BRASÍLIA - Desde 1982, quando os governadores voltaram a ser escolhidos pelo voto direto, os gaúchos vivem uma busca errante pelo melhor nome para comandar o estado. Há 28 anos, o estado não reelege governador nem partido político. A desconfiança do gaúcho com a continuidade é histórica e vem do início do século passado, quando parte do estado se revoltou contra as sucessivas eleições de Borges de Medeiros, líder republicano daquela época. Além disso, a oposição no estado é tão ferrenha que o normal é o governador chegar ao fim do mandato politicamente desgastado.
Na primeira eleição após a redemocratização, Jair Soares - na época, filiado ao PDS, hoje, no PP - ganhou do peemedebista Pedro Simon, com uma diferença de 0,6% dos votos. Nesse período, o estado enfrentou uma forte crise de renda no campo, carro-chefe da economia gaúcha. Quatro anos depois, Simon foi eleito governador e enfrentou muitas dificuldades para administrar o estado, cuja dívida crescia mais do que a arrecadação.
O governo de Simon, que renunciou ao cargo em 1990, para concorrer ao Senado, foi marcado por sucessivas greves de servidores públicos. O último ano do seu mandato foi exercido pelo vice Sinval Guazzelli.
O sucessor de Simon veio do PDT: Alceu Collares. O primeiro governador do partido criado por Leonel Brizola não agradou aos gaúchos. Collares tentou racionalizar a ocupação das salas de aula, implantando o calendário rotativo nas escolas públicas estaduais, mas enfrentou uma forte oposição do professores. Em greve, os professores tocavam sinos em frente ao Palácio Piratini.
Na eleição seguinte, Collares deu lugar ao peemedebista Antônio Britto que, mesmo aliado ao então presidente Fernando Henrique Cardoso, não conseguiu livrar o estado da crise financeira. Britto enfrentou forte oposição do PT, que atacou duramente a política de demissão de servidores, as privatizações e os incentivos fiscais.
Com um discurso duro, Olívio Dutra foi eleito em 1998, mas deixou o governo desgastado entre os gaúchos e no seu próprio partido. O eleitorado não perdoou Olívio por ter cortado os incentivos fiscais prometidos por Britto à Ford, que acabou indo para a Bahia. E, contra a vontade da cúpula do partido, o PT local escolheu Tarso Genro para disputar as eleições de 2002.
Mas o eleitor gaúcho não quis repetir a experiência petista e as eleições foram vencidas pelo peemedebista Germano Rigotto, num resultado surpreendente. Nas primeiras pesquisas de intenção de voto, Rigotto não chegava a 5%, mas derrotou Tarso no segundo turno. No seu governo, a crise financeira do Rio Grande do Sul se aprofundou. Rigotto disputou a reeleição em 2006, mas nem chegou ao segundo turno.
Pela primeira vez, há quatro anos, os gaúchos elegeram uma mulher: a tucana Yeda Crusius, que disputa a reeleição, mas dificilmente ela terá sucesso na empreitada. Seu governo, marcado por escândalos de corrupção, é mau avaliado. A governadora é tida como destemperada e vive às turras com seu vice, Paulo Feijó (DEM).
O historiador e professor da PUC-RS, Juremir Machado da Silva, afirma que o comportamento do eleitorado gaúcho tem um forte componente histórico, com origem no Pacto de Pedras Altas, assinado em 1923. O pacto pôs fim a uma guerra civil de 11 meses, estabeleceu que Borges de Medeiros permaneceria no cargo de governador até o fim do mandato, mas proibiu uma nova reeleição, além de anistiar os revoltosos. Mas há, segundo ele, também uma forte tradição de oposição.
- O Rio Grande do Sul é desconfiado com a continuidade. Muitos se lembram de Borges de Medeiros. Os que não se lembram desse período veem as circunstâncias atuais. Aqui há uma tradição de oposição tão forte que o governador chega despedaçado ao fim do mandato - avalia
globo.com
Gaúchos não reelegem seus governantes
Gaúchos não reelegem seus governantes
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Re: Gaúchos não reelegem seus governantes
O que faltou dizer é que na eleição de 2006 o Rigotto não foi para o segundo turno porque o eleitorado votou em massa na Yeda para tirar o PT do segundo turno (eu inclusive) e exageraram na dose e acabaram tirando o Rigotto do páreo.
Crer é o contrário de saber.
Re: Gaúchos não reelegem seus governantes
Que seja. Mas vejo uma certa coerência neste tipo de atitude. Impede que se instalem imperialismos politicos. Se todos os estados fizessem isso, não teríamos tantos vagabundos e pilhadores como hoje. Parabéns RS.
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- joaomichelazzo
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Re: Gaúchos não reelegem seus governantes
[O Encosto ON]Como o Johnny, é esperto[O Encosto OFF]
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Re: Gaúchos não reelegem seus governantes
joaomichelazzo escreveu:[O Encosto ON]Como o Johnny, é esperto[O Encosto OFF]



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