Botanico escreveu:Luis Dantas escreveu:O que são "dazelites", Botânico? Nunca ouvi essa palavra antes.
Dazelites é o jeito do Lula falar para criticar aqueles que o criticam: _ A culpa é das elites (dazelites).
Luis Dantas escreveu:Não é o que eu penso, de qualquer jeito; se as "elites" eurocêntricas erraram em propor idéias eurochauvinistas, as massas também erraram em se deixar fascinar por elas e em não as questionarem de forma mais eficaz com a passagem do tempo.
Sempre vai ter alguma idéia absurda sendo proposta; se queremos deter o tráfico de idéias espirituais pobres e nocivas temos de eliminar o mercado consumidor.
Faça-me um favor, Luis! O POVÃO NÃO TOMA O ESTRATO SOCIAL-CULTURAL INFERIOR COMO REFERÊNCIA. A gente, mesmo nós, buscamos o que nos falta com quem tem isso. Então o povão ignorante ia buscar "nazelites" o que faltava ao seu meio. Quem podia virava cortesão dos nobres; quem não podia buscava nos intelectuais uma luz qualquer que lhe satisfizesse seus anseios. Voltaire era tido no meio do povão como a encarnação da justiça social... esse povão panaca nunca entendeu suas idéias: ele achava que o povão foi feito para ser guiado, jamais instruído...
Portanto pode ir amarrando o seu burro na sombra: mercado consumidor para tolices nunca vai faltar, seja no meio do povão, seja no meio "dazelites"... Sempre vai haver trouxas que comprem mercadoria que nada vale.
A sua proposição não me parece lá muito sustentável, pois ninguém iria inventar religiões pegando elementos de outras culturas que viviam sem os valores cristãos e burgueses e fazer com que "desembocassem na religião verdadeira". Isso para mim não faz sentido.
Luis Dantas escreveu:Suponho que faria se você aceitasse que Kardec queria ser dono da verdade, inclusive da verdade dos outros. A motivação dele é um tanto evidente na própria Codificação.
Um cara pode se achar dono da verdade, mas ELE NUNCA CONVENCERÁ NINGUÉM QUE É A FONTE DA VERDADE. Ele precisa recorrer a uma fonte tida e aceita pela maioria como uma fonte de verdade infalível.Luis Dantas escreveu:Maioria, não necessariamente. Basta alcançar uma massa crítica de crentes capazes de reforçar mutuamente a crença uns dos outros.
No caso de Kardec, foram os "espíritos superiores", dos quais supostamente Jesus teria sido um. Mas você já sabia disso, não? Você deve ter lido algo da Codificação Espírita.
Sim, exatamente... Só que uma coisa é fixar parâmetros gerais, sobre os quais se têm um concenso, e flexibilizar as questões periféricas até que sejam verificadas como verdadeiras ou falsas. Isso no Espiritismo é previsto, mas na fé cristã não: esta é TODA verdadeira por se basear numa Bíblia, também tida e havida como exata e infalível...
Assim então o pastor faz a cabeça dos seus fiéis, mas ele se serve de Deus, de Jezuiz e da Bíblia para fundamentar o que afirma. Já com Kardec é um tanto estranho querer ser dono da verdade dizendo que essa verdade é atributo de Deus e dos espíritos superiores e que ela não está disponível em sua totalidade aos humanos. Quer dizer, ele dizia que a fonte da Doutrina Espírita era a revelação dos espíritos... que eram humanos sem corpo e que não se tornavam donos da suprema sabedoria e suprema moralidade só por conta disso. Meio estranho alguém querer ser dono da verdade com tal referência...Luis Dantas escreveu:"Meio", não; é COMPLETAMENTE estranho que alguém dê ouvidos à Codificação Espírita.
Ou, por falar nisso, a Inri Cristo, ou a Paulo de Tarso.
No entanto foi o que aconteceu e devemos lidar com o fato concreto.
Sinceramente, quero saber qual é a novidade aqui. Não é uma situação muito diferente da de tantos outros pregadores com complexo messiânico.
Mas já batemos nisso: tanto o INRI, como o Paulo aí TINHAM E TEM POR PARÂMETRO O JEZUIS. Com esse Jezuis, eles faziam seguidores. O próprio Jezuis teve que ser construído: ele não surgiu pronto e acabado. Pode-se ver nos textos evangélicos que esse Jesus foi construído à base de um suposto Messias que deveria vir por sua época. E como ele não fez nada do que era previsto que o Messias deveria fazer, então vincularam a aspectos da vida de Jesus, reais ou fictícios, alguns textos bíblicos para então afirmar: Para que se cumprissem as Escrituras Jesus fez isso, ou José e Maria fizeram aquilo...
Dizer que para cada cristão há dois pagãos em se tratando de uma minoria intelectualizada... então os cristãos deveriam ser muito poucos mesmo...
Luis Dantas escreveu:Não entendi esse seu comentário, que não parece ter relação alguma com o assunto que estávamos falando. ACHO que você está querendo dizer que a elite cultural da Europa da época não apresentava a mesma distribuição de crenças que as massas. Isso é verdade, mas não quer dizer que essa elite não queria se sentir capaz de explicar e compreender as crenças das massas e incorporá-las aos seus próprios modelos.
Na época de Kardec A ELITE CULTURAL tendia a ser materialista-atéia, e ainda assim não se pode dizer tal coisa de todos os intelectuais, nem que foi dominante em TODO o século XIX. O que não entendi é o que você quis dizer com que "para cada cristão convicto há dois ateus convictos". Se não se referia à elite culta, estava apontando para quê? Ora o povão continuava todo cheio de fé, tanto que Napoleão III perdeu muito do seu prestígio junto aos católicos franceses quando apoiou a luta de Cavour pela reunificação da Itália.
Luis Dantas escreveu:Eu nunca disse que para cada cristão convicto havia dois ateus convictos, coisa que aliás duvido que jamais tenha acontecido mesmo nas supostas "elites", quer a atual quer a do Iluminismo, a não ser que se faça uma amostragem muito enviezada e olhe lá.
Quando falei de um cristão para outras pessoas eu me referia à estatística de 33% da população mundial serem cristãos - e portanto, 67% não o serem. Essa é uma realidade incômoda para cristãos (e em grau menor, muçulmanos) que abala sua segurança emocional, e que estava sendo jogada na cara das camadas sociais mais privilegiadas da Europa do Século XIX de uma forma intensa, devido à curiosidade sobre o Oriente entre outros fatores.
Aliás, o meu argumento é exatamente o de que Kardec era um típico representante de uma "elite" em crise, que precisava se convencer de que suas crenças cristãs não eram erradas e sim apenas incompletas. Kardec pregou o que queria acreditar que fosse verdade, e foi ouvido por outros que tinham inseguranças semelhantes.
Bom, se era nesse aspecto estatístico, então as coisas no tempo de Kardec eram piores ainda: segundo o que ele disse, só 10% da Humanidade era cristã. Quanto às crenças cristãs serem certas, porém incompletas... Kardec aceitou o evolucionismo, reencarnação, renegou penas eternas, divindade de Jesus, o Deus antropomorfo, infabilidade da Bíblia (e do Papa)... Para quem achava que as crenças cristãs não eram erradas, ele descartou muita coisa por achá-las erradas e coisas FUNDAMENTAIS para que se fosse considerado cristão.
Essa sua refutação aí, se entendi, está vinculada à proposta budista ou a ela é atribuída.
Luis Dantas escreveu:Vamos, Botânico, não é um texto difícil de entender. Leia de novo. O ponto é que o conceito de reencarnação é diretamente refutável pela observação dos fatos.
Que fatos?
A conceituação espírita é MUITO diferente: é o ESPÍRITO que REENCARNA e não os méritos e deméritos. O espírito é a individualidade permanente; a personalidade que ele assume é temporária _ torna-se como uma conta que se soma às outras num colar.
Luis Dantas escreveu:Uma individualidade permanente que não carrega consigo os méritos e deméritos, nem a personalidade?
Interessante. E completamente autocontraditório. Mas esse é mesmo o ponto; o conceito de reencarnação não tem como ser conciliado com os fatos e por isso é contraditório mesmo.
A personalidade fica mesclada na mente DO ESPÍRITO, tal como as memórias de nossa infância. Elas estão lá, na nossa mente, mas já não somos mais aquela criança que fomos um dia. Assim é a mente do espírito e seu repositório de personalidades que animou ao longo de suas reencarnações. A cada encarnação ele faz uma nova personalidade, que se soma às outras.
Desculpe-me a minha cabeça dura, mas vai ter de demonstrar melhor essas contradições e porque seriam contradições, bem com os fatos a que se refere.
E para terminar: como sabe que os espíritos não existem?
Luis Dantas escreveu:Por favor, Botânico, você é plenamente capaz de algo melhor do que brandir inversão do ônus da prova. Tantos outros já fazem isso...
Ah! A dita inversão do ônus da prova... a tábua de salvação dos céticos que não têm argumentos. Olha, Luís, inversão do ônus da prova é: _ Prove que espíritos existem! - Pede o cético; _ Prove que os espíritos não existem! - Retruca o crente. Isso sim é inversão do ônus da prova.
Agora se você AFIRMA que espíritos não existem, então o ônus da prova cabe a você, QUE ESTÁ FAZENDO A AFIRMAÇÃO. Eu posso afirmar que não existe resultado para a conta: 20 dividido por 0 e qualquer matemático endossará a minha afirmativa. Posso afirmar que não existe o número que representa a soma dos infinitos termos de uma progressão geométrica de ordem direta. Enfim, há muitas coisas, tanto no domínio da matemática, química ou física, que podemos afirmar que não existem e correr pouco risco de estarmos errados.
Talvez o mesmo não possa ser aplicado ao domínio dos espíritos, mas você pode fazer como Pasteur fez com a geração espontânea. Ele não provou que ela não existia, mas sim demoliu todos os argumentos apresentados para defender que ela existia. Temos milhares de experimentos registrados, por cientistas, sobre essas questões de espíritos e o que você pode fazer (mas aviso que nenhum cético jamais fez isso de forma decente) é invalidar esses experimentos e provar que a atribuição a causas espirituais foi falha pois tais e quais causas "naturais" podem explicar o que os cientistas observaram.
Manda ver.