A tragédia dos comuns
JOÃO LUIZ MAUAD
Diversos condomínios têm utilizado uma fórmula bastante simples para economizar água: a instalação de medidores individuais nas respectivas unidades familiares, de forma que cada uma pague exatamente por aquilo que consumiu. O mais interessante quando se olham as estatísticas, porém, é observar que o gasto global tenha caído de modo consistente onde quer que a fórmula tenha sido implementada, e não apenas a conta individual de um ou outro condômino.
Este, sem dúvida, é um exemplo clássico de como se deve agir para escapar daquilo que se convencionou chamar de “Tragédia dos Comuns”, uma teoria do comportamento humano segundo a qual a maioria dos indivíduos, sempre que puder apropriar-se de partes de um bolo comum, sem importar-se com quanto contribuiu para a sua produção, será incentivada a fazer o mínimo possível em prol do bolo e dele retirar o máximo proveito.
Uma das primeiras colônias a instalar-se na América do Norte — a Plymouth Colony, estabelecida no estado de Massachusetts, no ano de 1621— passou por uma experiência tão interessante quanto amarga, que demonstrou empiricamente algo que o filósofo Aristóteles já havia deduzido mais de dois mil anos antes:
“Aquilo que é comum ao maior número despertará sobre si os menores cuidados.”
Um contrato coletivo, assinado pelos imigrantes antes mesmo de sua chegada ao Novo Mundo, estabelecia um sistema no qual as propriedades seriam todas comuns. Além disso, toda a produção deveria ser entregue para armazenamento comunitário, do qual cada indivíduo receberia uma fração igual, não importando com quanto contribuísse.
Não por acaso, a produção em Plymouth naqueles primeiros anos era insuficiente até mesmo para as necessidades da própria gente. Faltava comida, embora sobrasse ócio e acomodação.
A insensatez coletivista levou rapidamente a economia da colônia à penúria.
Em 1623, apenas dois anos após a chegada dos primeiros Pilgrims, a fome já era desesperadora. William Bradford, que viria a ser governador da província algumas vezes, assim descreveu aquele triste momento da história americana em seu famoso diário:
“Aquela experiência durou alguns anos... e bem evidencia a vilania desse conceito de Platão e outros patriarcas antigos, aplaudido por muitos ultimamente, segundo o qual se acabarmos com a propriedade, em prol da riqueza comum, isto fará a comunidade feliz e próspera... Para esta nossa comunidade (até onde aquilo poderia ser chamado de comunidade) o experimento causou muita confusão e descontentamento. Os homens...lamentavam ter que gastar seu tempo e esforços trabalhando para as mulheres e as crianças de outros homens, sem que obtivessem qualquer recompensa...”
Em pouco tempo, encurralada pelas terríveis circunstâncias, a liderança dos colonos resolveu abolir a estrutura socialista que engessava qualquer possibilidade de progresso, transferindo para cada família uma parcela das terras, e permitindo o usufruto de tudo quanto seu trabalho produzisse. A eliminação da propriedade comunal em favor da propriedade privada logo mudou o panorama.
Os colonos rapidamente começaram a produzir muito mais do que eles mesmos poderiam consumir. Não tardou para que o comércio também florescesse e os excedentes da produção fossem trocados com os índios, que lhes entregavam carnes de caça e peles, estas últimas exportadas com largas margens de lucro para a Europa.“ Esta decisão foi um grande sucesso, pois tornou todas as mãos diligentes e industriosas”, escreveria Bradford pouco tempo depois.
A história de Plymouth não causa qualquer surpresa a quem conhece um pouco a natureza humana. Quando as pessoas obtêm o mesmo retorno, não importa o esforço que precisem fazer, a maioria optará pelo empenho mínimo, basta olhar o desempenho de qualquer economia comunista.
Ademais, como bem resumiu John M. Keynes, “a relação entre cada homem e os frutos do seu trabalho é muito forte... ‘seu’ e ‘meu’ são expressões comuns em todas as línguas, familiares entre os selvagens e entendidas mesmo pelas crianças”.
A grande virtude da propriedade privada é justamente estabelecer a conexão entre esforços e ganhos, custos e benefícios, criando incentivos para que as pessoas produzam (ou economizem, como no caso do consumo de água) conforme as suas necessidades e ambições. Porém, o direito de propriedade é também, e acima de tudo, a melhor arma contra a barbárie, a garantia de que “o pão obtido com o suor do próprio rosto” não será tomado de ninguém arbitrariamente.
Americanos tentaram o comunismo em 1621 e fracassaram
- Fernando Silva
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Americanos tentaram o comunismo em 1621 e fracassaram
"O Globo" 07/07/09
Re: Americanos tentaram o comunismo em 1621 e fracassaram
A triste realidade não elimina a ideia de bem comum. O ensinamento a tirar é que a responsabilidade deve ser dividida e o modo de o garantir é recompensar quem melhor gere a sua parte.
Nos países comunistas, creio que sucedeu o mesmo. Se não estou equivocado, o poder decidiu criar cotas de produção que deviam ser atingidas a todo o custo, foi pior emenda que o soneto.
Nos países comunistas, creio que sucedeu o mesmo. Se não estou equivocado, o poder decidiu criar cotas de produção que deviam ser atingidas a todo o custo, foi pior emenda que o soneto.
Re: Americanos tentaram o comunismo em 1621 e fracassaram
Uma premissa básica do comunismo é que os vícios do capitalismo corrompem a natureza humana, negando o óbvio de que são os vícios da natureza humana que corrompem o capitalismo.
A estupidez da premissa básica comunista é tão flagrante que causa espanto o fato de tantos proclamados sábios marxistas não a enxergarem.
Oras bolas, em uma sociedade em que todas as pessoas fossem solidárias e altruístas o sistema político-econômico não faria a menor diferença. Todos fariam o melhor pelo bem comum e todos seriam recompensados em decorrência desta melhor aplicação dos recursos.
No mundo real, onde as pessoas colocam seus interesses individuais antes e acima dos comuns, a experiência comunista não produziu o profetizado novo homem socialista, motivado pela cooperação, que sucederia ao explorador capitalista motivado pela ganância e egoísmo.
Tudo que os comunistas fizeram foi substituir a burguesia capitalista pelos burocratas estatais, que se mostraram muito mais vorazes em locupletar-se às custas dos trabalhadores do que os antigos e famigerados patrões, que pelo menos produziam alguma coisa, ao contrário da nova elite, especialista em desabastecimento.
Postos na balança, com todos os seus males o capitalismo se provou um sistema de produção capaz de enriquecer populações inteiras, mesmo que não fosse esta a intenção dos empresários. Já o comunismo se provou uma forma eficiente de distribuir miséria, igualando na fome e na penúria as populações que dominou, excluídos, claro, os nababos do partido.
A estupidez da premissa básica comunista é tão flagrante que causa espanto o fato de tantos proclamados sábios marxistas não a enxergarem.
Oras bolas, em uma sociedade em que todas as pessoas fossem solidárias e altruístas o sistema político-econômico não faria a menor diferença. Todos fariam o melhor pelo bem comum e todos seriam recompensados em decorrência desta melhor aplicação dos recursos.
No mundo real, onde as pessoas colocam seus interesses individuais antes e acima dos comuns, a experiência comunista não produziu o profetizado novo homem socialista, motivado pela cooperação, que sucederia ao explorador capitalista motivado pela ganância e egoísmo.
Tudo que os comunistas fizeram foi substituir a burguesia capitalista pelos burocratas estatais, que se mostraram muito mais vorazes em locupletar-se às custas dos trabalhadores do que os antigos e famigerados patrões, que pelo menos produziam alguma coisa, ao contrário da nova elite, especialista em desabastecimento.
Postos na balança, com todos os seus males o capitalismo se provou um sistema de produção capaz de enriquecer populações inteiras, mesmo que não fosse esta a intenção dos empresários. Já o comunismo se provou uma forma eficiente de distribuir miséria, igualando na fome e na penúria as populações que dominou, excluídos, claro, os nababos do partido.
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Acauan Guajajara
ACAUAN DOS TUPIS, o gavião que caminha
Lutar com bravura, morrer com honra.
Liberdade! Liberdade!
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Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!
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Re: Americanos tentaram o comunismo em 1621 e fracassaram
Acauan escreveu:
Oras bolas, em uma sociedade em que todas as pessoas fossem solidárias e altruístas o sistema político-econômico não faria a menor diferença. Todos fariam o melhor pelo bem comum e todos seriam recompensados em decorrência desta melhor aplicação dos recursos.
Isto basta. Não vivemos nesse mundo.
- Mucuna
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Re: Americanos tentaram o comunismo em 1621 e fracassaram
Viajante escreveu:Acauan escreveu:
Oras bolas, em uma sociedade em que todas as pessoas fossem solidárias e altruístas o sistema político-econômico não faria a menor diferença. Todos fariam o melhor pelo bem comum e todos seriam recompensados em decorrência desta melhor aplicação dos recursos.
Isto basta. Não vivemos nesse mundo.
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Re: Americanos tentaram o comunismo em 1621 e fracassaram
Os americanos fracassaram em 1621 e todos que tentaram ou tentarão isto após 1621, a propria trajetória da humanidade provou e prova que esta teoria já era.
NOSSA SENHORA APARECIDA!!!!
- Neuromancer
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Re: Americanos tentaram o comunismo em 1621 e fracassaram
Diversos condomínios têm utilizado uma fórmula bastante simples para economizar água: a instalação de medidores individuais nas respectivas unidades familiares, de forma que cada uma pague exatamente por aquilo que consumiu. O mais interessante quando se olham as estatísticas, porém, é observar que o gasto global tenha caído de modo consistente onde quer que a fórmula tenha sido implementada, e não apenas a conta individual de um ou outro condômino.
Sempre achei isso um absurdo por parte das companhias distribuidoras de água, isso sempre incentivou o desperdício. Sempre me perguntei porque eles não incentivavam esse tipo de conduta em prédios e em condomínios.
Fideliter ad lucem per ardua tamen.
- Fernando Silva
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Re: Americanos tentaram o comunismo em 1621 e fracassaram
Neuromancer escreveu:Diversos condomínios têm utilizado uma fórmula bastante simples para economizar água: a instalação de medidores individuais nas respectivas unidades familiares, de forma que cada uma pague exatamente por aquilo que consumiu. O mais interessante quando se olham as estatísticas, porém, é observar que o gasto global tenha caído de modo consistente onde quer que a fórmula tenha sido implementada, e não apenas a conta individual de um ou outro condômino.
Sempre achei isso um absurdo por parte das companhias distribuidoras de água, isso sempre incentivou o desperdício. Sempre me perguntei porque eles não incentivavam esse tipo de conduta em prédios e em condomínios.
Fica difícil modificar prédios antigos, mas muitos dos novos já vêm com medidores individuais.