
Eddie Vedder canata em apresentação em NY; banda é sobrevivente da era "grunge"
Pearl Jam canta a vida após o "Suicídio"
Oitavo álbum da banda de Seattle já vendeu 516 mil cópias
Edna Gundersen
Guerra, corrupção, ruína ecológica e uma variedade de depressores globais estavam consumindo Eddie Vedder até que ele cometeu "World Wide Suicide" (suicídio mundial), primeiro no papel, depois em disco. O processo de gravar as canções motivadas por temas em "Pearl Jam", o oitavo álbum da banda, "me permitiu limpar minha cabeça", disse o cantor. "Eu sinto que meu cérebro chega a ser ressemeado. Nós estamos em uma caverna e finalmente estamos vendo a luz do dia."
Os fãs também parecem aliviados em ver a banda retomar a posição de destaque que abandonou em meados dos anos 90. "Pearl Jam" já vendeu 516 mil cópias desde que entrar na parada da Billboard em maio, no segundo lugar, com 279 mil cópias vendidas.
Está longe do lançamento recorde de 950 mil cópias de "Vs.", de 1993, mas é um avanço em comparação à estréia de "Riot Act", que entrou em quinto lugar na parada com 166 mil cópias vendidas, em 2002. Sua turnê é um sucesso de bilheteria e a antiguerra "Suicide" é o single que emplacou mais rapidamente nas paradas na carreira da banda.
"Eu me sinto com sorte por termos resistido tempo suficiente para termos uma canção tocada novamente nas rádios", disse o baixista Jeff Ament.
Após a turnê "Vote for Change" (vote por mudança), o Pearl Jam entrou no estúdio em novembro de 2004 armado com uma energia frenética, indignação moral e nenhuma composição.
"Isto não é muito econômico", reconheceu Vedder. "Nós compusemos no estúdio. Todos esculpiram a grande rocha, que passou de avião a sereia a alguém que todos reconhecemos."
Eles canalizaram as frustrações com a guerra no Iraque e a derrota de John Kerry em uma coleção confrontadora de histórias embalada no trovão e graça do rock clássico. Além de expressar desprezo aberto às políticas do governo Bush, o Pearl Jam conta histórias sobre as vidas desarranjadas nos Estados Unidos pós-11 de setembro.
"Eu sinto que nosso país está seguindo por uma estrada perigosa", disse Vedder. "Como colocar nossas mãos na direção e nossos pés no freio?"
Sua filha de 21 meses forneceu tanta inspiração quanto a dieta constante de manchetes calamitosas.
"O mundo todo muda no dia em que você a leva do hospital para casa", ele disse. "Você sente a fragilidade da vida emanar de seu recém-nascido e se projetar em sua raiva com a forma como o mundo está caminhando. Globalização e o amor pelo resultado financeiro é a religião nas diretorias corporativas e a ganância coloca todo o planeta em risco. Agora que o vejo como o planeta da minha filha, eu estou ainda mais furioso."
Ativismo não é novidade para a força de Seattle que perdeu uma batalha prolongada com a Ticketmaster e apóia a Artistas por uma América Sem Ódio, a Médicos Sem Fronteiras, PETA e 44 outros grupos listados em seu site na Internet.
O Pearl Jam tem sido menos agressivo na promoção de "Pearl Jam". Nunca à vontade com os adornos do estrelato e as práticas de marketing padrão, a banda no seu auge deixou de fazer vídeos, recusou patrocínios e recuou para gravações experimentais.
"É um fato inegável que era nossa meta frear a venda de discos e recuar para uma posição onde poderíamos viver nossas vidas de uma forma humana, o que significa fora da moda", disse Vedder. "Mas ao mesmo tempo, você percebe que para manter a música e as apresentações ao vivo vitais, você precisa levantar a mão na classe."
Mesmo assim, alguns se estremeceram quando a banda rebelde, que inclui o baterista Matt Cameron e os guitarristas Stone Gossard e Mike McCready, assinou com a gravadora J Records de Clive Davis, centrada no pop.
Davis "quis saber como tocávamos nosso negócio e como nos víamos no futuro", disse Ament, notando que os executivos da J "pareceram à vontade com a maneira como nos envolvemos ativamente nas coisas. Eles deram sua opinião algumas vezes, mas não foi tão diferente de nossos 13 anos com a Epic".
O selo mais badalado Epitaph também cortejou a banda, que optou por uma distribuição mais ampla. Tal meta contradiz o impulso inicial de se afastar das massas. Agora Vedder considera a ascensão da banda durante a explosão "grunge" como traumática mas enriquecedora.
"Não parece que foi há tanto tempo" , ele disse. "Ainda dá para sentir a ressaca. Foi um momento mágico. Pena que não pudemos desfrutá-lo. Quando as coisas começaram a se assentar, Kurt (Cobain) tinha partido."
"Nós tivemos um forte instinto de autopreservação. Nós nos perguntamos como soaríamos 10 anos depois e imaginamos que tipo de disco gravaríamos após umas poucas chances de fracasso e amadurecimento."
Ament acrescentou: "Nós ainda não gravamos nosso melhor álbum. Nós passamos de músicos não muito bons, mas que empregavam a emoção do punk rock, para a experimentação e a expansão de fronteiras. Se conseguirmos reunir tudo isto e compor uma boa canção pop com um forte gancho, isto será nosso melhor. Tem a ver com estar pronto".
A credibilidade, criatividade e viabilidade comercial da banda permanecem intactas. Será que a química resistirá?
"É um exercício constante de democracia", disse Vedder. "Um motivo para este disco ter demorado tanto é que democracia é difícil. Há um pequeno ditador em cada um de nós. Mas nós temos uma Constituição forte."
Usa Today