Em primeiro lugar vi que me permiti uma obscuridade daquelas que as vezes não se percebe nas respostas dos interlocutores. Aquela da qual as vezes se estranha, mas que não se pode ver. De fato, quando eu afirmei que ciência e religião deveriam andar juntas, acabei criando um escândalo muito maior do que eu desejaria. Gostaria de citar o post do Jack Torrance:
Jack Torrance escreveu:Não, a ciência tem que ser laica e agnóstica. Pense em cada cientista fazendo ciência com preceitos de suas religiões: catolicismo, umbandismo, budismo, hinduísmo, etc. vai dar merda. Na hora de fazer ciência, seja neutro, "não-crente", fora dela, seja o que quiser.
Quando prestei mais atenção neste post percebi como vcs estavam lendo as minhas postagens.
De fato, eu concordo que a ciência deva ser laica. Afinal suas comprovações devem estar isentas o máximo possível de qualquer vínculo ou interesse político de religiosos. Era isso que eu queria que fosse entendido quando disse que a ciência deve ser usada como ferramenta na interpretação bíblica, e não o contrário. Notem que eu defendi com veemência nos dois tópicos que a Bíblia NÃO é um tratado de metafísica, nem mesmo de moral. E acrescento agora com todas as letras: MENOS ainda um artigo que deva ser publicado e veiculado na Science ou na Nature].
A ciência também deve ser agnóstica. Afinal de contas temas como Deus são assuntos que não se apresentam por meio de fenômenos. Dessa forma o pensamento científico pode até pensar Deus, sem nunca entendê-lo. O que dá no mesmo que defender que a idéia que temos de Deus é completamente formal e sem conteúdo. Não podemos assumir a existência de um ideado que assuma todas as características da idéia de Deus. Em palavras mais simples, não podemos determinar cientificamente a existência de Deus. O que significa que talvez Deus não exista, e não é possível verificar a sua existência.
Desde o meu primeiro post tinha isso em mente. Apesar de não ter deixado clara a minha opinião. Por outro lado, retomo uma idéia que defendi muitas vezes nos tópicos. A ciência e o método científico não são dos ateus, menos que são dos cristãos, ou de qualquer outra pessoa no mundo. O intuito desse fórum como um todo é muito digno! "Defesa da Razão e do Método Científico. Combate ao fanatismo ao fundamentalismo religioso". Mas faz a grande maioria ACHAR que a Razão e o Método Científico é propriedade intelectual do ateísmo. De forma que qualquer descoberta científica se tornasse uma prova da maior probabilidade da inexistência de Deus. Vcs tomam isso como pressuposto pq é a posição que muitos crentes defendem. Mas não é a minha. Já abri um tópico há mais de 2 anos justamente pra tratar de como eu vejo a questão do natural e do sobrenatural. E em nenhum momento adotei qualquer postura sobrenaturalista em ambos os tópicos. Pra mim quanto mais a ciência descobre do mundo mais descobre de Deus. Sem mistérios e sem nenhuma mágica. Não vou me delongar no assunto mesmo pq já tratei disso em outra oportunidade.
A ciência deve ser então laica. Isso quer dizer, não deve estar presa a interesses políticos. Nem de religiosos nem mesmo de ateus. Por isso a educação das crianças deve se dar com neutralidade. Nem obedecendo a interesses políticos ateístas ou teístas. Assim qualquer método pedagógico que ensine que as teses científicas são provas da inexistência de Deus, deve ser rejeitado pelo seu teor extremamente tendencioso. Afinal, como o próprio Jack Torrance escreveu: "Na hora de fazer ciência seja NEUTRO, fora dela seja o que quiser". Mas isso não quer dizer que o cientista deve ser não-crente, ou, noutras palavras, ateu. Justamente pelo caráter que discorrerei abaixo.
A ciência deve ser agnóstica. Jutamente pq temas como Deus não são dados por fenômenos. A Razão pode apenas pensá-los sem entendê-los. O que não infere que Deus não exista. Infere apenas que esse assunto não é do escopo da ciência, já que a ciência trata somente do mundo fenomênico. Mas Deus não se apresenta por nenhuma de nossas intuições espaço-temporais. Logo uma ciência de Deus é impossível, nos ditames do método experimental. Mas os mesmos motivos pelos quais somos levados a duvidar da existência nos levam também a duvidar da inexistência. De onde somos obrigados a suspender o juízo.
Assim se compreende que qualquer que seja a natureza de um conhecimento científico, este nunca provará a inexistência de Deus. Afinal de contas Deus não é fenômeno.
Pra terminar, gostaria de lembrar que nem o agnosticismo nem o ceticismo são atitudes, por excelência, ateístas.
Assim religião e ciência devem andar juntos não pq a religião tenha conteúdos cognitivos a fornecer à ciência. Notem que do ponto de vista epistemológico, a ciência não prova a falsidade da religião, e portanto se o cientista é ateu ou cristão, pouco interessa. Por isso afirmo e reafirmo: religião e ciência devem andar juntos por motivos políticos. Mas quando falo de política me refiro ao conhecimento que se debruça sobre as relações de poder, das quais se deduzem o Direito e os costumes de um povo. E, num país democrático, ainda que Religião fosse Veneno deveria ser respeitada. Esse é o preço da democracia.