Obsessão perigosa
- RicardoVitor
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Obsessão perigosa
por Thomas Sowell em 29 de dezembro de 2006
Resumo: Toda a conversa arrogante sobre “justiça social” e “igualdade” significa, na verdade, expandir os poderes dos políticos, pois essas belas palavras não têm uma definição concreta.
A mídia e as universidades estão continuamente obcecadas com “lacunas” ou “disparidades” de renda. Como um apresentador de programa disse, “não faz sentido” que um executivo ganhe mais de 50 milhões de dólares por ano.
Noventa e nove por cento de todas as coisas que acontecem no mundo “não fazem sentido” para muita gente. Você consegue entender como o sistema de transmissão de um automóvel funciona? Você consegue consertá-lo se ele estragar?
Você entende como a aspirina tira a dor de cabeça? Como se faz o yogurte?
Há alguns anos, um famoso ensaio chamava nossa atenção para o fato de que ninguém sabe como fabricar um simples lápis. Isto é, não há um só indivíduo que saiba como plantar a árvore, minerar a grafite, produzir a borracha e fabricar a tinta.
Processos econômicos complexos fazem com que todas essas coisas sejam feitas e coordenadas por uma enorme variedade de pessoas, apenas para que algo tão simples quanto um lápis seja produzido. Multiplique isso por cem ou por mil quando se quer produzir um carro ou um computador.
Se você não entende algo simples como o processo de fabricação de um lápis, por que você ficaria surpreso de não entender a causa de alguém ganhar muito mais dinheiro do que outros indivíduos?
Além disso, se essa obsessão com disparidades de renda for algo mais do que ranger de dentes, obviamente alguém há de “fazer alguma coisa” para mudar o que você não entende.
Usualmente isso significa que o governo – os políticos – deve criar políticas baseadas na sua ignorância sobre o que está acontecendo. Você pode imaginar algo mais perigoso do que permitir que políticos decidam sobre o quanto de dinheiro cada um de nós pode ganhar?
Claro, tal controle político da renda é freqüentemente defendido somente quando se trata dos “ricos”. Mas, quando o imposto de renda foi imposto, no princípio do século XX, eles o aplicaram apenas aos “ricos” e num percentual bem pequeno sobre a renda.
Uma vez arrombada a porteira por esse tipo de poder político, temos visto que o imposto de renda não só se difundiu muito além dos “ricos”, mas também que ele tem devorado um percentual muito grande da renda, mesmo da classe média.
Além do mais, o imposto de renda gerou uma burocracia intrusiva, criando tanta complexidade normativa que milhões de cidadãos comuns recorrem a contadores para o preenchimento dos formulários – que eles então assinam, confirmando a correção das informações prestadas, sob pena de perjúrio.
Se você soubesse como fazê-lo, você não contrataria alguém para isso, não é mesmo?
Incidentalmente, foi preciso uma emenda constitucional para permitir ao governo federal impor tal imposto de renda. Quem escreveu a Constituição foi suficientemente sábio para entender o quão perigoso era permitir que o governo tirasse o dinheiro das pessoas só porque elas o tinham.
Infelizmente, os “progressistas” foram tolos o suficiente, ou invejosos o suficiente, para particularizar os “ricos” num processo que iria, inevitavelmente, se espalhar por toda a sociedade e se tornar insaciável em suas demandas.
Os “progressistas” de hoje querem expandir o controle político sobre a renda ainda mais. Eles chamam isso de “justiça social”, mas você pode chamá-lo de Rumpelstiltskin [*] que ele ainda significará que os políticos vão decidir o quanto cada um de nós deve ter.
É também digno de nota que as pessoas que supostamente ganham quantidades “obscenas” de dinheiro são usualmente executivos de grandes empresas. Não há a mesma ira contra astros de Hollywood quando eles faturam muitas vezes mais do que os executivos.
Isso é preconceito social e ideológico adicionado à inveja e ignorância. É uma mistura digna de um caldeirão de bruxa, “ideal” para fundamentar uma política nacional.
Toda a conversa arrogante sobre “justiça social” e “igualdade” significa, na verdade, expandir os poderes dos políticos, pois essas belas palavras não têm uma definição concreta. Elas são cheques em branco para criar disparidades em poder a fim de diminuir as disparidades em renda – e são muito mais perigosas.
Publicado por Townhall.com
Tradução de Antônio Emílio Angueth de Araújo.
[*] Referência à estória de mesmo nome dos Irmãos Grimm. (N. do T.)
Resumo: Toda a conversa arrogante sobre “justiça social” e “igualdade” significa, na verdade, expandir os poderes dos políticos, pois essas belas palavras não têm uma definição concreta.
A mídia e as universidades estão continuamente obcecadas com “lacunas” ou “disparidades” de renda. Como um apresentador de programa disse, “não faz sentido” que um executivo ganhe mais de 50 milhões de dólares por ano.
Noventa e nove por cento de todas as coisas que acontecem no mundo “não fazem sentido” para muita gente. Você consegue entender como o sistema de transmissão de um automóvel funciona? Você consegue consertá-lo se ele estragar?
Você entende como a aspirina tira a dor de cabeça? Como se faz o yogurte?
Há alguns anos, um famoso ensaio chamava nossa atenção para o fato de que ninguém sabe como fabricar um simples lápis. Isto é, não há um só indivíduo que saiba como plantar a árvore, minerar a grafite, produzir a borracha e fabricar a tinta.
Processos econômicos complexos fazem com que todas essas coisas sejam feitas e coordenadas por uma enorme variedade de pessoas, apenas para que algo tão simples quanto um lápis seja produzido. Multiplique isso por cem ou por mil quando se quer produzir um carro ou um computador.
Se você não entende algo simples como o processo de fabricação de um lápis, por que você ficaria surpreso de não entender a causa de alguém ganhar muito mais dinheiro do que outros indivíduos?
Além disso, se essa obsessão com disparidades de renda for algo mais do que ranger de dentes, obviamente alguém há de “fazer alguma coisa” para mudar o que você não entende.
Usualmente isso significa que o governo – os políticos – deve criar políticas baseadas na sua ignorância sobre o que está acontecendo. Você pode imaginar algo mais perigoso do que permitir que políticos decidam sobre o quanto de dinheiro cada um de nós pode ganhar?
Claro, tal controle político da renda é freqüentemente defendido somente quando se trata dos “ricos”. Mas, quando o imposto de renda foi imposto, no princípio do século XX, eles o aplicaram apenas aos “ricos” e num percentual bem pequeno sobre a renda.
Uma vez arrombada a porteira por esse tipo de poder político, temos visto que o imposto de renda não só se difundiu muito além dos “ricos”, mas também que ele tem devorado um percentual muito grande da renda, mesmo da classe média.
Além do mais, o imposto de renda gerou uma burocracia intrusiva, criando tanta complexidade normativa que milhões de cidadãos comuns recorrem a contadores para o preenchimento dos formulários – que eles então assinam, confirmando a correção das informações prestadas, sob pena de perjúrio.
Se você soubesse como fazê-lo, você não contrataria alguém para isso, não é mesmo?
Incidentalmente, foi preciso uma emenda constitucional para permitir ao governo federal impor tal imposto de renda. Quem escreveu a Constituição foi suficientemente sábio para entender o quão perigoso era permitir que o governo tirasse o dinheiro das pessoas só porque elas o tinham.
Infelizmente, os “progressistas” foram tolos o suficiente, ou invejosos o suficiente, para particularizar os “ricos” num processo que iria, inevitavelmente, se espalhar por toda a sociedade e se tornar insaciável em suas demandas.
Os “progressistas” de hoje querem expandir o controle político sobre a renda ainda mais. Eles chamam isso de “justiça social”, mas você pode chamá-lo de Rumpelstiltskin [*] que ele ainda significará que os políticos vão decidir o quanto cada um de nós deve ter.
É também digno de nota que as pessoas que supostamente ganham quantidades “obscenas” de dinheiro são usualmente executivos de grandes empresas. Não há a mesma ira contra astros de Hollywood quando eles faturam muitas vezes mais do que os executivos.
Isso é preconceito social e ideológico adicionado à inveja e ignorância. É uma mistura digna de um caldeirão de bruxa, “ideal” para fundamentar uma política nacional.
Toda a conversa arrogante sobre “justiça social” e “igualdade” significa, na verdade, expandir os poderes dos políticos, pois essas belas palavras não têm uma definição concreta. Elas são cheques em branco para criar disparidades em poder a fim de diminuir as disparidades em renda – e são muito mais perigosas.
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Tradução de Antônio Emílio Angueth de Araújo.
[*] Referência à estória de mesmo nome dos Irmãos Grimm. (N. do T.)
Logical, responsible, practical.
Clinical, intellectual, cynical.
Liberal, fanatical, criminal.
Acceptable, respectable, presentable, a vegetable!
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- Led Zeppelin
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Re.: Obsessão perigosa
A minha opinião é clara, se todos no mundo tivessem condições de viver com dignidade ninguém reclamaria de ganhar 100 vezes menos que o outro.
"Sua calcinha nos joelhos, sua bunda detonada... fazendo o velho movimento de entra e sai"
- Fernando Silva
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Re.: Obsessão perigosa
Acho que imposto de renda é como taxa de condomínio. Se os moradores não pagarem, não haverá funcionários para fazer a faxina das áreas comuns, não haverá dinheiro para pagar a iluminação dos corredores, consertar os elevadores etc.
Sempre houve imposto de renda, ainda que não com este nome. Reis e imperadores sempre cobraram tributos. Em troca, esperava-se que que garantissem a coisa mais básica de todas: segurança.
O senhor do castelo, na Idade Média, protegia a cidade em volta e os camponeses em troca de comida e artigos manufaturados.
De lá para cá, as sociedades se tornaram muito mais complicadas e as leis também. Como dizem no início do texto, ninguém sabe fazer sequer um lápis sozinho. São necessárias váras pessoas, cada uma com uma parte do conhecimento, portanto não é de se esperar que governar um país seja uma coisa fácil e que uma pessoa isolada tenha todas as respostas.
Aliás, não se pode nem mesmo esperar que dê certo.
Sempre houve imposto de renda, ainda que não com este nome. Reis e imperadores sempre cobraram tributos. Em troca, esperava-se que que garantissem a coisa mais básica de todas: segurança.
O senhor do castelo, na Idade Média, protegia a cidade em volta e os camponeses em troca de comida e artigos manufaturados.
De lá para cá, as sociedades se tornaram muito mais complicadas e as leis também. Como dizem no início do texto, ninguém sabe fazer sequer um lápis sozinho. São necessárias váras pessoas, cada uma com uma parte do conhecimento, portanto não é de se esperar que governar um país seja uma coisa fácil e que uma pessoa isolada tenha todas as respostas.
Aliás, não se pode nem mesmo esperar que dê certo.
Re: Re.: Obsessão perigosa
Fernando Silva escreveu:Acho que imposto de renda é como taxa de condomínio. Se os moradores não pagarem, não haverá funcionários para fazer a faxina das áreas comuns, não haverá dinheiro para pagar a iluminação dos corredores, consertar os elevadores etc.
Sempre houve imposto de renda, ainda que não com este nome. Reis e imperadores sempre cobraram tributos. Em troca, esperava-se que que garantissem a coisa mais básica de todas: segurança.
O senhor do castelo, na Idade Média, protegia a cidade em volta e os camponeses em troca de comida e artigos manufaturados.
De lá para cá, as sociedades se tornaram muito mais complicadas e as leis também. Como dizem no início do texto, ninguém sabe fazer sequer um lápis sozinho. São necessárias váras pessoas, cada uma com uma parte do conhecimento, portanto não é de se esperar que governar um país seja uma coisa fácil e que uma pessoa isolada tenha todas as respostas.
Aliás, não se pode nem mesmo esperar que dê certo.
Eu compararia o condomínio não à tributação sobre a renda, mas a impostos como IPTU, esgoto e recolhimento de lixo.
Nem sou a favor da tributação sobre a renda, muito menos da forma que é feito sobre o salário.Nem sobre patrimônio,e muito menos acho moral cobrar ITBI por exemplo.
ICMS é um assalto.
Sou leiga no assunto , mas tem muita coisa vergonhosa no Brasil a esse respeito.
Depois quem pode manda dinheiro para paraíso fiscal ou sonega e ainda acham imoral. Não sei não quem é imoral.
Impostos para se ter em troca serviço como segurança, saúde e educação são condição sine qua non.
O problema é o tamanho do rombo e o quase nada que se recebe em troca.
- betossantana
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Re: Re.: Obsessão perigosa
Apocaliptica escreveu:Eu compararia o condomínio não à tributação sobre a renda, mas a impostos como IPTU, esgoto e recolhimento de lixo.Impostos para se ter em troca serviço como segurança, saúde e educação são condição sine qua non. O problema é o tamanho do rombo e o quase nada que se recebe em troca.
Na verdade, só pra ilustrar, é VEDADA a vinculação de IMPOSTOS a fins específicos, vedação que não se extende a outros tributos, dos quais os impostos são uma espécie. O Estado arrecada impostos e decide onde aplicar sua renda pelo orçamento aprovado pelo Legislativo. Mas concordo com a moral do seu post, a relação desproporcional rombo/atuação eficaz do Estado, realmente perversa no Brasil.
É um problema espiritual, chupe pau!
Re: Re.: Obsessão perigosa
betossantana escreveu:Apocaliptica escreveu:Eu compararia o condomínio não à tributação sobre a renda, mas a impostos como IPTU, esgoto e recolhimento de lixo.Impostos para se ter em troca serviço como segurança, saúde e educação são condição sine qua non. O problema é o tamanho do rombo e o quase nada que se recebe em troca.
Na verdade, só pra ilustrar, é VEDADA a vinculação de IMPOSTOS a fins específicos, vedação que não se extende a outros tributos, dos quais os impostos são uma espécie. O Estado arrecada impostos e decide onde aplicar sua renda pelo orçamento aprovado pelo Legislativo. Mas concordo com a moral do seu post, a relação desproporcional rombo/atuação eficaz do Estado, realmente perversa no Brasil.
Pois acho que não devia ser vedada. Devia haver transparência e prestação de contas.Do contrário,essa é a forma de nossos impostos fugirem pelo ralo.
- betossantana
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Re: Re.: Obsessão perigosa
Apocaliptica escreveu:Pois acho que não devia ser vedada. Devia haver transparência e prestação de contas.Do contrário,essa é a forma de nossos impostos fugirem pelo ralo.
Eu nem me lembro direito PORQUE é vedada a vinculação de impostos a fins específicos. Mas que merda de Tributário!!!!
Mas a transparência teoricamente reside nos orçamentos e nas contas que são prestadas aos Tribunais de Contas, e que são, teoricamente, públicas, tanto que qualquer cidadão pode denunciar irregularidades perante um Tribunal de Contas.
É um problema espiritual, chupe pau!