A RAINHA MESSIÂNICA
Costuma-se afirmar que em nenhuma parte do Novo Testamento é dito que Jesus se casou. Por
outro lado, e talvez ainda mais importante, também não é dito que ele não se casou. Na verdade, os
Evangelhos contêm um número de pistas específicas de seu estado de homem casado, e seria
realmente incrível que ele permanecesse solteiro, pois os regulamentos dinásticos eram muito
claros a esse respeito.
Como já vimos, as regras do matrimônio dinástico não eram banais. Parâmetros explicitamente
definidos ditavam um estilo de vida celibatário, exceto para a procriação em intervalos regulares.
Um período extenso de noivado era seguido por um Primeiro Casamento em setembro, depois do
qual a relação física era permitida em dezembro. Se ocorresse a concepção, havia então uma
cerimônia do Segundo Casamento em março para legalizar o matrimônio. Durante esse período de
espera, e até o Segundo Casamento, com ou sem gravidez, a noiva era considerada, segundo a lei,
um almah ("jovem mulher" ou, como erroneamente citada, "virgem").
Entre os livros mais pitorescos está o Cântico dos Cânticos – uma série de cantigas de amor entre
uma noiva soberana e seu noivo. O Cântico identifica a poção simbólica dos esponsais com o
ungüento aromático chamado nardo. Era o mesmo bálsamo caro que foi usado por Maria de
Betânia para ungir a cabeça de Jesus na casa de Lázaro (Simão Zelote) e um incidente semelhante
(narrado em Lucas 7:37-38) havia ocorrido algum tempo antes, quando uma mulher ungiu os pés
de Jesus com ungüento, limpando-os depois com os próprios cabelos.
João 11:1-2 também menciona esse evento anterior, explicando depois como o ritual de ungir os
pés de Jesus foi realizado novamente pela mesma mulher, em Betânia. Quando Jesus estava
sentado à mesa, Maria pegou "uma libra de bálsamo puro de nardo, mui precioso, ungiu os pés de
Jesus e os enxugou com os seus cabelos; e encheu-se toda a casa com o perfume do bálsamo"
(João 12:3).
No Cântico dos Cânticos (1:12) há O refrão nupcial: "Enquanto o rei está assentado à sua mesa, o
meu nardo exala o seu perfume". Maria não só ungiu a cabeça de Jesus na casa de Simão (Mateus
26:6-7 e Marcos 14:3), mas também ungiu-lhe os pés e os enxugou depois com os cabelos em
março de 33 a.c. Dois anos e meio antes, em setembro de 30 a.C., ela tinha realizado o mesmo
ritual três meses depois das bodas de Canaã.
Em ambas as ocasiões, a unção foi feita enquanto Jesus se sentava à mesa (como define o Cântico
dos Cânticos). Era uma alusão ao antigo rito no qual uma noiva real preparava a mesa para o seu
noivo. Realizar o rito com nardo era maneira de expressar privilégio de uma noiva messiânica, e
tal rito só se realizava nas cerimônias do Primeiro e do Segundo Casamento. Somente como esposa
de Jesus e sacerdotisa com direitos próprios, Maria poderia ter ungido-lhe a cabeça e os pés com
ungüento sagrado.
O Salmo 23 descreve Deus, na imagem masculina/feminina da época, como pastor e noiva. Da
noiva, o salmo diz "Prepara-me uma mesa... Ungeme a cabeça com óleo".Os De acordo com o rito
do casamento sagrado da antiga Mesopotâmia (a terra de Noé e Abraão), a grande deusa, Inana,
tomou como noivo o pastor Dumuzi (ou Tammuz),106 e foi a partir dessa união que o conceito da
Sekiná e Javé evoluiu em Canaã por meio das divindades intermediárias Asera e El Eloim.
No Egito, a unção do rei era o dever privilegiado das irmãs/noivas semidivinas dos faraós. Gordura
de crocodilo era a substância usada na unção, pois era associada à destreza sexual, e o crocodilo
sagrado dos egípcios era o Messeh, que corresponde ao termo hebraico Messias: "Ungido"}. Na
antiga Mesopotâmia, o intrépido animal real (um dragão de quatro pernas) era chamado de MushUs.
Era preferível que os faraós desposassem suas irmãs (especialmente suas meio-irmãs maternas
com outros pais) porque a verdadeira herança dinástica era passada pela linha feminina.
Alternativamente, primeiros de primeiro grau maternos também eram consideravam. Os reis de
Judá não adotavam essa medida como prática geral, mas consideram a linha feminina um meio de
transferir realeza e outras posições hereditárias de influência (mesmo hoje, o judeu verdadeiro é
aquele nascido de mãe judia). Davi obteve sua realeza, por exemplo, casando-se com Micol, filha
do rei Saul. Muito tempo depois, Herodes, o Grande, ganhou seu status real desposando Mariane
da casa real sacerdotal.
Assim como os homens que eram designados para várias posições patriarcais assumiam nomes que
representavam seus ancestrais - como Isaac, Jacó e José - também as mulheres seguiam sua
genealogia e escalão. Seus títulos nominais incluíam Raquel, Rebeca e Sara. As esposas das linhas
masculinas de Zadoque e Davi tinham o posto de Elisheba (Elizabeth, ou Isabel) e Miriam (Maria),
respectivamente. Por isso a mãe de João Batista é chamada de Isabel e a de Jesus, Maria, nos
Evangelhos. Essas mulheres passaram pela cerimônia de seu Segundo Casamento só quando
estavam com três meses de gravidez, quando a noiva deixava de ser uma almah e se tomava uma
mãe designada.
Como já vimos, as relações sexuais só eram permitidas em dezembro; maridos e mulheres viviam
separados o resto do ano. No início de um período de separação, a esposa era classificada como
uma viúva e deveria chorar por seu marido. Isso está descrito em Lucas 1:38, quando Maria de
Betânia, na primeira ocasião, "estando por detrás, aos seus pés, chorando, regava-os com suas
lágrimas". Uma vez que o período de viuvez simbólico estivesse estabelecido e durante esses
longos períodos de separação, a esposa recebia a designação convencional de irmã, como hoje
acontece com as freiras. Então, quem exatamente era Maria de Betânia, a mulher que duas vezes
ungiu Jesus com nardo, segundo a tradição messiânica?
Para sermos precisos, ela jamais é chamada de Maria de Betânia na Bíblia. Ela e Marta são apenas
chamadas de "irmãs" na casa de Lázaro de Betânia. O título completo de Maria era Irmã Miriam
Madala ou, como é mais conhecida, Maria Madalena. Gregório I, Bispo de Roma (590-604), e São
Bemardo, o abade cisterciense de Clairvaux (1090-1153), confirmaram que Maria de Betânia era
Maria Madalena.
Na segunda ocasião em que Jesus foi ungido com nardo, Judas Iscariotes afirmou sua insatisfação
pelo modo como as coisas estavam acontecendo. Declarou sua oposição (João 12:4-5) e abriu o
caminho para a sua traição de Jesus. Após o fracasso da revolta dos zelotes contra Pilatos, Judas
tinha se tomado um fugitivo. Jesus pouco lhe servia politicamente, pois não tinha influência com o
Sinédrio; por isso Judas apelava para seu irmão incontroverso Tiago, que era membro do Sinédrio.
Conseqüentemente, Judas não só não queria ver Jesus sendo ungido como Messias, mas sua
aliança com Tiago o fazia ressentir o episódio. Jesus, porém, insistiu na importância de sua unção
por Maria (Marcos 14:9): "Em verdade vos digo: onde for pregado em todo o mundo o evangelho,
será também contado o que ela fez, para memória sua".
Fora o fato de Jesus provavelmente ter amado Maria Madalena, não há muita coisa nos Evangelhos
que indiquem sua relação íntima até Maria aparecer com a mãe de Jesus e Salomé (a consorte de
Simão Zelote) na Crucificação. Já no Evangelho de Filipe de Nag Hammadi, a situação é diferente,
e o relacionamento entre Jesus e Maria é discutido abertamente:
"E a companheira do Salvador é Maria Madalena. Mas Cristo a amava mais do que a todos os
discípulos, e costumava beijá-la freqüentemente na boca. Os demais discípulos se ofendiam com
isso
e expressavam desagrado. Diziam a ele: 'Por que a amas mais do que a nós?'. O Salvador lhes
respondia: 'Por que eu não vos amo como a ela? ... Grande é o mistério do matrimônio, pois sem
ele o mundo nunca teria existido. A existência do mundo depende do homem, e a existência do
homem depende do matrimônio'.
Como se não fossem as referências específicas à importância do casamento na passagem acima, a
referência ao beijo na boca é particularmente relevante; mostra mais uma vez uma relação aos
ofícios da sagrada noiva e do sagrado noivo, e não era marca de amor extra marital nem de
amizade. Como parte do refrão nupcial real, esse tipo de beijo é o tema da primeira linha do
Cântico dos Cânticos, diz: "Beija-me com os beijos de tua boca; porque melhor é o teu amor do
que o vinho".
No Evangelho de João não há menções de bodas em Canaã, só de um banquete de casamento e da
água e do vinho. Os discípulos estavam lá, assim como vários convidados, inclusive gentios, e
outros que eram tecnicamente impuros. Essa, portanto, não era a cerimônia do casamento em si,
mas a refeição sagrada que precedeu ao noivado. O costume era que houvesse um anfitrião formal
(como aparece no relato); ele seria o mestre-sala do Banquete. A autoridade secundária cabia
somente ao noivo e à sua mãe, e isso tinha grande relevância, pois quando surgiu a questão da
comunhão com vinho, a mãe de Jesus disse aos servos (João 2:5): "Fazei tudo o que ele vos
disser". Nenhum convidado teria esse direito de ordenar, o que deixa evidente que Jesus e o noivo
eram o mesmo.
Essa comunhão de noivado (6 de junho de 30 d.C.) ocorreu três meses antes de Maria ungir Jesus
pela primeira vez na casa de Simão (3 de setembro de 30 a.C.). As regras eram rígidas: só como
noiva de Jesus, Maria teria permissão de fazer o que fez. Com seu Primeiro Casamento
devidamente completado em setembro, ela também teria chorado pelo marido (como em Lucas
7:38) antes de partirem em sua separação estatutária. Antes, como almah comprometida, ela seria
classificada de pecadora e mulher aleijada. O casal não teria tido uma união física até o próximo
dezembro.
SUPRESSÃO DA EVIDÊNCIA DE CASAMENTO
Um dos motivos por que não há menção direta do estado civil de Jesus no Novo Testamento é que
as evidências foram deliberadamente retiradas por decreto da Igreja. Isso foi revelado
recentemente, em 1958, quando um manuscrito do Patriarca Ecumênico de Constantinopla foi
descoberto num mosteiro em Mar Sabá, a leste de Jerusalém, por Morton Smith, professor de
história antiga na Universidade de Columbia, EUA. Os trechos citados abaixo são de seus escritos
subseqüentes.
Em meio a um livro das obras de Santo Inácio de Antioquia, havia uma transcrição de uma carta
do Bispo Clemente de Alexandria (c.1502 d.C.). Era endereçada a seu colega, Teodoro, e incluía
uma seção geralmente desconhecida do Evangelho de Marcos. A carta de Clemente decretava que
parte do conteúdo original de Marcos deveria ser suprimida porque não coadunava com os
requisitos da Igreja. A carta diz:
Pois mesmo que seja verdade, aquele que ama a Verdade não deve concordar com isso. Pois nem
todas as coisas verdadeiras são a Verdade; tampouco aquela verdade que parece verdadeira às
opiniões humanas deve ser preferível à verdadeira Verdade - aquela que é de acordo com a fé. A
essas verdades ninguém deve dar ouvidos; tampouco, caso venham disseminar suas falsificações,
deve-se concordar que o Evangelho secreto é de Marcos, e sim negar mediante juramento. Pois
nem todas as coisas verdadeiras devem ser ditas a todos os homens.
Na seção removida do Evangelho, há um relato da ressurreição de Lázaro, mas nela Lázaro (Simão
Zelote) chama Jesus de dentro da tumba mesmo antes que a pedra fosse removida. Isso deixa claro
que o homem não estava morto no sentido físico, o que certamente joga por terra a insistência da
Igreja que a ressurreição deve ser considerada um milagre sobrenatural. Além disso, o Evangelho
de Marcos original não incluía detalhes dos eventos da Ressurreição e sua seqüela; terminava
simplesmente com as mulheres fugindo do sepulcro vazio. Os doze versículos finais da Marcos 16,
como publicados hoje, foram deliberadamente acrescentados numa data posterior.
A relevância disso é que o incidente com Lázaro era parte da mesma seqüência de eventos cujo
clímax foi Maria Madalena ungindo Jesus em Betânia. Os Evangelhos Sinópticos não dizem o que
aconteceu após a chegada de Jesus à casa de Simão, pois a ressurreição de Lázaro não está incluída
neles; mas em João 11 :20-29, vemos:
Marta, quando soube que vinha Jesus, saiu ao seu encontro; Maria, porém, ficou sentada em casa...
[Marta] Retirou-se e chamou Maria, sua irmã, e lhe disse em particular: 'O Mestre chegou e te
chama'. Ela, ouvindo isso, levantou-se depressa e foi ter com ele.
Não há motivo aparente para o comportamento hesitante de Maria, embora, fora isso, a passagem
pareça suficientemente objetiva. Mas o incidente é descrito com mais detalhes na parte de Marcos
que foi oficialmente suprimida. Explica que Maria saiu da casa com Marta na primeira ocasião,
mas foi admoestada pelos discípulos e lhe foi ordenado que entrasse e aguardasse a instrução do
Mestre. O fato é que, como esposa de Jesus, Maria era comprometida por um estrito código de
prática nupcial. Não tinha permissão de deixar a casa e cumprimentar o marido até que tivesse
recebido seu consentimento expresso. O relato de João deixa Maria em seu lugar devido, sem
explicação, mas o texto mais detalhado de Marcos foi estrategicamente removido da publicação.
A supressão da história de Lázaro é o motivo pelo qual os relatos da unção nos Evangelhos de
Marcos e Mateus a mostram na casa de Simão, o leproso, e não na casa de Lázaro, como em João.
Mas a descrição "Simão, o leproso" é simplesmente outra forma mais reservada de se referir a
Simão Zelote (Lázaro); ele era classificado como "leproso" porque sua excomunhão o deixara
horrivelmente impuro. Isso, por sua vez, explica o relato anômalo de um leproso recebendo amigos
prestigiosos em sua bela casa. Entretanto, o fato resultante era que, com sua esposa grávida de três
meses, Jesus não era apenas um Cristo Messiânico formalmente ungido quando entrou em
Jerusalém montado num jumento; era também um futuro pai.
fonte: A linhagem sagrada - Laurence Gardner
Jesus e Maria Madalena
Re.: Jesus e Maria Madalena
Antes das evidências do casamento do Jesus, não seria melhor concluir se ele existiu ou não?
- café-com-leite
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Re.: Jesus e Maria Madalena
porra o cara casou e não me convidou.
Re.: Jesus e Maria Madalena
Casado ou não casado. Negro ou branco. Amarelo ou Vermelho. Jesus continua sendo um divisor de águas para a humanidade, pela profundidade da sabedoria que nos trouxe.
"Aquele que consegue tratar os familiares como trata as visitas já ganhou metade da encarnação". André Luiz
- Aurelio Moraes
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Re.: Jesus e Maria Madalena
Só 2 bilhões de pessoas acreditam em Jesus. Os outros 4 bilhões não estão nem aí para este mito religioso estúpido.