O problema do bote salva-vidas

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miguell
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Mensagem por miguell »

user f.k.a. Cabeção escreveu:
Essa é uma daquelas questões que tenta fazer analogia implícita com a caridade compulsiva pregada por esses filósofos de esquerda.




Ignorando o lado direitista do comentário... o apelo abusivo á caridade acaba por cansar.

E concordo com o cabeçao. Os filósofos fazem analogias erradas confundindo situaçoes limite com normalidade e depois a culpa é dos foristas do ReV... que nao percebem nada.

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Res Cogitans
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Re: Re.: O problema do bote salva-vidas

Mensagem por Res Cogitans »

miguell escreveu:Aqui mandaria o instinto. Acho que a maioria salvaria, mas nao acho que a moral impere em situaçoes limite.


A pergunta não é o que você faria, e sim o que DEVERIA fazer.
*Estou REALMENTE muito ocupado. Você pode ficar sem resposta em algum tópico. Se tiver sorte... talvez eu lhe dê uma resposta sarcástica.

*Deus deixou seu único filho morrer pendurado numa cruz, imagine o que ele fará com você.

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user f.k.a. Cabeção
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Re.: O problema do bote salva-vidas

Mensagem por user f.k.a. Cabeção »



A questão explicita até muito bem as limitações intelectuais e imposturas canhestras dos socialistas.

A noção de riqueza da sociedade que eles possuem é a de uma quantidade fixa (víveres em um bote), de modo que o modelo mais ético de sociedade.

Thomas Sowell disse uma vez que 50% das falácias esquerdistas sobre economia são construídas com base no postulado (falso) de que a economia é um jogo de soma zero, como nesse bote. Se um comer mais, o outro come menos.

Ignora-se que riqueza é criada, que o padrão de vida cresceu ao longo da evolução da civilização, que o rico é que permite que o pobre tenha um emprego mais decente no momento em que atrai investimentos e possui crédito, que aplica seus conhecimentos e que toda e qualquer hostilização do capitalismo só acarretou na fuga daqueles que poderiam gerar riqueza.

E ainda assim, tem gente que pensa que a sociedade é um bote salva-vidas, e portanto formam suas patotinhas para ganhar força e abocanhar os víveres que restam, até os consumir por completo, enquanto quem poderia produzi-los ou pula fora ou é consumido também.

A mentalidade de esquerda é totalmente parasitária e canibal.

Esquerdistas propondo dilemas éticos não deixa de ser uma coisa engraçada.

Editado pela última vez por user f.k.a. Cabeção em 26 Dez 2006, 10:21, em um total de 1 vez.
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miguell
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Re: Re.: O problema do bote salva-vidas

Mensagem por miguell »

Res Cogitans escreveu:
miguell escreveu:Aqui mandaria o instinto. Acho que a maioria salvaria, mas nao acho que a moral impere em situaçoes limite.


A pergunta não é o que você faria, e sim o que DEVERIA fazer.


já respond... mais ou menos. O deveria nao existe em situaçoes limite. Em situaçoes limite o instinto toma conta. o deveria só existe na "normalidade"... quando um certo status quo manda.

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O ENCOSTO
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Re: Re.: O problema do bote salva-vidas

Mensagem por O ENCOSTO »

Vitor Moura escreveu:
ímpio escreveu:dê essa dica de como pegar mulher no tópico do hrrrrr.


Pegar mulher é fácil, eu uso uma cantada que funciona 70% das vezes se a mulher estiver solteira. Só não revelo qual é que é pra não virar corriqueira. :emoticon10:


Uma boa cantada é a cantada de pneu. Se for um carro bom obviamente.

É essa cantada que você aplica?
O ENCOSTO


http://www.manualdochurrasco.com.br/
http://www.midiasemmascara.org/
Onde houver fé, levarei a dúvida.

"Ora, a fé é o firme fundamento das coisas infundadas, e a certeza da existência das coisas que não existem.”

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miguell
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Re.: O problema do bote salva-vidas

Mensagem por miguell »

o que eu quero dizer... acho eu... é que o deveria (a moral no sentido mais intelectual) é uma coisa que depende de instituiçoes. Se as instituiçoes quebram... resta o que cada um faria por si mesmo...

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Res Cogitans
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Re.: O problema do bote salva-vidas

Mensagem por Res Cogitans »

Cara eu sei o que você quer dizer. Vou dar um exemplo, se alguém estuprasse e matasse minha mulher eu o mataria sem dó nem piedade. A questão não é o que eu faria e sim o que eu deveria fazer.
*Estou REALMENTE muito ocupado. Você pode ficar sem resposta em algum tópico. Se tiver sorte... talvez eu lhe dê uma resposta sarcástica.

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miguell
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Re.: O problema do bote salva-vidas

Mensagem por miguell »

Pois... esse deveria depende da sociedade em que se está. A ética é social. Nao é? Quer dizer... eu acho que sim. Portanto o que eu deveria fazer é o que um consenso qualquer diz para eu fazer (e que até pode ir contra o que eu gostaria de fazer). A lei diz que eu nao posso ignorar ajuda a alguém que foi atropelado, por exemplo. Entao eu devo chamar ajuda. Nao acredito em nada tipo platónico. Uma verdade MAIOR do que a vida. Um deveria absoluto.

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clara campos
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Re.: O problema do bote salva-vidas

Mensagem por clara campos »

Penso que sim.
Acredito que qualquer pessoa tem a obrigação moral de ajudar os outros sempre que puder, desde que não ponha em risco a sua integridade ou sobrevivência.
Só por existir, só por duvidar, tenho duas almas em guerra e sei que nenhuma vai ganhar... (J.P.)

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Led Zeppelin
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Re.: O problema do bote salva-vidas

Mensagem por Led Zeppelin »

Sim, omissão de socorro é crime. Resolvido.
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betossantana
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Re: Re.: O problema do bote salva-vidas

Mensagem por betossantana »

Led Zeppelin escreveu:Sim, omissão de socorro é crime. Resolvido.


Sim, o Zeppelin está certo. Não vou entrar na analogia do "problema" com questões econômicas e ideológicas, mas este é um caso puro e simples de omissão de socorro, cuja pena vai de 1 a 6 meses de detenção (ou multa), acrescida da metade se resulta lesão corporal grave e triplicada se resulta morte. Os bens jurídicos protegidos pela norma em questão é são a integridade física e a vida. Não há um motivo no problema que JUSTIFIQUE a abstenção das pessoas no bote em relação à que está na água.
É um problema espiritual, chupe pau!

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Led Zeppelin
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Re: Re.: O problema do bote salva-vidas

Mensagem por Led Zeppelin »

betossantana escreveu:
Led Zeppelin escreveu:Sim, omissão de socorro é crime. Resolvido.


Sim, o Zeppelin está certo. Não vou entrar na analogia do "problema" com questões econômicas e ideológicas, mas este é um caso puro e simples de omissão de socorro, cuja pena vai de 1 a 6 meses de detenção (ou multa), acrescida da metade se resulta lesão corporal grave e triplicada se resulta morte. Os bens jurídicos protegidos pela norma em questão é são a integridade física e a vida. Não há um motivo no problema que JUSTIFIQUE a abstenção das pessoas no bote em relação à que está na água.


Se não tivesse mantimentos para todos era outra história, entraríamos no estado de necessidade. Mas como o problema apresentado diz que há fartura de recursos no caso há a obrigatoriedade de salvar a mulher.
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Hrrr
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Re: Re.: O problema do bote salva-vidas

Mensagem por Hrrr »

Vitor Moura escreveu:
ímpio escreveu:dê essa dica de como pegar mulher no tópico do hrrrrr.


Pegar mulher é fácil, eu uso uma cantada que funciona 70% das vezes se a mulher estiver solteira. Só não revelo qual é que é pra não virar corriqueira. :emoticon10:


deve ter algo a ver com espiritos, nô?
JINGOL BEL, JINGOL BEL DENNY NO COTEL... :emoticon266:

i am gonna score... h-hah-hah-hah-hah-hah...

plante uma arvore por dia com um clic

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Re: Re.: O problema do bote salva-vidas

Mensagem por Res Cogitans »

betossantana escreveu:
Led Zeppelin escreveu:Sim, omissão de socorro é crime. Resolvido.


Sim, o Zeppelin está certo. Não vou entrar na analogia do "problema" com questões econômicas e ideológicas, mas este é um caso puro e simples de omissão de socorro, cuja pena vai de 1 a 6 meses de detenção (ou multa), acrescida da metade se resulta lesão corporal grave e triplicada se resulta morte. Os bens jurídicos protegidos pela norma em questão é são a integridade física e a vida. Não há um motivo no problema que JUSTIFIQUE a abstenção das pessoas no bote em relação à que está na água.


A propósito não é uma questão legal e sim moral. Dizer que é crime não acrescenta nada a questão. E o que se tenta e ver por quais princípios morais devemos tratar a questão.
É mais que óbvio que a maioria das pessoas ajudaria a mulher seja por empatia seja por intuicionismo moral. Mas novamente os filósofos morais perguntam pq diabos de principios deve-se ajudá-la.
Abaixo segue uma pequena exposição do filósofo australiano Peter Singer sobre o assunto.

Peter Singer
La obligación de ayudar
El argumento que defiende la obligación de ayudar
El camino que va desde la biblioteca de mi universidad hasta el aula magna de humanidades pasa al lado de un estanque ornamental poco profundo. Supongamos que cuando me dirijo a dar una clase, me doy cuenta de que se ha caído al estanque un niño pequeño y que corre el peligro de ahogarse. ¿Negaría alguien que he de meterme para sacar al niño? Esto supondría manchar mi ropa de barro, o cancelar mi clase, o retrasarla hasta que pudiera encontrar algo seco que ponerme; pero comparado con evitar la muerte de un niño, esto es insignificante.

Un principio loable que apoyaría el criterio de que debo sacar al niño sería el siguiente: si está en nuestras manos evitar que ocurra algo muy malo, sin sacrificar algo que se le pueda comparar moralmente, tenemos que hacerlo. Este principio no parece polémico. Evidentemente contará con la aprobación de los consecuencialistas; pero los no consecuencialistas deberían aceptarlo también, ya que el mandato de evitar lo que sea malo se aplica sólo cuando no esté en juego nada que se le pueda comparar en importancia. Por tanto, el principio no puede llevamos a la clase de acciones que los no consecuencialistas desaprueban enérgicamente, tales como violaciones graves de los derechos individuales, injusticias y promesas incumplidas entre otras. Si los no consecuencialistas consideran que se puede comparar en importancia moral cualquiera de estas acciones con lo malo que se ha de evitar, automáticamente considerarán que el principio no se aplica en los casos en los que sólo se puede prevenir lo malo violando derechos, cometiendo injusticias, incumpliendo promesas, o lo que sea que esté en juego. La mayoría de los no consecuencialistas sostienen que debemos impedir lo que sea malo y contribuir a lo que sea bueno. Su polémica con los consecuencialistas yace en su insistencia en que éste no es el único y definitivo principio ético: que sea un principio ético no lo niega ninguna teoría ética admisible.

No obstante, es engañosa la apariencia poco polémica del principio de que tenemos que impedir lo que sea malo siempre que podamos, sin sacrificar nada que se le pueda comparar en importancia moral. Si lo tomáramos en serio y actuáramos en consecuencia, tanto nuestras vidas como nuestro mundo cambiarían fundamentalmente. Porque el principio se aplica no sólo a situaciones extrañas en las que hay que salvar a un niño de un estanque, sino a situaciones cotidianas en las que podemos ayudar a los que viven en la pobreza absoluta. Al decir esto, pienso que la pobreza absoluta, con su hambre y su desnutrición, falta de vivienda, analfabetismo, enfermedades, alta mortalidad infantil y baja esperanza de vida, es algo malo. Y pienso que está en manos de los ricos reducir la pobreza absoluta, sin sacrificar nada que se le pueda comparar en importancia moral. Si estas dos pretensiones y el principio que hemos estado analizando son correctos, tenemos una obligación de ayudar a los que viven en la pobreza absoluta que no es menos fuerte que nuestra obligación de rescatar de un estanque a un niño que se está ahogando. No ayudar estaría mal, sea o no intrínsecamente equivalente a matar. Ayudar no es, corno convencionalmente se piensa, un acto caritativo que es digno de elogio, pero que no está mal omitir; es algo que todo el mundo debería hacer.

Éste es el argumento que aboga por la obligación de ayudar y que, enunciado de manera más formal, quedaría de la siguiente forma:

Primera premisa: si podemos evitar que ocurra algo malo sin sacrificar nada de una importancia comparable, debemos hacerlo.

Segunda premisa: la pobreza absoluta es mala.

Tercera premisa: hay parte de la pobreza absoluta que podemos evitar sin sacrificar nada de una importancia moral comparable.

Conclusión: debemos evitar parte de la pobreza absoluta.

La primera premisa es la premisa moral esencial sobre la cual descansa el argumento, y he intentado demostrar que la pueden aceptar personas que sostienen posturas éticas diferentes. La segunda premisa es probable que no se ponga en duda. La pobreza absoluta está, según McNamara, "por debajo de cualquier definición razonable de decencia humana" y sería difícil encontrar un punto de vista ético admisible que no la considerase algo malo. La tercera premisa es más polémica, incluso aunque está enunciada con precaución. Afirma sólo que se puede evitar parte de la pobreza absoluta sin el sacrificio de nada que pueda ser de una importancia moralmente comparable. Por tanto, evita la objeción de que cualquier ayuda que demos sea tan sólo "una gota en el océano", ya que la cuestión no estriba en si mi contribución personal surtirá un efecto considerable en la pobreza mundial en general (que, por supuesto, no lo tendrá), sino en si evitará parte de esa pobreza. Esto es todo lo que el argumento necesita para sostener su conclusión, puesto que la segunda premisa dice que toda pobreza absoluta es mala, y no sólo la pobreza total en su conjunto. Si, sin sacrificar algo que sea de una importancia moral comparable, podemos proporcionar a una familia los medios necesarios para salir de la pobreza absoluta, la tercera premisa está justificada.

He dejado el concepto de importancia moral sin analizar con objeto de demostrar que el argumento no depende de ningún valor ni principio ético específicos. Creo que la tercera premisa es válida para la mayoría de las personas que viven en naciones industrializadas, sobre cualquier postura defendible de lo que es moralmente importante. Nuestra riqueza implica que poseemos ingresos de los que podemos prescindir sin poner en peligro nuestras necesidades básicas, y podemos utilizarlos para reducir la pobreza absoluta. La medida en la que nos sintamos obligados a colaborar dependerá de lo que consideremos ser de una importancia moral comparable con la pobreza absoluta que podemos evitar: ropa de moda, comidas caras, un sofisticado equipo de sonido, vacaciones en el extranjero, un (¿segundo?) coche, una casa más grande, colegios privados para nuestros hijos, etcétera. Para el utilitarismo, ninguna de estas cosas es probable que sea de una importancia comparable a la reducción de la pobreza absoluta; y los que no son utilitaristas seguramente deben aceptar, si suscriben el principio de universalizabilidad, que al menos algunas de estas cosas tienen mucha menos importancia moral que la pobreza absoluta que podrían evitar con el dinero que cuestan. Por tanto, la tercera premisa parece ser válida para cualquier postura ética admisible, aunque la cantidad de pobreza absoluta que se puede evitar sin que se sacrifique nada de una importancia moral variará según el punto de vista ético que uno acepte.


O resto do artigo, incluindo as objeções ao argumento da obrigação de ajudar, pode ser lido aqui:
http://www.utilitarian.net/es/singer/de/1995----06.htm
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betossantana
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Re: Re.: O problema do bote salva-vidas

Mensagem por betossantana »

Res Cogitans escreveu:A propósito não é uma questão legal e sim moral. Dizer que é crime não acrescenta nada a questão. E o que se tenta e ver por quais princípios morais devemos tratar a questão.


Affffffffff. Tanto a moral quanto o Direito são norma, a diferenças estão na gênese da norma, na sanção que a norma prevê e na aplicação da sanção. Se uma conduta é tipificada por uma sociedade como crime, a proteção ao bem que ela tutela foi considerada tão importante que ela faz jus à tutela Penal, ou seja, a norma jurídica nasce da moral. Se se configura o crime de omissão de socorro no caso, é porque nossa moral social também procura preservar o mesmo bem tutelado, no caso a integridade e a vida. Então a discussão sobre o princípio moral envolvido na questão é meramente acadêmica, já que no plano da vida ela já foi ultrapassada, já deixou se ser moral e evoluiu pra se tornar Direito.

O que não acrescenta nada a nada é esse problema idiota. Essa situação é simplista demais pras conclusões que se pretendem que decorram dela. O salto que Singer dá do perigo iminente de morte pra situação de vida de uma pessoa em miséria é completamente artificial.
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Re: Re.: O problema do bote salva-vidas

Mensagem por clara campos »

Ayudar no es, corno convencionalmente se piensa, un acto caritativo que es digno de elogio, pero que no está mal omitir; es algo que todo el mundo debería hacer.

Lindo.
Subscrevo
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Re: Re.: O problema do bote salva-vidas

Mensagem por Res Cogitans »

betossantana escreveu:Affffffffff. Tanto a moral quanto o Direito são norma, a diferenças estão na gênese da norma, na sanção que a norma prevê e na aplicação da sanção. Se uma conduta é tipificada por uma sociedade como crime, a proteção ao bem que ela tutela foi considerada tão importante que ela faz jus à tutela Penal, ou seja, a norma jurídica nasce da moral. Se se configura o crime de omissão de socorro no caso, é porque nossa moral social também procura preservar o mesmo bem tutelado, no caso a integridade e a vida. Então a discussão sobre o princípio moral envolvido na questão é meramente acadêmica, já que no plano da vida ela já foi ultrapassada, já deixou se ser moral e evoluiu pra se tornar Direito.

O que não acrescenta nada a nada é esse problema idiota. Essa situação é simplista demais pras conclusões que se pretendem que decorram dela. O salto que Singer dá do perigo iminente de morte pra situação de vida de uma pessoa em miséria é completamente artificial.


Boa parte dos filósofos morais, tirando os relativistas, procuram princípios éticos que sejam universais. A eles não interessa se uma determinada sociedade tem isso na lei ou na prática comum.
Para cada ato considerado moral ou imoral, deve haver uma justificação a partir de principios morais.
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Re.: O problema do bote salva-vidas

Mensagem por Samael »

Até onde eu saiba, na maioria dos Estados Ocidentais, utiliza-se uma noção de Direito derivada da Moral.

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Mensagem por Samael »

user f.k.a. Cabeção escreveu:
Essa é uma daquelas questões que tenta fazer analogia implícita com a caridade compulsiva pregada por esses filósofos de esquerda.

De qualquer forma, a questão não é análoga, uma vez que salvar uma vida é diferente de redistribuir riqueza ou esmolas.

Nesse caso, a obrigação moral é a de salvar a mulher, embora eu duvide que se o barco estivesse lotado desses pensadores socialistas eles realmente fizessem isso, haja vista que gozam e muito dos padrões de vida sempre da classe que adoram criticar.


À exceção do direitismo cego e insano, a postagem foi muito boa. Eu já tinha reportado alguns dos problemas dessa analogia ao Leonardo, e ele mesmo concorda que analogias são sempre aproximações mais fracas.

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Re: O problema do bote salva-vidas

Mensagem por videomaker »

A oportunidade de ajudar outro sempre deve ser colocada em pratica! e a religião não tem nada haver com isso! tem haver com Bom Senso!
Há dois meios de ser enganado. Um é acreditar no que não é verdadeiro; o outro é recusar a acreditar no que é verdadeiro. Søren Kierkegaard (1813-1855)

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Re: Re.: O problema do bote salva-vidas

Mensagem por Samael »

user f.k.a. Cabeção escreveu:

A questão explicita até muito bem as limitações intelectuais e imposturas canhestras dos socialistas.

A noção de riqueza da sociedade que eles possuem é a de uma quantidade fixa (víveres em um bote), de modo que o modelo mais ético de sociedade.

Thomas Sowell disse uma vez que 50% das falácias esquerdistas sobre economia são construídas com base no postulado (falso) de que a economia é um jogo de soma zero, como nesse bote. Se um comer mais, o outro come menos.

Ignora-se que riqueza é criada, que o padrão de vida cresceu ao longo da evolução da civilização, que o rico é que permite que o pobre tenha um emprego mais decente no momento em que atrai investimentos e possui crédito, que aplica seus conhecimentos e que toda e qualquer hostilização do capitalismo só acarretou na fuga daqueles que poderiam gerar riqueza.

E ainda assim, tem gente que pensa que a sociedade é um bote salva-vidas, e portanto formam suas patotinhas para ganhar força e abocanhar os víveres que restam, até os consumir por completo, enquanto quem poderia produzi-los ou pula fora ou é consumido também.

A mentalidade de esquerda é totalmente parasitária e canibal.

Esquerdistas propondo dilemas éticos não deixa de ser uma coisa engraçada.



E lá foi o tópico ralo a baixo graças ao direitismo cego e fanático...

Até porque, o axioma de criar valor a partir do trabalho NUNCA poderia considerar uma imbecilidade tamanha como a da riqueza ser um valor estável e que deva ser distribuída igualitariamente. O ponto central, para os marxistas, é que essa geração de riqueza não acompanha nenhuma justeza na distribuição dos trabalhos e envolve exploração.

Até porque, faça-me o favor, o pobre tem algo graças ao rico porque o "coitado" do rico lhe dá a "chance" de receber por trabalhar para ele e realizar as funções que lhe seriam "dolorosas" desempenhar.

Não existe nada mais contigencial que o capitalismo...

(e não se preocupe, eu não pretendo ficar ofendendo capitalistas gratuitamente...)

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Mensagem por user f.k.a. Cabeção »

Samael escreveu:Até porque, o axioma de criar valor a partir do trabalho NUNCA poderia considerar uma imbecilidade tamanha como a da riqueza ser um valor estável e que deva ser distribuída igualitariamente. O ponto central, para os marxistas, é que essa geração de riqueza não acompanha nenhuma justeza na distribuição dos trabalhos e envolve exploração



Eu me referi aos esquerdistas e as aberrações que eles proferem a respeito da distribuição de riqueza, e não a teoria marxista em particular.

Mas em geral, é análogo. Para o marxista, a diferença é que as forças sobrenaturais e irresistíveis do progresso histórico jogam nas mãos dos capitalistas os meios de produção que são desenvolvidos tão somente por essa tecno-inércia mística. E que a condição de exploração cada vez mais acentuada do trabalho levará a uma crise no sistema e a uma erupção social e etc etc...

Quanto a "justeza", uma coisa interessante é que o marxista é o primeiro a se arrogar a qualidade de cientista. Mas ele deve mesmo é se achar Deus, pois o marxista é o único que conseguiu inventar um método "científico" para dizer o que é justo e o que não é justo. Os demais, não-marxistas, sempre que falam de justiça estão emitindo juízos de valor (o próprio nome já diz, juízos), e por isso estão sendo partidários e ideológicos ou na melhor das hipóteses emitindo uma opinião particular e irrelevante. Mas não o marxista.

Querendo-se falar em economia do ponto de vista científico, deve-se servir das ferramentas epistemológicas e das inferências lógicas para julgar a validade das teorias. E dessa maneira, independente do que o seu senso de justiça te diz, o socialismo marxista ou de qualquer outro tipo falha miseravelmente em cumprir o que propõe, na verdade aumentando os fatores que eram considerados injustos anteriormente, e portanto é um total contra-senso a sua adoção. Se seu senso de justiça o orienta a escolher uma opção contra-sensual, talvez seja a hora de rever seus conceitos.


Samael escreveu:Até porque, faça-me o favor, o pobre tem algo graças ao rico porque o "coitado" do rico lhe dá a "chance" de receber por trabalhar para ele e realizar as funções que lhe seriam "dolorosas" desempenhar.


Sim. O rico, por possuir o capital, permite que esse seja investido numa atividade que em última instância gera empregos melhores para o pobre do que se esse investimento não existisse.

Pegue por exemplo a presença de empresas como a United Fruits na América Latina. Elas elevaram no início do século passado os níveis salariais de forma sem precedentes ao criar empregos naqueles países, não só pelos cargos e posições oferecidas mais por aumentar a produtividade marginal devido ao crescimento do capital investido.

Agora nada disso impediu de que a presença deles fosse chamada de imperialismo por gente imbecil ou mal intencionada.

A hostilidade ao investimento estrangeiro não foi prerrogativa da América Latina, ela foi a tônica do mundo no século XX, com o quadro mudando um pouco de figura nas últimas décadas, mas não sem atiçar novamente os ânimos dos agora inimigos da "globalização".


Samael escreveu:Não existe nada mais contigencial que o capitalismo...


A realidade é contingencial, contente-se com isso.

Não adianta criticar um sistema por incorporar características que não podem ser apagadas.

Mesmo em um modelo que talvez você concorde, onde o Estado absorvesse o patrimônio daqueles que morressem, afim de evitar as heranças que tanto te incomodam, ainda haveriam as contingências locais que mal ou bem ajudariam mais a alguns do que a outros.
A diferença é que no modelo capitalista as contingências "negativas" tendem a ser dirimidas, uma vez que playboys e herdeiros incompetentes tendem a consumir todas as suas heranças e aqueles que preservarem seu capital ou mesmo o aumentarem o fizeram devido a sua competência em oferecer os melhores serviços e produtos a preços de mercado.
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Re.: O problema do bote salva-vidas

Mensagem por Led Zeppelin »

Se a questão é moral, isso é muito pessoal. Tem gente que salvaria a mulher e tem gente que a deixaria morrer, eu a salvaria, não pela moral, pela LEI. Omissão de socorro é crime e eu não sou um criminoso.
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Re.: O problema do bote salva-vidas

Mensagem por Samael »

1- Imposição não funciona, visto que o próprio Marx critica essa posição nas Grundrisse, A descobertas dos Manuscritos Filosóficos foram, particularmente, um dos maiores fatores de reforma ao marxismo ortodoxo. A idéia de filosofia da práxis atira sobre o indivíduo toda a idéia antes centrada no determinismo histórico. E apenas o marxismo ortodoxo se agrega a essa noção.

O mesmo vale para o caráter científico do marxismo. Para os néo-marxistas, em geral, não existe essa questão de "juízos objetivos que revelem a verdade sob uma manta científica impenetrável". Aí, exatamente, surge a idéia de ideologia enquanto fator essencial à ciência (idéia retirada, em parte, da filosofia hermeneuta). Quanto à seu parágrafo final, juízo de valor puro. Como eu já disse, o grande exemplo de totalitarismo socialista bem sucedido está aí para todos verem: China. Mas mesmo nisso você insiste a "culpa do liberalismo".

Por fim, vale ressaltar que a economia marxista tem em mente desmantelar e criticar o capitalismo, e não estruturar uma forma de governo capitalista sustentável. A isso couberam os regimes que arrogaram a alcunha de comunistas. E esses falharam por uma série de fatores, externos e internos, mas a dicotomia permanece viva.

2- E de onde vem o capital deste rico? E por onde ele se reproduz, diariamente, senão pelo salário de outros? A isso você chama de meritocracia? Eu não. Mas me contento com o sistema, mesmo sem endossá-lo nem criar utopias dentro dele. E de bom grado aceitarei outro que passe pelas vias democráticas e seja utilitariamente mais benéfico à sociedade.

Quanto à questão do capital estrangeiro, depende, em primeiro lugar, do que você considera "desenvolvimento econômico". Uma empresa forte pode muito bem adentrar uma país, esmagar as empresas menores com a sua capacidade de produção e o seu capital de giro alto, substituir, no país, mã-de-obra humana por maquinaria que seja, a curto prazo, menos lucrativa, mas, a longo prazo, mais lucrativa, mandar 90% dos seus faturamentos para a matriz no exterior e o Estado ficar, no máximo, com o imposto cobrado sobre a mesma. A questão passa longe de ser uma forma de bolo, como anseiam os comunistóides anti-imperialistas ou os liberais xiitas.

3- ALELUIA! Eu não proponho utopias, acho que passei da idade. Só odeio essa sua babação pelo capitalismo. É um papo ultra-moralista e que ofende a sua inteligência. Meritocracia só existiria, de fato numa utopia qualquer. E eu não tenho problemas diretos com a herança não. Só acho uma puta hipocrisia defenderem "igualdade de condições" para os nascidos e darem "bônus" especial para alguns. E não me venha com essa, Vitor, até um imbecil ultra-milionário saberia como colocar todo o dinheiro em algum investimento de risco baixo num banco qualquer e viver de renda. Esse não é o ponto. O ponto é o mérito de se receber a herança.

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videomaker
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Re: Re.: O problema do bote salva-vidas

Mensagem por videomaker »

Samael escreveu:1- Imposição não funciona, visto que o próprio Marx critica essa posição nas Grundrisse, A descobertas dos Manuscritos Filosóficos foram, particularmente, um dos maiores fatores de reforma ao marxismo ortodoxo. A idéia de filosofia da práxis atira sobre o indivíduo toda a idéia antes centrada no determinismo histórico. E apenas o marxismo ortodoxo se agrega a essa noção.

O mesmo vale para o caráter científico do marxismo. Para os néo-marxistas, em geral, não existe essa questão de "juízos objetivos que revelem a verdade sob uma manta científica impenetrável". Aí, exatamente, surge a idéia de ideologia enquanto fator essencial à ciência (idéia retirada, em parte, da filosofia hermeneuta). Quanto à seu parágrafo final, juízo de valor puro. Como eu já disse, o grande exemplo de totalitarismo socialista bem sucedido está aí para todos verem: China. Mas mesmo nisso você insiste a "culpa do liberalismo".

Por fim, vale ressaltar que a economia marxista tem em mente desmantelar e criticar o capitalismo, e não estruturar uma forma de governo capitalista sustentável. A isso couberam os regimes que arrogaram a alcunha de comunistas. E esses falharam por uma série de fatores, externos e internos, mas a dicotomia permanece viva.

2- E de onde vem o capital deste rico? E por onde ele se reproduz, diariamente, senão pelo salário de outros? A isso você chama de meritocracia? Eu não. Mas me contento com o sistema, mesmo sem endossá-lo nem criar utopias dentro dele. E de bom grado aceitarei outro que passe pelas vias democráticas e seja utilitariamente mais benéfico à sociedade.

Quanto à questão do capital estrangeiro, depende, em primeiro lugar, do que você considera "desenvolvimento econômico". Uma empresa forte pode muito bem adentrar uma país, esmagar as empresas menores com a sua capacidade de produção e o seu capital de giro alto, substituir, no país, mã-de-obra humana por maquinaria que seja, a curto prazo, menos lucrativa, mas, a longo prazo, mais lucrativa, mandar 90% dos seus faturamentos para a matriz no exterior e o Estado ficar, no máximo, com o imposto cobrado sobre a mesma. A questão passa longe de ser uma forma de bolo, como anseiam os comunistóides anti-imperialistas ou os liberais xiitas.

3- ALELUIA! Eu não proponho utopias, acho que passei da idade. Só odeio essa sua babação pelo capitalismo. É um papo ultra-moralista e que ofende a sua inteligência. Meritocracia só existiria, de fato numa utopia qualquer. E eu não tenho problemas diretos com a herança não. Só acho uma puta hipocrisia defenderem "igualdade de condições" para os nascidos e darem "bônus" especial para alguns. E não me venha com essa, Vitor, até um imbecil ultra-milionário saberia como colocar todo o dinheiro em algum investimento de risco baixo num banco qualquer e viver de renda. Esse não é o ponto. O ponto é o mérito de se receber a herança.



Esse topico não era sobre um bote??????????
Esses filosofos do Rev.. tudim doidooooo.
Há dois meios de ser enganado. Um é acreditar no que não é verdadeiro; o outro é recusar a acreditar no que é verdadeiro. Søren Kierkegaard (1813-1855)

Trancado