveis, por outro lado, a questão da credibilidade – dada a ausência de concorrência regional e local – ficaria para segundo plano.

Creio que a cobertura que a grande mídia ofereceu da última campanha eleitoral fez com que a questão da credibilidade chegasse finalmente ao Brasil, independente de existir ou não concorrência verdadeira nos níveis regional e local para ela em nosso país.

A postura escancaradamente partidária de alguns veículos que insistem em reafirmar sua imparcialidade, o debate iniciado pela CartaCapital em função da cobertura do chamado "escândalo do dossiê", e as evidências de que o debate sobre o papel da mídia chegou à periferia dos grandes centros urbanos, não deixam dúvida de que o que está em jogo agora é a credibilidade do jornalismo produzido pela grande mídia.

Esse debate tardio só pode ser bem-vindo e quem ganha com ele é a democracia brasileira.


Quero ver quem tem culhões para chamar o observatório da imprensa de mídia esquerdista. :emoticon12:

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Alter-ego
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Re.: Dois dias de lula reeleito e a imprensa já está sob ata

Mensagem por Alter-ego »

Caramba...

Entrar num tópico, fazer copy/past de um texto que não tem, absolutamente, nada a ver com o assunto inicial é foda...
Se você se der ao trabalho de ler os textos que postei, verá que hoje alguns jornalistas da Veja foram fortemente coagidos - de forma ilegal - na Polícia Federal.
Não há ideologia que justifique isso.
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Apáte
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Re.: Dois dias de lula reeleito e a imprensa já está sob ata

Mensagem por Apáte »

[sujeito que acha que a mídia deve ser imparcial]A Veja está mostrando tudo que os jornalistas dela passaram de ruim, mas está sendo parcial. Muito provavelmente, por pura educação, eles fizeram uma coisa boa como oferecer um copo de água com açúcar para os jornalistas. A Veja, como veículo de imprensa, tinha obrigação de mostrar o lado positivo de tal castração ideológica[/sujeito que acha que a mídia deve ser imparcial.]
"Da sempre conduco una attività ininterrotta di lavoro, se qualche volta mi succede di guardare in faccia qualche bella ragazza... meglio essere appassionati di belle ragazze che gay" by: Silvio Berlusconi

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Spitfire
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Re.: Dois dias de lula reeleito e a imprensa já está sob ata

Mensagem por Spitfire »

Filhotes... vocês escutaram a Voz do Brasil hoje? :emoticon5:

Os jornalistas foram chamados para prestar esclarecimentos sobre uma denuncia envolvendo o ministro da justiça em uma chamada operação abafa.
Nada mais natural que quem faz uma denuncia tenha que formaliza-la e fornecer indícios sólidos o suficiente... até mesmo para a PF investigar a questão e, se houver, punir os culpados.

O que há de errado nisto??? :emoticon5:

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Re.: Dois dias de lula reeleito e a imprensa já está sob ata

Mensagem por Alter-ego »

Não há nada de errado em impedir que uma pessoa consulte seu advogado, em fazê-la passar da condição de testemunha à de réu, a intimidá-la por coação psicológica, a distorcer suas falas, impedir de ter acesso a um processo sobre si próprio e, apesar de estar tudo na mais perfeita ordem, interromper o interrogatório assim que ele chega ao conhecimento público.
Nada de errado...
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Re.: Dois dias de lula reeleito e a imprensa já está sob ata

Mensagem por Hrrr »

bem que eu expressei na urna a negaçao de respaldar mais quatro anos desse governo aberrante
JINGOL BEL, JINGOL BEL DENNY NO COTEL... :emoticon266:

i am gonna score... h-hah-hah-hah-hah-hah...

plante uma arvore por dia com um clic

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Spitfire
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Re: Re.: Dois dias de lula reeleito e a imprensa já está sob

Mensagem por Spitfire »

Alter-ego escreveu:Não há nada de errado em impedir que uma pessoa consulte seu advogado, em fazê-la passar da condição de testemunha à de réu, a intimidá-la por coação psicológica, a distorcer suas falas, impedir de ter acesso a um processo sobre si próprio e, apesar de estar tudo na mais perfeita ordem, interromper o interrogatório assim que ele chega ao conhecimento público.
Nada de errado...


Engraçado... Na Voz do Brasil a versão foi outra (e era na parte do legislativo da Voz). Em quem confiar???
Acho que vou ter que buscar isto pelas agências de notícias do exterior em ondas curtas... é a uma das poucas formas de saber de notícias de forma totalmente isenta. :emoticon4:

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marta
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Mensagem por marta »

Eu avisei.
:emoticon105: :emoticon105: :emoticon105:
marta
Se deus fosse bom, amá-lo não seria mandamento.

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Hrrr
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Re.: Dois dias de lula reeleito e a imprensa já está sob ata

Mensagem por Hrrr »

passou na globo agora ha pouco

mas eu so escutei uma parte
JINGOL BEL, JINGOL BEL DENNY NO COTEL... :emoticon266:

i am gonna score... h-hah-hah-hah-hah-hah...

plante uma arvore por dia com um clic

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marta
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Re.: Dois dias de lula reeleito e a imprensa já está sob ata

Mensagem por marta »

Isso é só pra abrir a rodada.
:emoticon105: :emoticon105: :emoticon105:
marta
Se deus fosse bom, amá-lo não seria mandamento.

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Spitfire
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Re.: Dois dias de lula reeleito e a imprensa já está sob ata

Mensagem por Spitfire »

Só vou dizer 1 nome... Ibsen Pinheiro.

http://www.terra.com.br/istoe/1819/bras ... rer_01.htm

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Exclusivo
"Decidi não morrer"
Ibsen Pinheiro faz um desabafo emocionado
sobre o processo de que foi vítima e garante:
"Eu não guardo ódio"
Weiller Diniz

Aos 69 anos, o ex-presidente da Câmara
dos Deputados conserva hábitos simples,
como caminhar nas ruas de Porto Alegre.
Mora no mesmo apartamento de um bairro
de classe média, na capital gaúcha. Mas abandonou o gel para assentar os cabelos.
O homem que “não quis ser cúmplice da
própria destruição” concedeu esta entrevista a ISTOÉ na quarta-feira 11.

ISTOÉ – A notícia sobre a movimentação de
US$ 1 milhão foi decisiva para a sua cassação?
Ibsen Pinheiro – Antes de tudo, foi uma surpresa como esta suposta informação alcançou tal repercussão em veículos de grande circulação. Sempre soube que não havia esses recursos – nem em dólares, nem em cruzados, nem em cruzeiros. Naquele momento, não havia o necessário e indispensável espaço para a prudência, para a avaliação criteriosa, e, consequentemente, a irresponsabilidade tinha espaço para crescer. É só o que pode explicar como prosperou algo sem o menor apoio na verdade. Nenhuma acusação formal me foi feita, eu não tinha uma emenda fraudada no Orçamento, qualquer conduta desabonadora. A única coisa que me foi atribuída era ter uma movimentação bancária superior às minhas posses.

ISTOÉ – E os US$ 881 mil, de onde surgiram?
Ibsen – Na ocasião, não soube a que atribuir. Só quando o jornalista
Luís Costa Pinto me deu o seu depoimento, antes de um almoço em
Curitiba, é que eu tive a causa concreta. Antes, eu não podia atinar como
surgira esse tipo de suposta informação.

ISTOÉ – E as demais acusações da época (US$ 35 mil recebidos de Genebaldo Correia e fotos com anões em uma ilha grega) ajudaram?
Ibsen – Voltaire tem uma definição muito interessante. Diz que a primeira infâmia contra alguém é rejeitada. A segunda arranha e a terceira destrói. No quadro que se criou, as imputações sem provas, sem nenhum conteúdo, produziam este efeito. Mas aquele quadro se criou. Uma foto junto com uma acusação de movimentação financeira desproporcional passava para o imaginário das pessoas que o ex-presidente da Câmara devia ser responsável por tudo de errado que acontecesse. Isso no imaginário das pessoas dispensava a necessidade de provas. Bastava a afirmação. Chegou a um ponto que não precisava nem afirmação, bastava a insinuação. Eu disse naquela ocasião algo que eu posso repetir hoje: nunca tive a graça de uma acusação. O próprio relatório da CPI dizia: “A denúncia inicial não restou provada.” Nos processos políticos, o ônus da prova se inverte. É o acusado que precisa provar uma, duas, três, quatro vezes. Passei por processo marcado pela ligeireza, característico dos processos políticos.

ISTOÉ – O sr. levou à CPI documentação de uma auditoria referente ao erro
do tal US$ 1 milhão?
Ibsen – Levei e me foi informado que ela seria desconsiderada, porque não tinha
tido o acompanhamento da CPI. Uma auditoria de uma qualidade inquestionável, feita pela empresa Trevisan, uma das mais acreditadas do País. Me perguntaram depois: “Por que você não deu esclarecimentos?” Eu dei, o que não havia era
espaço para sua repercussão.

ISTOÉ – Quem desconsiderou a auditoria?
Ibsen – Não sei especificamente e não acho que isso tenha importância. Não tenho o espírito de cobrar contas. Passados dez anos, lanço para trás um olhar que não disfarça a amargura que senti, mas é um olhar também de quem soube vencer aquele quadro e atravessá-lo sem ódio. Aprendi que o ódio faz mal ao hospedeiro, nunca ao seu alvo. O ódio é um veneno que faz mal a quem o agasalha. Depois destes dez anos eu tive, primeiro, de me impor silêncio; segundo, retomar minha vida. Naquela manhã dramática do dia seguinte à cassação, quando me dava
conta de que quem sente vergonha não é quem faz coisas vergonhosas. Sente vergonha quem tem vergonha. Aprendi também que a consciência que dói é a limpa. Consciência suja seguramente não dói. A limpa dói. Se você atravessa um episódio desse e consegue proteger-se da amargura, do ressentimento e do ódio, tem chance de sair dele melhor do que entrou.

ISTOÉ – O sr. conversou com o relator (Roberto Magalhães) sobre o erro?
Ibsen – Não, salvo para exibir a ele e ao presidente da CPI (Jarbas Passarinho) o passaporte que me foi exigido. Eu tomei duas decisões que alguns até hoje me dizem que foram fatais. Primeiro, não pedi o voto de nenhum deputado a meu
favor. Não há um parlamentar que possa dizer que eu fui ao seu gabinete fazer um apelo pessoal. Eu tinha a seguinte convicção: eu posso ser cassado, posso ser destruído, mas não serei cúmplice da minha destruição. Então, não vou cometer a humilhação de pedir que violem suas convicções para votar por coleguismo ou por companheirismo. A segunda decisão que tomei: eu não vou renunciar. Eu achava que poderia ser destruído de fora para dentro, como fui destruído politicamente, mas eu não seria cúmplice da minha própria destruição. Não fui a nenhum gabinete pedir ‘me tirem dessa’. O que eu pedi foi da tribuna. Expus a verdade, mas os juízes eram meus pares e eu deveria acatar o resultado, guardar a amargura comigo e confiar que o tempo e os fatos subsequentes me reparariam.

__________________________________________________________________________________________

A sorte é que o povo gaúcho sempre acreditou em Ibsen e aqui ele podia andar de cabeça erguia... a sorte é que o povo gaúcho sobe valorizar um homem, ironicamente jornalista, que a mídia irresponsável carneou como abutres.

Hoje é a própria mídia critica a mídia pelas quantidades de denuncismos levianos (muito embora algumas denuncias até possam ser legitimas).

A Veja esperneia porque sabe que vai ser mais difícil atirar cocô no ventilador de forma "irresponsável" ($$$).

Acertadíssima a ação da PF (engraçado... quando a PF favoreceu ao PSDB ela era linda e cheirosa... agora é fedida e feia.. tsc tsc.), chamou os responsáveis pela matéria e pediu esclarecimentos. Se for constado através de investigações que a denuncia era procedente, que que erga uma estátua em homenagem a estes jornalistas... mas se provado que houve má fé e a denuncia é mais uma daquelas armações tacanhas, que se puna com rigor tambem. Não é só porque se é jornalista que pode-se estar acima da lei, falou merda tem que responder por elas como qualquer outro cidadão.

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Fernando Silva
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Re: Re.: Dois dias de lula reeleito e a imprensa já está sob

Mensagem por Fernando Silva »

Spitfire escreveu:Engraçado... Na Voz do Brasil a versão foi outra (e era na parte do legislativo da Voz). Em quem confiar???
Acho que vou ter que buscar isto pelas agências de notícias do exterior em ondas curtas... é a uma das poucas formas de saber de notícias de forma totalmente isenta. :emoticon4:

A Voz do Brasil, desde sua criação pelo ditador Getúlio Vargas, dita o que o governo quer que pensemos.
É a Voz do Governo, não do Brasil.

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Re.: Dois dias de lula reeleito e a imprensa já está sob ata

Mensagem por RicardoVitor »

Primeiro passo para o totalitarismo: Calar a imprensa usando como artifício a tal da "imparcialidade".
Logical, responsible, practical.
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Liberal, fanatical, criminal.
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Re.: Dois dias de lula reeleito e a imprensa já está sob ata

Mensagem por Aranha »

- Não renovarei minha assinatura da veja justamente por achar que eles fazem manipulação tendenciosa das informações, vou esperar o desenrolar dos fatos para ver em quem acreditar.

Abraços,
"Grandes Poderes Trazem Grandes Responsabilidades"
Ben Parker

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Re.: Dois dias de lula reeleito e a imprensa já está sob ata

Mensagem por DIG »

Aprendeu direitinho com o FideU :emoticon12:

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Tulio
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Re.: Dois dias de lula reeleito e a imprensa já está sob ata

Mensagem por Tulio »

Aviso aos franco-atiradores: Cuidado ao disparar no saco do sapo barbudo; podem acertar por descuido uma aranha puxa-saco. :emoticon12:
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Fernando Silva
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Re.: Dois dias de lula reeleito e a imprensa já está sob ata

Mensagem por Fernando Silva »

"O Globo" 01.11.2006

Contra a mídia, agressões, críticas e verbas oficiais

Militantes agrediram jornalistas; Ciro pede incentivo financeiro para
veículos que apóiem o governo


As críticas de setores do PT e de militantes petistas à
imprensa, ao longo da campanha eleitoral, terminaram em agressão física
na festa de comemoração da reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, em frente ao Palácio da Alvorada, anteontem. Depois de seguir
Lula em carreata, da Base Aérea ao Alvorada, cerca de 200 militantes do
PT, simpatizantes e funcionários do governo, com agressividade, gritaram
palavras de ordem contra a imprensa e chegaram a dizer que a ditadura
era melhor e que é preciso "fechar a imprensa".


"A ditadura matava com baionetas, a imprensa mata com a língua", gritou
um exaltado militante.

Um deles deu uma bandeirada na cabeça de um repórter. Os militantes
criticavam a publicação de notícias sobre casos como o do mensalão e do
dossiê, e diziam que os jornalistas não deveriam fazer perguntas sobre o
assunto ao presidente Lula.


No mesmo dia, mais tarde, o presidente do PT e coordenador da campanha
de Lula, Marco Aurélio Garcia, disse que se solidarizava com os
jornalistas mas, apesar disso, disse que também tem muitas críticas à
imprensa.

Afirmou que não está satisfeito com a cobertura das eleições e que
jornalistas e meios de comunicação deveriam fazer uma reflexão: " Muitas
vezes divergimos sobre o comportamento da imprensa, mas nunca negamos o
papel da liberdade de imprensa, que deve ser ampliado. Se ela precisa
ser avaliada em seu desempenho, e na minha opinião precisa, caberá aos
próprios jornalistas avaliar o papel que tiveram nesta disputa eleitoral".

Garcia disse que os jornais têm uma "dívida moral" com seus
"consumidores": esclarecer, segundo ele, que não houve mensalão - apesar
de a CPI ter concluído que sim e o próprio procurador-geral da República
ter denunciado 40 dos envolvidos ao STF por "organização criminosa"
.

" Nunca houve votos em troca de dinheiro, houve dinheiro de caixa dois
para apoiar eleições. Essa é uma dívida dos jornais com a opinião
pública que precisa ser corrigida, talvez por um historiador no futuro
ou por um bom jornalista investigativo ", disse.

O ex-ministro e deputado eleito Ciro Gomes (PSB), em entrevista
publicada no site Observatório da Imprensa, foi mais além: defendeu o
incentivo financeiro para veículos que apóiem o governo: " Precisamos
ter clareza de que não temos que ter medo de, assim como na economia,
avançar numa questão substantiva que é a questão da democratização dos
meios de comunicação no Brasil. É preciso incentivar dramaticamente os
meios de comunicação alternativos, financiar, e, nisso, conceder canais
de televisão, e discutir isso depois das eleições. O vanguardismo
cultural precisa ter espaço. Isso tem que ser discutido abertamente, sem
preconceito, mas também sem medo. Precisamos conversar com o povo. De
boa fé, com clareza, com profundo senso democrático e avançar para ao
futuro ", afirmou Ciro Gomes.

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Fernando Silva
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Re.: Dois dias de lula reeleito e a imprensa já está sob ata

Mensagem por Fernando Silva »

"O Globo" 02.11.2006

A milícia do poderoso ministro
* DEMÉTRIO MAGNOLI *

O presidente ao qual serve o ministro Tarso Genro admira a ditadura
cubana, que pune a crítica com a prisão. O partido de Genro abriga no
seu site artigos que clamam pelo "controle social da mídia". O governo
Lula ensaiou esse controle por meio do projeto do Conselho Federal de
Jornalismo. Desde aquele fracasso, um derrame de publicidade estatal
engorda as receitas das revistas que renunciaram ao jornalismo para se
dedicar a incensar o governo.


Um sonho dourado é criminalizar a opinião divergente. O ministro Genro
iniciou processo contra este articulista alegando enxergar crimes contra
a sua honra numa coluna que assinei na "Folha de S. Paulo" em abril de
2005. O texto, uma crítica política a ato de autoridade pública, aborda
a classificação racial dos estudantes imposta pelo MEC quando Genro
chefiava o ministério (confira em http://www.observa.ifcs.ufrj.br/).

Todos têm direito de recorrer à Justiça.

Mas o que singulariza esse processo, além da sua futilidade jurídica, é
o fato de que o poderoso ministro se serve do cargo para encarregar a
Advocacia Geral da União da defesa de um interesse político particular.
O expediente é uma aula inteira sobre uma certa concepção do Estado e da
sociedade.

O ministro não aposta um tostão do próprio bolso na empreitada de
intimidação.

Eu, você, nós pagamos os custos da arrogância de Genro.

Injúria é ofender a dignidade, como quando Lula qualifica seus "meninos"
de "aloprados".
Difamação é imputar fato ofensivo à reputação, e calúnia
é imputar falsamente fato definido como crime. Comparar Geraldo Alckmin
a Augusto Pinochet, símbolo do terror de Estado, como fez Genro (sim,
ele mesmo!), além de uma injúria, equivale a saracotear perto da
fronteira da difamação e da calúnia.


O ministro, bacharel em Direito, não pode alegar ignorância do sentido
dessas figuras jurídicas quando mobiliza, contra a opinião divergente, o
que enxerga como uma milícia privada de advogados.

Os críticos dos projetos de leis raciais somos descritos como ideólogos
da "elite branca", uma difamação, por representantes de ONGs que
colaboram com a Secretaria da Igualdade Racial.

Mas nunca qualificamos os defensores desses projetos como racistas,
porque compreendemos que a divergência reflete visões inconciliáveis
sobre o contrato social, não um "conflito de raças". Nós dizemos que a
restauração do conceito anacrônico de raça para a produção de
identidades raciais oficiais colide com o princípio da cidadania,
desmancha o sonho de igualdade e, inadvertidamente, irriga a árvore de
onde pendem os frutos venenosos do ódio racial. Eis o sentido da
"pedagogia racial" introduzida nas escolas pelo ministro.

O texto que se tornou alvo da fúria de Genro é apenas um pretexto. O
deputado petista Paulo Delgado criticou seu partido por "cuspir na
rotativa em que comemos", lembrando que sem a liberdade de imprensa o PT
nunca alcançaria o poder.

Ele lamentou o curso seguido pelo partido, que apresenta a imprensa como
porta-voz das "elites" em confronto com a "vontade do povo" (isto é, a
do próprio PT).
Acrescente-se que, sob o lulismo, o PT tece os fios de
uma doutrina hostil à liberdade de expressão. A pedagogia petista do
"controle social da mídia" se difunde na opinião pública, minando os
valores em torno dos quais a nação se uniu para superar a ditadura
militar. Esse é o fenômeno relevante, do qual o processo do ministro não
passa de expressão casual.

Genro reclamou o impeachment de FHC, com base em vagas suspeitas.

Admitiu seu "erro" anos depois, oportunamente, quando o depoimento de
Duda Mendonça ofereceu motivos sólidos para um pedido de impeachment
contra Lula, sugestão à qual ele se opôs com indignação.

Na ocasião, auge do escândalo do "mensalão", Genro reconheceu a
importância do trabalho da imprensa, afirmou que não era capaz de
encontrar motivos para que alguém votasse no PT e prometeu se engajar na
"refundação" do partido. Passado o furacão, elaborou uma resolução do PT
que condenava a imprensa, alinhou-se à direção não "refundada" do partido
e encontrou todas as razões que agora esgrime pela continuidade do
sistema de poder vigente.

É curto o prazo de validade das convicções do poderoso ministro. Eu o
convido a persistir no processo, mas, em nome da ética pública, por meio
da constituição de advogado particular.

DEMÉTRIO MAGNOLI é sociólogo e doutor em geografia humana pela USP.
E-mail: magnoli@ajato.com.br

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Fernando Silva
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Re.: Dois dias de lula reeleito e a imprensa já está sob ata

Mensagem por Fernando Silva »

"O Globo" 01.11.2006

Surto autoritário

Merval Pereira

Que Polícia Federal "republicana" é esta, que se arvora ao direito de
constranger jornalistas que publicaram reportagens contrárias ao governo
federal ou à própria instituição? Que governo é esse que mal saído das
urnas com uma consagradora vitória eleitoral precisa dar uma
demonstração de força contra a liberdade de imprensa? Que partido
político é esse que incentiva seus militantes a agredir jornalistas na
porta da residência oficial do presidente da República, sendo que alguns
desses militantes usavam crachás de funcionários do próprio governo?

Que sinais repetidos são esses que acabam de ser dados pelo mesmo governo
que já tentou controlar os meios de comunicação através de um conselho
estatal? Pois tudo isto está acontecendo não em uma longínqua ditadura,
mas no Brasil, uma das maiores democracias do mundo, que acaba de sair
de uma eleição presidencial das mais limpas e ordeiras, com mais de cem
milhões de votos sendo apurados em poucas horas.

O presidente reeleito recebeu da oposição um tratamento surpreendentemente
cordial, a ponto de em poucas horas ter se dissipado a idéia de que um
"terceiro turno" continuaria com a tentativa de impugnar a candidatura de
Lula, em que pese divergências e a existência de processos diversos contra
o governo e o próprio presidente da República.

Ao que tudo indica, porém, o governo entendeu essa oposição dura mas
democrática como uma capitulação diante de sua vitória esmagadora, e
partiu para a retaliação contra os meios de comunicação, acusados por
diversos líderes governistas de terem tentado influenciar a opinião
pública contra a reeleição de Lula.

É flagrante a semelhança com o ato de "vingança" do então presidente
Fernando Collor que, dias depois de ter sido eleito, autorizou, na tarde
de sexta-feira, 23 de março de 1990, fiscais da Receita e agentes da
Polícia Federal a invadirem o prédio do jornal "Folha de S. Paulo", que
considerava ter sido seu adversário durante a campanha presidencial. A
pretexto de conferir se o jornal estava cobrando faturas publicitárias
no recém-criado cruzeiro, houve uma demonstração de truculência oficial
claramente política.

São vários os sinais de que a ação da Polícia Federal contra os
jornalistas de "Veja" não foi ato isolado, mas sim parte de uma ação
governamental para pressionar os meios de comunicação que consideram
oposicionistas.


O deputado Ciro Gomes, a mais ferina língua de aluguel do governo,
defendeu recentemente que "é preciso incentivar dramaticamente os meios
de comunicação alternativos, fortalecer cooperativas de jornalistas,
financiar e, nisso, conceder canais de televisão", a pretexto de
incentivar uma "imprensa plural".

Essa solução oficial para incentivar uma "mídia independente" com
dinheiro público, além de risível pelo própria incoerência, tem
precedentes históricos ruins: foi na CPI do jornal Última Hora, criado a
partir de empréstimos generosos do Banco do Brasil para defender o
governo de Getúlio Vargas, que surgiu a expressão "mar de lama".


O presidente do turno do PT, Marco Aurélio Garcia, ao fingir criticar a
violência contra os jornalistas, cobrou da imprensa uma "auto-reflexão"
sobre o seu comportamento durante as eleições.

E, assim como o Presidente Lula sugeriu que grevistas liberassem as
catracas do metrô para os usuários, Garcia classificou de "sadio" um
suposto movimento de cancelamento de assinaturas de jornais e revistas.


O ministro Tarso Genro, um adepto fervoroso da teoria da conspiração, já
acusara os meios de comunicação, durante a campanha, de favorecerem o
adversário do presidente Lula, como se os fatos noticiados - a prisão
dos petistas com uma mala cheia de dinheiro e a exibição da montanha de
dinheiro ilegal que serviria para comprar um dossiê contra tucanos - não
tivessem sido produzidos pelos próprios petistas.


Esse movimento de pressão contra jornalistas é a continuação de um
processo autoritário que se revelou ainda no início desse primeiro
mandato de Lula, e se expressava não apenas nas alianças políticas
literalmente compradas, como depois ficou provado com as denúncias sobre
o mensalão, mas em tentativas de controlar a imprensa e as produções
culturais, com a criação de conselhos estatais.

A Agência Nacional de Cinema e Audiovisual daria poderes para o governo
interferir na programação da televisão e direcionar o financiamento de
filmes, e toda a produção cultural, para temas que estivessem em
sintonia com as metas sociais do governo. O Conselho Nacional de
Jornalismo teria a finalidade de controlar o exercício da profissão e
poderes para punir, até mesmo com a cassação do registro profissional,
os jornalistas que infringissem normas de conduta que seriam definidas
pelo próprio Conselho.


Nunca é demais lembrar que Tarso Genro defende, em seu livro "A esquerda
em progresso", a democracia direta à la Hugo Chávez, com a "exacerbação
da consulta, do referendo, do plebiscito e de outras formas de
participação", e o controle dos meios de comunicação através de
"conselhos de Estado".


Segundo ele, esses conselhos garantiriam "a liberdade de informação e o
livre trânsito de opiniões na sociedade democrática", pois "a democracia
é incompatível com o controle da opinião pública por uma mídia
unilateral". Pois mal sai das urnas com a consagração "do andar de
baixo", o governo Lula se sente em condições de retomar a tentativa de
controle dos meios de comunicação e a difusão cultural no país.

Ao mesmo tempo em que ironiza os "formadores de opinião" da grande
imprensa, o governo quer financiar "mídias alternativas" para tentar,
através de seus jornalistas chapa-branca, influenciar a opinião pública
com dinheiro público.

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Re: Re.: Dois dias de lula reeleito e a imprensa já está sob

Mensagem por marta »

Tulio escreveu:Aviso aos franco-atiradores: Cuidado ao disparar no saco do sapo barbudo; podem acertar por descuido uma aranha puxa-saco. :emoticon12:


Ih!!! Acho que essa foi pra mim :emoticon62:
:emoticon105: :emoticon105: :emoticon105:
marta
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Re: Re.: Dois dias de lula reeleito e a imprensa já está sob

Mensagem por Jack Torrance »

marta escreveu:
Tulio escreveu:Aviso aos franco-atiradores: Cuidado ao disparar no saco do sapo barbudo; podem acertar por descuido uma aranha puxa-saco. :emoticon12:


Ih!!! Acho que essa foi pra mim :emoticon62:


Não, Marta, foi pro Abmael. Veja o avatar que ele usa.
“No BOPE tem guerreiros que matam guerrilheiros, a faca entre os dentes esfolam eles inteiros, matam, esfolam, sempre com o seu fuzil, no BOPE tem guerreiros que acreditam no Brasil.”

“Homem de preto qual é sua missão? Entrar pelas favelas e deixar corpo no chão! Homem de preto o que é que você faz? Eu faço coisas que assustam o Satanás!”

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Re: Re.: Dois dias de lula reeleito e a imprensa já está sob

Mensagem por Aranha »

Jack Torrance escreveu:
marta escreveu:
Tulio escreveu:Aviso aos franco-atiradores: Cuidado ao disparar no saco do sapo barbudo; podem acertar por descuido uma aranha puxa-saco. :emoticon12:


Ih!!! Acho que essa foi pra mim :emoticon62:


Não, Marta, foi pro Abmael. Veja o avatar que ele usa.


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"Grandes Poderes Trazem Grandes Responsabilidades"
Ben Parker

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marta
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Re: Re.: Dois dias de lula reeleito e a imprensa já está sob

Mensagem por marta »

Jack Torrance escreveu:
marta escreveu:
Tulio escreveu:Aviso aos franco-atiradores: Cuidado ao disparar no saco do sapo barbudo; podem acertar por descuido uma aranha puxa-saco. :emoticon12:


Ih!!! Acho que essa foi pra mim :emoticon62:


Não, Marta, foi pro Abmael. Veja o avatar que ele usa.


O problema, Jack, é que a franca atiradora no Lullorota da Filva, sempre fui eu, aliás desde que aqui entrei. Posso até dizer que desde o velho testamento, A.RJ (Antes Roberto Jefferson). Aguardei, com ansiedade e esperança a sua crucificação, mas elle ressuscitou ao 29º dia. Fazer o que?
:emoticon105: :emoticon105: :emoticon105:
marta
Se deus fosse bom, amá-lo não seria mandamento.

Trancado