BIOTECNOLOGIA
I Fórum pretende disseminar produção científica
Fórum será em novembro de 2006
A região do Vale do Paranapanema, através de instituições de ensino e pesquisa, tem realizado um grande trabalho na área de biotecnologia. Para compartilhar os resultados das investigações, favorecer a troca de experiências e transferir o conhecimento produzido aos produtores e às indústrias, será realizado, de 19 a 22 de novembro, o “I Fórum de Biotecnologia do Vale do Paranapanema, com o tema “Novos rumos para o desenvolvimento”. O evento terá conferências, simpósios temáticos, cursos de curta duração e apresentação de trabalhos. Os temas serão proferidos por pesquisadores de renome nacional e internacional. Os melhores trabalhos nas diferentes áreas da biotecnologia serão premiados, configurando um estímulo ao desenvolvimento em pesquisas. Para tanto, a Comissão Organizadora do evento decidiu contemplar neste ano, as áreas do Agronegócio, Ambiente, Saúde, Indústria e Educação.
MOBILIZAÇÃO REGIONAL - O chefe do Departamento de Ciências Biológicas, professor e pesquisador no curso de biotecnologia da Unesp de Assis, professor-doutor Pedro de Oliva Neto, irá presidir o primeiro simpósio, como o tema “Biotecnologia de Alimentos”, no dia 20 de novembro, às 14 horas, no campus local. Ele destaca este será um marco para disseminação para todo o país, daquilo que já está sendo feito e do que se pretende realizar na região, em termos de organização e de propostas. Segundo ele, há uma grande mobilização no Médio Vale Paranapanema, através dos mais diversos segmentos da sociedade, para a modernização das atividades nesta área, principalmente no âmbito agrícola e industrial. “O que está acontecendo é o nascimento de uma nova linguagem que possibilitará o trânsito entre pessoas de setores distintos como prefeitos, pesquisadores, “marqueteiros”, administradores, empresários, entre outros. Toda vez que há uma mobilização, há também mais chance para se atingir objetivos e esta é uma boa demonstração de união de esforços para consolidar o propósito de crescimento nesta linha. As faculdades locais estão se mobilizando, bem como as prefeituras, através do Consórcio Intermunicipal do Vale Paranapanema - Civap e instituições de pesquisas”, ressalta. A participação de alunos também será vital para o sucesso do evento além de configurar um estímulo para que eles dêem seqüência ao curso e tenham contato com as novas tecnologias relacionadas à área. Para tanto, as inscrições estão relativamente baratas para facilitar ingresso aos cursos e aos simpósios.
BICHO-DE-SETE-CABEÇAS - “As pessoas que ainda não estão acostumadas com o assunto, ainda terão alguma dificuldade de interpretação, porém quanto mais nos deparamos com fatos desconhecidos, mais adquirimos habilidades para dominá-los ou entendê-los”, observa Oliva. Há várias definições do que seja a biotecnologia, ou não há consenso sobre o conteúdo deste termo. Mas esta claramente dependente de quem a está definindo e para que propósitos. As empresas pertencentes à indústria da vida são suas grandes divulgadoras. Pesquisadores e entidades representativas a vêm de formas distintas denotando que este entendimento depende do contexto e da perspectiva de quem a define. Porém, para os leigos no assunto, é possível começar a compreendê-la como o estudo e o desenvolvimento de organismos geneticamente modificados e sua utilização para fins produtivos. Doutorado em Engenharia de Alimentos, pela Universidade de Campinas – Unicamp, o professor Pedro Oliva, descreve que a Biotecnologia está instalada em todos os processos da vida cotidiana do Homem. Por exemplo, quando uma pessoa vai a um laboratório para a realização de uma análise química, a maioria delas são biotecnológicas. “Em tudo o que é consumido na área de alimentos; desde a qualidade aos preços mais baixos, como no caso da carne e dos vegetais, tudo está implícito no uso dessa poderosa tecnologia, com as suas novas maneiras de produção e fabricação. Muito daquilo que é novo assusta, mas na medida em que vamos vencendo essas barreiras, aceitamos e reconhecemos a importância dos fatos que a vida, através da inteligência humana, nos apresenta”.
BIORREMEDIAÇÃO - Ele cita um outro exemplo de abrangência mundial sobre o assunto, quando aborda a questão da poluição ambiental no planeta: “Trata-se de algo gravíssimo, pois os danos causados foram e ainda são tão drásticos e rápidos que atualmente os cientistas estão considerando irreversível todo o processo. O que se pode tentar é atenuar a situação e a biotecnologia entra de uma maneira fundamental nesta questão, pois não há forma possível de se pensar em “biorremediação’, sem a sua presença nessa tentativa de recuperação. Um exemplo típico neste caso, aconteceu quando foram lançadas quantidades muito grandes de componentes altamente tóxicos na Mata Atlântica, no estado de São Paulo. Entre eles o pentaclorofenato, conhecido vulgarmente como “pó da China”. Isso criou clarões na mata que podem ser localizados por satélites ou mesmo por meio de aviões e nestes locais simplesmente não cresce mais nada. Porém, já se tem notícia de que existem organismos, como fungos e bactérias que além de conseguirem conviver com estes compostos altamente tóxicos, ainda podem destruí-los. Neste caso é possível a realização de um trabalho de biorremediação de solos contaminados através de microorganismos. O mesmo pode ser feito em relação à poluição de mananciais hídricos. Existe um espaço muito grande de crescimento da biotecnologia para a área ambiental”, anuncia.
A valorização do aspecto nutricional dos alimentos será outro ponto de destaque neste evento. Segundo Pedro Oliva, uma série de transformações estão acontecendo e resultam não só em evitar o consumo de produtos com algum nível de toxicidade, como as micotoxinas, originadas por fungos, mas também na prevenção de doenças provocadas pela ingestão de alimentos que as contenham. O consumo de alimentos ricos principalmente em fibras solúveis, resulta em emagrecimento e, comprovadamente aumentam os níveis de cálcio no organismo, combatendo a osteosporose e ainda reequilibram a micro flora intestinal, com bactérias benéficas que evitam o surgimento de câncer e ainda regulam as funções intestinais. “O objetivo neste caso é a ingestão de alimentos para prevenir a necessidade de medicamentos. Esta é mais uma linha irreversível, nos hábitos alimentares da sociedade atual e futura. Neste primeiro Simpósio serão apresentadas e debatidas as novas perspectivas de alimentos transformados em benefício da saúde”, revela.
REVOLUÇÃO NA INDÚSTRIA DE RAÇÕES - Além de presidir um dos simpósios, o professor Pedro Oliva irá ministrar um mini-curso, com o tema: “Produção de Compostos Bioativos para Indústria de Ração e Alimentos, a partir de Levedura”, que entra justamente na linha das novas transformações dos hábitos alimentares, não só para o ser humano, mas também para a indústria de ração animal, pois o que eles consomem pode reverter negativamente para ambos. Será apresentado ainda em um curso, o tema: “O uso das fibras solúveis”; que no caso de algumas leveduras, quando consumidas em quantidade relativamente pequena na dieta animal, ativam todo o seu sistema imunológico evitando a administração de antibióticos. Europa e Estados Unidos já estão bloqueando uma série de antibióticos que eram utilizados na ração animal e que nós brasileiros,“por tabela”, consumíamos. De uma maneira geral, as pesquisas em Biotecnologia trarão, em um futuro próximo, novas oportunidades de emprego e renda para esta região e para todo o país. Tudo isso será demonstrado em cada uma das áreas abordadas durante este primeiro Fórum Regional”, conclui.
DA TEORIA À PRÁTICA - A diretora executiva do Civap/Saúde, Ida Franzoso de Souza que compõem a Comissão Organizadora do Fórum e estará presidindo o último Simpósio, que contempla o tema do evento: “Novos Rumos para o Desenvolvimento do Vale do Paranapanema”, no dia 22 de novembro, às 14 horas, na Unesp e que contará com a presença de personalidades que representam as instituições de ensino e pesquisa e do setor público regional; vem acompanhando todo o processo de implantação e desenvolvimento da área de biotecnologia no Vale Paranapanema desde o início. Ela destaca o entrosamento dos grupos distintos que se uniram para a realização deste primeiro fórum, como o fator mais importante de todo o trabalho realizado até hoje: “Este evento é um dos primeiros frutos do grande sonho de todos aqueles que vêm lutando ao longo dos últimos anos, para o fortalecimento e crescimento desta região. Muitas coisas já estão acontecendo aqui em termos de pesquisas científicas de ponta e a sociedade, empresas e iniciativa privada precisam tomar conhecimento deste fato para que tudo isso possa dar um salto, da teoria para a prática”, finaliza.
SERVIÇOS
Informações e toda a programação: Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” - UNESP CAMPUS de Assis. Comissão Organizadora: Via Chico Mendes, 65 - CEP: 19.807-130 Assis/SP. Telefones: (18) 3323-2368, Fax: (18) 3324-8033. Site: http://www.assis.unesp.br/forumdebiotecnologia/
E-mail: forumdebiotecnologia@femanet.com.br
REPORTAGEM LOCAL
Fonte: http://www.jornalvozdaterra.com.br/educ ... 082006.asp
