Padre Pinto: 'Esperei 53 anos para desabrochar'

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DarkWings
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Padre Pinto: 'Esperei 53 anos para desabrochar'

Mensagem por DarkWings »

Padre Pinto: 'Esperei 53 anos para desabrochar'

RIO - Um baiano arretado vem levantando poeira na Igreja Católica. O padre José Pinto, de 58 anos, cometeu o que, para a instituição, é um pecado: fez performances nada convencionais nas missas, nas quais apresentava-se maquiado e vestido com fantasias de baiana, Oxum e índio. Por causa de suas extravagâncias, foi afastado de algumas celebrações e corre o risco de ter que deixar a Igreja da Lapinha, uma das mais tradicionais de Salvador.
Para enfrentar o período de turbulência, o polêmico padre Pinto - que é artista plástico - tem pintado bastante e ouvido música clássica. E diz que não vê problemas em ser como é:
- Sempre fui uma pessoa muito obediente. Não estou louco. Eu retirei a couraça que matava a mim mesmo e estou vivendo o eu.
EXTRA: O senhor vai sair da igreja?
PADRE PINTO: Não obedeci à ordem de três dias para tirar minhas coisas da igreja da Lapinha. Só quando o superior da Itália no Brasil voltar que meu futuro vai ser decidido. Mas estou tranqüilo, até porque já nasci inquieto.
EXTRA: Não teme pelo seu futuro?
PADRE PINTO: Não quero é deixar de ser padre, apesar de querer, por outro lado, que me aceitem como eu sou. Não quero que me imponham ser hipócrita. O cardeal me disse para eu dizer que quero sair, mas falei a ele que não vou dizer isso ao povo. Ficarei muito triste se tiver que largar a batina. Mas, mesmo assim, vou celebrar em praças públicas, vou dar o jeitinho brasileiro.
EXTRA: Quando o senhor começou a se maquiar?
PADRE PINTO: Eu nunca deixei de me maquiar. Em 33 anos como padre, nunca desci para celebrar uma missa sem me maquiar. Faço uma maquiagem básica: um batonzinho levíssimo, um blush levíssimo, um pouco de rímel natural. Sempre curti e ninguém nunca havia feito olho grosso, só agora que fiz uma maquiagem mais forte. Estava num aeroporto em São Paulo e dois jovens se aproximaram e disseram para eu continuar usando maquiagem porque é uma coisa normal o homem querer. E eu falei: "E eu que vou ter que levantar esta bandeira?'. E eles: 'Sim, porque você pode".
EXTRA: O senhor então vai levantar esta bandeira?
PADRE PINTO: Por que não? Abaixo todo e qualquer preconceito. Quando o homem quer usar maquiagem, tem mais é que usar.
EXTRA: E as roupas que causaram polêmica?
PADRE PINTO: Tenho 98 paramentos com influência afro-indígena. Sou eu que os desenho e estampo à mão. Mas usei Oxum e deu o problema. Um pai-de-santo veio aqui e disse que sou de Oxum Guerreiro.
EXTRA: A Igreja falou que o senhor precisava de um tratamento médico. Como viu isso?
PADRE PINTO: Estive com a presidente do Conselho Psiquiátrico da Bahia e depois de ter feito todos os testes, ela falou que sou lúcido e que não preciso de remédios. Fiz os exames porque, se daqui para frente, o bispo auxiliar ou alguém da minha congregação voltar a dizer que preciso de tratamento mental, vou chamá-los em juízo, de posse do laudo. Para eles é cômodo me chamarem de louco. Estou me sentindo numa inquisição moderna.
EXTRA: O senhor acha que é um atraso da igreja não aceitar um padre como o senhor?
PADRE PINTO: É um postura um tanto hipócrita. Muitas coisas acontecem e são encobertas. Essas situações de pedofilia me fazem sofrer muito, mas graças a Deus não é o meu caso. O meu caso foi assumir uma postura diferenciada de viver o sacerdócio.
EXTRA: Aconteceu algo para o senhor assumir essa postura?
PADRE PINTO: Estou com 58 anos, 33 de padre e é a hora de assumir a si mesmo, né? Talvez tenha sido motivada por uma cirurgia a que me submeti há dois anos. Foi uma operação cardíaca de alto nível, um aneurisma aórtico. Cheguei a ficar entre a vida e a morte porque durante a cirurgia tive uma parada cardíaca e uma hemorragia. Quando você passar por experiências como essa se sente mais encorajado até para assumir a si mesmo.
EXTRA: O senhor já conhecia Caetano Veloso, a quem beijou?
PADRE PINTO: Nós somos amigos. Foi um beijo na face, mas se de repente tivesse que beijar na boca não vejo nenhuma objeção.
EXTRA: Gosta de música?
PADRE PINTO: Na minha ladainha tem São Raul Seixas, por exemplo. Porque sou a mosca que pousou na sopa e é por isso que não vou sair da igreja porque quero ser a mosca na sopa, que está zumbindo. Sinto muito se as pessoas não dormem com um zumbido. Ouço muita música popular também. Sou arriado por Chico Buarque, por Zeca Baleiro sou arriado os quatro pneus, para ele eu me rendo. Gosto muito de dançar.
EXTRA: O senhor fez balé?
PADRE PINTO: Além de ser artista plástico, também sou bailarino de formação. Foi onde aprendi a me maquiar. Fiz dança afro, dança dos orixás, contemporânea. Quando fui para o Rio de Janeiro, em 1969, 1970, fiz teste para o Teatro Municipal, mas não cheguei a me apresentar lá.
EXTRA: E como surgiu a vontade de ser padre?
PADRE PINTO: Desde pequeno pensava em ser artista. Era fixado por balé clássico, mas meu pai detestava essa idéia. E eu também pensava em ser padre. Meu pai dizia: "Não sei como você quer ser padre se gosta de carnaval e de dançar". Mas eu queria ser padre da minha maneira. Imagine que eu tinha cinco anos de idade e tive que esperar 53 anos para desabrochar e ser um padre diferente. Se vier a expulsão, será um "arrase".
EXTRA: Quando virou padre?
PADRE PINTO: Uma vez, fui ao Convento de São Francisco, em Salvador, e chorei muito, identifiquei-me com Cristo na cruz. Fui para casa, falei que ia virar padre para minha mãe e ela contou para o meu pai. Ele me chamou e disse: "Acho que você está se precipitando, o melhor é você se aquietar". Era o período do rock e eu me vestia como o Elvis Presley e dançava aloucado o twist, o rock. Botava o som nas alturas para dançar, tirava todos os móveis e, como não tinha com quem dançar, colocava as empregadas para dançar comigo. Só avisei que iria ser padre para a minha família. Estava a fim de dar um susto na turma.
EXTRA: Seus pais eram católicos?
PADRE PINTO: Católicos praticantes. Minha mãe era mais aberta, mas meu pai era mais tradicional. Dizia que se fosse padre nunca tiraria a batina. Usei a batina durante 15 anos. Mas de repente dei para fazer umas facetas com a batina. Andei Roma inteira de batina preta e completamente nu embaixo quando me invoquei.
EXTRA: E como foi deixar o que gostava quando virou padre?
PADRE PINTO: Deixei vírgula, porque no quarto o que eu dançava não estava no gibi. Colocava os disquinhos escondidos na hora que podia e dançava aloucado. Fazia balé. Tive também um padre muito compreensível no seminário, que compreendia o meu lado artístico. Depois ele se zangou comigo e me proibiu.
EXTRA: O que o senhor fez para isso?
PADRE PINTO: Dei umas fugidas de noite, para ir a festas.
EXTRA: O senhor namorava antes de ser padre?
PADRE PINTO: Muito, namorei sempre. A última namorada que tive era uma prima de segundo grau. Foi quando eu já estava armando a documentação para ir para o seminário.
EXTRA: Deve ter sido um susto para ela, não?
PADRE PINTO: Ela disse: "Se for sacanagem eu vou bombardear em cima de você. Se for verdade, tudo bem". Sempre dizia para as minhas namoradas que, de repente, eu teria que deixá-las para ser padre.
EXTRA: Com todo respeito, o senhor é gay?
PADRE PINTO: Isso é de foro íntimo.
EXTRA: Já teve alguma relação homossexual?
PADRE PINTO: Sou aberto a este tipo de coisa, mas não na prática. Sempre respeitei o celibato, muito embora eu ache que já é hora de a igreja repensar esse papo de celibato para os padre diocesanos.
EXTRA: Por quê?
PADRE PINTO: Porque acho que, na verdade, a família completa muito a pessoa. Favorece que ela fique feliz.
EXTRA: Sente falta de não ter filhos?
PADRE PINTO: Sinto. Nesta hora então, demais.
EXTRA: O que faz o senhor gostar de ser padre?
PADRE PINTO: Ser proclamador do evangelho. Sinto-me bem em anunciar a palavra de Deus, de celebrar a eucaristia. Me dá prazer, me apetece. E fazer um trabalho social. Tenho uma creche com 520 crianças.
EXTRA: É vaidoso?
PADRE PINTO: As meninas da televisão me chamam de "meu padre cheiroso". Uso perfume importado, quando há viagem peço para trazerem para mim.
O segundo turno das eleições é dia 31/10, Halloween.
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Spitfire
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Re.: Padre Pinto:

Mensagem por Spitfire »

Deve estar com o fiofó que é uma couve-flor. :emoticon12:

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DarkWings
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Re: Re.: Padre Pinto:

Mensagem por DarkWings »

Spitfire escreveu:Deve estar com o fiofó que é uma couve-flor. :emoticon12:


"Abriu a rosa!"
O segundo turno das eleições é dia 31/10, Halloween.
Não perca a chance de enfiar uma estaca no vampiro!

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Fabricio Fleck
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Re: Re.: Padre Pinto:

Mensagem por Fabricio Fleck »

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Lúcifer
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Re.: Padre Pinto:

Mensagem por Lúcifer »

Apareceu a margarida, olê olê olá
Apareceu a margarida olê....olê olá!!
:emoticon12: :emoticon12: :emoticon12: :emoticon12: :emoticon12: :emoticon12:
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Spitfire
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Re: Re.: Padre Pinto:

Mensagem por Spitfire »

DarkWings escreveu:
Spitfire escreveu:Deve estar com o fiofó que é uma couve-flor. :emoticon12:


"Abriu a rosa!"


Muito "sutil" e delicado para o TAMANHO da embocadura do problema.

Resumindo:

Tá arrombado demais para ser rosa... é couve-flor mesmo. :emoticon12:

Trancado