O Preço Que Se Paga
Claudio A. Téllez
Em regimes de inspiração socialista, o preço que se paga pela esperança de igualdade é a impotência de todos. Termina-se por viver sob a opressão do patrulhamento, destrói-se a relação entre-os-homens (e portanto a coisa política, no sentido arendtiano) pois todos têm medo de todos e, mediante o dirigismo coletivista, aniquilam-se as potencialidades individuais e cria-se uma sociedade de regressão (no sentido de Francis Galton, de regressão à mediocridade).
É através de lemas como "a esperança venceu o medo" que se concretiza o embuste, pois é justamente mediante a manipulação da esperança das pessoas que se instaura um regime de desconfiança e - em casos mais extremos - de terror. Foi o que o mundo testemunhou durante o período jacobino da Revolução Francesa, de nítida inspiração rousseauniana e durante os regimes coletivizantes do século XX que deixaram atrás de si uma esteira de morte e destruição. É o que testemunhamos ainda hoje, em pleno século XXI, em países como Cuba, Coréia do Norte e, em certo grau, no Irã.
Só a título de exemplo, no Estado soviético estagnado, já na época de Brejnev, o partido totalitário, totalmente corroído pela corrupção, terminou o serviço de lançar milhões de seres humanos na miséria e no desespero. O mundo auto-intitulado livre, contudo, parece cego e surdo diante de tantos testemunhos.
A corrupção, por sinal, é inseparável de qualquer projeto totalitário, e a maior tristeza que pode atingir uma sociedade é tornar-se tolerante à prática da corrupção. Quando se chega a esse ponto, é porque já se destruíram as consciências e as pessoas não conseguem mais perceber que estão totalmente mergulhadas na submissão e na cegueira.
Segundo uma pesquisa recente do Ibope, a sociedade brasileira tolera bem a corrupção. Mais do que a desconfiança para com a classe política brasileira, onde toda renovação é de fachada pois os donos do poder o passam de mãos em mãos desde os tempos coloniais, mudando apenas a sua roupagem, o que se pode concluir é que a tolerância à corrupção é um indicador da submissão e da passividade, conseqüências de um trabalho longo e sistemático de anulação do senso crítico e de uniformização das consciências (sempre em regressão à mediocridade).
Transformada a compreensível e saudável ânsia da sociedade por justiça social em eficiente instrumento de perpetuação do poder político em sua face mais despótica, banaliza-se a democracia em mera contagem de cabeças enquanto mantêm-se a impotência do cidadão, camuflada sob a ilusão de representatividade.
Não estamos mais na Guerra Fria, mas observamos, na América Latina, um recrudescimento do populismo de inspiração socialista, retratado avidamente pelos meios informativos, acadêmicos e culturais como "justa reação" às mazelas de um neoliberalismo que, por estas paragens, salvo escassas exceções, nunca existiu. Por sinal, nessas exceções (o Chile é um exemplo), onde houve um certo sucesso na obtenção de um grau maior de liberdade econômica, o que se tem visto é crescimento econômico sustentável e convergência na distribuição de rendas (isto é, redução da desigualdade material). Isso se explica através do melhor fluxo de riquezas pelas artérias da sociedade, algo que somente o liberalismo econômico é capaz de propiciar.
Lamentavelmente, contra todas as evidências históricas e empíricas, o constante apelo ao idealismo romantizado do latino-americano consolida a sabedoria convencional de que nós somos pobres porque há países ricos, isto é, que o jogo econômico entre as nações é de soma-zero. Esse erro, inculcado nos cérebros dos habitantes destas regiões desde a infância, contribui para afundar este continente, cada vez mais, no patético lodaçal do atraso e da miséria. É o preço que se paga...
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