Acauan escreveu:zumbi filosófico escreveu: Não importa aqui quem é "abortista" e quem não é; o ponto é que se a morte, seja na ótica pró-escolha/morte clínica ou em quase qualquer outra, é de repente descoberta como sendo reversível, isso não tem qualquer relevância quanto a considerar-se se por qualquer motivo o "inverso" desse critério de morte como início da vida. Ele apenas deixa de ser o mesmo critério para um fim absoluto da vida.
A menos que se tenha como um pressuposto de que, qualquer que seja o critério para o "início da vida" ele tem que ser o inverso do que se considera a morte, e que essa por sua vez não pode ser reversível; e não vejo razão para a necessidade disso.
Eu entenderia seu argumento se me fosse clara a diferença entre fim da vida e fim absoluto da vida, o que não me é. Ou determinada condição indica o fim da vida ou não. Se por analogia reversa se diz que o que determina o fim da vida determina o começo, a partir do momento que os critérios para se determinar o fim da vida mudam, deveria mudar também a definição do início. Note que, até aqui, não faço julgamento de mérito sobre o critério, apenas questiono sua coerência intrínseca.
O que penso que dispensa dessa "fidelidade" à analogia com o fim da vida, é justamente o fato de ser o começo, e como, por ser o começo, é uma coisa diferente do fim. Os pró-vida usam essa diferenciação no sentido de "ah, mas é diferente, a atividade cerebral ainda não começou, mas vai começar se deixarmos; na morte cerebral ela acabou definitivamente".
Mas a ênfase, o que importa aqui, não é a morte cerebral ser definitiva, mas a atividade cerebral ainda não ter começado do outro lado - de forma que considero mais ou menos similar a que não te importa que a fecundação ainda não tenha ocorrido no óvulo; não é porque a fecundação ocorreria se agíssemos como se não houvesse contracepção ou celibato estratégico* que devemos deixar ocorrer mesmo se não quisermos.
Claro, você tem toda uma série de distinções entre o óvulo e o zigoto e por isso seria diferentíssimo e etc, mas é apenas para exemplificar; não é porque a origem da "pessoalidade" é natural que não pode ter seu curso impedido, sei que considera que no caso do aborto a pessoalidade/individualidade já existe e etc. Eu apenas acho que a forma como ela está determinada nos genes individuais não é mais relevante do que a forma como está determinada nos genes da espécie.
* É de qualquer forma pouco eficiente, "tabelinha" é mais útil para engravidar do que para não engravidar
E agora, fazendo julgamento de mérito do critério, trata-se de apenas mais um que reduz a definição de vida humana a uma leitura instrumental, na qual padrões de eletroencefalograma nos dizem que determinadas voltagens e amperagens são mensuráveis no cérebro ativo.
Mas não tem como ser muito diferente, qualquer que seja a definição que não fosse a dos tão infames hipotéticos pró-óvulos. O critério da fecundação reduz a vida humana a padrões de reação química a flutuações peptítidicas na urina que nos dizem indiretamente se há um embrião de aproximadamente uma semana ou mais.
Só que ninguém até hoje fez qualquer associação completa entre estas leituras elétricas e o que nos faz humanos, restringindo-se as pesquisas no campo a mapear alguns padrões que correlacionam determinado fenômeno a alguma atividade cerebral específica.
Fora as pessoas que já tenham sofrido morte cerebral, e para fins de simplificação, as "pessoas", acéfalas, anencéfalas e em estágios embrionários diversos, não há pessoas que não tenham esse tipo de atividade cerebral.
Algo parecido também poderia ser dito de genes ou até de alguma proteína banal. De qualquer forma, acho que a atividade cerebral é especial. Acho que é o que nos faz "humanos".
No mínimo, acho que é de forma muito mais relevante do que genes, cuja relação causal com a nossa humanidade acho mais ou menos próxima ao papel dos átomos, que também nos "fazem humanos", mas podem fazer também desde gafanhotos à pedras. Genes humanos são compartilhados até com plantas em grandes porcentagens. Temos cerca de 60% de similaridade genômica com os ratos. Atividade cerebral já é um traço muito mais exclusivo, realmente característico da humanidade, que considero muito mais relevante do que genes.
Até mesmo aproximações. Na minha escala de valores, talvez com pequenas exceções que não me vem em mente agora, cérebros prontos e ativos sempre são mais importantes que genes, mesmo que genes para cérebros mais avançados. Por exemplo, entre um cão vivo e com seu rabo abanando e uma célula viva com genes de chimpanzé ou de Homo sapiens, considero mais valioso o cão.
Como disse no seu texto "aborto", é meio análoga a alma, ainda que não seja imaterial, sobrenatural, ou qualquer coisa do tipo. Indo para o reino das hipóteses fantásticas, se esse padrão de atividade pudesse ser transplantado para uma máquina, acho que não seria então mais uma simples máquina, da mesma forma que as máquinas biológicas do nosso corpo não são quando há esse tipo de atividade.
Fico meio sem palavras diante dos fatos de que pessoas com morte cerebral ou sem cérebro, não são exatamente "pessoas", deixaram de ser ou não chegaram a ser. Eu não saberia imediatamente já discorrer muito bem sobre isso. Se eu fosse de dizer que as coisas são "verdades auto-evidentes", e dar afirmações contrárias como ridículas e indignas de consideração, acho que esse seria o melhor exemplo disso. Humanos tem necessariamente cérebros, não são unicelulares nem conjuntos de tecidos ou órgãos sem cérebro, nem um corpo inteirinho sem um cérebro vivo. Se tivesse algo como um "crédito" de algo para declarar verdade auto-evidente e não ter que discutir, usaria nisso.

A incorreção ou imoralidade não está na comparação entre critérios, mas em definir humanidade com base em leituras instrumentais.
Mas absolutamente tudo depende disso. Nossos próprios sentidos são instrumentos de medição, não tem como se falar de coisas num tipo de abstração total e que se pudesse saber serem humanas sem "olhar" de forma alguma.
Falar em conjuntos de tecidos fazendo isto ou aquilo apenas confirma a limitação deste critério, uma vez que acharemos os mesmos conjuntos de tecidos fazendo as mesmas coisas nos sapos ou nas taturanas, com algumas mínimas diferenças bioquímicas a nível molecular e nem por isto alguém alegará que estas poucas diferenças seriam insuficientes para distinguir o embrião que um dia seria Mozart de outro que um dia coaxaria na lagoa.
Curiosamente é mais ou menos por isso que eu rejeito a humanidade apenas em nível citológico ou histológico mais "simples" (não que você considere assim, como disse; apenas é identificável a individualidade) e sou mais "holista", conforme disse antes... e nem tinha lido antes de responder.
zumbi filosófico escreveu:Acauan escreveu:Podemos julgar qualquer coisa. O problema é garantir que o julgamento seja verdadeiro e justo.
O problema é que talvez "não exista" o "verdadeiro" nesse caso. O mais próximo de um conceito absolutamente verdadeiro seria o de que a vida nunca começa, que é um contínuo, porque biologicamente é isso que de fato ocorre.
Agora você chegou realmente ao ponto de impasse moral desta questão.
O que diferencia essencialmente abortistas e anti-abortistas não é que os contra se apegam a supersticiosas e ultrapassadas idéias de origem religiosa ou mística, como os querem os defensores, que reservam a si o auto-julgamento da vanguarda libertadora das idéias.
Não sei não.... acho que no grosso, os dois lados tem argumentações bastante porcas. De um lado, o principal é algo simples e diria até, ignorante, como "a vida começa na fecundação", "não quer, fecha as pernas, não mata", do outro é Roe vs. Wade, "a mulher tem direitos sobre o corpo dela", "muitas mulheres morrem em abortos clandestinos".
O que há é um confronto de crenças fundamentais, com um dos lados defendendo que a moral se manifesta no que é necessariamente verdadeiro (dentre outros atributos necessários), logo é necessário que a verdade exista para que haja moral, enquanto o outro lado admite uma moral desvinculada da verdade.
Quanto ao conceito utilizado por Carl Sagan de que a vida nunca começa, isto só faz sentido se adotarmos uma definição de vida que independe dos seres vivos, o que me parece impossível sem alguma concepção mística.
Se a vida só existe nos seres vivos, então cada vida se inicia e se encerra com a existência daquele determinado ser no qual aquela vida específica se manifesta.
Do contrário temos que entender vida como algum tipo de força ou energia vital indefinida, transferível de um ser vivo para outro, e não apenas como atividade biológica de organismos individuais.
O sentido de vida do Sagan é ciência "pura", e não tenho como explicar sem soar meio pedante. Vida é "desequilíbrio termodinâmico" (ou um tipo específico de desequilíbrio com as moléculas da vida e etc, porque esse é um termo mais abrangente), essencialmente, auto-organização. Desde que a vida surgiu, esse desequilíbrio se passa de célula para célula ininterruptamente, a cada divisão celular; não é feita uma célula "morta" que então, depois de pronta, de alguma forma atinge desequilíbrio termodinâmico e o mantém, começa a viver. Tem que haver essa "inércia". Ela é uma atividade mas também é (ou depende de) "energia", mas no sentido físico da palavra, não no místico.
Ironicamente, a idéia de que a vida nunca começa é mais útil à oposição ao aborto do que à sua defesa, uma vez que por mais certo que esta não fosse a intenção de Sagan, dá ao conceito de vida um caráter transcendente que extrapola o biológico.
Até pode ser visto assim, não vou questionar. De qualquer forma, acho que a legalidade do aborto é defensável independentemente disso, porque, mesmo que houvessem começos bem claros e absolutos para a vida, não é qualquer vida que importa nesse sentido estritamente biológico, humana ou não, e isso é um ponto em comum.
zumbi filosófico escreveu: Quando estamos falando já de valores que atríbuímos à certas formas e estágios de vida, é algo quase que necessariamente arbitrário. Você tem uma opinião, eu outra, os espartanos outra, os nazistas outra, os jainistas outra ainda. Cada uma provavelmente parte de pressupostos diferentes e as outras estão então erradas, a menos que na verdade todas visões (ou algumas delas) partam dos mesmos pressupostos mas se enganem no desenvolvimento das conclusões.
Opiniões pode haver infinitas e por isto mesmo os julgamentos morais devem se pautar por uma verdade que esteja acima delas.
Se negarmos esta verdade possível, falar em julgamento moral se torna mera retórica para dar poder de vida e morte às opiniões de quem deseja impô-las assim.
Bem, eu acho que esse seria um jeito meio niilista/pessimista de descrever o que eu penso que é a moral, as normas sociais. Não acho que exista "bem" e "mal", sem humanos e convenções. Num canto no espaço com pedras e gás não tem nada disso. Não é porque há seres capazes de raciocínio elevado que surgem leis "fortes" mais ou menos análogas as da gravidade... esses seres só criam regras de acordo com o que acaba sendo melhor para eles.
Esse "melhor", pode ser inclusive um senso de justiça que parece transcender a meras convenções de interesse mais "baixo". Eu não chamaria coisas do tipo de "verdades", acho que é mais "justiça", mesmo. E ainda dentro desse senso de justiça aceito, pode haver uma boa margem para controvérsias.
zumbi filosófico escreveu: Eu considero que mesmo que cada um vários estágios do desenvolvimento sejam um "todo", e que um cadáver íntegro pode ser um "todo", ambos tem em comum o fato de não terem atividade cerebral, e isso importa mais do que serem "todos" ou parte.
Importa mais a partir do momento que se confere importância decisiva à atividade cerebral. Se conferir importância decisiva ao desenvolvimento, e não a um estágio do desenvolvimento, então a coisa muda. De novo, tudo é uma questão de premissas.
Sim.
zumbi filosófico escreveu: Mas por que essas definições de individualidade são importantes para a "humanidade"?
Eu acho que, o tempo todo, qualquer que seja o grau no qual elas possam estar ausentes em uma pessoa com atividade cerebral, você não diria que ha diversos graus de dignidade e que graus baixos de definição fariam das "pessoas" algum tipo de "intocável", uma casta subumana. No entanto, como pode sempre dizer que estão mais e só então suficientemente satisfeitas essas condições depois e não antes da fecundação. Isso simplesmente te serve para "salvar" ao zigoto ao mesmo tempo que não tem relevância real para a "humanidade"/dignidade humana.
A individualidade estabelece uma diferenciação essencial entre seres humanos e outras formas de vida conhecidas. Por mais que espécimes animais possam ter comportamentos que lhe são peculiares ou mesmo únicos, especialmente grandes primatas, o fato é que o mais sábio e nobre dos gorilas talvez aprenda a pedir banana com alguns gestos e a dividi-la com outros macacos, enquanto o melhor dos sapos talvez coaxe mais alto, coma mais moscas e conquiste mais fêmeas.
A individualidade humana se manifesta na capacidade de cada um de apreender o universo dentro de si e tentar entendê-lo para situar-se e interagir nele. A partir daí surgirá um Jesus de Nazaré ou um Adolf Hitler, cuja diferença nas definições de pessoa se dá em um nível inaplicável a qualquer outra forma de vida ou individualidade conhecida.
Mesmo os seres humanos acossados pela loucura ou deficiência mental ainda são capazes de abstrações e fantasias nas quais criam para si um mundo tão completo quanto o nosso e, independente de o quanto isto os impeça de interagir produtivamente em nosso mundo real, continuam sendo tão únicos em suas próprias existências quanto somente seres humanos podem ser.
Mais ou menos aquilo que eu atribuo ao cérebro humano, enquanto vejo a individualidade deles como algo mais incidental.
zumbi filosófico escreveu: Bem, sem nem querer argumentar sobre diversos aspectos de individualidade poderem ser vistos também no óvulo, o problema todo acho que é sobre se a individualidade é o que deve ser o critério para proteção a vida ou não.
Na verdade o problema é diferenciar individualidade humana de individualidade do óvulo ou de qualquer outra célula, além de entender que individualidade humana e dignidade humana são conceitos inseparáveis entre si.
Bem, ao menos para mim, não parece problemático dissociá-los enquanto se fala de individualidade humana nesses estágios pré-cerebrais.
Poderia se criar também um problema filosófico similar em ter esse requesito da individualidade para a dignidade humana, se argumentar que a essência da humanidade é mais importante do que qualquer característica individual, e que a humanidade deve ser já suficiente para a dignidade independentemente de algum critério de individualidade "suficiente" que podemos então sugerir que pode levar a conseqüências catastróficas dependendo de quem decide esse critério.
Pode-se descartar esse argumento simplesmente estabelecendo, "não, é a individualidade mais básica no nível X, não presente no óvulo, mas no zigoto, e isso não pode levar a conseqüências desastrosas se for sempre seguido assim, sem alterações". E de forma similar podemos também dizer que outro critério que se considere bom também não precisa ter suas conseqüências desastrosas se for "calibrado" por outros, "não, não é alguma qualidade de atividade cerebral típica de pessoas que tenderão a ter QI igual ou maior que 100, mas apenas o nível humano mais básico".
zumbi filosófico escreveu: Penso que não, acho que há situações em que há individualidade e no entanto a vida não é, senão por motivos bastante questionáveis considerada digna de proteção, e também é hipotetizável (não importa o quão verossímil) que pessoas existissem e devessem ter suas vidas protegidas como humanos mesmo sem terem satisfeitos esses critérios de individualidade. Acho que a individualidade e a "humanidade" podem até ser em muito tempo coincidentes, mas uma não "causa" a outra, tal como os tigres geralmente são listrados mas não é tudo que tem listras que é tigre. Listras não são o mais importante para a "tigridade" de um tigre.
Vou me preocupar com isto o dia em que escrever algo sobre a individualidade dos tigres.
Como até agora, nesta discussão, repeti dezenas de vezes que falo de individualidade humana, vou deixar este parágrafo prá lá.
O ponto não tem nada a ver com tigres.
Apenas não vejo importância da individualidade para a humanidade. Outros animais diversos também tem sua individualidade. Não são todos clones de comportamento idêntico. Tem "personalidades" sem ser pessoas. Desde seres simples como joaninhas.
Incidentalmente, há individualidade em cérebros mais possantes do que os de joaninhas, nos cérebros que achamos importantes, que achamos que não devem ser mortos senão em circunstâncias bem especiais. Assim acho a individualidade humana apenas incidental à humanidade, mais ou menos como as listras nos tigres para sua "tigridade" - mesmo que não existam tigres sem listras, ou humanos não-individuais.
zumbi filosófico escreveu:Acauan escreveu:zumbi filosófico escreveu:Acho que, como não existem verdades absolutas nesse campo (diferentemente de você, se não me engano, que já disse uma vez que é meio como matemática),...
Você se engana. Na postagem anterior eu disse:Sua comparação é simplesmente absurda, não por algum critério arbitrário meu, mas porque você adotou uma analogia matemática sem pé nem cabeça, segundo a qual se a célula-ovo = óvulo + espermatozóide , então o óvulo = célula ovo – espermatozóide. Como o espermatozóide seria desprezível na sua idéia, então poderia-se concluir que célula ovo e óvulo são iguais.
O absurdo do raciocínio salta aos olhos de qualquer pessoa de inteligência normal e, possivelmente, até de muitos um tanto abaixo disto, tanto pela analogia matemática ser completamente inaplicável à questão de vida ou morte humana, quanto pela conclusão tirada sabe-se lá de onde de que a contribuição do espermatozóide é desprezível, tanto quanto as mudanças no óvulo ocorridas na fecundação, que obviamente não é apenas uma soma.
Logo...
Não entendi o "logo" nem o seu ponto.
Logo, meu modo de julgar esta questão não é "meio como matemática", como sugeriu no post anterior. Vou explicar melhor adiante.zumbi filosófico escreveu: Eu não estou concluindo que "zigoto e óvulo são iguais" de modo geral, eles tem diferenças biológicas essencialmente redutíveis ao acréscimo de um espermatozóide, e todas essas coisas, essas células, me são simplesmente irrelevantes para a questão da "humanidade"/direito a vida. Não acho que seja uma questão citológica (ou de identidade, que por acaso, já poderia ser vista numa célula e não em outra que era um instante antes).
Me corrija se não entendi, mas se entendi você está confirmando que acredita nas equações célula-ovo = óvulo + espermatozóide , então o óvulo = célula ovo – espermatozóide, tomando o espermatozóide como desprezível então célula-ovo = óvulo.
Todas essas células tem valor "zero" para mim nessa questão; só passa a haver valor se estivermos falando de uma soma bem mais numerosa, e de outro tipo de células, com um tipo peculiar atividade, cuja matemática da questão é praticamente irrelevante, apenas incidental.
zumbi filosófico escreveu: Tal como cabelo. Sei que cabelo é muitíssimo diferente de óvulos e zigotos, mas para mim tem a mesmíssima relevância "humana". É de qualquer forma bem compreensível que as células em questão é que sejam tradicionalmente valorizadas como mais do que células, e não cabelo, já que essas células são realmente causalmente relacionadas à origem da "humanidade". Mas apesar disso, não as considero suficientemente "humanas", distintas de seres unicelulares ou da constituição geral outros seres, apenas em sentidos estritamente biológicos, e assim também é o óvulo. Ou até cabelo.
Já que você próprio reconheceu que igualou o que é muitíssimo diferente, tudo a seguir reflete sua vontade pessoal de que sejam iguais.
É muitíssimo diferente de um cabelo tal um cabelo é muitíssimo diferente de uma pena, de uma concha ou em menor grau, de um anfioxo, e no entanto eu posso considerar cabelos, penas, conchas e anfioxos como de certa forma "iguais", nesse campo de discussão.
Na questão de "humanidade", não são todos os estágios de desenvolvimento humano que valorizo mais do que cabelos, penas, conchas ou anfioxos. Não tenho "vontade" que sejam iguais, não dou importância diferente a eles, e não tenho a menor esperança de que venham a ser iguais.
zumbi filosófico escreveu: Isso não é exatamente um simples raciocínio "matemático", eu nem sei exatamente o que seria (anatomia comparativa, talvez, ainda que o ponto-chave, a mente humana, seja teoricamente independente de comparações anatômicas); se trata basicamente de considerar que pessoas são mais do que células e tecidos em nível consideravelmente baixo de organização, por mais "identificáveis" que possam ser essas células ou tecidos. Como todos consideram depois de passada essa fase crítica em discordâncias do desenvolvimento.
Ou podemos ir além e considerar que pessoas são mais do que aquilo que podemos decretar que sejam.
Podemos ir além, ou ir atrás; como disse em outra ocasião, o exemplo de óvulos-pessoas é mais ou menos análogo a isso. Você pode continuar listando um monte de razões para que sejam coisas diferentes óvulos e zigotos, e que a vida humana deva ser protegida apenas desde o primeiro devido à individualidade, e eu posso manter também que o padrão de atividade só se dá num determinado estágio e não precisar ir além dali.