Governo holandês considera proibição de traje islâmico

[Steve]

Governo holandês considera proibição de traje islâmico

Gregory Crouch
em Nijmegen, Holanda

Cinco dias antes de uma eleição nacional aqui, o governo de centro-direita anunciou na sexta-feira que planeja apresentar uma legislação proibindo burcas e trajes semelhantes em lugares públicos, dizendo que o traje que cobre todo o corpo, vestido por um pequeno número de mulheres muçulmanas na Holanda, representa uma ameaça à segurança.

A Holanda considerava tal medida há meses, em reação à burca e outras peças de vestuário que escondem o rosto e olhos da pessoa que a veste. O governo alega o temor de que um terrorista poderia usar tal traje para passar pelas barreiras de segurança e realizar um ataque.

A discussão holandesa faz parte de um debate europeu maior sobre quão longe os governos podem ir em legislar o que as pessoas -especificamente mulheres e meninas muçulmanas- podem e não podem vestir.

No mês passado, o ex-ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, Jack Straw, causou comoção ao pedir para as mulheres muçulmanas removerem os véus faciais plenos quando conversassem com ele, dizendo que o véu é "uma declaração visível de separação e diferença" que ameaça a harmonia social britânica. O primeiro-ministro Tony Blair apoiou Straw posteriormente.

O destino da proposta holandesa é incerta e os críticos acusaram o governo de apresentá-la como um subterfúgio de campanha em um país que ainda está cambaleando devido ao assassinato em 2004 de um cineasta, Theo van Gogh, por um muçulmano fundamentalista.

Mas caso seja aprovada no Parlamento, as mulheres seriam proibidas de vestirem burcas em vários locais públicos, como escolas, trens, tribunais e até mesmo nas ruas.

"O Gabinete considera indesejável que trajes que cubram o rosto -incluindo a burca - sejam vestidos em locais públicos por motivos de ordem pública, segurança e proteção dos cidadãos", disse a ministra da Imigração, Rita Verdonk, na sexta-feira.

Cerca de um milhão de muçulmanos vivem na Holanda, cerca de 6% da população, e apenas entre 50 e 100 mulheres vestem regularmente a burca aqui, disseram grupos muçulmanos, o que as torna uma visão rara. Diante disto, alguns muçulmanos dizem que consideram toda a questão da burca como um referendo à sua própria existência aqui, uma sugestão negada pelas autoridades do governo.

"É ridículo", disse Yasar Kalkan, um mecânico muçulmano em Leidschendam. "Quando você sai nas ruas, quantas burcas você vê? Nenhuma", ele disse, acrescentando que Verdonk "devia encontrar algo melhor para fazer com seu tempo".

Verdonk e outros notaram que a lei iria além de trajes religiosos, incluindo capacetes que cobrem toda a cabeça com visores plenos e qualquer outro artigo que cubra a cabeça e rosto do usuário. "Nós queremos ver com quem estamos falando", disse Verdonk na semana passada.

Os holandeses não são os únicos na Europa buscando restringir algumas formas de vestuário muçulmano. A França proibiu o hijab, o lenço de cabeça vestido por muitas meninas e mulheres muçulmanas, juntamente com outros símbolos religiosos visíveis em suas escolas. A mais alta corte britânica decidiu neste ano que um colégio tinha o direito de proibir uma estudante de vestir um jilbab, um vestido com comprimento até o tornozelo, em vez do uniforme regular da escola.

O primeiro-ministro da Itália, Romano Prodi, também se juntou ao debate. "Você não pode cobrir seu rosto, você deve ser vista", disse Prodi no mês passado. "Isto é bom senso, eu acho. É importante para nossa sociedade."

O cardeal Renato Martino, chefe do Conselho de Justiça e Paz do Vaticano, disse em relação ao véu que os imigrantes de outras religiões "devem respeitar as tradições, símbolos, cultura e religião dos país para os quais se mudam".

Verdonk disse que soube apenas nesta semana que o Gabinete holandês poderia pedir a proibição da burca após a obtenção de um parecer positivo de juristas. A proibição também foi proposta no final do ano passado e foi apoiada por quase todos os partidos conservadores do país na época.

fonte:NY Times

[clara campos]

o véu é "uma declaração visível de separação e diferença" que ameaça a harmonia social ...

plenamente de acordo

[Samael]

Assunto complicado.

[King In Crimson]

Quem é o Estado pra dizer o que devemos vestir?

[Apáte]

Peculiar o comportamento da Holanda. Lá as pessoas podem até andar peladas, mas cobrir todo o corpo não

piada sem graça...

[nohay]

não entendi muito bem qual o problema com o rosto..eles acham que vai ter uma bomba na cara da pessoa?
acho o traje bonito, não acho que seja questão de proibir, e é até uma ofensa à cultura educação religiao da pessoa, mas acho que vale o bom senso..por exemplo a muçulmana que queria ir à escola inglesa de vestido até o tornozelo, quando a regra do uniforme é para todos.. isso é sem-noção. além de gerar preconceito e trazer vários outros problemas à garota. não me matem, sei que são ateístas mas na minha opinião o problema em si não é a religião, são as pessoas :S

[Hugo]

Quem é o Estado pra dizer o que devemos vestir?

Endosso.

[zencem]

Quem é o Estado pra dizer o que devemos vestir?

Qual Estado, King?

O Teocrata? O Mulçumano? O que mistura religião com política?

O Ocidente nunca teve problemas dessa natureza...

Está começando a ter, depois desta invasão islâmica, por onde se oculta o terrorismo mais baixo da história.

Ou você acha que devemos considerar os fatos de metrôs e trens ir pelos ares, como casos isolados que nada tem com o islã.

[clara campos]

Quem é o Estado pra dizer o que devemos vestir?

Não tem, que ver com isso. Aos teus olhos é apenas roupa, mas para muitos é um símbolo de repressão e opressão.
Além do mais fala-se em proibr a burka e não qualquer tipo de roupa. A burka oculta o rosto por completo, sendo uma barreira óbvia e obrigatória à comunicação e à identificação da pessoa que a usa.

O Estado proibe que se ande nu na rua. Outras vestimentas talvez não sejam formalmente proibidas, mas uma mulher que experimente ir dar aulas ou ir trabalhar de bikini a ver se tal lhe é permitido.

Em muitos países a burka é considerada uma ofensa à diginidade da mulher e como tal é uma ofensa aos valores desse país. Não vejo mulheres inglesas reinvidicando o direito de andarem de calções e top na arábia saudita e outras teocracias islâmicas.

Apesar de não ter ainda uma opinião solidamente formada sobre este assunto, vejo com muitos maus olhos que núcleos de fanatismo ousem clamar pelo direito à intolerância e machismo em países onde eles são condenáveis.

[Hrrr]

falou bonito, clara

[nohay]

clara eles não clamam por machismo, pois essa palavra representa uma visão ocidental sobre o assunto. assim como repressão e opressão. será que elas acham ruim? eu não acredito nisso.

[Hrrr]

clara eles não clamam por machismo, pois essa palavra representa uma visão ocidental sobre o assunto. assim como repressão e opressão. será que elas acham ruim? eu não acredito nisso.

machismo aqui quer dizer justiça e igualdade la?

que'h isso

[King In Crimson]

O Estado proibe que se ande nu na rua.

Não devia.

[Steve]

Quem é o Estado pra dizer o que devemos vestir?

isso é relativo... os indios tem liberdade de andarem nus...
já nós....

[clara campos]

clara eles não clamam por machismo, pois essa palavra representa uma visão ocidental sobre o assunto. assim como repressão e opressão. será que elas acham ruim? eu não acredito nisso.

Não vamos exagerar na dose de relativismo.
O machismo é uma palavra que denomina situações de discriminação de género, sendo o feminino o género discriminalizado e inferiorizado socialmente.

Independentemente do que tu possas acreditar ou não, são centenas os testemunhos de mulheres que procuram libertar-se de tradições opressoras, mulheres que querem viajar e não podem, mulheres mortas por terem filhos fora do matrimónio, mulheres que querem exercer uma profissão, conduzir ou divorciar-se, mulheres castigadas por terem sido violadas.

O velho probérvio português "quem cala consente", que traduz um pouco a ideia que postaste, é na minha opinião uma das maiores aberrações. Há muitos motivos para uma pessoa se calar sem consentir, como séculos de coerção social, o medo, a vergonha, a lavagem cerebral.

Um exemplo.
Portugal é dos países portugueses com maiores índices de violência doméstica, sendo as mulheres as vítimas na grande maioria dos casos. Apenas há alguns anos (4, 5?) a violência doméstica foi considerado um crime público, pelo que não precisa de ser a vítima a denunciá-lo. Em grande parte dos casos não é a vítima a denunciar, mas sim vizinhos e familiares, muitas vezes contra a vontade da vítima. É uma espécie de síndrome de estocolmo, em que manipulações e stress psicológico induzem a vítima a desculpar o agressor.

Pedir a sociedades democráticas e livres que compactuem com formas seculares de opressão e discriminação, sob a égide da cultura, tradição, tolerância e religião é uma forma preversa de contornar os princípios democráticos e iqualitários que a Europa pretende defender e valorizar. O mesmo princípio permitiria desculpabilizar a mutilação genital feminina (a esmagadora maioria das vítimas também não se queixa!), a execução de homossexuais, a proibição do divórcio e execução de adulteros.

Sendo eu uma acérrima defensora da democracia, não posso compactuar com a obscena estratégia fundamentalista-fanática de alguns grupos minoritários extremamente intolerantes de reclamarem para si a tolerância que se recusam a oferecer.

"Let's not make tolerance the napkin of bleeding"

[Washington]

Muito bem dito, Clara.

Os maometanos são contra a liberdade. Acham-se no direito de impor sua "cultura" tosca e decadente a todos.

O único país maometano mais ou menos é a Turquia, que tem uma guerra particular entre o laicismo e as forças do atraso.

[nohay]

o que quero dizer é que nem todas se sentem desta maneira..e que algumas pessoas ocidentais, criadas sem contato com esse tipo de coisa, julgam desta maneira porque é simplesmente como se sentiriam se tivessem que se submeter à esse comportamento diferenciado..nem tudo que é diferenciado é necessariamente bom pra um e ruim pra outro..esses conceitos são relativos e se não houvesse acordo nem teriam sido estabelecidos. se a situação fosse insuportavel, insustentavel, haveria revolução...agora seja por lavagem cerebral ou tanto-faz que se mantiveram os costumes, que resolvam entre eles :) no caso de alguem que sofreu abuso sexual é um estado diferente, de choque, traumático, uma pressão psicologica anormal, e por isso a necessidade de as vezes os vizinhos interferirem...agora a burka é um hábito, é parte de uma cultura, não dá pra comparar com abuso sexual. as sociedades democraticas livres devem não interferir nesta questão, a não ser em caso de segurança, que foi o que aconteceu. esses casos extremos de mutilação genital feminina, execuções não são culpa direta da religião, mas dos que interpretaram o alcorão de maneira favoravel à essas práticas, e que mesmo assim conquistaram adeptos(não fossem os adeptos não teriam poder). quote:"reclamarem para si a tolerância que se recusam a oferecer." também não é por aí, vamos ser razoáveis. usassem em datas comemorativas, em casa, em comunidades arabes sei lá, mas em locais publicos governamentais, escolas, respeitassem as exigencias do local ou abandonassem o local e se virassem com consequencias e adaptação.

um poeminha de um heterônimo de fernando pessoa, acho que o alberto caeiro

Falas de civilização, e de não dever ser,
Ou de não dever ser assim.
Dizes que todos sofrem, ou a maioria de todos,
Com as cousas humanas postas desta maneira.
Dizes que se fossem diferentes, sofreriam menos.
Dizes que se fossem como tu queres, seria melhor.
Escuto sem te ouvir.
Para quê te quereria eu ouvir?
Ouvindo-te nada ficaria sabendo.
Se as cousas fossem diferentes, seriam diferentes: eis tudo.
Se as cousas fossem como tu queres, seriam só como tu queres.
Ai de ti e de todos que levam a vida
A querer inventar a máquina de fazer felicidade!


pessoas protestaram a condenação de saddam, outras comemoraram, ah, eu não tento entender.
são todos loucos. estou cercada de lunáticos. menos eu.

[RicardoVitor]

Quem é o Estado pra dizer o que devemos vestir?

Endosso.

2

[clara campos]

:emoticon45:


Muito bem dito, Clara.

Os maometanos são contra a liberdade. Acham-se no direito de impor sua "cultura" tosca e decadente a todos.

ai ai... não foi isso que eu disse

O único país maometano mais ou menos é a Turquia, que tem uma guerra particular entre o laicismo e as forças do atraso.

A Tunisia é bastante boa, o Egipto está no bom caminho...