Brasil “Neoliberal”

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Claudio Loredo
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Mensagem por Claudio Loredo »

Poindexter escreveu:
Claudio Loredo escreveu:
o que a sociedade pode fazer para forçar os políticos a realizarem essas mudanças que facilitariam a vida das empresas? Como a sociedade pode se organizar para atingir o objetivo de um mercado mais livre?


Ela pode fazer bem mais que isso! Ela pode eleger outros políticos!


Como sempre Poindexter, você acredita no sistema e não vê que precisamos de um novo pacto social e de uma mudança na estrutura do poder.

Eu já falei para você mais repito novamente: não adianta mudar as moscas se a merda continua a mesma. Temos um sistema político que estimula a corrupção, se esse sistema não for mudado, qualquer político eleito será corrupto.

É dificil para o povo entender que o sistema é errado e lutar para mudar este sistema, pois é mais fácil se conformar com o sistema do que tentar mudá-lo, eu particularmente prefiro tomar a pilula vermelha e questionar este sistema.



Poindexter escreveu:
Claudio Loredo escreveu:
Outra pergunta que faço: vocês consideram que a ditadura econômica que nossos políticos nos impõe como culpa do pensamento de esquerda?


Claro! Este problema do qual você está falando consiste em excesso de dirigismo estatal, que é uma característica justamente da esquerda!

[b]
Não, este problema reside no corrupto estado brasileiro que precisa de mais democracia e controle social para afastar a roubalheira. A corrupção existe tanto na direita , como na esquerda, tanto numa empresa pública, como numa empresa privada. Nossos deputados federais legislam de acordo com os interesses dos grandes grupos econômicos que é quem paga seus mensalões.



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Claudio Loredo
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Re.: Brasil “Neoliberal”

Mensagem por Claudio Loredo »



Poindexter,

Um outro erro do teu raciocínio é quando você critica o dirigismo estatal. Você parte de um principio errado de que o mercado atende todas as necessidades sociais. Só que as necessidades sociais são diferentes das necessidades do mercado. O mercado visa o lucro que nem sempre coincide com a satisfação da sociedade. Assim, se plantar maconha der mais lucro do que plantar trigo, o mercado vai e planta maconha. Se produzir bombas atômicas der mais lucro do que construir escolar, o mercado vai e produz bombas atômicas. Se atender apenas os mais privilegiados der mais lucro do que atender a maioria de pobre, o mercado apenas atenderá a elite.

Enfim, existe uma diferença entre necessidades sociais e necessidades de mercado. O governo existe para satisfazer essas necessidades sociais onde o mercado não atua. Caso exista uma necessidade social de orientar o mercado para satisfazer as necessidades sociais, o governo deve atuar neste sentido.

Imaginar que apenas a livre concorrencia entre as empresas possibilita o crescimento econômico de uma nação dá uma visão totalmente distorcida da econômia.

Você também se esquece de coisas como: Democracia, Estado Democrático de Direito e controle social. Estes são os instrumentos que obrigam o governo a ser eficiente e atender as necessidades da sociedade que o sustenta.


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O ENCOSTO
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Mensagem por O ENCOSTO »

Claudio Loredo escreveu:
Não, este problema reside no corrupto estado brasileiro que precisa de mais democracia e controle social para afastar a roubalheira. A corrupção existe tanto na direita , como na esquerda, tanto numa empresa pública, como numa empresa privada. Nossos deputados federais legislam de acordo com os interesses dos grandes grupos econômicos que é quem paga seus mensalões.





Só um poquinho ai, Claudio:

Uma empresa privada com executivos corruptos irá quebrar de qualquer jeito.

E quais são os "grandes grupos economicos" que pagam o mensalão aos deputados?

Por quê até agora não votaram as polemicas leis que modificam a CLT? Por quê não votam projetos que diminuiria a carga tributária?

Os "grandes grupos economicos" parecem estar a fim de apenas pagar o mensalão sem ganhar nada em troca.
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Acauan
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Re: Re.: Brasil “Neoliberal”

Mensagem por Acauan »

Claudio Loredo escreveu:
Um outro erro do teu raciocínio é quando você critica o dirigismo estatal. Você parte de um principio errado de que o mercado atende todas as necessidades sociais. Só que as necessidades sociais são diferentes das necessidades do mercado. O mercado visa o lucro que nem sempre coincide com a satisfação da sociedade. Assim, se plantar maconha der mais lucro do que plantar trigo, o mercado vai e planta maconha. Se produzir bombas atômicas der mais lucro do que construir escolar, o mercado vai e produz bombas atômicas. Se atender apenas os mais privilegiados der mais lucro do que atender a maioria de pobre, o mercado apenas atenderá a elite.


Claudio,

Este pensamento é desmentido pela realidade dos fatos.
Pegue o exemplo da telefonia.
Quando o Estado monopolizava a atividade só as classes média e alta tinham telefone, na única tecnologia disponível - a fixa, pelo qual pagavam uma fortuna e/ ou esperavam anos para ver instalado.

Hoje qualquer família pé rapada no Brasil tem pelo menos uma linha fixa e duas de celular, pelas quais paga uma mixaria e vê instalada no dia seguinte ou já retira da loja pronta para uso.

E isto impediu que orelhões fossem disponibilizados em favelas ou que fossem atendidas cidades lá do fim do mundo, cujo investimento é inviável?

Não, pelo contrário, hoje há mais orelhões em favelas que no tempo do monopólio estatal e qualquer fim de mundo é atendido pelas concessionárias de telefonia.
Bastou para isto especificar em contrato os direitos e deveres das companhias e deixar o mercado agir.

Não existe mercado sem respeito a contratos e não existe respeito a contratos sem leis e instituições fortes. Assim, liberdade econômica e política casam muito bem. Juntos são mais capazes de produzir justiça social que qualquer modelo desenhado por burocratas que não tiram a bunda da cadeira.
Nós, Índios.

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Claudio Loredo
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Re.: Brasil “Neoliberal”

Mensagem por Claudio Loredo »


Acauan,

A iniciativa privada é mais eficiente do que o governo para produzir os bens de consumo dos quais os telefones são um exemplo. No caso dos telefones, foi um abusurdo o governo ter mantido durante tanto tempo o monopólio deste setor, uma vez que esta atividade deve ser guiada pelas necessidades do mercado.

Só que existem bens que a iniciativa privada não atende como é o caso da saúde, educação e segurança para a população de baixa renda. Essas atividades são essenciais e não podem ficar na dependência do objetivo do lucro.

O governo também deve intervir para controlar as distorções da economia de mercado. Dai, o que eu digo é que o mercado, por si só, não consegue promover o bem social. As empresas precisam do governo para garantir o bom funcionamento da economia.

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Acauan
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Re: Re.: Brasil “Neoliberal”

Mensagem por Acauan »

Claudio Loredo escreveu:
Acauan,

A iniciativa privada é mais eficiente do que o governo para produzir os bens de consumo dos quais os telefones são um exemplo. No caso dos telefones, foi um abusurdo o governo ter mantido durante tanto tempo o monopólio deste setor, uma vez que esta atividade deve ser guiada pelas necessidades do mercado.

Só que existem bens que a iniciativa privada não atende como é o caso da saúde, educação e segurança para a população de baixa renda. Essas atividades são essenciais e não podem ficar na dependência do objetivo do lucro.

O governo também deve intervir para controlar as distorções da economia de mercado. Dai, o que eu digo é que o mercado, por si só, não consegue promover o bem social. As empresas precisam do governo para garantir o bom funcionamento da economia.


Claudio,

Quem prega uma sociedade sem governo ou Estado são os anarquistas, não os liberais.

Os liberais acreditam que o Estado deve se concentrar nas atividades que lhe são naturais como prover justiça, segurança e uma ordem pública satisfatória ao respeito aos contratos.

Saúde e educação poderiam até ser providos pela iniciativa privada com mais eficiência do que faz o Estado, mas a maioria dos liberais concorda que é preciso que a princípio o Estado toque estas atividades até que uma transição socialmente satisfatória possa ser feita para a iniciativa privada.

Note que saúde e educação pública é diferente de saúde e educação gratuíta.
Você pode ter saúde e educação provida pelo Estado e paga pelo consumidor, como pode ter saúde e educação provida pela iniciativa privada e custeada pelo Estado, sendo gratuíta ao usuário.

É uma questão de encontrar o modelo mais eficiente do ponto de vista sócio-econômico.
Não são casos muito diferentes da telefonia.

O que vemos hoje na saúde é um exemplo claro. Os hospitais públicos prestam uma porcaria de serviço à população e custam uma fortuna aos cofres públicos porque estão estufados de funcionários e a corrupção come solta.
Sairia muito mais barato um sistema de concessão, no qual a população de baixa renda teria acesso a saúde custeada pelo Estado mas fornecida e administrada pela iniciativa privada, que seguiria regras regulamentares contratuais semelhantes às aplicadas à telefonia.
Editado pela última vez por Acauan em 09 Jan 2006, 16:17, em um total de 1 vez.
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Poindexter
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Re: Re.: Brasil “Neoliberal”

Mensagem por Poindexter »

Claudio Loredo escreveu:Só que existem bens que a iniciativa privada não atende como é o caso da saúde, educação e segurança para a população de baixa renda. Essas atividades são essenciais e não podem ficar na dependência do objetivo do lucro.


Por quê não atende, Loredo?

Se cláusulas de concessão bem feitas as fazem atender bem à demanda por telefonia das camadas mais pobres, por quê cláusulas de concessão bem feitas não poderiam também fazê-las atender bem às demandas por Saúde e Educação dessas camadas?

Sei que o fato de a coisa funcionar bem em um setor não consiste garantia de que funcionará bem em outros, mas quero saber o que te leva a já concluir que não funcionará.


Claudio Loredo escreveu:O governo também deve intervir para controlar as distorções da economia de mercado. Dai, o que eu digo é que o mercado, por si só, não consegue promover o bem social. As empresas precisam do governo para garantir o bom funcionamento da economia.


O fato de o Estado dever inervir para controlar essas distorções, que sabemos que acontecem (muito embora você diga que eu ache que elas não ocorrem), não significam que o Estado deve tomar essas atividades para si! O fato de um jogador de futebol ser um carniceiro não significa que o jogo deve acabar, mas tão somente que aquele jogador deve receber um cartão vermelho!

Eu ainda defendo que as universidades sejam públicas enquanto maioria das privadas continuarem sendo "paga-passa", mas eu não veria problema algum em privatizar as referidas universidades no momento em que houvesse uma regulação eficiente no sentido de fazer essas IES particulares cobrarem de verdade os seus alunos e reprovarem os preguiçosos/incapazes!
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Poindexter
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Re.: Brasil “Neoliberal”

Mensagem por Poindexter »

Acauan escreveu:Saúde e educação poderiam até ser providos pela iniciativa privada com mais eficiência do que faz o Estado, mas a maioria dos liberais concorda que é preciso que a princípio o Estado toque estas atividades até que uma transição socialmente satisfatória possa ser feita para a iniciativa privada.


O que acabei de escrever sobre as IES públicas cai como uma luva nisto que você escreveu.

O Estado tem que ser forte sim, mas como regulador, mantenedor da segurança, dos marcos legais, da aplicação das leis, como desobstruidor de entraves à concorrência... e não como produtor de ferro, aço, telefones, sapatos, saúde, educação, água mineral, petróleo, energia...

O Estado tem que definir as datas dos jogos com transparência, punir equipes que violam suas regras, julgar processos desportivos, dar segurança aos jogos e aplicar cartões amarelos e vermelhos quando necessário, mas não pode ser o jogador que vai lá e faz gol!
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Claudio Loredo
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Re.: Brasil “Neoliberal”

Mensagem por Claudio Loredo »

O ENCOSTO escreveu:

Só um poquinho ai, Claudio:

Uma empresa privada com executivos corruptos irá quebrar de qualquer jeito.

E quais são os "grandes grupos economicos" que pagam o mensalão aos deputados?

Por quê até agora não votaram as polemicas leis que modificam a CLT? Por quê não votam projetos que diminuiria a carga tributária?

Os "grandes grupos economicos" parecem estar a fim de apenas pagar o mensalão sem ganhar nada em troca.



Os grupos econômicos tem os seus representantes no congresso. Assim, os latifundiarios tem os deles, os banqueiros tem os deles e por ai vai. Muitas vezes os interesses desses grupos são conflitantes entre si, por isso cada um desses grupos precisa manter seus políticos lá para legislarem de acordo com seus interesses.

Os políticos por sua vez precisam se manter no poder. Por um lado eles procuram legislar para atender os interesses dos grupos que os financiam. Por outro, legislam para se manter no poder.

Eles não fazem a reforma tributária porque o poder de tributar é o poder de destruir os inimigos e favorecer os amigos. Com o sistema tributário caótico que temos pode-se favorecer as empresas financiadoras de suas campanhas e prejudicar os concorrentes.

Outro motivo pelo qual a reforma tributária não é feita é devido a divisão do poder no Brasil. Reforma tributária significa redistribuição de poderes, como nem os politicos estaduais, nem os federais e nem os municipais querem perder um milimetro de poder, a reforma tributária não é feita.

A reforma trabalhista não sai devido a fortes divergências entre centrais sindicais e entidades patronais. Há a questão como modernizar o mercado de trabalho sem retirar os direitos sociais? Acredito que há também divergências entre os entes federados. Há uma série de interesses em jogo que dificultam a reforma trabalhista.

Infelizmente, os grupos econômicos que corrompem nossos políticos só pensam em seus interesses imediatos.


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Poindexter
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Re: Re.: Brasil “Neoliberal”

Mensagem por Poindexter »

Claudio Loredo escreveu:Os grupos econômicos tem os seus representantes no congresso. Assim, os latifundiarios tem os deles, os banqueiros tem os deles e por ai vai.


Daí, como conseqüência, o Estado age de forma mercantilista, concedendo toda sorte de privilégios à alguns poucos "ungidos", prejudicando a livre concorrência.

O liberalismo é contra os lobbies, Cláudio. O liberalismo defende a idéia de que o Estado deve ser FOMENTADOR da livre concorrência, e não obstáculo à ela.


Claudio Loredo escreveu: Muitas vezes os interesses desses grupos são conflitantes entre si, por isso cada um desses grupos precisa manter seus políticos lá para legislarem de acordo com seus interesses.


Daí, como conseqüência, o Estado age de forma mercantilista, concedendo toda sorte de privilégios à alguns poucos "ungidos", prejudicando a livre concorrência.

O liberalismo é contra os lobbies, Cláudio. O liberalismo defende a idéia de que o Estado deve ser FOMENTADOR da livre concorrência, e não obstáculo à ela.


Claudio Loredo escreveu:Os políticos por sua vez precisam se manter no poder. Por um lado eles procuram legislar para atender os interesses dos grupos que os financiam. Por outro, legislam para se manter no poder.

Eles não fazem a reforma tributária porque o poder de tributar é o poder de destruir os inimigos e favorecer os amigos. Com o sistema tributário caótico que temos pode-se favorecer as empresas financiadoras de suas campanhas e prejudicar os concorrentes.

Outro motivo pelo qual a reforma tributária não é feita é devido a divisão do poder no Brasil. Reforma tributária significa redistribuição de poderes, como nem os politicos estaduais, nem os federais e nem os municipais querem perder um milimetro de poder, a reforma tributária não é feita.


Daí a necessidade de sairmos do Mercantilismo e realmente ingressarmos no Capitalismo! Devemos sair do século XVI e ingressar ao menos no XX!


Claudio Loredo escreveu:A reforma trabalhista não sai devido a fortes divergências entre centrais sindicais e entidades patronais.


Quando a situação não se acerta entre as partes, cabe, aí sim, ao Estado, definir discricionariamente o marco legal, sujeito estes a ajustes posteriores, porém não freqüentes demais.


Claudio Loredo escreveu: Há a questão como modernizar o mercado de trabalho sem retirar os direitos sociais?


O maior garantidor dos direitos sociais não é o Estado, mas sim a livre concorrência. De nada adianta o Estado dar ou manter direitos sociais por decretos se não há uma economia forte o suficiente para garantir estes direitos na prática.


Claudio Loredo escreveu: Acredito que há também divergências entre os entes federados. Há uma série de interesses em jogo que dificultam a reforma trabalhista.


Outro problema brasileiro: a insuficiência de poder legislador dos Estados... tudo acaba sendo assunto para a União resolver, como se o Rio Grandedo Sul e o Amazonas fossem ambientes iguais...


Claudio Loredo escreveu:Infelizmente, os grupos econômicos que corrompem nossos políticos só pensam em seus interesses imediatos.


Lobista, Cláudio, existe em qualquer lugar, e em qualquer época, desde que o Estado foi criado. Na Roma Antiga, já havia pessoas puxando o saco do Imperador para ganharem vantagens e privilégios. Só existe uma solução para isto, Cláudio: o povo tem que evitar ao máximo estas "mamatas"... o povo tem que fiscalizar...

Esta é uma das maiores diferenças entre os E.U.A. e o Brasil, que fazem eles estarem no 1o Mundo e nós no 3o... eles sabem que o Estado deve ser fiscalizado... ELES TOMAM PARA SI PRÓPRIOS A RESPONSABILIDADE SOBRE O BOM FUNCIONAMENTO DO ESTADO, ao contrário da população brasileira, que apenas espera que o Estado faça tudo para elas sem sequer se lembrarem de quem votaram nas últimas eleições!

O problema taí, Cláudio, e não na concorrência, no Capitalismo...
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FredLC
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Re: Re.: Brasil “Neoliberal”

Mensagem por FredLC »

Acauan escreveu:
Claudio Loredo escreveu:
Acauan,

A iniciativa privada é mais eficiente do que o governo para produzir os bens de consumo dos quais os telefones são um exemplo. No caso dos telefones, foi um abusurdo o governo ter mantido durante tanto tempo o monopólio deste setor, uma vez que esta atividade deve ser guiada pelas necessidades do mercado.

Só que existem bens que a iniciativa privada não atende como é o caso da saúde, educação e segurança para a população de baixa renda. Essas atividades são essenciais e não podem ficar na dependência do objetivo do lucro.

O governo também deve intervir para controlar as distorções da economia de mercado. Dai, o que eu digo é que o mercado, por si só, não consegue promover o bem social. As empresas precisam do governo para garantir o bom funcionamento da economia.


Claudio,

Quem prega uma sociedade sem governo ou Estado são os anarquistas, não os liberais.

Os liberais acreditam que o Estado deve se concentrar nas atividades que lhe são naturais como prover justiça, segurança e uma ordem pública satisfatória ao respeito aos contratos.

Saúde e educação poderiam até ser providos pela iniciativa privada com mais eficiência do que faz o Estado, mas a maioria dos liberais concorda que é preciso que a princípio o Estado toque estas atividades até que uma transição socialmente satisfatória possa ser feita para a iniciativa privada.

Note que saúde e educação pública é diferente de saúde e educação gratuíta.
Você pode ter saúde e educação provida pelo Estado e paga pelo consumidor, como pode ter saúde e educação provida pela iniciativa privada e custeada pelo Estado, sendo gratuíta ao usuário.

É uma questão de encontrar o modelo mais eficiente do ponto de vista sócio-econômico.
Não são casos muito diferentes da telefonia.

O que vemos hoje na saúde é um exemplo claro. Os hospitais públicos prestam uma porcaria de serviço à população e custam uma fortuna aos cofres públicos porque estão estufados de funcionários e a corrupção come solta.
Sairia muito mais barato um sistema de concessão, no qual a população de baixa renda teria acesso a saúde custeada pelo Estado mas fornecida e administrada pela iniciativa privada, que seguiria regras regulamentares contratuais semelhantes às aplicadas à telefonia.


Hmmm... Acauan, se a telefonia por orelhão foi mantida/ampliada através de contratos de concessão, com condições elaboradas pelo governo, foi o mercado ou o controle estatal (materializado contratualmente, não imperativamente, mas um interesse social, de orientação pública) o responsável por isso, ainda que o know-hall/tecnologia tenha sido privada?

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Claudio Loredo
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Re: Re.: Brasil “Neoliberal”

Mensagem por Claudio Loredo »

Acauan escreveu:Claudio,

Quem prega uma sociedade sem governo ou Estado são os anarquistas, não os liberais.


O problema são os anarco-capitalistas-radicais. Estes pregam a ausência total do Estado em favor do domínio das grades coorporações. Ou seja, uma sociedade na qual só os mais fortes sobrevivem.

Há também os que se denominam neoliberais e pregam o Estado mínimo. Estes acham que o Estado não deve intervir na econômia. O que é errado, pois na economia de mercado há as distorções e assimetrias que devem ser corrigidas para o bem de todos.

Existem também as atividades nas quais a iniciativa privada não atua por não oferecer lucro, mas que representam necessidades sociais. Nestas atividades o estado deve atuar. Caso a iniciativa privada mostre-se mais eficiênte para suprir essas lacunas, no sentido de proporcionar bem-estar social, ela deve substituir o Estado.


Acauan escreveu:
O que vemos hoje na saúde é um exemplo claro. Os hospitais públicos prestam uma porcaria de serviço à população e custam uma fortuna aos cofres públicos porque estão estufados de funcionários e a corrupção come solta.
Sairia muito mais barato um sistema de concessão, no qual a população de baixa renda teria acesso a saúde custeada pelo Estado mas fornecida e administrada pela iniciativa privada, que seguiria regras regulamentares contratuais semelhantes às aplicadas à telefonia.


Acredito ser desnecessária a terceirização, por parte do governo, de serviços essenciais como, por exemplo, a saúde. O Estado pode oferecer este serviço de forma tão ou mais eficiente do que a iniciativa privada. Basta para isto que sejam eliminados os cargos em comissão e o controle popular seja exercido sobre as despesas do governo.

A corrupção, na saúde, não existe por parte dos médicos, ou dos enfermeiros, ou de qualquer outro profissional que lide diretamente com a população. A corrupção sempre parte dos administradores que foram colocados em cargos de chefia pelo partido político que ganhou a eleição. Caso esses cargos em comissão não existissem, não haveria tanta corrupção. Por isso, devemos imitar o exemplo dos países desenvolvidos que impedem a influências dos políticos sobre o serviço público.

Outra forma de impedir desvios é através do controle popular que é cada vez mais fácil de ser exercido devido aos avanços tecnológicos.

Quando se rouba dinheiro do Estado são todos os cidadãos que estão sendo lesados, por isso a sociedade deve exercer este controle.

A demanda popular por bons serviços públicos já existe e os funcionários públicos são forçados a atende-la. 99% desses funcionários são pessoas honestas e trabalhadoras e não tem culpa se os administradores públicos são escolhidos por critérios políticos, quando não deveria ser assim.

Discordo de que exista excesso de funcionários na saúde. Penso que há falta.

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Acauan
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Re: Re.: Brasil “Neoliberal”

Mensagem por Acauan »

FredLC escreveu:Hmmm... Acauan, se a telefonia por orelhão foi mantida/ampliada através de contratos de concessão, com condições elaboradas pelo governo, foi o mercado ou o controle estatal (materializado contratualmente, não imperativamente, mas um interesse social, de orientação pública) o responsável por isso, ainda que o know-hall/tecnologia tenha sido privada?


Fred,

Foi o mercado e não o controle estatal por uma questão simples, as regras do jogo foram definidas em contrato.
Cumprimento de contratos é a base de qualquer economia de mercado.

Neste caso as partes eram uma concessionária e o governo, como podiam ser cliente e fornecedor de qualquer transação comercial.

A diferença entre controle estatal e concessão pública é que no primeiro o Estado é poder instituído, enquanto no outro é parte contratante, ou seja, as relações são pautadas pelo interesse mútuo e não pela imposição de uma parte sobre a outra.

No fim, a única coisa que faz o sistema de concessões funcionar é justamente a economia de mercado, já que, falando de modo simples, se uma concessionária não quiser ou não conseguir cumprir o que foi estabelecido, tem outras que querem e conseguem. Ou seja, é a concorrência e não a intervenção do poder público que faz as coisas andarem bem, do mesmo modo que você, quando está insatisfeito com um fornecedor de bens ou serviços não invade o estabelecimento dele e tenta impor seu controle para que o serviço seja melhor, você simplesmente o troca, leva o seu dinheiro para onde obtém melhor retorno.

Concorda?
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Mensagem por Acauan »

Claudio Loredo escreveu:
Acauan escreveu:Claudio,

Quem prega uma sociedade sem governo ou Estado são os anarquistas, não os liberais.

O problema são os anarco-capitalistas-radicais. Estes pregam a ausência total do Estado em favor do domínio das grades coorporações. Ou seja, uma sociedade na qual só os mais fortes sobrevivem.


Cláudio, cite o nome de apenas um destes tais anarco-capitalistas-radicais. Nem Milton Friedman, um dos mais extremados defensores do moderno Liberalismo nunca propôs coisa parecida.

Claudio Loredo escreveu:Há também os que se denominam neoliberais e pregam o Estado mínimo. Estes acham que o Estado não deve intervir na econômia. O que é errado, pois na economia de mercado há as distorções e assimetrias que devem ser corrigidas para o bem de todos.


Desculpe se me repito mas cite o nome de apenas um destes que "se denominam neoliberais" e pregam o que disse.
Para começar, os verdadeiros liberais não morrem de amores pela alcunha "neo-liberal", muito usada pela esquerda por ter uma sonoridade parecida com neo-nazista e outras aberrações políticas.
No mais, TODOS os liberais são muito claros e decididos em sua defesa dos Bancos Centrais independentes, cuja função é justamente monitorar o andamento da economia, prever cenários futuros e atuar preventivamente de modo a equilibrar as relações entre investimento e poupança e assim garantir o melhor nível de crescimento econômico possível no cenário em questão. É o que faz o Federal Reserve, por exemplo.
Políticas tributárias consistentes e adequadas às necessidades econômicas é outra bandeira comum dos liberais e outra forma de o Estado intervir na Economia de modo não traumático, estimulando mais ou menos o consumo e a produção conforme a época assim recomende, desde que não se confunda política tributária com renúncia fiscal, que é o que acontece por aqui.


Claudio Loredo escreveu:Existem também as atividades nas quais a iniciativa privada não atua por não oferecer lucro, mas que representam necessidades sociais. Nestas atividades o estado deve atuar. Caso a iniciativa privada mostre-se mais eficiênte para suprir essas lacunas, no sentido de proporcionar bem-estar social, ela deve substituir o Estado.


Os liberais defendem exatamente isto. Segurança pública, por exemplo, é uma atividade difícil de ser absorvida pela iniciativa privada, assim como a segurança nacional. Como se vê, os liberais não são os bicho-papões que alguns pintam.

Claudio Loredo escreveu:
Acauan escreveu:O que vemos hoje na saúde é um exemplo claro. Os hospitais públicos prestam uma porcaria de serviço à população e custam uma fortuna aos cofres públicos porque estão estufados de funcionários e a corrupção come solta.
Sairia muito mais barato um sistema de concessão, no qual a população de baixa renda teria acesso a saúde custeada pelo Estado mas fornecida e administrada pela iniciativa privada, que seguiria regras regulamentares contratuais semelhantes às aplicadas à telefonia.

Acredito ser desnecessária a terceirização, por parte do governo, de serviços essenciais como, por exemplo, a saúde. O Estado pode oferecer este serviço de forma tão ou mais eficiente do que a iniciativa privada. Basta para isto que sejam eliminados os cargos em comissão e o controle popular seja exercido sobre as despesas do governo.


Cláudio, esqueça esta conversa de "controle popular", isto nunca existiu e nunca vai existir. O povo não é uma pessoa e nem uma instituição, logo sua ação só se expressa efetivamente por meio de representantes. Numa sociedade democrática o povo é representado pelos governantes. Falar em controle popular sobre atividades governamentais é propor representantes populares fora do governo para fiscalizar os representantes populares no governo. E quem fiscaliza os representantes populares fora do governo? Este tipo de proposta cria um ciclo sem fim, é uma das bandeiras do PT com seus orçamentos participativos e outras bobagens do gênero que nunca foram nada mais que propaganda política ideológica.

Quanto à capacidade do Estado fornecer ou não serviços de saúde com eficiência, qualidade e sem corrupção, basta ver os exemplos internacionais.
A Inglaterra tem uma saúde estatal de ótima qualidade, mas seus custos são muito mais altos que os da medicina privada de mesma qualidade praticada nos Estados Unidos. Sai mais barato para o governo britânico entregar a administração da saúde às empresas especializadas e simplesmente pagar a conta do que transformar o Estado em administrador de hospitais, coisa que foge à sua competência natural.


Claudio Loredo escreveu:A corrupção, na saúde, não existe por parte dos médicos, ou dos enfermeiros, ou de qualquer outro profissional que lide diretamente com a população. A corrupção sempre parte dos administradores que foram colocados em cargos de chefia pelo partido político que ganhou a eleição. Caso esses cargos em comissão não existissem, não haveria tanta corrupção. Por isso, devemos imitar o exemplo dos países desenvolvidos que impedem a influências dos políticos sobre o serviço público.


Cláudio, me desculpe perguntar, mas em que parte da Ilha da Fantasia você vive?
Você realmente acredita que não existam médicos ou enfermeiros corruptos e que a corrupção se restrinja "aos de cima"??? Lamento informar que é público e notório que não é isto que ocorre.
A corrupção em órgãos públicos é generalizada, sendo óbvio que o poder de dano aumenta com o cargo, mas a corrupção ocorre desde enfermeiros que desviam remédios dos estoques para uso pessoal ou revenda, passa por certos médicos que cobram "por fora" para prestar serviços pelos quais já são pagos pelo Estado e chega, claro, na seleção dos fornecedores mediante "comissões" previamente combinadas com o cacique político local.
Todos estes fatos já foram noticiados e são bastante conhecidos. Para cada diretor do SUS que embolsa o dele, há milhares de recepcionistas de pronto-socorro dispostos a passar determinado paciente à frente da fila em troca de dez reais. Tudo é corrupção, só mudam os valores.


Claudio Loredo escreveu:Outra forma de impedir desvios é através do controle popular que é cada vez mais fácil de ser exercido devido aos avanços tecnológicos.


Otimismo exacerbado.
Para cada forma de "controle popular exercido devido ao avanço tecnológico" os corruptos encontrarão meios para burla-lo. É como aquele alarme de carro, que você instala hoje o último tipo, vendido como cem por cento seguro e no dia seguinte algum ladrão já descobriu como desativa-lo e espalhou a novidade.
Corruptos são profissionais especialistas, que conhecem profundamente os meandros da burocracia e estudam meticulosamente como usá-los em proveito próprio. Nenhum cidadão diletante tem chances contra este tipo de praga, com Internet ou sem.


Claudio Loredo escreveu:Quando se rouba dinheiro do Estado são todos os cidadãos que estão sendo lesados, por isso a sociedade deve exercer este controle.


É para isto que existe o governo e para isto que o governo é dividido em três poderes independentes, que se controlam entre si. A melhor forma de controle popular é o voto consciente. Numa sociedade em que a maioria da população não sabe em quem votou no último pleito é utopia falar em controle da sociedade, como se o geral desta sociedade reunisse as competências e vontades necessárias para tal.
Entidades de classe e organizações não governamentais que deveriam cumprir este papel com o tempo se tornam fisiológicas e ideológicas e passam a defender apenas os próprios interesses.
Curiosamente, o maior defensor dos interesses populares é uma instituição capitalista privada – a imprensa livre.


Claudio Loredo escreveu:A demanda popular por bons serviços públicos já existe e os funcionários públicos são forçados a atende-la. 99% desses funcionários são pessoas honestas e trabalhadoras e não tem culpa se os administradores públicos são escolhidos por critérios políticos, quando não deveria ser assim.

Discordo de que exista excesso de funcionários na saúde. Penso que há falta.


Acho desnecessário quando citamos uma atividade problema ficar destacando que os problemáticos são exceção. Me soa um pouco demagógico, como aqueles que falam mal das favelas e logo em seguida dizem que a maioria de seus habitantes são pessoas honestas e trabalhadoras. Isto não muda o fato que favelas são um grave problema social e devem ser tratadas assim.

Quanto ao serviço público, sei que você Cláudio deve ser um funcionário laborioso, competente e honesto e muitos de seus colegas o são. Mas falando sinceramente, os funcionários preguiçosos, incompetentes e corruptos podem ser minoria, mas não é uma minoria de 1%, são muito mais que isto e todo mundo que usa serviços públicos sabe.

Na saúde, como na maioria das atividades mantidas pelo Estado, faltam funcionários na atividade fim – médicos, enfermeiros, técnicos e atendentes do público, e sobram analistas de recursos humanos, gerentes de sistemas e técnicos administrativos, atividade meio. Ou seja, para cada funcionário que falta onde interessa há muitos onde não importa. Na soma, tem gente demais.
Nós, Índios.

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Liquid Snake
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Re: Re.: Brasil “Neoliberal”

Mensagem por Liquid Snake »

Claudio Loredo escreveu:
Acauan escreveu:Claudio,

Quem prega uma sociedade sem governo ou Estado são os anarquistas, não os liberais.


O problema são os anarco-capitalistas-radicais. Estes pregam a ausência total do Estado em favor do domínio das grades coorporações. Ou seja, uma sociedade na qual só os mais fortes sobrevivem.


Domínio das grandes corporações?? Explique-se.

Claudio Loredo escreveu:Há também os que se denominam neoliberais e pregam o Estado mínimo. Estes acham que o Estado não deve intervir na econômia. O que é errado, pois na economia de mercado há as distorções e assimetrias que devem ser corrigidas para o bem de todos.


Há distorções na economia de mercado?? Demonstre.

Claudio Loredo escreveu:Existem também as atividades nas quais a iniciativa privada não atua por não oferecer lucro, mas que representam necessidades sociais. Nestas atividades o estado deve atuar. Caso a iniciativa privada mostre-se mais eficiênte para suprir essas lacunas, no sentido de proporcionar bem-estar social, ela deve substituir o Estado.


Concordo.

Claudio Loredo escreveu:[color=#40ff40]
Acredito ser desnecessária a terceirização, por parte do governo, de serviços essenciais como, por exemplo, a saúde. O Estado pode oferecer este serviço de forma tão ou mais eficiente do que a iniciativa privada. Basta para isto que sejam eliminados os cargos em comissão e o controle popular seja exercido sobre as despesas do governo.


Pode? Qual a motivação do Estado para prover um serviço de boa qualidade ao consumidor? E de manter esse serviço bem administrado? Demonstre.

Claudio Loredo escreveu:A corrupção, na saúde, não existe por parte dos médicos, ou dos enfermeiros, ou de qualquer outro profissional que lide diretamente com a população. A corrupção sempre parte dos administradores que foram colocados em cargos de chefia pelo partido político que ganhou a eleição. Caso esses cargos em comissão não existissem, não haveria tanta corrupção. Por isso, devemos imitar o exemplo dos países desenvolvidos que impedem a influências dos políticos sobre o serviço público.


Nos países desenvolvidos se faz isso, mas tirando o serviço de saúde das mãos dos burocratas e colocando nas mãos dos empresários e acionistas.

Claudio Loredo escreveu:Outra forma de impedir desvios é através do controle popular que é cada vez mais fácil de ser exercido devido aos avanços tecnológicos.


Controle popular?? Você acredita que o povão tem algum interesse em "controlar" as despesas do Estado? Você acha que o zé povinho tem cara de administrador de empresas?

Claudio Loredo escreveu:Quando se rouba dinheiro do Estado são todos os cidadãos que estão sendo lesados, por isso a sociedade deve exercer este controle.


Tsc, desculpe lhe falar isso, mas és muito ingênuo. Não consegue enxergar a prática, ao seu redor? Muito me espanta a afirmação acima vir de um brasileiro.

O povão não é um acionista exigente, e o Estado não é um empresário honesto e eficiente. O povão sempre será/foi roubado e nunca fará/fez nada para contonar a situação.

Claudio Loredo escreveu:A demanda popular por bons serviços públicos já existe e os funcionários públicos são forçados a atende-la. 99% desses funcionários são pessoas honestas e trabalhadoras e não tem culpa se os administradores públicos são escolhidos por critérios políticos, quando não deveria ser assim.


São??? Já foi atendido pelo SUS? Já percebeu a "boa-vontade" dos funcionários, que tratam as pessoas humildes como cachorros, pois sabem que dificilmente serão demitidos?

Claudio Loredo escreveu:Discordo de que exista excesso de funcionários na saúde. Penso que há falta.


Há falta de capitalismo, isso sim.
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Mensagem por Aurelio Moraes »

Cláudio, me desculpe perguntar, mas em que parte da Ilha da Fantasia você vive?


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FredLC
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Re.: Brasil “Neoliberal”

Mensagem por FredLC »

Acauan escreveu:
FredLC escreveu:Hmmm... Acauan, se a telefonia por orelhão foi mantida/ampliada através de contratos de concessão, com condições elaboradas pelo governo, foi o mercado ou o controle estatal (materializado contratualmente, não imperativamente, mas um interesse social, de orientação pública) o responsável por isso, ainda que o know-hall/tecnologia tenha sido privada?


Fred,

Foi o mercado e não o controle estatal por uma questão simples, as regras do jogo foram definidas em contrato.
Cumprimento de contratos é a base de qualquer economia de mercado.

Neste caso as partes eram uma concessionária e o governo, como podiam ser cliente e fornecedor de qualquer transação comercial.

A diferença entre controle estatal e concessão pública é que no primeiro o Estado é poder instituído, enquanto no outro é parte contratante, ou seja, as relações são pautadas pelo interesse mútuo e não pela imposição de uma parte sobre a outra.

No fim, a única coisa que faz o sistema de concessões funcionar é justamente a economia de mercado, já que, falando de modo simples, se uma concessionária não quiser ou não conseguir cumprir o que foi estabelecido, tem outras que querem e conseguem. Ou seja, é a concorrência e não a intervenção do poder público que faz as coisas andarem bem, do mesmo modo que você, quando está insatisfeito com um fornecedor de bens ou serviços não invade o estabelecimento dele e tenta impor seu controle para que o serviço seja melhor, você simplesmente o troca, leva o seu dinheiro para onde obtém melhor retorno.

Concorda?


Bom, antes de tudo, desculpa pela demora para responder, estava ocupado com outras coisas ultimamente, e só fiz “posts” leves.

Quanto ao afirmado... não, na verdade, não concordo muito.

Primeiro, o contrato de concessão é uma modalidade de contrato administrativo, que, por excelência, é integrado pelas chamadas “cláusulas exorbitantes”, que permitem a intervenção do Estado no caso de o serviço estar sendo prestado de maneira julgada insatisfatória. Permitem, também, a rescisão unilateral e não dão igualdade para as partes, uma vez que o Estado pode obrigar a parte a realizar a tarefa a contento, se não houver substitutos imediatos factíveis, de forma que o distrato, elemento do contratualismo clássico, não é o único elemento punitivo envolvido. Há, também, cláusulas obrigatórias, não sujeitas à vontade de nenhuma das partes.

Além disso, o distrato não está sujeito à vontade do Estado, nem mesmo pagando cláusula penal. Se a concessionária prestar o serviço a contento (nos termos do edital), o Estado não pode descontratar e pagar outra que seja melhor e mais barata, nem pagando cláusula penal (poderia sim pagar todas as parcelas devidas sem exigir o serviço para iniciar outro, mas isso torna o direito irrealizável). O direito envolvido na vitória da licitação é pessoal subjetivo (embora condicionado), antes de ser contratual.

Mas o elemento fundamental de diferença entre os dois é que a concessionária não é contratada para prestar um serviço para o Estado... ela ganha autorização estatal para prestar serviços para terceiros. mesmo em serviços em que contrata para si mesmo, o procedimento licitatório segue um interesse diferente do da realização do serviço - ver adiante – mas, voltando ao caso da telefonia deste tópico, o Estado não contrata a empresa para que esta lhe preste serviços telefônicos – ela faz sim uma grande concessão para que a empresa forneça telefonia, de forma privada, ao povo.

Não se observa, assim, um liberalismo estrito, laissez-faire. Pelo contrário, o que se observa nesse tipo de conduta, é uma espécie de neo-mercantilismo, orientado pelo princípio do interesse público. Com a concessão de áreas de atuação, não se tem real concorrência, mas um monopólio concedido pelo “príncipe”.

Para explanar melhor essa situação, deixe-me explicar um conceito comum de direito administrativo, da dicotomia do interesse público. O Estado possui dois interesses, o primário e o secundário. O primário é o interesse em atender a população. O secundário, é o de resguardar seu patrimônio e interesse enquanto órgão. Muitas vezes, eles entram em conflito (por exemplo, pode ser do interesse secundário contratar empresa X, que é mais barata, mas do primário contratar a Y, que fornece serviços de igual qualidade em áreas que a outra não alcança). A diferença entre o mercantilismo clássico e as concessões é que naquele só havia o interesse secundário (não havia ainda sido reconhecida a dicotomia), e este tem a prevalência do primário.

Assim, temos áreas do país divididas entre Telemar e Telefônica. Usuários de cada região não podem optar pela outra, que simplesmente não opera na sua região. Há verdadeiro monopólio, inexistindo a livre concorrência característica do contratualismo e, em conseqüência, do neo-liberalismo.

Se o serviço está sendo mal feito, não é o esvaziamento da clientela que mata a empresa, mas sim a vigília do Estado, que suspende o a concessão. Temos, então, um fiscal ou quase-gestor, orientado pelo interesse público, e não pela insatisfação pessoal com o serviço, definindo quem será a próxima a monopolizar a área.

O nível de ingerência do Estado, a quantidade de poder e o tipo de interesse envolvidos, bem como a dinâmica da prestação de serviços, são muito diferentes mesmos da pregação de livre-concorrência do neo-liberalismo, pois se dá somente em macro-escala e cria um monopólio formal sujeito a avaliações públicas periódicas. Os cenários são, portanto, inconfundíveis.

Na minha opinião, a nova telefonia brasileira ser reconhecida como sucesso retumbante não autoriza os neo-liberais de plantão a apropriar-se do exemplo; eles estão atirando no próprio pé. Se ela prova alguma coisa, é que dirigismo estatal não é sinônimo de palavrão – se bem planejado e realizado, e mantendo uma dose saudável de concorrência para garantir a meritocracia (que deixa de ser dogmaticamente considerada exclusividade do mercado “livre”), o reconhecimento ministerial é tão capaz de apontar os bons realizadores quanto o é a “mão invisível” do mercado – o que fica provado pelo que eu descrevi acima.

Claro que não estou pregando planos qüinqüenais, mas apenas apontando que o mercado livre é melhor que uma má interferência pública, e não que uma interferência “per se”. Parto sempre do princípio que inteligência humana aplicada a processos torna-os mais eficientes que o acaso pueril. O grande ponto, então, não é abolir a interferência, mas garantir que a inteligente, e não a burra, seja usada. Esse é, na minha opinião, o desafio do milênio no que tange a economia, e por isso, vejo a atual ascensão de idéias liberais (não digo nem neo-liberais, digo liberais mesmo, estamos vendo o desmonte do interesse social) como um passo atrás. Espero que seja só um impulso para dar dois à frente.

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Acauan
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Mensagem por Acauan »

FredLC escreveu:Primeiro, o contrato de concessão é uma modalidade de contrato administrativo, que, por excelência, é integrado pelas chamadas “cláusulas exorbitantes”, que permitem a intervenção do Estado no caso de o serviço estar sendo prestado de maneira julgada insatisfatória. Permitem, também, a rescisão unilateral e não dão igualdade para as partes, uma vez que o Estado pode obrigar a parte a realizar a tarefa a contento, se não houver substitutos imediatos factíveis, de forma que o distrato, elemento do contratualismo clássico, não é o único elemento punitivo envolvido. Há, também, cláusulas obrigatórias, não sujeitas à vontade de nenhuma das partes.

Além disso, o distrato não está sujeito à vontade do Estado, nem mesmo pagando cláusula penal. Se a concessionária prestar o serviço a contento (nos termos do edital), o Estado não pode descontratar e pagar outra que seja melhor e mais barata, nem pagando cláusula penal (poderia sim pagar todas as parcelas devidas sem exigir o serviço para iniciar outro, mas isso torna o direito irrealizável). O direito envolvido na vitória da licitação é pessoal subjetivo (embora condicionado), antes de ser contratual.


Fred, nenhuma destas questões técnicas muda o fato que a relação entre as partes é facultativa e contratual.
A empresa que assina o contrato o faz porque quer e porque acredita que poderá obter lucro apesar de todas as "cláusulas isto" e "cláusulas aquilo". Havendo mais de uma empresa interessada no contrato, o Estado cede a concessão àquela que apresentar a melhor proposta. Não havendo nenhuma interessada o governo precisa melhorar sua oferta.
A essência do Liberalismo é que as regras do jogo devem ser definidas contratualmente, aceitas consensualmente pelas partes e uma vez aceitas, respeitadas.
Isto é diferente de intervenção estatal, quando o Estado define as regras do jogo, escolhe quem serão os participantes e muda as regras quando lhe convém.

No mais, qualquer contrato pode ter cláusulas que conferem poderes especiais a uma das partes, como os contratos de compra de navios que dão aos compradores o direito de inspecionar as instalações do fabricante, o processo de fabricação das naves e de acionar garantias contratuais caso suas exigências não estiverem sendo cumpridas, antes mesmo de o produto ser acabado.


FredLC escreveu: Mas o elemento fundamental de diferença entre os dois é que a concessionária não é contratada para prestar um serviço para o Estado... ela ganha autorização estatal para prestar serviços para terceiros. mesmo em serviços em que contrata para si mesmo, o procedimento licitatório segue um interesse diferente do da realização do serviço - ver adiante – mas, voltando ao caso da telefonia deste tópico, o Estado não contrata a empresa para que esta lhe preste serviços telefônicos – ela faz sim uma grande concessão para que a empresa forneça telefonia, de forma privada, ao povo.


E qual o problema? Fornecimento de serviços de telefonia é uma atividade que exige regulamentação. Não se pode simplesmente deixar quem quiser vender telefones abrir sua empresa e sair por aí esburacando ruas, passando fios pelos postes e erguendo torres de retransmissão conforme seus interesses empresariais porque estas atividades tem forte impacto sobre a propriedade e interesse público. Atividades que tem tais impactos devem ser regulamentados pelo Estado na proporção destes impactos. Só que regulamentar é diferente de intervir. O Estado estabelece as regras para que o interesse e a propriedade pública sejam respeitados, estabelece metas e fiscaliza operações e resultados, mas não mete o bedelho na gestão do negócio, seja a administrativa, comercial ou técnica.
Além disto, toda atividade empresarial está sujeita a algum tipo de regulamentação e controle do Estado. Se você abrir uma lanchonete terá que prestar contas às autoridades sanitárias sobre a regulamentação aplicável à venda de alimentos. Isto não quer dizer que o Estado seja co-gestor de sua lanchonete. Atividades de impacto social muito maior como a telefonia exigem regulamentação maior, mas a regra de inexistência de co-gestão do Estado continua valendo e é isto que caracteriza a política Liberal.


FredLC escreveu: Não se observa, assim, um liberalismo estrito, laissez-faire. Pelo contrário, o que se observa nesse tipo de conduta, é uma espécie de neo-mercantilismo, orientado pelo princípio do interesse público. Com a concessão de áreas de atuação, não se tem real concorrência, mas um monopólio concedido pelo “príncipe”.


Errado, pois no mercantilismo o Estado é co-gestor das empresas privadas, o que não ocorre nas concessões públicas.
Além disto é um conceito básico em economia que existem mercados que são monopólios naturais, como por exemplo, fornecimento de água e esgoto. Mesmo que a empresa de saneamento básico seja privada, não há como se instalar numa mesma área dois sistemas de suprimento de água e esgoto independentes entre si para que o consumidor escolha o melhor. Nos monopólios naturais o esquema de concessão do Estado é a única forma de garantir alguma concorrência, que se dá na escolha da concessionária e na manutenção da mesma como tal.
A diferença disto para o mercantilismo é que o mercantilismo, além de possuir a figura do Estado co-gestor, não se limita a distribuir concessões apenas nos monopólios naturais, ele invade áreas onde a livre concorrência produziria melhores resultados.


FredLC escreveu: Para explanar melhor essa situação, deixe-me explicar um conceito comum de direito administrativo, da dicotomia do interesse público. O Estado possui dois interesses, o primário e o secundário. O primário é o interesse em atender a população. O secundário, é o de resguardar seu patrimônio e interesse enquanto órgão. Muitas vezes, eles entram em conflito (por exemplo, pode ser do interesse secundário contratar empresa X, que é mais barata, mas do primário contratar a Y, que fornece serviços de igual qualidade em áreas que a outra não alcança). A diferença entre o mercantilismo clássico e as concessões é que naquele só havia o interesse secundário (não havia ainda sido reconhecida a dicotomia), e este tem a prevalência do primário.


O Estado Liberal só pode atuar nos limites da realidade. Não há como subtrairmos o Estado de onde ele é necessário, o problema é identificar onde ele é necessário e onde a iniciativa privada é mais eficiente. Usar os monopólios naturais para analisar se um sistema atende ou não às regras do Liberalismo é pautar-se pela exceção, não pela regra, mesmo porque, como exposto, mesmo nos monopólios naturais a atuação do Estado é regulamentadora e não co-gestora.

FredLC escreveu: Assim, temos áreas do país divididas entre Telemar e Telefônica. Usuários de cada região não podem optar pela outra, que simplesmente não opera na sua região. Há verdadeiro monopólio, inexistindo a livre concorrência característica do contratualismo e, em conseqüência, do neo-liberalismo.


Não sei como estão distribuídas as concessões no Brasil inteiro, mas em São Paulo você pode escolher entre duas companhias de telefonia fixa local, três companhias de telefonia fixa de longa distância e três companhias de telefonia móvel, se é que não esqueci nenhuma. Se isto não é concorrência, não sei o que seria.

FredLC escreveu: Se o serviço está sendo mal feito, não é o esvaziamento da clientela que mata a empresa, mas sim a vigília do Estado, que suspende o a concessão. Temos, então, um fiscal ou quase-gestor, orientado pelo interesse público, e não pela insatisfação pessoal com o serviço, definindo quem será a próxima a monopolizar a área.


Isto não é verdadeiro, pois nos últimos anos no Brasil inteiro ocorreu uma verdadeira explosão de vendas de celulares, principalmente pré-pagos, em grande parte decorrente das insatisfações com os fornecedores de telefonia fixa.
Isto forçou muitas destas companhias a melhorar o serviço não por conta da intervenção estatal, mas pela perda de clientes para as opções existentes.


FredLC escreveu: O nível de ingerência do Estado, a quantidade de poder e o tipo de interesse envolvidos, bem como a dinâmica da prestação de serviços, são muito diferentes mesmos da pregação de livre-concorrência do neo-liberalismo, pois se dá somente em macro-escala e cria um monopólio formal sujeito a avaliações públicas periódicas. Os cenários são, portanto, inconfundíveis.


Regulamentação não é ingerência, principalmente quando o contrato define claramente os limites dela. Ingerência ocorre quando do dia para a noite o governo emite uma lei que muda as regras do jogo econômico para as empresas e estas têm que obedecer. Só isto faz toda a diferença do mundo. Num contrato, por mais draconianas que sejam as cláusulas, as empresas tem a opção de estuda-lo e decidir se o aceitam ou não. Na intervenção o Estado simplesmente enfia goela abaixo da empresa suas determinações e elas que se danem caso não queiram ou não possam atende-las.

FredLC escreveu: Na minha opinião, a nova telefonia brasileira ser reconhecida como sucesso retumbante não autoriza os neo-liberais de plantão a apropriar-se do exemplo; eles estão atirando no próprio pé. Se ela prova alguma coisa, é que dirigismo estatal não é sinônimo de palavrão – se bem planejado e realizado, e mantendo uma dose saudável de concorrência para garantir a meritocracia (que deixa de ser dogmaticamente considerada exclusividade do mercado “livre”), o reconhecimento ministerial é tão capaz de apontar os bons realizadores quanto o é a “mão invisível” do mercado – o que fica provado pelo que eu descrevi acima.


Me repetindo, se a troca de uma telefonia estatal que vendia um telefone fixo a quatro mil dólares e demorava anos para instalá-lo por uma telefonia fornecida por empresas privadas que cobram cem reais pela mesma linha e a instalam no dia seguinte não é um sucesso retumbante, não sei o que seria.
Como já disse, Liberalismo não é sinônimo de anarquia. Os Liberais não querem que o Estado desapareça, apenas que se limite às funções nas quais sua ação é requerida e benéfica, o que justifica o modelo de concessão regulamentada como um sucesso Liberal, mesmo com o Estado cumprindo seu papel, de defensor do interesse público e não de gestor do fornecimento dos serviços.


FredLC escreveu: Claro que não estou pregando planos qüinqüenais, mas apenas apontando que o mercado livre é melhor que uma má interferência pública, e não que uma interferência “per se”. Parto sempre do princípio que inteligência humana aplicada a processos torna-os mais eficientes que o acaso pueril. O grande ponto, então, não é abolir a interferência, mas garantir que a inteligente, e não a burra, seja usada. Esse é, na minha opinião, o desafio do milênio no que tange a economia, e por isso, vejo a atual ascensão de idéias liberais (não digo nem neo-liberais, digo liberais mesmo, estamos vendo o desmonte do interesse social) como um passo atrás. Espero que seja só um impulso para dar dois à frente.


Fred, este é o discurso padrão dos marxistas (não estou dizendo que você o seja). "O problema não é que o socialismo fracassou, o problema é que o socialismo mal aplicado dos soviéticos fracassou, se o socialismo for bem aplicado, blá, blá, blá..."

Os números não mentem e os números provam que quanto menos intervenção do Estado na gestão interna das empresas, maior a eficiência.
Isto não implica que o Estado deva ser privado de sua função de defensor do interesse público, razão de sua existência, coisa que ele faz cobrando impostos, provendo saúde e educação gratuita, cuidando da segurança pública e nacional e, cumprindo e fazendo cumprir contratos, que é justamente o caso que ocorre na telefonia e demais concessões públicas.
Nós, Índios.

Acauan Guajajara
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