Hinos da Placar

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Steve
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Hinos da Placar

Mensagem por Steve »

CRÍTICA - CD DOS HINOS DA PLACAR
http://vela.blogspot.com/2004_06_01_vela_archive.html
blog de 1 tricolor-RJ


Em 1996, a revista Placar lançou um disco com novas versões dos hinos dos clubes, tocados por gente como Evandro Mesquita, Tim Maia e João Gordo. Oito anos depois, um novo disco chega às bancas. Abaixo, um faixa-a-faixa comparando os dois discos. A ordem é a do CD mais recente.

Cruzeiro

2004 - O hino do Cruzeiro é horrível, tanto a música quanto a letra. Pior, só se fosse composto e cantado pelo pessoal do Clube da Esquina. Mas Samuel Rosa, do Skank, consegue a proeza de torná-lo simpático.
1996 - Quem tocou na primeira versão foi a banda mineira Virna Lisi. Banda irritante, versão idem. Aliás, alguém sabe por onde anda o Virna Lisi?

Vasco

2004 - Esperava mais da parceria entre Paulinho da Viola e Marcelo Camelo. Ficou um sambinha muito do contido. Tenho certeza que o Marcelo, um vascaíno fajuto, se interessou mais em cantar com o Paulinho da Viola do que propriamente o hino do Vasco.
1996 - Notadamente a faixa mais bem produzida do primeiro CD. Tem batida funk esperta, violino e solo de guitarra do Celso Blues Boy. Além da voz rouca do Celso, cantam Fernanda Abreu, Luis Melodia e Pierre Aderne. Não é à toa que este último é o produtor do disco e... vascaíno.

Palmeiras

2004 - A voz de "bonzinho" do Branco Mello dos Titãs ficou insuportável. Simoninha ajudou a tornar a versão ainda mais insossa. A guitarra de Igor Max Cavalera, do Sepultura, é quase imperceptível. Merecia ser rebaixado como aconteceu como o time do ano retrasado.
1996 - "A dureza do prélio não tarda". "Sabe sempre levar de vencida e mostrar". Parece hino composto pelo Osório Duque Estrada de tão antiquado. Mas João Gordo faz milagre. É a melhor versão do primeiro disco - tirando é claro a do Flu.

Botafogo

2004 - Zeca Pagodinho manda bem. Mas a impressão é que o instrumental poderia ter ficado melhor. Rildo Hora devia estar com preguiça. Ou então não é botafoguense.
1996 - Ed Motta, Beth Carvalho, Eduardo Dusek e Claudio Zoli. Muita gente de estilo diferente. Ficaram batendo cabeça que nem a defesa do timeco atual.

Bahia

2004 - A escalação: Gilberto Gil, Caetano Veloso, Gal Costa e Maria Bethânia. Não sou fã de Doces Bárbaros, mas em comparação à outra escalação...
1996 - A escalação: Ricardo Chaves, Gerônimo, Tonho Matéria, Silvinha Torres e Jussara Silveira. Lembrou de algum deles? Acho que só os idiotas que curtem micaretas conhecem. Pelo menos tem mais a ver com o time.

Atlético-MG

2004 - Mineiro parece que não sabe escrever hino de futebol. "Nós somos campeões do gelo (!?!?) / O nosso time é imortal". Se tivesse só o Tianastácia talvez ficasse bom. Mas tem com Rogério Flausino do Jota Quest.
1996 - João Penca e seus Miquinhos Amestrados cantam. Mas eles não são cariocas? Macaco cantando Galo não dá certo.

São Paulo

2004 - A escalação de Dinho Ouro Preto para cantar o hino de uma torcida tão gay é perfeita. Nasi e Edgard Scandurra emprestam um pouco de macheza.
1996 - Para quem cantava coisas heterossexuais como "Eu gosto é de mulher" e "Sexo", Roger do Ultrage à Rigor queima o filme com esse hino boiola. E tricolor vermelho, preto e branco não merece crédito.

Vitória

2004 - "Oh oh oh oh oh oh oh oh! Vitória!" é das coisas mais irritantes. E Daniela Mercury deixa tudo pior.
1996 - Baiano e Novos Caetanos. O vascaíno cearense Chico Anysio empresta a voz de seus personagens e torna essa versão mais simpática. Candidata à raridade.

Flamengo

2004 - Neste segundo CD, Herbert Vianna empresta novamente sua voz desafinada à trilha sonora do inferno. Gabriel o Pensador faz um rap tão sem graça quanto o do comercial da batata frita. Não há cantor neste mundo que torne audível esta execrável música (!?).
1996 - Herbert Vianna antes do acidente cantava tão desafinado quanto hoje. Neguinho da Beija Flor e Falcão do Rappa soltam seus vozeirões à serviço do mal. Lembram da dupla funk MC's Júnior e Leonardo? Seus hits eram o Rap das Armas e uma musiquinha do centenário burro-negro que virou "vaaai framengo, toma um sacode do adiversário / vaaai framengo, sávio romário vai pra casa do caralho"!

Corinthians

2004 - O hino original não ajuda. Aí vem Negra Li, Paula Lima, Xis e Rappin Hood e fazem aquele rap paulistano de dar sono.
1996 - Os corinthiânus chiaram com a versão do carioca Toni Garrido. Com justiça. Ficou tão pálida quanto a alma do cantor do Cidade Negra.

Fluminese

2004 - Não lembrava que Paulo Ricardo era tricolor. Mas, realmente, o cara que comia a Luciana Vendramini tinha que ter bom gosto. Ficou um roquezinho legalzinho. Na verdade, ficou sensacional. Hour concour!
1996 - A música mais linda de todos os tempos ganhou roupagem funk com tamborim e foi interpretada pelos cariocax experrrtox Evandro Mesquita, Fausto Fawcet e o vozeirão do Toni Platão. Então atual campeão, a faixa tem direito a narração do gol de barriga do Renato Gaúcho. De arrepiar! Hour concour!

Internacional

2004 - Comunidade Ninjtsu e Acústicos e Valvulados fazem a melhor faixa do disco - a do Flu não conta. Muito melhor do que a versão anterior. Parece até hino de time de macho!
1996 - Kleiton e Kleidir são os autênticos representantes da música de raiz gaúcha. Daquela raiz bem grossa. Nesta versão afrescalhada, só falta a dupla cantar "Dou pra ti no Grenal / Vou pra Porto Alegre, xáu".

Santos

2004 - Arnaldo Antunes não dá mais uma bola dentro. Lembra a fase em que o Santos estava na fila de títulos. Horrível.
1996 - Paulo Miklos faz proeza e consegue levantar um hino ridículo, de duas estrofes.

Grêmio

2004 - Um tal grupo de reggae Chimarruts parece ter fumado muita maconha pra estragar este hino, que na versão original é um dos melhores. O sanfoneiro Borguetinho fica tão deslocado quanto o zagueiro Baloy.
1996 - Quando o tal de Vítor Ramil canta os cativantes versos "Até a pé nós iremos / Para o que der e vier", dá vontade de broxar.


Fortaleza (só no de 2004) - A presença do hino do Fortaleza é questionável. Ainda mais com a versão chata do também chato Fagner. Se ainda fosse o Falcão cantando...

Goiás (só no de 2004) - Zezé di Camargo e Luciano. Sertanojo que não dá pra ouvir mais de 10 segundos. Ainda bem que eles não são tricolores.

América (só no de 1996) - Tim Maia canta versão "Dancing Days" do empolgante hino do Mequinha, o time mais simpático do Rio.

Rap das torcidas (só no de 1996) - música para acabar com a violência nas arquibancadas. Pra conseguir isso, nem gravando 1 milhão de discos.


Se o primeiro disco foi em 1996 e o segundo em 2004, o próximo CD da Placar será em 2012. Sendo assim, já deixo a minha sugestão para os próximos intérpretes:

Vasco - Roberto Leal
Flamengo - Tiririca
Botafogo - Robeto Carlos (perna de pau)
São Paulo - Édson Cordeiro
Corinthians - Detentos do Rap (grupo de rap formado por presos)
Atlético-PR - Furacão 2000
Cruzeiro - Lô Borges, Flávio Venturini ou Beto Guedes (tanto faz, são todos uns malas)
Atlético-MG - Lô Borges, Flávio Venturini ou Beto Guedes (tanto faz, são todos uns malas)
Grêmio - Agnaldo Timóteo
Internacional - Ney Matogrosso
Fluminense - Chico Buarque e Rogério Skylab


http://www.gardenal.org/balipodo/2004/1 ... lacar.html

10/12/04

Cultura & Mídia

CD dos Hinos Placar


Em 1996, a revista Placar realizou um projeto interessante, colocando músicos conhecidos para interpretar os hinos de clubes de futebol. Algumas versões se tornaram clássicas, como a de Tim Maia para o hino do América carioca. Houve ainda, como diriam os economistas do Banco Central, uma “flexibilização” da regra de músicos trabalharem com os hinos de seus clubes, pois houve casos de gente interpretando músicas de times para os quais não nutriam simpatia. Pois bem, esse ano a revista resolveu fazer uma segunda edição do CD.

O resultado em geral foi melhor. O anterior pecou em alguns momentos por colocar muitos músicos de estilos diferentes cantando o mesmo hino. O coitado do produtor pode ficar quantas horas quiser no estúdio que o resultado final dificilmente será o melhor. Na nova edição também houve casos de muitos músicos para pouca música, mas foi em menor número. Além disso, os artistas só interpretaram músicas de seus clubes de coração.

Vale ressaltar que os produtores procuraram contemplar o maior número possível de estilos musicais no CD, além de respeitar ritmos regionais. Isso poderia ser mais bem feito nos clubes do Rio Grande do Sul e São Paulo (onde estava o rock pesado? Veja uma sugestão na parte do Corinthians), mas, ainda assim, é possível ter uma amostra de várias vertentes da música nacional. Para isso foi necessário aumentar o número de clubes, com a entrada de Fortaleza e Goiás (compensando a saída do América-RJ).

Antes de partir para a análise faixa a faixa, vale ressaltar ausências como de clubes pernambucanos e paranaenses. Há também versões esquecidas que poderiam ser curiosas, como Roberto Leal cantando o hino que ele mesmo compôs para a Portuguesa e algum sertanejo (sertanejo de verdade, que fique claro) se arriscando no hino de um clube do interior de São Paulo.

Veja abaixo como ficou cada uma das versões modernizadas dos principais clubes brasileiros.

Faixa 1: Cruzeiro, por Samuel Rosa e Henrique Portugal (ambos do Skank)
Uma das melhores músicas do CD. Apesar não ter nenhuma grande sacada musical, a versão roqueira do hino cruzeirense funcionou. O guitarrista e vocalista Samuel Rosa e o baterista Mário Castelo impuseram uma velocidade interessante para a música, dando consistência para a versão. Henrique Portugal ficou meio sumido na maior parte do tempo, mas algumas das inserções de seu teclado foram bastante felizes, como se marcassem uma transição dentro da música.

Faixa 2: Vasco, por Paulinho da Viola e Los Hermanos
A melhor faixa do CD. E o risco de ruídos não era tão pequeno, pois os produtores resolveram juntar o samba tradicional de Paulinho da Viola com o rock-pop de Los Hermanos. A sorte é que não se forçou uma união (possivelmente desastrada) dos dois estilos. A banda preferiu deixar de lado seu ritmo tradicional e, para o bem da versão do hino vascaíno, abraçou o samba de Paulinho. Tudo se encaixou com perfeição. O trompete marca as passagens da música, mantendo o tom solene das versões originais de praticamente todos os hinos, mas, depois disso, ouve-se apenas a voz de Paulinho e Marcelo Camelo, a viola e uma percussão simples de bongôs. Instrumentos de sopros como trombone passam quase que despercebidos, mas ajudam a marcar a evolução da música, chamando o refrão. A música de Lamartine Babo se transformou em um samba delicado e simples. O ouvinte nem precisa de muito esforço para se remeter ao Rio de Janeiro de meados do século passado, época em que o Expresso da Vitória dominou o futebol carioca e foi a base da seleção brasileira.

Faixa 3: Palmeiras, por Branco Mello, Simoninha e Igor Cavalera
Como um todo, as versões modernas dos hinos dos clubes paulistas não foram bem-sucedidas. Pela ordem apresentada no CD, a primeira foi a do Palmeiras. O destaque positivo foi a bateria de Igor Cavalera, que deu força e peso à música. Os surdos, repiques e tamborins da Mancha Verde também foram bem colocados. Mas foi só. A diferença de nível entre a percussão e o resto fica evidente na forma como o baterista do Sepultura coloca a guitarra de Luciano Garcia (CPM 22) em terceiro plano. Além disso, os vocais de Branco Mello e Simoninha são comportados, mas não crescem em momento algum, algo quase monocórdico. Estão longe de dar o peso sugerido pela bateria. Deu saudade da versão de 1996, em que João Gordo (que ainda era mais punk que popstar) comandou um hino cheio de personalidade e escracho (a capacidade de rir de si mesmo é algo típico dos palmeirenses).

Faixa 4: Botafogo, por Zeca Pagodinho
Talvez o Botafogo tenha o único hino que, no CD de Placar, reúne condições de rivalizar com o vascaíno. E a razão é simples: Zeca Pagodinho e sua banda tiveram liberdade para fazer uma versão autoral do hino botafoguense. O instrumental, o vocal – mole, largado e preguiçoso – e o tempo da música são próprios do pagodeiro. Um fã de Zeca Pagodinho que não conhecesse o hino botafoguense seria capaz até de, ao ouvir essa versão, pensar que é composição do músico.

Faixa 5: Bahia, por Gilberto Gil, Caetano Veloso, Gal Costa e Maria Bethânia
Nem adianta discutir muito. Quem já gosta dos intérpretes do hino tricolor vai adorar essa versão. Afinal, Gilberto Gil começa com seu quase-reggae, depois Caetano aparece apenas com violão e seu tradicional vocal sussurrado e, para concluir, Gal Costa e Maria Bethânia cantam o hino quase inteiro. No entanto, é impossível deixar de notar que as partes são completamente desconexas. Como fica explicitado na revista que acompanha o CD (nem precisava, pois é evidente), cada trecho foi gravado à parte. A junção se deu no estúdio e, de acordo com a publicação, o produtor quis mesmo manter as três fases bem marcadas. Deveria ter pensado um pouco melhor. Como um conjunto de elementos, a música não funcionou.

Faixa 6: Atlético-MG, por Tianastácia e Rogério Flausino (vocalista do Jota Quest)
O hino atleticano não deve muito ao cruzeirense. Como o tom é dado pelo Tianastácia, é mais pesado, rápido e cru. A versão é uniforme e correta, crescendo nos momentos em que precisa, mesmo sem grande produção. O vocal de Rogério Flausino tinha um jeitão pop, mas não comprometeu o resultado final. Os gritos “Galo! Galo!” o início e no fim até que caíram bem.

Faixa 7: São Paulo, por Dinho Ouro Preto e Ira!
O hino são-paulino prometia, já que o rock combina com o ritmo mais acelerado e menos solene (se comparado com o dos rivais Corinthians e Palmeiras) da música. Tanto que, no CD que a Placar lançou em 96, a versão de Roger (Ultrage a Rigor) foi uma das melhores do álbum. Porém, o vocalista do Capital Inicial e o Ira! não se acharam. Talvez tentando encontrar um meio-termo entre o estilo das duas bandas, os músicos ficaram perdidos. Não se ouve o peso do Ira em nenhum momento: Nazi tentou, em vão, dar força ao hino, enquanto o guitarrista Edgar Scandurra ficou escondido pela batida na maior parte do tempo. Dinho Ouro Preto também não encontrou o tom. E o hino pecou pela falta de personalidade. Como mérito fica o fato de cantar as quatro partes do hino do São Paulo, ao invés de se limitar às duas primeiras.

Faixa 8: Vitória, por Daniela Mercury
Daniela Mercury não chega a ser irritante como É o Tchan!, mas ainda assim não é todo mundo que se dispõe a ouvir axé music. O autor desse texto se inclui nesse grupo. Ainda assim, o hino do Vitória tem algumas virtudes: é tipicamente baiano, mantém uma uniformidade musical e segue o modelo clássico do estilo (vai direto ao ponto, a batida é claramente predominante, o vocal tenta passar energia ao público e fica a sensação de que a música foi feita para ser tocada do alto de um trio elétrico). Então, para quem gosta desse tipo de música, o hino do Vitória agrada.

Faixa 9: Flamengo, por Herbert Vianna e Gabriel, o Pensador
Um dos hinos mais bonitos do futebol brasileiro (se não for O mais bonito), o do Flamengo decepcionou. A composição de Lamartine Babo é forte, se impõe assim que começa a ser tocada. Como se nada fosse maior que o clube para o qual aquele hino foi criado. Pois a versão rock-rap não manteve essa característica. Aliás, chamar de rock-rap é um caminho fácil, já que os intérpretes são Herbert Vianna e Gabriel, o Pensador. No fundo, não é muito fácil de identificar o estilo musical dessa versão. A parte cantada pelo vocalista dos Paralamas tem instrumental relativamente parecido com o hino original. Longe do rock, a interpretação de Vianna não consegue aproveitar tão bem a composição, por mais que ele esteja bem. Gabriel só aparece em um rap incidental dispensável (intitulado sugestivamente de “Foi mal”), pois quebra o ritmo do hino, não interage com a parte de Vianna e não acrescenta muito no conteúdo (a composição é fraca).

Faixa 10: Corinthians, por Negra Li, Paula Lima, Rappin Hood e Xis
Em um álbum que se propõe, além de homenagear os clubes, mostrar a diversidade de estilos musicais do Brasil, era meio lógico que houvesse uma versão black/rap (se bem que um dos clubes cariocas, talvez o Flamengo, pudesse ter uma versão funk, mas deixa para lá). E, nesse contexto, não era de se estranhar que o clube escolhido fosse o Corinthians, time de São Paulo (principal centro do rap brasileiro) cuja torcida de auto-intitula “maloqueira”. Pena que o resultado não foi bom. A composição de Lauro d’Ávila é muito solene e dificilmente se encaixa com rap. Percebe-se que o produtor Bid e os intérpretes se esforçaram para driblar esse problema, mas o resultado esteve longe de ser o adequado. O hino ficou muito arrastado (o original já é) e longo. O incidental de Rappin Hood prolongou ainda mais a música, apesar de, a bem da verdade, ser mais bem composto que o do flamenguista Gabriel, o Pensador. Talvez uma versão samba, comandada pela Gaviões da Fiel, fosse mais bem-sucedida ou então reavivar a versão techno que uma banda francesa fez do hino corintiano na década de 1990. Melhor ainda, aproveitar, essa versão metaleira (vai na parte "Escuta aê").

Faixa 11: Fluminense, por Paulo Ricardo
Paulo Ricardo exagera nos falsetes em alguns momentos, mas não dá para negar que o hino roqueiro do Fluminense ficou bom. O vocalista do antigo RPM achou o tom, a guitarra de Fernando Caneca e a bateria de João Vianna encontraram o tom certo para uma versão roqueira da composição de Lamartine Babo e, a partir daí, não foi difícil concluir a música. Simples, sem invencionices, mas honesta e boa para se ouvir. Como Vasco e Botafogo tiveram versões com ritmos bastante tradicionais e brasileiros, foi até bom que um outro time carioca tivesse um estilo mais contemporâneo. Se bem que não seria má idéia ouvir o que Chico Buarque faria com essa composição.

Faixa 12: Internacional, por Comunidade Ninjitsu e Acústicos & Valvulados
O rock acelerado deu personalidade à versão do hino do Internacional. Principalmente pela união de um ritmo meio imberbe com termos antiquados como “plagas”, “varonil”, “senda”, “ases celeiro” e “cintilam”, que deu um tom meio escrachado ou irônico à música. São pontos positivos de uma versão que ficou apenas boa.

Faixa 13: Santos, por Arnaldo Antunes
Arnaldo Antunes é um sujeito chegado a inserir conceitos e distorcer um pouco a lógica nas músicas. O problema é que nem sempre funciona. O hino do Santos não ficou ruim, mas as quebras na música pareceram sem muito sentido e, em uma música bastante curta (10 versos), faltou espaço para desenvolver mais qualquer coisa. Segundo a revista que acompanha o CD, o ex-Titã teve a intenção de criar um ritmo dançante. E, sinceramente, esteve muito longe disso.

Faixa 14: Grêmio, por Borguetinho e Chimarruts
A união de reggae e música tradicional gaúcha não foi das mais felizes. A idéia foi usar a gaita-ponto como base para o ritmo jamaicano. O problema é que não foi suficiente para manter as características gaúchas da música. Para piorar, a interpretação do Chimarruts foi bastante óbvia, sem surpresas ou novidades.

Faixa 15: Fortaleza, por Fágner
Pela representatividade do Nordeste no cenário musical brasileiro, o fato de apenas Bahia, Vitória e Fortaleza terem seus hinos no CD da Placar é de se estranhar. No mínimo, valia a pena realizar uma prospecção na cena roqueira de Recife para encontrar quem gravasse o hino de Sport, Santa Cruz e/ou Náutico. Djavan também poderia dar as caras, afinal, foi meia do CSA até os 18 anos, quando escolheu a carreira musical. Como alagoanos e pernambucanos foram preteridos, restou a Fágner ser o único não-baiano entre os nordestinos. E o resultado foi dos mais interessantes. Destoando do entusiasmo axé de Daniela Mercury ou do já conhecido estilo da turma Caetano, Gil, Gal e Bethânia, o cearense fez uma versão com um tom melancólico e saudosista, pouco comum em hinos de futebol, geralmente marchinhas de exaltação. Uma boa surpresa.

Faixa 16: Goiás, por Zezé di Camargo
Ao ouvir “Eu sou Goiás Esporte Clube / Eu sou Goiás”, os primeiros versos do hino do alviverde goianiense, o ouvinte já perceber o tom que tem essa versão. Zezé di Camargo quis deixar bem claro que era ele quem interpretava a música e não poupou esforços em dar um tom romântico-sertanejo a cada verso. Por isso, só é indicado para quem é torcedor fanático do Goiás ou gosta desse estilo musical.

Mais informações
O CD dos Hinos Placar ainda pode ser encontrado em algumas bancas e livrarias. Acompanhado por uma revista com notas sobre as gravações e as letras dos hinos, o conjunto custa R$ 14,95. Também pode ser encomendado no site da revista Placar.

Trancado