Botanico escreveu: Como devem ser feitos os experimentos sobre fenômenos paranormais de forma que sejam validados pela comunidade científica?
Acauan escreveu:Botanico,
Me causa surpresa que você, que usa por apelido o título de uma graduação acadêmica em ciência natural faça esta pergunta.
Ora, os experimentos sobre fenômenos paranormais devem cumprir os mesmos requisitos de método que quaisquer outros experimentos, de quaisquer outras disciplinas, para serem aceitos pela comunidade científica. Só isto.
Como disse, é estranho que você se alinhe ao lado errado desta discussão, que defende que a apresentação de um vídeo deva ser aceito como prova científica de uma teoria, por conta de que não se deva suspeitar da idoneidade dos pesquisadores responsáveis.
Acauan, a bem da verdade, EU NEM VI O VÍDEO e não me lembro de ter dito que UM vídeo fosse prova de alguma teoria. Até onde sei, em se tratando de paranormal, NEM SE CHEGOU A TEORIA ALGUMA, o máximo que se tem por aqui são hipóteses chutadas a gosto do freguês. A minha questão está se resumindo ao seguinte: se fenômenos inusitados, aparentemente em contradição com leis físicas e/ou químicas conhecidas acontecem, como deveriam ser registrados e que métodos experimentais devem ser adotados para que os experimentos feitos sejam aceitos pela comunidade científica?
Sim, pois tudo o que foi feito é desconsiderado com argumentos do tipo "os cientistas poderiam mentir", "filmes, fotos, vídeos podem ser falsificados", "relatos não provam nada"... É por aí. Estou esperando o livreiro me entregar o livro da tal Juliana que diz ter feito uma análise dos experimentos de Crookes. Espero que tenha feito coisa melhor do que eu tenho visto por parte da comunidade cética.
Acauan escreveu:Não sei qual sua área de especialidade, mas digamos que você tivesse interesse em defender uma tese de doutorado, versando sobre a descoberta de uma nova espécie de sapos.
Você sabe muito bem que se apresentar à banca avaliadora apenas uma série de filmes mostrando os tais sapos da nova espécie e alegar que isto é prova suficiente dado que não há razão para supor que você esteja mentindo, fraudando ou enganado, a banca avaliadora simplesmente reprovará sua defesa de tese, simplesmente porque ela não atende aos requisitos mínimos de método para que o trabalho tenha validade científica.
A minha área de especialidade é Botânica mesmo, e se trocar o sapo por uma galha desconhecida (=tumor vegetal) eu reprovaria o candidato. Mas ironicamente, mesmo que ele mostrasse as estruturas interna e externa, a ontogênese, o indutor da galha, etc e tal, ELE NÃO ESTARÁ MOSTRANDO MAIS DO IMAGENS, NÃO MUITO MELHORES DO QUE O VÍDEO E DESCREVENDO O TRABALHO QUE FEZ. Seria tudo isso verdade? Mesmo que ele mostrasse e escrevesse bonitinho todo o índice que você colocou abaixo, a uma banca isso seria apenas MOSTRADO e se estivesse de acordo com o que é conhecido, o cara ganharia o seu título. Acha por acaso que os examinadores vão dizer:
_ Pára tudo e vamos lá no seu laboratório para ver o seu laminário, as amostras, etc e tal, pois só assim creremos no que diz.
Não me lembro nunca de isto ter acontecido num exame de tese antes. Isso quanto a sapos e galhas, mas o problema aqui do paranormal são fenômenos fugazes, que ocorrem em presença de certas pessoas.
Nesse particular, nem chegamos ao ponto de se fazer tese alguma, pois a coisa está empacada na constatação do fenômeno, se é real ou não. Não se trata portanto de um caso de sapo. Se admitir comigo que efetivamente vídeos, fotos, relatos, testemunhos, etc e tal NÃO VALIDAM CIENTIFICAMENTE a ocorrência de fenômenos paranormais e NÃO HÁ OUTRA FORMA DE REGISTRO que faça isso, então tudo bem: paranormal é pseudociência ou, mesmo que seja verdadeiro, não é passível de estudo científico.
Acauan escreveu:Ou seja, mostrar um filme, por si só, não serve de prova da existência de sapos e querem que se aceite que sirva de prova da existência de espíritos?
E quando questionados, a culpa é dos céticos que não acreditam em nada?
Se a comunidade cética se limitasse apenas a questionar a validade científica da coisa, beleza. Bastaria apenas demonstrar que cientificamente a coisa não é válida por tais e quais razões e fim de papo.
Quanto aos céticos não crerem em NADA, bem ainda não tive a felicidade de encontrar esses céticos. Até agora eu encontrei sim foram céticos MUIIIITO CRÉDULOS. E pior ainda, céticos mentirosos, como já falei aqui do Polidoro e Brookes-Smith.
Acauan escreveu:Não seria mais honesto considerar que faltam requisitos de método aos registros apresentados neste tópico para que eles possam ser defendidos com segurança sequer como autênticos, sendo pretensão demais querer que sejam prova de o que quer que seja?
Se não concorda comigo, convido então quem defende que este vídeo é prova científica de alguma coisa a apresentá-lo diante de uma banca de avaliação acadêmica e contar aqui os resultados.
Tudo bem, Acauan, o vídeo sozinho, de fato, não prova nada e portanto, neste particular, concordo com você. O meu problema é que a comunidade cética tem afirmado que TODO o experimental feito desde 1850 até hoje é ABSOLUTAMENTE INVÁLIDO. Aí já fico um pouco com o pé atrás, pois as justificativas céticas não me convencem. Querem que eu acredite, por exemplo, que TODOS Os CIENTISTAS ENVOLVIDOS NESSAS PESQUISAS ERAM MENTIROSOS, mas não me apresentam um único motivo plausível para que todos mentissem em favor de algo que só os desprestigiava junto a seus colegas. E para mim ficou ainda pior quando são os céticos que mentem (como os dois que citei), mas estes ao menos eu sei porque mentiram: para defenderem sua fé cética.
Acauan escreveu:Por fim, respondendo à sua pergunta, transcrevo um conteúdo mínimo para apresentação de teses, que você deve conhecer, que pode ser aplicado a qualquer área científica, com adaptações.
Se os espíritas querem validar seus experimentos, este é um bom modelo de apresentação:
1 INTRODUÇÃO
1.1 Considerações iniciais
1.2 Estrutura do trabalho
2 OBJETIVOS
2.1 Geral
2.2 Específicos
2.3 Justificativa
3 OBJETO DE ESTUDO
3.1 Tema
3.2 Delimitação do tema
3.3 Problema
3.4 Hipóteses
3.4.1 Hipótese básica
3.4.2 Hipóteses secundárias
3.4.3 Variáveis
4 REFERENCIAL TEÓRICO
4.1 Teorias correlacionadas
4.2 Revisão bibliográfica
5 METODOLOGIA
5.1 Natureza da pesquisa
5.2 Método de abordagem
5.3 Método de procedimento
5.4 Delimitação do universo
5.5 Amostra
5.6 Procedimento, técnicas e instrumentos
6 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS DA PESQUISA
6.1 Caracterização da amostra
6.2 Análise, interpretação e exposição dos dados
6.3 Comprovação das hipóteses
7 CONCLUSÃO
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Muito obrigado pelo índice, mas no caso do paranormal ainda estamos na constatação dos fenômenos. Ainda não deu para percorrer todo ele. De qualquer forma, ele ainda não resolve o meu problema. De que adianta os cientistas dizerem que: _ Trancamo-nos junto com o médium, vestido só um pijama previamente revistado, numa sala que foi cuidadosamente revistada e na qual nada de suspeito foi encontrado e na presença dele observamos certos objetos voarem sem contato, conforme registrado pelas câmaras infravermelhas, etc e tal. Dirá você que esse experimento tem validade científica? Caso diga que sim, os céticos resolvem tudo com um simples "os cientistas poderiam estar mentindo" e acabou-se a brincadeira.