Acauan escreveu: Quem melhor resume a loucura reinante no filme é a mulher do Goebbels, que envenena os próprios filhos para que não cresçam em um mundo sem a "beleza do Nacional-Socialismo".
Seria reconfortante se pudéssemos ter certeza que aquela turma era apenas um bando de gangsteres oportunistas, que usaram a ideologia como meio de ascensão e manutenção no poder.
A hipótese de que realmente tinham uma fé messiânica no nazismo é assustadora.
Justamente... Essa fé foi o que mais me comoveu assistindo o filme. Foi então que resolvi fazer uma "maratona nazista"...

Peguei todos os filmes com temática nazista na locadora e fui vendo o nazismo a partir de vários pontos de vista, como em "O Pianista", onde se narra o início da perseguição aos judeus, com a criação do gueto de Varsóvia. Vi também "O Nono Dia", com a história de um padre católico alemão que viveu os horrores de um campo de concentração pelo fato de ser considerado um "preso político". Vi ainda um que narra a trajetória do inventor do Zyklon-b, o "Amén". Esse é impressionante também e deixa uma amarga mensagem no final com um Dr. Mengele saindo "ileso" enquanto Gerstein que se vê às voltas com o mau uso de seu invento durante toda trajetória do filme, se enforca na prisão e só é redimido perante o mundo 20 anos após sua morte. Mostra ainda a política de isenção e omissão da igreja que definitivamente dá nojo.
No rescaldo, o que sobra é a sensação "assustadora" que você descreve. Para todos os efeitos, a população alemã não ligada de forma alguma aos SS nem à alta cúpula do terceiro Reich, parecia completamente alienada ao que se passava de fato nos campos de concentração e viviam sua fé no nazismo, principalmente no que se refere à suposta alocação dos judeus, que de fato aconteceu sim mas seguida de extermínio e não apenas de trabalhos para uma indústria de guerra, como davam a entender para a população em geral.
Acauan escreveu: Aqueles que protestaram contra o fato de o filme mostrar um lado humano de Hitler flertam perigosamente como o revisionismo histórico.
Há quem queira recriar a figura do líder nazista como se fosse apenas uma besta-fera brutal, incapaz de apresentar qualquer traço de sensibilidade humana.
Ora, ninguém constrói uma carreira política como a de Hitler, que levou seu partido ao poder pela via democrática, sem dominar com maestria as habilidades sociais.
Concordo. Independentemente do que de fato ocorreu na segunda guerra, o que salta aos olhos quando se observa atentamente o movimento nazista alemão é que havia um ideal que foi levado às últimas consequências e não apenas selvageria e desmandos de um punhado de bárbaros. E é isso que dá medo.
Acauan escreveu: Estes revisionistas bem intencionados precisam se convencer de que o mundo não vai ter uma imagem mais simpática de Hitler e dos nazistas por saber que o führer era extremamente cativante quando queria (Chamberlain caiu na lábia dele direitinho), tinha muito senso de humor e outras coisinhas geralmente apagadas pela lembrança do maluco que vociferava nos palanques de Nuremberg.
As imagens de Auschwitz and Birkenau, Bergen-Belsen e Dachau sempre falarão mais alto.
Não dá pra ser simpático a tudo aquilo. E tentar entender as motivações daquela gente ao invés de apenas tachá-los de assassinos sistemáticos, é o mínimo que se pode fazer a fim de evitar que no presente ou num futuro não muito distante, algo daquelas proporçòes ecloda em mais alguma parte do mundo.
Acauan escreveu: É preciso que se mostre Hitler exatamente como era, sem retocá-lo de forma alguma, para que a História registre em sua totalidade o perigo representado por personagens como ele.
É isso aí...
Quanto à pergunta do tópico, tendo em vista o que eu deduzi depois de várias leituras e releituras sobre o holocausto, não dá nem pra sentir ódio. Só um vazio imenso e um desejo gritante por jamais cair na tentação da cegueira da crença absoluta em algo, ou alguém...
Beijos