

MOGADÍSCIO, Somália, 27 de dezembro (Reuters) - Forças governistas da Somália ocuparam na quarta-feira uma cidade do sul do país até então controlada por militantes islâmicos, disseram testemunhas, num sinal de que as batalhas se aproximam cada vez mais da capital do país, Mogadíscio, reduto do movimento religioso.
"O governo conquistou Jowhar. Posso ver as tropas do governo em cima de blindados caçando tropas islâmicas, rumando para Mogadíscio", disse Mahamud Ismail, morador da cidade, que fica 90 quilômetros ao norte da capital.
Os moradores saíram de suas casas para aplaudir os soldados governistas, apoiados por tanques etíopes, embora ainda houvesse o ruído esporádico de tiros, segundo testemunhas.
Horas antes da captura de Jowhar, a Etiópia, que invadiu a Somália para proteger o governo provisório local, disse ter meio caminho andado na tarefa de derrotar os militantes, o que desperta temores de que o próximo passo seria o uso de bombardeios aéreos e tropas terrestres para ocupar a capital.
Os combatentes islâmicos parecem atender aos apelos do xeque Sharif Ahmed para que suas forças se reúnam na capital, preparando-se para uma longa guerra contra a velha inimiga Etiópia.
"A maior parte das nossas tropas deve convergir para nossas bases e arredores em Mogadíscio e devem se preparar para uma longa guerra contra nossos inimigos", disse o líder muçulmano a jornalistas na noite de terça-feira.
Uma semana de confrontos com morteiros entre os combatentes islâmicos e o governo laico, apoiado pela Etiópia, transformou-se em uma guerra aberta, que ameaça tomar conta de todo o Chifre da África (o nordeste do continente), possivelmente atraindo militantes estrangeiros da jihad e provocando atentados suicidas.
O primeiro-ministro etíope, Meles Zenawi, disse que suas forças mataram até mil militantes islâmicos, embora não haja confirmação independente desse dado. Os muçulmanos dizem ter infligido centenas de mortes.
Mais de 800 pessoas ficaram feridas e milhares estão fugindo da zona de combate, segundo a Cruz Vermelha. A ONU alertou para uma crise humanitária na região, que já sofre as consequências de uma grave inundação e da escassez de recursos.
REUTERS AAJ
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