de emoções
O Brasil não ganhará a Copa e há
grande chance de o próximo presidente
ser uma mulher. São previsões do
médium Robério de Ogum para 2006
Eduardo Marini
O paulista Robério Alexandre Bavelone, o Robério de Ogum, um dos mais requisitados médiuns do País, afirma: “Não fizemos esta entrevista sozinhos.” Diz ele que, durante as quase duas horas de conversa na sala de sua casa, teríamos sido visitados várias vezes por seu santo-guia, o sr. Ogum. E um certo caboclo chamado Vaporé, entidade que ele incorporaria, teria permanecido por quase todo o tempo entre nós – à direita dele e à esquerda do repórter. “Essa é minha verdade, a minha religião. Sou muito seguro a respeito da minha mediunidade e do papel que exerço. Por isso, disponho-me a falar claramente e sem rodeios sobre o assunto, mesmo correndo o risco de não ser levado a sério por muita gente, por muitos leitores, talvez até por você”, disse ele corajosamente, antes de fazer várias previsões para o ano 2006, entre elas a de que o Brasil não será hexacampeão mundial de futebol na Alemanha. E se dúvidas chacoalham cabeças neste momento, é oportuno constatar, no quadro publicado nesta entrevista, que, pelo menos neste ofício, o das previsões, o homem de Ogum tem bom currículo a apresentar.
ISTOÉ – Para começar, um assunto inevitável: Copa do Mundo de 2006.
O Brasil será hexacampeão na Alemanha?
Robério de Ogum – Não.
ISTOÉ – Tem certeza?
Robério – Infelizmente, o plano espiritual me diz isso.
ISTOÉ – O assunto é delicado. Explique melhor.
Robério – As entidades me contam que Parreira e a Seleção entrarão num
momento negativo e isso custará o título mundial. A trajetória será abalada
pelos graves problemas de saúde que atingirão alguém muito importante
para o grupo. Não vou dar o nome.
ISTOÉ – São afirmações corajosas. Quem vencerá então?
Robério – O caminho está aberto para a Alemanha e a Argentina. O campeão
deve sair daí.
ISTOÉ – O sr. diz que as entidades “contam”, “revelam”. Para um
leigo entender, como isso ocorre?
Robério – Há duas formas básicas. Quando sou solicitado a fazer algumas previsões, em entrevistas ou por outro motivo qualquer, costumo pedir um prazo
de pelo menos um dia. É a minha chance de parar à noite e conversar com o sr. Ogum, São Jorge no catolicismo, meu santo protetor e condutor, e também com
as outras entidades que aparecerem. Nesse momento, normalmente à noite,
peço proteção, lucidez, clareza, rezo como qualquer cidadão comum. É um ritual
para reforçar a sintonia com o plano espiritual e com minhas crenças. De vez em quando, alguma coisa surge nesses momentos. Um exemplo: uma previsão muito comentada até hoje, a do conflito entre católicos e protestantes em 1995, publicada por ISTOÉ dias antes de um pastor da Igreja Universal chutar a imagem de Nossa Senhora Aparecida em pleno 12 de outubro e causar aquela confusão toda, foi
dessa forma. A revista me procurou num dia, marquei para o dia seguinte, concentrei-me com o sr. Ogum à noite, pedindo iluminação para o dia seguinte,
mas ele me revelou naquele momento.
ISTOÉ – E a segunda maneira?
Robério – Essa outra marca a maioria dos casos. Apesar das meditações, o mais comum é eu chegar para reuniões espirituais ou entrevistas, quando é o caso, sem qualquer previsão. À medida que as demandas da conversa e os meus pedidos surgem, Ogum e as outras entidades vão chegando e me falando coisas.
ISTOÉ – De que jeito? O sr. vê alguma entidade, a imagem de alguém? Ouve vozes? Sabe quem está falando?
Robério – Tudo isso. Ouço as vozes das entidades como ouço a sua agora. Na entrevista que dei para outro repórter de ISTOÉ em janeiro de 2004, previ, dessa maneira, todas as dificuldades que Lula e o governo do PT enfrentaram e continuam enfrentando. É preciso lembrar que naquele momento o governo ainda vivia em lua-de-mel com o povo, navegava em céu de brigadeiro. Falei em recorde de CPIs, problemas com aliados próximos, tudo isso. O sr. Ogum me veio no momento e disse que Lula entraria num inferno astral por culpa de aliados próximos, teria as estruturas abaladas e balançaria. Ao mesmo tempo chegou Iansã, protetora da primeira- dama, dona Marisa, e disse que iria lutar com todas as forças para proteger os dois daquilo tudo. No início de 2002, quando disse que o líder Saddam Hussein não demoraria a cair (os Estados Unidos invadiram o Iraque em março de 2003 e Saddam caiu em dezembro do mesmo ano), foi um processo parecido. Conversava com um amigo, pai de uma apresentadora de tevê, e o sr. Ogum chegou e me disse. Eu comentei entre os amigos e, logo depois, comentei numa entrevista a duas repórteres de ISTOÉ.
ISTOÉ – Mas e quem não é médium, como eu, não ouve e não vê nada?
Robério – Quem não tem mediunidade desenvolvida não ouve e não vê nada.
ISTOÉ – Alguma entidade esteve nesta sala desde que iniciamos nossa conversa?
Robério – Vamos falar sobre isso?
ISTOÉ – Algum problema?
Robério – Não, não há. Quer saber? Então vamos lá: incorporo constantemente, além do sr. Ogum, uma outra entidade, um indígena, um caboclo chamado Vaporé. Até agora, Ogum já chegou aqui e saiu duas vezes (estávamos na sala da casa do médium, numa cidade da região metropolitana de São Paulo). O índio está ali, à sua esquerda, de pé, próximo à parede.
ISTOÉ – Verdade?
Robério – Verdade.
(pausa para rir:
)
"À medida que os meus pedidos vão surgindo, Ogum e orixás chegam e me falam coisas. Ouço as vozes das entidades como ouço a sua"
ISTOÉ – O sr. não admite que é extremamente difícil, para muita gente, acreditar, por mais que elas tenham disposição
para isso?
Robério – Você tem toda a razão. Mas essa
é minha religião, minha verdade – e sou
muito seguro a respeito da mediunidade e
do papel que exerço. Por isso, disponho-me
a falar claramente e sem rodeios, mesmo correndo o risco de não ser levado a sério por muita gente, por muitos leitores, talvez por você. Mas não irei mudar meu comportamento, meu caminho e minhas crenças por causa desse risco. Eu e toda a comunidade espírita – os adeptos da umbanda, do candomblé, os kardecistas, os seguidores da doutrina do maior médium de todos os tempos, o maravilhoso Chico Xavier – sempre enfrentamos preconceitos de grupos fracos e fortes. E sempre sobrevivemos a todos eles com muita dignidade, abraçados a nossa crença. Não seria pelo risco de conviver com desconfianças que deixaria de falar abertamente sobre algo que acredito e faz parte da minha vida. O espiritismo, como qualquer outra religião, vai sempre participar da vida das pessoas na medida em que elas acreditem e permitam.
ISTOÉ – Mas ainda assim muitos têm dificuldade em crer...
Robério – Tenho plena consciência disso. No final, será sempre um processo pessoal – não é o caso de forçar nada nem ninguém. Vou contar uma passagem interessante. Certa vez, um amigo meu, jornalista como você, contou-me um episódio engraçado que ele viveu. Uma moça, ao descobrir nossa amizade, perguntou a ele: “Você acredita no Robério de Ogum?” A resposta é um resumo bem-humorado de tudo isso que estamos falando. “No Robério de Ogum às
vezes, como na maioria das pessoas, mas no Ogum certamente”, disse ele. Dou risada quando me lembro dessa passagem, mas, na minha visão e também na desse meu amigo, a resposta é uma divisão perfeita entre os planos pessoal e espiritual. O que posso assegurar é que estou contando a você minha verdade,
a minha maneira de cultuar e de estabelecer sintonia com Deus. Isso é o fundamental. O resto a gente resolve.
ISTOÉ – Bom, e como devo me comportar, já que somos mais do que dois aqui?
Robério – Normalmente, fazendo suas perguntas.
ISTOÉ – Então vamos a elas. Como será 2006?
Robério – Antes é importante dizer que, quando falamos em ano, não significa exatamente um prazo delimitado e preciso de 12 meses, mas um ciclo, que poderá ser maior ou menor. Dito isso, teremos a influência marcante e majoritária de uma entidade chamada Oxaguiam, uma espécie de Oxalá. Oxaguiam é do tipo família, carinhoso, mas também enérgico e determinado. Não admite que você o procure e o cultue somente nos momentos de dificuldades, abandonando-o depois para voltar somente em outro momento de aperto. É protetor, mas não aquele pai que o recebe, dá a grana de que você precisa, o vê partir e voltar tempos depois apenas para pedir algo uma vez mais, entende? Ele quer contato, devoção freqüente.
ISTOÉ – As influências serão somente dele?
Robério –Não. Serão também de Oxum, que é Nossa Senhora da Conceição, deusa da fertilidade e da harmonia familiar, de Obaluaê, que enfrenta doenças e pragas, e de Exu, um guerreiro, espécie de mensageiro de todos os outros orixás, a entidade que melhor trafega entre os planos espiritual e material e melhor convive conosco aqui na Terra.
ISTOÉ – E o que essa combinação significa?
Robério – Um ano propício ao equilíbrio familiar, à reconciliação. É hora de pai e filho, marido e mulher se entenderem melhor. Ao contrário de 2005, marcado pelas dores de alma, trata-se de um momento interessante para resolver problemas relacionados à harmonia e ao afeto no ambiente familiar. As cores de 2006 serão o azul e branco de Oxalá, o amarelo de Oxum e o vermelho e preto de Exu.
ISTOÉ – Lula será reeleito presidente da República?
Robério – Não. Ao contrário do que parece agora, ainda enfrentará muitos problemas, no PT e na administração do governo, e não conseguirá se reeleger. Muitos vão ficar surpresos, mas vejo uma mulher com grandes chances, com muita força, com possibilidades concretas de ser presidente da República.
ISTOÉ – Heloísa Helena?
Robério – Uma mulher, não posso dizer precisamente se é Heloísa Helena. Mas
a propósito ela terá um ano maravilhoso, muito potente e ascendente. Poderá ser
ela sim senhor, é muito provável que seja ela. A senadora é filha de Iansã, entidade guerreira que estará ao lado dela em suas demandas principais. Heloísa Helena precisa cuidar um pouco mais do seu controle emocional no plano individual,
porque esse lado nela ainda está fraco e pouco trabalhado. Mas, se essa mulher resolver isso, chegará longe e dará muito mais trabalho aos adversários do que
eles e todos nós imaginamos. Bom, depois do que acabo de dizer, todos nós
menos eu, no mínimo.
ISTOÉ – Quem será o adversário mais poderoso da senadora?
Robério – Não posso afirmar se Lula chega ou não ao segundo turno da mesma maneira que digo que ele não será reeleito, mas tudo me indica que o grande nome dessa eleição presidencial será o do atual governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, do PSDB homem voltado para Deus, muito iluminado e com forte proteção espiritual.
ISTOÉ – Mas o prefeito de São Paulo, o também tucano José Serra, está forte
no momento. Foi ministro, já fez campanha presidencial, é conhecido em todo o País e, nesta semana, diante de duas pesquisas que o colocam mais de 5 pontos
à frente de Lula ainda no primeiro turno, balançou ao ser perguntado se continuaria na prefeitura. Com toda essa força, será que ele perde para Alckmin num acordo político ou mesmo numa convenção para escolher o candidato do PSDB à Presidência?
Robério – Tudo isso é verdade, mas é o que estou vendo. Você disse bem: ele está forte no momento. Mas vejo indicações de que não terá essa força toda no momento em que for necessário. Sofrerá um processo de desgaste.
ISTOÉ – E o governo de São Paulo?
Robério – Será eleito o candidato do PSDB. O senador Aloizio Mercadante ganhará a candidatura petista de Marta Suplicy, mas perderá a eleição para o representante tucano. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso será muito cobrado dentro do partido para interferir na disputa paulista, eventualmente até apresentando a própria candidatura como solução de peso e suposto consenso para a disputa pesada que certamente será estabelecida entre os tucanos. Apesar disso, vejo surgir com mais chances um candidato novo, do interior de São Paulo, apoiado pelo governador Geraldo Alckmin.
ISTOÉ – O sr. ainda orienta espiritualmente o técnico Vanderlei Luxemburgo, que acaba de ser demitido do clube espanhol Real Madrid?
Robério – Não. Mas nos damos bem, temos uma relação cordial. Se ele voltar a se fortalecer, a buscar iluminação, a olhar para Ogum, seu santo de cabeça, será o substituto de Carlos Alberto Parreira no comando da Seleção Brasileira.
ISTOÉ – E o ministro da Fazenda, Antônio Palocci?
Robério – Terá um ano de conflitos e grandes chances de deixar o cargo.
ISTOÉ – Há curiosidade também sobre o futuro de personalidades das artes
e dos esportes. Os orixás revelaram algo sobre alguma delas?
Robério – Roberto Carlos precisa dar mais atenção à saúde, pois terá pequenos problemas. Perderemos em 2006 um grande comunicador de televisão, um grande empresário de comunicação e uma artista muito querida. Não direi nomes.
Dárcio de Jesus
"Teremos a influência de Oxaguiam, uma entidade carinhosa, mas também enérgica. Será um ano propícioà busca do equilíbrio familiar"
ISTOÉ – Previsões como essas geram
uma especulação danada...
Robério – Mas você perguntou e eu estou dizendo o que vi. Se vocês cobram depois, digo o que as entidades me revelam.
ISTOÉ – O sr., por exemplo, acertou
coisas importantes na última entrevista
dada a ISTOÉ, no início de 2004. Mas
também tem um bom número de previsões
que não se concretizaram...
Robério – E não tenho o menor problema em comentá-las ou mesmo em conviver com elas. Disse a ISTOÉ no início de 2002 que Lula não seria eleito e ele foi. Mas eu não vi aquilo no plano espiritual. Não vi, não vou dar outra resposta, tenho segurança suficiente para dizer que não vi. Na mesma entrevista, disse que iriam prender o Bin Laden e isso, como todos sabem, ainda não ocorreu. As pessoas possuem, sim, o livre-arbítrio para mudar muita coisa do plano espiritual. Além disso, o homem Robério Alexandre Bavelone, um dos instrumentos do sr. Ogum e das outras entidades no plano material, erra como todo homem.
ISTOÉ – Terminamos. Ogum veio e voltou muitas vezes?
Robério – Sim, muitas. E me revelou várias coisas. E a outra entidade, o Vaporé, o caboclo do qual lhe falei, ficou ali direto, sem sair, até pouco tempo atrás.
ISTOÉ – E ele já foi?
Robério – Já, já foi.
ISTOÉ – Eu também vou.
Robério – Vá com Deus.
http://www.terra.com.br/istoe/
Genial esse repórter..irônico pra caralho!
Ué...Porquê?
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