Religião é Veneno. Fórum de discussão de assuntos relevantes para o ateísmo, agnosticismo, humanismo e ceticismo. Defesa da razão e do Método Científico.
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Huxley escreveu:A proibição de casamento entre pessoas de mesmo sexo e da poligamia é algo que viola claramente o princípio liberal da igualdade de direitos para todos os indivíduos. Não existe essa história de “liberal-conservador”. Ou se é liberal ou não é.
Que mal pode fazer, por exemplo, alguém ver um casamento de duas mulheres? A transmissão de “ondas cerebrais homossexuais” para o cérebro de pessoas incapazes de se defender da homossexualidade? Faça-me o favor.
A legislação deve ser objetiva, não deve incluir a consideração de crenças morais subjetivas para cercear as liberdades civis. Se você não gosta de ver caricaturas de seu profeta favorito, isso é problema seu, já que você não tem o direito de cercear a liberdade de expressão dos caricaturistas. De modo análogo, se ver duas mulheres se beijando te incomoda, vá até uma parede e bata a cabeça várias vezes nela até a raiva passar.
Voce esta errado em todas as suas colocacoes.
Primeiro, nao existe proibicao do "casamento homossexual" ou poligamico vigente em nenhuma nacao democratica que se baseie em principios liberais de igualdade de direitos para todos os individuos. Um homem adulto pode cohabitar com um numero indefinido de outros homems e mulheres, e seus contatos eroticos-afetivos, assim como as formas como compartilham seus bens e dividem suas responsabilidades, dizem respeito apenas aos envolvidos.
O que nao existe na maioria das sociedades ocidentais e uma legislacao e direitos institucionais especificos para os individuos que vivem em cohabitacoes homossexuais e poligamicas. E nenhum liberal deve se sentir obrigado a defender tal coisa, baseado em que principio for.
Se existe uma legislacao vigente para o casamento monogamico heterossexual, pelas razoes culturais milenares que eu citei acima, derivadas sobretudo da confianca que as pessoas depositam naquilo que entendem como casamento, e isso independe de qualquer interpretacao religiosa. Homens e mulheres casam-se a seculos e constituem familias a seculos, sendo esta uma das formas contratuais mais antigas da nossa civilizacao e um de seus principais pilares culturais, sobre os quais muito mais tarde foram escritas as cartas constitucionais que definem o escopo e os limites da interferencia de cada Estado nacional sobre seus cidadaos.
A discussao se o Estado precisa realmente se envolver no casamento heterossexual monogamico, criando uma legislacao especifica e portanto bem mais espinhosa. Por tratar-se de um contrato que afeta a imensa maioria das pessoas, que e amplamente reconhecido desde tempos imemoriais, com implicacoes profundas nas vidas dos individuos, me parece razoavel que exista um aparato juridico especifico para interpreta-lo.
Do ponto de vista das leis e das vantagens tributarias, trata-se do reconhecimento da parte da propria Constituicao que define o Estado dos valores de uma insituicao milenar que a antecede em termos civilizatorios. Ao verificar a seguranca familiar representada pelo casamento (monogamico e heterossexual, caso seja preciso explicitar), a Constituicao compreende que desse casal ele pode desfrutar de uma maior confianca, ja que ambos assumem o compromisso de cooperar um com o outro, e criar adequadamente seus proprios filhos.
Nao se pode pegar simplesmente esse resultado de um enorme processo civilizatorio e generalizar para qualquer tipo de uniao, seja ela poligamica, homossexual, pedofilica ou zoofilica (ou outras modalidades mais exoticas), a titulo de uma pretensa igualdade de direitos, pois isso e balela. Dentro de certos limites legais, que evidentemente excluem a pedofilia e outras modalidades criminosas, as pessoas podem viver como quiserem, mas isso nao lhes da o direito de exigir um respaldo institucional para o seu modo de vida em particular, sob o pretexto que parecer mais adequado.
Como eu disse, se com o tempo, os homossexuais e poligamicos que cohabitem de uma forma que seja reconhecida pelos demais como estavel o suficiente para merecer um grau maior de confianca do que aquele destinado a uma outra pessoa qualquer, teremos entao estabelecido a instituicao do homossexualismo poligamico, e dai pode-se comecar a pensar em termos de beneficios dessa seguranca demonstrada.
Cabe aos poligamicos e homossexuais mostrarem seu valor como individuos e porque merecem tamanha confianca. Sao livres para viverem junto daqueles que quiserem, e caso mostrem valores reconhecidamente bons nas suas unioes, o que nao se dara em poucos anos mas em varias geracoes, poderao falar em mudancas institucionais.
O que se ve e exatamente o contrario. Atraves da introducao arbitraria dessas instituicoes, esses grupos de pressao visam atingir seus objetivos de conquista de privilegios e de desmoralizacao dos valores estabelecidos que os desagradam. Isso ja e uma clara demonstracao do quanto podemos confiar neles e em suas "instituicoes".
No mais, toda essa palhacada consiste num ataque sistematico a instituicao do casamento tal como ela e reconhecida por todos, e numa desmoralizacao de valores que os milenios de historia da Civilizacao Ocidental mostraram que sao verdadeiros bons. Se insere evidentemente no programa revolucionario desconstrucionista que vem ditando os mandamentos da destruicao das instituicoes que tao caro nos custaram e que definem tudo aquilo que entendemos por Bem, em troca da criacao de um Novo Homem, idealizado por intelectuais e burocratas avidos pelo poder absoluto que jamais poderao ter.
"Let 'em all go to hell, except cave 76" ~ Cave 76's national anthem
Procedure escreveu:A decisão de duas pessoas de se unirem com o fim de constituir família (casamento) sequer deveria estar vinculada de qualquer forma ao estado.
Essa e uma colocacao com certeza mais inteligente, mas de qualquer forma merece um exame mais adequado.
Para tanto, e necessario uma compreensao do que e o Estado.
Esse ente abstrato parece possuir uma definicao maleavel que aparece em diversas conotacoes segundo as conveniencias escolhidas pelo autor no momento.
Mas a verdade e que o Estado existe, em qualquer contexto, como aparato social de compulsao e coercao que existe para impedir a compulsao e coercao entre os individuos na sociedade em questao. Mesmo que o Estado tal como o conhecemos estenda seus poderes muito alem desse escopo original, e mesmo que muitos autores defendam varias outras funcoes para o Estado, essa continuara a ser sua funcao primordial.
(Estou desconsiderando aqui Estados totalitarios, cuja funcao e estabelecer a hegemonia de um grupo minoritario sobre todos os demais, pois tais Estados nao sao interessantes para a nossa questao)
O Estado e gerido e organizado por seres humanos, alem de ter suas diferentes atribuicoes (dentro e fora do escopo original) especificadas numa carta constitucional, escrita por homens. O Estado e produto da acao humana e portanto e falivel e imperfeito, como todas as coisas humanas. Cabe aos homens adequar seus metodos de gestao de modo a aperfeicoar o Estado na gestao da sua tarefa fundamental, ou seja, o estabelecimento e a garantia da paz entre os individuos de uma sociedade.
O Estado consome. Para que suas acoes se realizem sao necessarios o trabalho de diversos individuos e o consumo de diversos bens, e para tanto o Estado deve adquirir esses itens daqueles que os produzem, ou seja, as pessoas da sociedade. Essa cobranca, normalmente, se da na forma dos impostos pagos pelos cidadaos.
Feitas essas colocacoes, vamos a questao em si do casamento.
O casamento existe na civilizacao Ocidental muito antes de qualquer conceito moderno de Estado com o qual estejamos habituados.
Essa instituicao desenvolveu por si so uma reputacao entre as pessaos. E de comum acordo que pessoas casadas sao mais ordeiras, correndo menos riscos e pondo menos pessoas em risco. Ao assumir responsabilidades para com suas familias, elas passam a representar um perigo menor para a sociedade, e estimulam outros a confiar nelas. Alem disso, representam no seu pacto uma seguranca para os outros membros de sua familia, que passam a ter alguem para recorrer em urgencias tais como doencas, miseria e etc.
E evidente que isso trata-se de uma generalizacao, e que casos individuais de comportamento inverso sempre existiram. Mas de toda a forma, tal fato nao escapou aos redatores das cartas constitucionais e pioneiros dos primeiros Estados modernos. Ao organizarem esses aparatos de governo, perceberam que poderiam confiar, de uma forma geral, na instituicao do casamento como uma aliada na manutencao da paz. Para tanto, pareceu-lhes adequado oferecer um certo grau de vantagens para aqueles que respeitavam essa instituicao numa proporcao que fosse adequada a vantagem que o respeito a tal instituicao oferecia ao Estado na sua tarefa de coibir a coercao entre os individuos.
E claro que isso nao se da de uma forma perfeita, exigindo uma compreensao dos fenomenos sociais para evitar qualquer tipo de privilegio as custas dos demais. Nao se trata de favorecer os casais as custas dos solteiros, mas de reconhecer as vantagens que o contrato do casamento pode oferecer em termos de custos de execucao da atividade Estatal.
Algo parecido poderia ser argumentado, por exemplo, com relacao a Religiao de um modo geral. As pessoas confiam em pessoas religiosas, elas costumam ser menos perigosas e mais ordeiras, alem de oferecem ajuda e caridade, dependendo da religiao. Isso nao quer dizer que religiosos devam ter vantagens constitucionais em termos tributarios e legais que precedam nao-religiosos.
A diferenca, no entanto, esta na questao contratual. Nao existe contrato de "casamento com Deus" que permita ao Estado definir claramente uma instituicao confiavel. A religiao na verdade e uma manifestacao que se da sobretudo num nivel pessoal, e menos num nivel social, do qual o Estado se ocupa. E nesse nivel, qualquer tipo de arbitragem seria perigosa, na medida que auferiria poderes e privilegios a determinados grupos. E dessa reflexao que surge o conceito correto de laicismo.
De qualquer modo, eu concordo que essa questao seja particularmente complicado, e devo dizer que por vezes compartilho de um ponto de vista bastante proximo ao seu.
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user f.k.a. Cabeção escreveu: um perigo menor para a sociedade
É aqui que as vertentes se encontram.
A sua observacao mostra como sao enganosas as extracoes de pequenos trechos inseridos em contextos maiores.
Qualquer um que ler o meu texto vera que o tratamento dado a sociedade e o de um conjunto de individuos, e nao de uma massa coletiva com existencia propria.
O Estado deve garantir a seguranca dos individuos a partir do estabelecimento de regras gerais, e e nesse que foi utilizado o termo "perigo para a sociedade", algo completamente inambiguo portanto.
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user f.k.a. Cabeção escreveu:Mas as imposicoes atraves de leis os casamentos poligamicos e homossexuais consistem numa tentativa nao de adequar uma instituicao as novas configuracoes, mas de tentar usufruir das vantagens que ela oferece sem com isso sacrificar-se nas exigencias que ela faz, objetivando em ultima instancia destrui-la por completo.
Nao e do interesse de "gayistas" e "poligamistas" constituirem nucleos estaveis familiares para entao serem reconhecidos como tais. Eles querem ganhar esse reconhecimento na marra, para subtrair todo o significado de uma instituicao, e assim destrui-la. E um expediente revolucionario.
Gays e poligamos, ao optarem por seus respectivos modos de vida exoticos, estao abrindo mao da confianca que os seculos depositaram numa determinada instituicao. Dentro de sua liberdade individual, podem fazer o que quiser. So nao exijam um reconhecimento daquilo que ainda nao ganharam, a titulo de uma pretensa igualdade de direitos.
Isso é alguma espécie de piada orwelliana ou você realmente tem como provar essa estrutura conspiracional gigantesca?
user f.k.a. Cabeção escreveu:Mas o furor revolucionario nao quer esperar o demorado e incerto processo civilizatorio. Na ansia de adiantar o futuro idealizado, pretendem destruir tudo o que foi construido de bom e que encontra-se no seu caminho.