BUSH MORRE NA PRAIA
- raul meganet
- Mensagens: 59
- Registrado em: 26 Jan 2007, 08:23
BUSH MORRE NA PRAIA
BUSH MORRE NA PRAIA
por Kirk Bowman*
No Brasil, o presidente americano não venceria uma eleição nem mesmo contra Charles Manson
Pesquisas recentes indicam que até 96% dos 180 milhões de brasileiros não gostam de George W. Bush. Isso é intrigante, dadas as similaridades entre os estados sulistas americanos, loucos por Bush, e os estados do Brasil, que acham que Bush é um louco.
Ambas as regiões têm uma tradição de escravidão, tensão racial contínua, grandes latifundiários, estratificação social e de classes, debates sobre cotas raciais, escolas públicas de baixa qualidade, um fervor religioso cristão e sotaques difíceis. Mesmo que sua vitória na Carolina do Sul esteja assegurada, pesquisas indicam que Bush não ganharia uma eleição no Brasil nem mesmo contra Charles Manson.
Eu me perguntava se as pesquisas brasileiras não estariam erradas, se não teriam ignorado um reservatório de apoio a Bush. Então, decidi viajar ao Rio de Janeiro e investigar o assunto.
Não existe lugar melhor para conduzir uma pesquisa com brasileiros do que a praia de Ipanema, no Rio, onde as elites educadas do País ficam ao sol, vestidas em trajes sumaríssimos. Tentei fazer com que a pesquisa fosse a mais científica possível e usei um gerador randômico de números cortei um guardanapo em nove pedaços e escrevi os números de 1 a 9 neles. E tirei o número 7. Assim eu parava o sétimo brasileiro que passava por mim até que tivesse entrevistado 50 homens e 50 mulheres.
Para evitar opiniões preconceituosas, pulei pessoas que usassem camisetas de Bush com um bigodinho à Adolf Hitler ou outro sinal óbvio de desaprovação. Corretamente vestido com meu traje de banho e munido de um bloquinho e um lápis, comecei a fazer minha pesquisa, tentando encontrar pessoas que gostassem do presidente Bush e suas razões para isso.
Normalmente eu obtinha a resposta mesmo antes da verbal. Eu perguntava se gostavam de Bush e sua expressão facial seria a mesma se eu tivesse perguntado algo como: Você coloca cocô de passarinho em seu cafezinho? A resposta era sempre um enfático NÃO, freqüentemente acompanhado de esclarecimentos adicionais não solicitadas.
Enquanto meu projeto de pesquisa original era o de encontrar pessoas que apoiassem Bush e construir um perfil dos fãs dele, eu estava aprendendo em primeira mão por que as pessoas detestam Bush (e detestar não é uma palavra forte para os sentimentos).
Brasileiros têm boa memória e ainda não perdoaram completamente os republicanos pela saudação de Ronald Reagan ao povo da Bolívia durante uma visita oficial, em 1982, à capital brasileira, Brasília. Essa gafe pública do presidente Reagan foi depois ultrapassada por outra particular de George W. Bush com o então presidente brasileiro Fernando Henrique Cardoso em março de 2001.
Fernando Pedreira, jornalista brasileiro amigo de Cardoso, escreveu em sua coluna que Bush perguntou a FHC: Vocês têm negros também? Os brasileiros acham que Bush é ignorante quanto à sua compreensão da América Latina e do Brasil. Além disso, o vêem como fanfarrão, instável mentalmente, fixado com Cuba, arbitrário em políticas industriais como tarifas sobre o aço, protecionista da agricultura americana, imperialista, unilateral e inflexível com as atuais regras para vistos de turismo. Júnior, que trabalha na praia servindo caipirinhas e montando guarda-sóis, disse que Osama bin Laden ganharia de Bush numa eleição de popularidade. Aliás, uma escola particular de elite tentou adotar Osama como mascote do seu time de futebol.
Os brasileiros lembram de outros acontecimentos e os encaram como desrespeitosos. Ficaram justificadamente ultrajados quando, em outubro de 2002, dias antes da histórica eleição do presidente Lula da Silva (que como me lembraram com freqüência obteve 3 milhões de votos a mais que George W. Bush), o influente deputado de Illinois e presidente do Comitê de Relações Exteriores da Câmara, Henry Hide, escreveu uma carta ao presidente Bush chamando Lula de terrorista e anunciando uma perspectiva real de que Castro, Chávez e Lula poderiam constituir um eixo do mal nas Américas, que poderia logo ter armas nucleares e mísseis balísticos.
Depois de assistir às pressões e ameaças americanas contra o eixo do mal original Irã, Iraque e Coréia do Norte, como foram descritos pelo presidente Bush durante seu discurso sobre o Estado da União em 2002 , não é surpresa que muitos brasileiros tenham visto sua inclusão no eixo do mal latino-americano com alguma trepidação. E muitos na elite se lembram das declarações sem substância do então secretário do Tesouro, Paul ONeill, quando disse que encanadores americanos não queriam mandar dinheiro ao Brasil por medo de que caísse nas contas suíças dos líderes corruptos.
Depois de minhas 50 entrevistas iniciais, fiquei desanimado. Não tinha encontrado uma só pessoa que gostasse de Bush. Tinha medo de terminar minha pesquisa e não obter sequer um perfil de um brasileiro que apoiasse Bush. Então, acrescentei uma pergunta à pesquisa: Você conhece pessoalmente algum outro brasileiro que goste do presidente Bush? Depois de 49 entrevistas, não tinha conseguido ninguém; não tinha localizado qualquer pessoa na praia de Ipanema que gostasse de Bush ou conhecesse alguém que gostasse.
Finalmente, na minha centésima entrevista, falei com uma mulher do Estado do Espírito Santo. Ela não gostava de Bush porque, a seu ver, ele simplificava um mundo complexo. Mas encontrei alguém que atendia à segunda questão! Ela conhecia pessoalmente um grupo de pessoas que apoiavam Bush, em Vitória. Ela os encontrava todos os meses em um almoço. É um grupo que, como Bush, divide o mundo entre preto e branco, bons e maus, conosco ou contra nós: a Associação de Empresários Cristãos, em que a fé evangélica e as conexões levariam a grandes fortunas pessoais. Perguntava-me se não teriam uma filial na Geórgia!
Nas praias do Brasil e ao redor da América Latina, as pessoas são facilmente conquistadas com um sorriso e um esforço em falar a língua local, ouvir a música do lugar, provar os pratos típicos e simpatizar com seus desafios. O governo Bush não só perdeu a batalha pela opinião pública em lugares complicados como a Jordânia e o Marrocos, mas falhou em países onde isso deveria ser simples, como o Brasil.
A boa notícia é que os nossos vizinhos e aliados naturais na América Latina podem facilmente esquecer e perdoar. Eles construiriam um futuro cooperativo com os Estados Unidos. A notícia ruim é que o governo Bush, simplesmente, se recusa a reconhecer que cometeu erros fundamentais nas relações EUAAmérica Latina, ao continuar ignorando a região e seu povo.
* Kirk Bowman é professor de Assuntos Internacionais no Georgia Institute of Technology, Ph.D. em Ciência Política pela Universidade da Carolina do Norte e colaborador da revista eletrônica The Gadflyer (http://www.gadflyer.com)
http://www.cartacapital.com.br/edicoes/ ... /285/1367/
por Kirk Bowman*
No Brasil, o presidente americano não venceria uma eleição nem mesmo contra Charles Manson
Pesquisas recentes indicam que até 96% dos 180 milhões de brasileiros não gostam de George W. Bush. Isso é intrigante, dadas as similaridades entre os estados sulistas americanos, loucos por Bush, e os estados do Brasil, que acham que Bush é um louco.
Ambas as regiões têm uma tradição de escravidão, tensão racial contínua, grandes latifundiários, estratificação social e de classes, debates sobre cotas raciais, escolas públicas de baixa qualidade, um fervor religioso cristão e sotaques difíceis. Mesmo que sua vitória na Carolina do Sul esteja assegurada, pesquisas indicam que Bush não ganharia uma eleição no Brasil nem mesmo contra Charles Manson.
Eu me perguntava se as pesquisas brasileiras não estariam erradas, se não teriam ignorado um reservatório de apoio a Bush. Então, decidi viajar ao Rio de Janeiro e investigar o assunto.
Não existe lugar melhor para conduzir uma pesquisa com brasileiros do que a praia de Ipanema, no Rio, onde as elites educadas do País ficam ao sol, vestidas em trajes sumaríssimos. Tentei fazer com que a pesquisa fosse a mais científica possível e usei um gerador randômico de números cortei um guardanapo em nove pedaços e escrevi os números de 1 a 9 neles. E tirei o número 7. Assim eu parava o sétimo brasileiro que passava por mim até que tivesse entrevistado 50 homens e 50 mulheres.
Para evitar opiniões preconceituosas, pulei pessoas que usassem camisetas de Bush com um bigodinho à Adolf Hitler ou outro sinal óbvio de desaprovação. Corretamente vestido com meu traje de banho e munido de um bloquinho e um lápis, comecei a fazer minha pesquisa, tentando encontrar pessoas que gostassem do presidente Bush e suas razões para isso.
Normalmente eu obtinha a resposta mesmo antes da verbal. Eu perguntava se gostavam de Bush e sua expressão facial seria a mesma se eu tivesse perguntado algo como: Você coloca cocô de passarinho em seu cafezinho? A resposta era sempre um enfático NÃO, freqüentemente acompanhado de esclarecimentos adicionais não solicitadas.
Enquanto meu projeto de pesquisa original era o de encontrar pessoas que apoiassem Bush e construir um perfil dos fãs dele, eu estava aprendendo em primeira mão por que as pessoas detestam Bush (e detestar não é uma palavra forte para os sentimentos).
Brasileiros têm boa memória e ainda não perdoaram completamente os republicanos pela saudação de Ronald Reagan ao povo da Bolívia durante uma visita oficial, em 1982, à capital brasileira, Brasília. Essa gafe pública do presidente Reagan foi depois ultrapassada por outra particular de George W. Bush com o então presidente brasileiro Fernando Henrique Cardoso em março de 2001.
Fernando Pedreira, jornalista brasileiro amigo de Cardoso, escreveu em sua coluna que Bush perguntou a FHC: Vocês têm negros também? Os brasileiros acham que Bush é ignorante quanto à sua compreensão da América Latina e do Brasil. Além disso, o vêem como fanfarrão, instável mentalmente, fixado com Cuba, arbitrário em políticas industriais como tarifas sobre o aço, protecionista da agricultura americana, imperialista, unilateral e inflexível com as atuais regras para vistos de turismo. Júnior, que trabalha na praia servindo caipirinhas e montando guarda-sóis, disse que Osama bin Laden ganharia de Bush numa eleição de popularidade. Aliás, uma escola particular de elite tentou adotar Osama como mascote do seu time de futebol.
Os brasileiros lembram de outros acontecimentos e os encaram como desrespeitosos. Ficaram justificadamente ultrajados quando, em outubro de 2002, dias antes da histórica eleição do presidente Lula da Silva (que como me lembraram com freqüência obteve 3 milhões de votos a mais que George W. Bush), o influente deputado de Illinois e presidente do Comitê de Relações Exteriores da Câmara, Henry Hide, escreveu uma carta ao presidente Bush chamando Lula de terrorista e anunciando uma perspectiva real de que Castro, Chávez e Lula poderiam constituir um eixo do mal nas Américas, que poderia logo ter armas nucleares e mísseis balísticos.
Depois de assistir às pressões e ameaças americanas contra o eixo do mal original Irã, Iraque e Coréia do Norte, como foram descritos pelo presidente Bush durante seu discurso sobre o Estado da União em 2002 , não é surpresa que muitos brasileiros tenham visto sua inclusão no eixo do mal latino-americano com alguma trepidação. E muitos na elite se lembram das declarações sem substância do então secretário do Tesouro, Paul ONeill, quando disse que encanadores americanos não queriam mandar dinheiro ao Brasil por medo de que caísse nas contas suíças dos líderes corruptos.
Depois de minhas 50 entrevistas iniciais, fiquei desanimado. Não tinha encontrado uma só pessoa que gostasse de Bush. Tinha medo de terminar minha pesquisa e não obter sequer um perfil de um brasileiro que apoiasse Bush. Então, acrescentei uma pergunta à pesquisa: Você conhece pessoalmente algum outro brasileiro que goste do presidente Bush? Depois de 49 entrevistas, não tinha conseguido ninguém; não tinha localizado qualquer pessoa na praia de Ipanema que gostasse de Bush ou conhecesse alguém que gostasse.
Finalmente, na minha centésima entrevista, falei com uma mulher do Estado do Espírito Santo. Ela não gostava de Bush porque, a seu ver, ele simplificava um mundo complexo. Mas encontrei alguém que atendia à segunda questão! Ela conhecia pessoalmente um grupo de pessoas que apoiavam Bush, em Vitória. Ela os encontrava todos os meses em um almoço. É um grupo que, como Bush, divide o mundo entre preto e branco, bons e maus, conosco ou contra nós: a Associação de Empresários Cristãos, em que a fé evangélica e as conexões levariam a grandes fortunas pessoais. Perguntava-me se não teriam uma filial na Geórgia!
Nas praias do Brasil e ao redor da América Latina, as pessoas são facilmente conquistadas com um sorriso e um esforço em falar a língua local, ouvir a música do lugar, provar os pratos típicos e simpatizar com seus desafios. O governo Bush não só perdeu a batalha pela opinião pública em lugares complicados como a Jordânia e o Marrocos, mas falhou em países onde isso deveria ser simples, como o Brasil.
A boa notícia é que os nossos vizinhos e aliados naturais na América Latina podem facilmente esquecer e perdoar. Eles construiriam um futuro cooperativo com os Estados Unidos. A notícia ruim é que o governo Bush, simplesmente, se recusa a reconhecer que cometeu erros fundamentais nas relações EUAAmérica Latina, ao continuar ignorando a região e seu povo.
* Kirk Bowman é professor de Assuntos Internacionais no Georgia Institute of Technology, Ph.D. em Ciência Política pela Universidade da Carolina do Norte e colaborador da revista eletrônica The Gadflyer (http://www.gadflyer.com)
http://www.cartacapital.com.br/edicoes/ ... /285/1367/
Re.: BUSH MORRE NA PRAIA
Engraçado que brasileiro só é assim espertinho para ver quem é o doido do país dos outros.
Editado pela última vez por Apocaliptica em 26 Jan 2007, 19:02, em um total de 1 vez.
- raul meganet
- Mensagens: 59
- Registrado em: 26 Jan 2007, 08:23
Re.: BUSH MORRE NA PRAIA
Antes Lula do que Alckmin e seu neoliberalismo!
Re: Re.: BUSH MORRE NA PRAIA
raul meganet escreveu:Antes Lula do que Alckmin e seu neoliberalismo!
Ah, pronto.
- videomaker
- Mensagens: 8668
- Registrado em: 25 Out 2005, 23:34
Re: Re.: BUSH MORRE NA PRAIA
raul meganet escreveu:Antes Lula do que Alckmin e seu neoliberalismo!
E lula é o que? Neoneoliberal claro! escroto vendido ao capital!!!
Há dois meios de ser enganado. Um é acreditar no que não é verdadeiro; o outro é recusar a acreditar no que é verdadeiro. Søren Kierkegaard (1813-1855)
- RicardoVitor
- Mensagens: 2597
- Registrado em: 07 Set 2006, 20:04
- Localização: Esquerdolândia
Re.: BUSH MORRE NA PRAIA
O nazi-neoliberalismo PSDBista é tão inescrupuloso, que a fim de iludir aqueles que colocam o social na frente do capital, "ganhou" um prêmio da organização de extrema direita ONU, por "notável contribuição ao desenvolvimento humano".
Achava que assim iludiria o povo, e poderiam colocar mais um governo do PSDB para manter e aumentar a miséria necessária para o capitalismo, que necessita de uma vasta quantidade de pessoas que não participem dele, para existir, para não perecer e ser naturalmente substituído pelo socialismo.
Achava que assim iludiria o povo, e poderiam colocar mais um governo do PSDB para manter e aumentar a miséria necessária para o capitalismo, que necessita de uma vasta quantidade de pessoas que não participem dele, para existir, para não perecer e ser naturalmente substituído pelo socialismo.
Sem tempo nem paciência para isso.
Site com explicações para 99,9999% de todas as mentiras, desinformações e deturpações criacionistas:
www.talkorigins.org
Todos os tipos de criacionismos, Terra jovem, velha, de fundamentalistas cristãos, islâmicos e outros.
Série de textos sugerida: 29+ evicences for macroevolution
Índice com praticamente todas as asneiras que os criacionistas sempre repetem e breves correções
Site com explicações para 99,9999% de todas as mentiras, desinformações e deturpações criacionistas:
www.talkorigins.org
Todos os tipos de criacionismos, Terra jovem, velha, de fundamentalistas cristãos, islâmicos e outros.
Série de textos sugerida: 29+ evicences for macroevolution
Índice com praticamente todas as asneiras que os criacionistas sempre repetem e breves correções
- videomaker
- Mensagens: 8668
- Registrado em: 25 Out 2005, 23:34
Re: Re.: BUSH MORRE NA PRAIA
o anátema escreveu:O nazi-neoliberalismo PSDBista é tão inescrupuloso, que a fim de iludir aqueles que colocam o social na frente do capital, "ganhou" um prêmio da organização de extrema direita ONU, por "notável contribuição ao desenvolvimento humano".
Achava que assim iludiria o povo, e poderiam colocar mais um governo do PSDB para manter e aumentar a miséria necessária para o capitalismo, que necessita de uma vasta quantidade de pessoas que não participem dele, para existir, para não perecer e ser naturalmente substituído pelo socialismo.
Bancos lucram bilhões no governo Lula! se isso não for previlegiar o capital é o que?

Plano Real = PSDB
Plano Real = PT.
Há dois meios de ser enganado. Um é acreditar no que não é verdadeiro; o outro é recusar a acreditar no que é verdadeiro. Søren Kierkegaard (1813-1855)