Botanico escreveu:Qualquer um pegar um médium e fazer um destes testes? Mas ele sabe por acaso o que está testando? O teste tem de positivamente identificar que se trata de um determinado espírito e os seus testes propostos fazem isso? Acho que não. Eu posso ter pistas de que é um certo espírito que nos fala quando nos dá os elementos subjetivos que só ele teria. Aí se pode estabelecer uma relação de causalidade. Já um teste genérico...
Não, não precisa nenhum espírito em específico, mas pode ser se o médium quiser (pode "chamar" um de sua confiança). O médium não precisa, também, saber que está sendo testado, porque isso teoricamente não deveria influenciar no resultado, correto? Não faz mal dizer a verdade, se preferir.
Então para começar a argumentar, descreva-me este "teste do código em local inacessível" e me diga porque ele me faz ententer que se trata de comunicação espiritual e melhor ainda: garante-me a identidade do espírito.
Ok. O "teste do código em local inacessível" consiste no seguinte:
1) Peça que alguém de sua confiança escreva um código de 10 números aleatórios e o coloque em cima do armário do seu quarto
2) É obviamente muito importante que ele não conte a ninguém, nem mesmo a você, qual é esse código. É fundamental, apenas, que você saiba quando ele colocou o código lá em cima, pra que você possa partir pro próximo passo.
3) Vá a um centro espírita, baixe um espírito, chame um amigo médium; não importa. Apenas "acesse" um espírito e peça que este leia o código no quarto da pessoa tal, no endereço tal.
4) É recomendável que você repita esse procedimento com diversos espíritos e médiuns; afinal, parece haver a possibilidade de você ter pego um "zombeteiro" ou algo do gênero. Não importa quantos você chamar, chame 10 ou 1000 se quiser, chame até você ter segurança.
5) Vá até a casa do seu amigo e pegue o número; não informe a ele com antecedência o resultado, apenas vá lá e confira com seus próprios olhos.
6) Caso o código coincida com QUALQUER resposta dos espíritos (resposta completa, é claro: não vale pegar um pedaço de cada uma!), você tem um Nobel nas mãos.
Acho que é fácil ver que, se conduzido por pessoas honestas, tal teste não tem possibilidade de ser consequência do acaso ou competência do médium (caso ele seja um impostor): você simplesmente não sabe o código, que é extenso o suficiente pra impedir um "chute".
Por que ele comprova a comunicação espiritual: não comprova exatamente isso, não nesses termos. Mas se, nos 6 passos que citei, você tiver um resultado positivo, você já terá adicionado um capítulo a todos os livros de ciência, ganhado um Nobel e 1 milhão de dólares do James Randi. Acredito que com essa credibilidade e com esse dinheiro, você será capaz de divulgar a doutrina espírita com muito mais tranquilidade. E, é claro, nós poderíamos pensar em outras versões do código que eliminassem hipóteses concorrentes (números aleatórios gerados por computador pra eliminar telepatia, por exemplo). A identidade do espírito não é confirmada por esse teste.
O fenômeno da mediunidade é complexo e os espíritos continuam a ser os mesmos indivíduos que eram quando encarnados. Assim, há espíritos sérios, bem como os malandros e os que continuam tão fanáticos religiosos de suas crenças lá como eram aqui. E fariam de tudo para garantir a firmeza destas crenças melando outras. Um médium pode saber dá comunicação de um espírito, MAS SE NÃO O CONHECE, não pode garantir que o espírito em questão é quem se apresenta como tal. Então o pesquisador inventou um falecido que nunca existiu e o médium dá a comunicação em nome do dito falecido inexistente. Bem, pode ser:
1) fenômeno de animismo, quando o médium acredita-se em contato com um espírito, mas É O SEU PRÓPRIO e aí simula o que seria um arremedo de comunicação, falando o que acha ser o mais provável.
2) Um outro espírito com o mesmo nome e histórico parecido com o do falecido inventado, que acorreu ao chamado.
3) Um espírito misfiticador, que respondeu pelo suposto falecido com a intenção de desacreditar o médium.
Bem, o que você está me dizendo é que um médium nunca pode ser identificado como impostor, porque pode acusar seu inconsciente e espíritos "mistificadores" como culpados. Então, tudo bem, esqueça esse método de pesquisa.
E a questão da probabilidade, como chegou ao número 50%? Como sabe que é essa a probabilidade de um médium acertar os detalhes esperados de falecidos reais e de fictícios?
Não, é de 50% a probabilidade de um médium acertar se a pessoa em questão está viva ou morta. Eu até acho que essa probabilidade é menor, porque ele vai supor que ela está morta.
[caso particular]
(...)
Agora me diga como o médium ficou sabendo das informações que não lhe foram passadas e não vejo como ele poderia tê-las obtido? Como eu disse, sou de uma família obscura. Isso aí ainda perde para os testes que você propõe?
O que é uma família obscura? Seu parente havia sido registrado em cartório? O médium teve dois dias pra realizar essa pesquisa. Se você reparar, ele só citou nomes, o que estaria em um cartório. Essa é minha explicação mais simples pro fenômeno. O caso que você narrou "perde" pro teste que detalhei acima porque, no meu caso, não existe quase nenhuma forma de fraude: a não ser que o médium conheça seu amigo, ele não tem como saber o código por meios "naturais". No seu caso, há saídas, que abrem caminho pra fraudes.
Pelo visto você nada conhece de fenomenologia mediúnica e não sabe nada sobre fé cética. Eu lhe garanto que mesmo que os resultados desse suposto teste fossem os mais favoráveis possíveis, a comunidade cética continuará com os mesmos argumentos: são relatos e nada provam; e o pesquisador não poderia mentir?
Eu conheço muito bem o método científico, e a filosofia cética que se apoia nele. É óbvio que a hipótese mais provável, em caso positivo, seria de fraude por parte do pesquisador. Mas resolver isso é fácil: assim que você mesmo obtiver os resultados do teste que falei, procure um instituto de pesquisa, um professor universitário de respeito, e peça que ele faça o papel de seu amigo como guardião do código. Essa pessoa certamente será convencida dos seus argumentos, e lhe ajudará a divulgar resultados de maneira apropriada. E, é claro, sempre é necessário que seu experimento seja replicável.
Não deixe de fazer o teste por achar que não será reconhecido, ou porque acha que outras hipóteses "psi" prevalecerão: é um teste simples, faça-o. Se você quiser, eu ajudo. De uma maneira ou de outra, os resultados serão reveladores.