Zapatero

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Steve
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Zapatero

Mensagem por Steve »

Navarro-Valls uivou contra Zapatero



O porta-voz do último teocrata europeu, Navarro-Valls, membro do Opus Dei, ululou azedume e raiva contra o legítimo primeiro-ministro de Espanha.

A anunciada ausência de Zapatero à missa, desporto que não pratica, serviu de pretexto para a ameaça, intriga e denúncia do serventuário de B16 cuja ingerência num país que julgava protectorado seu é um acto de incivilidade, ódio e provocação.

B16 foi em viagem de negócios presidir a um comício organizado pelo Partido Popular, Opus Dei e outros grupos religiosos de extrema-direita - 5.º Encontro Mundial das Famílias -, um acto de proselitismo inventado por um dos seus antecessores.

Esqueceu-se que Zapatero é um homem digno que não se ajoelha e, muito menos, se põe de rastos. Não compreendeu o enraivecido pastor alemão que já não é a ditadura de Franco que governa Espanha, em idílio com o Vaticano e em guerra com a democracia.
Desta vez ficou claro que a Espanha não aceita intromissões beatas na sua política interna.

B16 visita Espanha
Depois do bombardeamento e massacre de Guernica a visita de B16 é a primeira em que um alemão sobrevoa solo espanhol com ódio comprovado ao Governo legal. Tal como na guerra civil, é um Governo democrático que sofre a ira e os ataques de um teutão.

Quando hoje desembarcar em solo espanhol, com sapatinhos vermelhos, vestes talares e honras de chefe de Estado, B16 é o chefe dos católicos e o adversário provado de Zapatero.

Não repetirá a deselegância com que recebeu o embaixador espanhol e não vai faltar ao respeito devido a quem exerce o poder por mandato popular, mas vai apoiar os bispos em clara ingerência nos assuntos internos de um país livre.

O pastor alemão deve a categoria de chefe de Estado do Vaticano aos acordos de Latrão e a Benito Moussolini, que, então, o seu antecessor considerava enviado da Providência, mas finge que foi Deus quem o investiu no cargo.

A legalização do casamento e direito de adopção por homossexuais, a simplificação do divórcio, o fim das notas escolares para a aula de religião católica e a perda de algumas regalias pecuniárias do episcopado, enraiveceram o teocrata. Parece um mullah com brotoeja à vista do toucinho.

A Espanha que B16 visita já não é o país da pena de morte por garrote, a ditadura que tinha o apoio da Santa Sé, do episcopado e do Opus Dei, é um país plural e democrático onde a maior parte da população se libertou do terror do Inferno e da violência de Deus.

O Papa, que há anos seria recebido em triunfo, é hoje um catalisador de ódios e um perturbador da democracia.

Bento XVI : guerra aberta em Espanha
Poster retirado do blog de um dos nossos leitores galegos


Por definição, toda religião - toda fé - é intolerante, pois proclama uma verdade que não pode conviver pacificamente com outras que a negam. Mario Vargas Llosa

A deslocação em massa das cúpulas do Vaticano - vários Cardeais da Cúria Romana e de muitos dos mais próximos colaboradores de Bento XVI - ao V Encontro Mundial das Famílias organizado pela ICAR confirma o que a imprensa católica pretende ser mentira: esta é uma visita política cuja fim último é aumentar a tensão entre Igreja e Estado e demonstrar claramente a oposição da Igreja ao estado de direito.

Aliás, o título de uma das notícias da Agência Ecclesia não deixa dúvidas sobre o objectivo desta visita papal: «Bispos espanhóis recebem apoio de Bento XVI na luta contra a secularização».

Desde a sua eleição que Zapatero deixou claro que pretende ser o líder de um país europeu do século XXI, cada vez mais secular e para tal é necessário que a Igreja abdique dos (muitos) privilégios na sociedade e na política espanhola que a ditadura fascista lhe concedeu. Como seria expectável, a Igreja Católica não quer abdicar desse privilégios anacrónicos e esta visita é uma demonstração de força que, como no passado, indica que a Igreja não olhará a meios para os manter.

De facto, pouco depois de se ter esboçado, em Julho de 1936, uma rebelião contra o governo democraticamente eleito da Frente Popular, Pio XI exortou os católicos espanhóis a lutarem lado a lado com Franco na «difícil e perigosa tarefa de defender e restaurar os direitos e a honra de Deus e da Religião».

A Igreja de Espanha declarou-se imediata e entusiasticamente do lado de Franco, nomeadamente através da pastoral «Las dos ciudades» do bispo de Salamanca, Enrique Pla y Deniel (nomeado cardeal por Pio XII em 1946, sem dúvida em reconhecimento pelos bons serviços prestados), datada de Setembro de 1936.

Uma rebelião sem pernas para andar, com o apoio da Igreja Católica e do Vaticano, de Mussolini e de Hitler, transformou-se na Guerra Civil Espanhola que causou um milhão de vítimas e o exílio de centenas de milhares de espanhóis.

As exortações do Arcebispo de Burgos, Francisco Gil Hellín, contra os «bezerros do poder», e o apelo às famílias cristãs para que não releguem «ao baú das memórias» a recomendação de João Paulo II para que «se for preciso ir às ruas em defesa do matrimônio e da família, teremos que ir» (ênfase da Agência Católica de Imprensa na América Latina) são um aviso para uma guerra aberta que não pode passar despercebido!

Assim como não são exactamente pacíficas as acusações do secretário da Conferência Episcopal Espanhola, Juan Antonio Martínez Camino, contra a disciplina de Educação para a Cidadania, que, contrariamente ao que se passa com a Educação e (I)moral Católicas, vai ser obrigatória para todos os níveis de educação. Ou as suas prelecções contra as iníquias leis espanholas que a ICAR considera «sectárias» e que «não favorecem a liberdade verdadeira nem o exercício da liberdade religiosa contemplada na Constituição» (aparentemente os dignitários espanhóis consideram que liberdade religiosa significa impôr a todos as barbaridades debitadas pelo Vaticano).

E as declarações do sucessor de Ratzinger à frente da ex-Inquisção, o cardeal Levada, são igualmente preocupantes. O prelado apela à desobediência civil, uma prática recorrente da ICAR, contra as leis humanas e as decisões judiciais que são contrárias «à lei de Deus». Este responsável lembrou que os cidadãos têm a obrigação de «não seguir as prescrições das autoridades civis» quando tal for contra os ditames do Vaticano.

As conclusões provisórias do Congresso -que entre outras pérolas perora contra as campanhas em favor da contracepção (!) - indicam que a guerra aberta do Vaticano contra a laicidade e modernidade não se vai circunscrever a Espanha, já que ululando contra «um laicismo de raiz niilista e relativista», o documento critica a «falsa (?) concepção da sexualidade humana e da laicidade do Estado» subjacente à resolução do Parlamento Europeu que pretende acabar no espaço europeu com a discriminação com base na opção sexual.

Os direitos humano, a tolerância, a pluralidade, a liberdade de expressão, opinião e religião, em suma os valores em que assentam a cultura democrática europeia, cultura, execrada por Bento XVI, que de facto «exalta a liberdade do indivíduo», estão sob ataque cerrado dos fundamentalistas católicos!

Trancado