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Fernando Silva
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Re.: Fé

Mensagem por Fernando Silva »

Em 12/01/02, D.Eugênio publicou nos jornais um artigo sobre a evangelização dos índios.
Destaco este trecho:

Em conseqüência, urge reafirmar:
"O maior dom que a América recebeu do Senhor foi a fé católica, que proporcionou sua identidade cristã. Já são mais de 500 anos que o nome de Cristo foi anunciado no continente. Fruto da evangelização é a fisionomia religiosa americana, marcada por valores morais" (Exortação Apostólica "Ecclesia in America", no. 14). Essa declaração, feita pelo Santo Padre, constitui-se em ponto de referência para nortear todo e qualquer trabalho da Igreja com os índios, inclusive na parte social. Jamais um católico ou movimento da Igreja poderá af irmar que os silvícolas devem preservar valores que estejam em contradição com a Boa Nova ou omitir o anúncio explícito do Evangelho, pelo qual os missionários, desde a descoberta do continente americano, empenharam sua própria vida.


Ou seja, ele afirma explicitamente que é lícito destruir a cultura dos povos indígenas se esta estiver em desacordo com os valores da ICAR.

Aliás, a tal da "Boa Nova" é uma mensagem de culpa, pecado e castigo, conceitos desconhecidos pelos índios.
Não vejo como "Boa Nova" informar que é preciso acreditar senão a pessoa queimará no inferno.

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zencem
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Re: Re.: Fé

Mensagem por zencem »

Samael escreveu:
Dante, the Wicked escreveu:
Rush escreveu:O pós modernismo é irracional e ultracético (pirronista), chegando a dizer que qualquer mito tem tanto valor como a ciencia.


Pós-modernismo não é ultra-cético, mas ultra-relativista.

Mas você está certo em dizer que é irracional. Aliás, pós-modernismo é a maior merda de toda histórias do pensamento.


De acordo.


No mínimo, o pós modernismo seria um fundamentalismo cético, ficando muito limitado, se sua fé estivesse reservada, unicamente, ao que fosse sua própria experiência.
Como vivemos em sociedade, seria um desperdício não compilar a experiência alheia.
De qualquer modo, discordo que seja totalmente irracional.
Mais fácil admitir que seja exageradamente racional, e isso só poderia ter-se criado em período infinitamente posterior ao nascimento da razão, quando a humanidade começou a se conscientizar de que sua base racional estava mergulhada nas trevas.
Justifica-se, portanto, como uma reação transitória.

abçs!

Seminarista
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Re.: Fé

Mensagem por Seminarista »

Finalmente alguém que pensa positivamente nesta merda de fórum.
“Sem o sentido transcendente, o homem e a cultura são condenados ao absurdo e ao nada.” (H.C. de Lima Vaz).

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zencem
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Re: Re.: Fé

Mensagem por zencem »

Fernando Silva escreveu:
zencem escreveu:Claro que Dom Evaristo, (hehehe!!!)com suas entonações e correções aquí e alí, faria tudo ficar mais fácil, embora não nos garantisse que a essência continuasse a mesma.
Ele é a encarnação de um grande ditador.

Há poucos anos, D.Evaristo obrigou o prefeito a retirar de uma avenida na Barra da Tijuca, no Rio, uma escultura do Exu dos Ventos, protetor das estradas, dizendo que aquilo repugnava ao povo brasileiro.

1. Ele não perguntou a opinião desse tal "povo brasileiro".
2. Ele transgrediu a liberdade de culto e ainda esqueceu-se da enorme estátua de Cristo no topo do Corcovado.
3. A estátua era, na verdade, um monte de ferros retorcidos. Se não fosse por uma plaquinha informando sobre o que era aquilo, seria apenas arte abstrata.


Oi Fernando!

Usei, equivocadamente, o nome de Dom Evaristo, quando na verdade me referia a Dom Eugênio Salles.
Posso ter te induzido a erro.
Estou corrigindo editando minhas mensagens, para pagar o mico.

Saudações!

Seminarista
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Re.: Fé

Mensagem por Seminarista »

Isso muda consubstancialmente as coisas.
“Sem o sentido transcendente, o homem e a cultura são condenados ao absurdo e ao nada.” (H.C. de Lima Vaz).

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rapha...
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Re: Re.: Fé

Mensagem por rapha... »

Seminarista escreveu:Finalmente alguém que pensa positivamente nesta merda de fórum.


Quando alguém pensa acertivamente com você, "pensa positivamente", quando a maioria, ou senão, o foro todo, lhe discorda, representam "uma merda de foro".

Belo cristão.
Editado pela última vez por rapha... em 11 Dez 2005, 17:03, em um total de 1 vez.

Seminarista
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Re.: Fé

Mensagem por Seminarista »

rapha..., Você dá muito peso as minhas palavras, não sei o motivo disso. Acreditei que estas palavras fossem normais para vocês. Mas tenho direito de expressar minhas opiniões, a maioria aqui são opiniões mesmo.
“Sem o sentido transcendente, o homem e a cultura são condenados ao absurdo e ao nada.” (H.C. de Lima Vaz).

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zencem
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Re: Re.: Fé

Mensagem por zencem »

Fernando Silva escreveu:Há poucos anos, D.Evaristo obrigou o prefeito a retirar de uma avenida na Barra da Tijuca, no Rio, uma escultura do Exu dos Ventos, protetor das estradas, dizendo que aquilo repugnava ao povo brasileiro.

1. Ele não perguntou a opinião desse tal "povo brasileiro".
2. Ele transgrediu a liberdade de culto e ainda esqueceu-se da enorme estátua de Cristo no topo do Corcovado.
3. A estátua era, na verdade, um monte de ferros retorcidos. Se não fosse por uma plaquinha informando sobre o que era aquilo, seria apenas arte abstrata.


Fernando Silva escreveu:Em 12/01/02, D.Eugênio publicou nos jornais um artigo sobre a evangelização dos índios.
Destaco este trecho:

[b]Em conseqüência, urge reafirmar:
"O maior dom que a América recebeu do Senhor foi a fé católica, que proporcionou sua identidade cristã. Já são mais de 500 anos que o nome de Cristo foi anunciado no continente. Fruto da evangelização é a fisionomia religiosa americana, marcada por valores morais" (Exortação Apostólica "Ecclesia in America", no. 14). Essa declaração, feita pelo Santo Padre, constitui-se em ponto de referência para nortear todo e qualquer trabalho da Igreja com os índios, inclusive na parte social. Jamais um católico ou movimento da Igreja poderá af irmar que os silvícolas devem preservar valores que estejam em contradição com a Boa Nova ou omitir o anúncio explícito do Evangelho, pelo qual os missionários, desde a descoberta do continente americano, empenharam sua própria vida.


Ou seja, ele afirma explicitamente que é lícito destruir a cultura dos povos indígenas se esta estiver em desacordo com os valores da ICAR.

Aliás, a tal da "Boa Nova" é uma mensagem de culpa, pecado e castigo, conceitos desconhecidos pelos índios.
Não vejo como "Boa Nova" informar que é preciso acreditar senão a pessoa queimará no inferno.


Bôas referências, Fernando, pra arejar as idéias de nosso amigo Seminarista. :emoticon12:

abçs!



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zencem
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Re: Re.: Fé

Mensagem por zencem »

Seminarista escreveu:Isso muda consubstancialmente as coisas.


Realmente, foi um erro feio, :emoticon11: Seminarista!

Nada a ver entre os dois.

abçs!

Seminarista
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Re.: Fé

Mensagem por Seminarista »

Não esquenta, já me custa saber sobre os bispos locais SC como eu poderia saber sobre os do
RJ e de SP?
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Aurelio Moraes
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Re: Re.: Fé

Mensagem por Aurelio Moraes »

Seminarista escreveu:Finalmente alguém que pensa positivamente nesta merda de fórum.


Você não pode falar palavrão, hipócrita. Seu orientador precisa saber disto.

Seminarista
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Re.: Fé

Mensagem por Seminarista »

Grande palavrão. Estás me ameaçando agora?
“Sem o sentido transcendente, o homem e a cultura são condenados ao absurdo e ao nada.” (H.C. de Lima Vaz).

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Acauan
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Re: Re.: Fé

Mensagem por Acauan »

Seminarista escreveu:Finalmente alguém que pensa positivamente nesta merda de fórum.


Se este fórum é tão ruim, nada o obriga a postar aqui.

E já que subiu nas tamancas com quem não devia, ou abaixa o tom quando fala de nossa casa ou vou lembrá-lo que a porta da rua é serventia dela.
Nós, Índios.

Acauan Guajajara
ACAUAN DOS TUPIS, o gavião que caminha
Lutar com bravura, morrer com honra.

Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!

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Acauan
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Re.: Fé

Mensagem por Acauan »

Legal, fazia tempo que não dizia isto a ninguém aqui.
Nós, Índios.

Acauan Guajajara
ACAUAN DOS TUPIS, o gavião que caminha
Lutar com bravura, morrer com honra.

Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!

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Aurelio Moraes
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Re.: Fé

Mensagem por Aurelio Moraes »

Quem foi o último?O pastor-k?
Ô semi-NARISTA...provavelmente você resolveu virar padreco por um destes motivos:

1- Levou fora de mulher;
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2-Total incapacidade e inabilidade para outras profissões. A primeira porcaria fácil que apareceu foi esta;
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3-queria fazer meinha no seminário com os outros seminaristas;

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(Na foto: O seminário do seminarista)

4-vontade de virar pedófilo;
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5-alucinação forte com "voz divina "que lhe fez ir para o seminário;
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6-vontade de ganhar dinheiro fácil (mesmo que pouco) fazendo algo inútil;
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7-pagamento de aposta por jogo de futebol;
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8-gosta de ouvir fofocas;
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9-Sua cara de boboca se encaixa no papel "orientador-e-amigo-da-garotada-da-rcc";
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10-que ser um novo Boff;
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11-promessa para familiares;
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12-gosta de acreditar em coisas idiotas e malucas;
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13-gosta de ser subordinado a instituições safadas e calhordas, como a Máfia e a igreja católica. Como foi rejeitado pela Máfia, sobrou a segunda opção;

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(na foto:cúria romana)

14-Curte usar vestidos e babadinhos, mas para não dar(com trocadilho, por favor) muito na cara e resolveu virar padre.Esta tem ligação com a 4ª opção;
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15-Na verdade sempre foi um ateuzão fudido e entrou na igreja católica só pra rir dos caras. Agora veio para cá e está admitindo seu ateísmo progressivamente;
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16-Quer ter acesso fácil à bebidas, para poder encher a cara descaradamente na sacristia;
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17-Reconhecido mitômano desde a infância (mentiroso compulsivo), resolveu se juntar a uma instituição que faz isso a milhares de anos...
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18-Gosta de encher o saco de razoável número de pessoas (homilia). É uma boa chance para falar e os outros ficarem quietos ouvindo suas besteiras;
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19-Andar de avião de graça ,caso seja transferido de paróquia ou convidado à Roma;
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20-Morar com muitos homens;
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21-Vontade de repetir muitas vezes :" Tomai e comei, este é o meu corpo...." e não ouvir o corinho " noffa...";
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22-Desenvolver suas habilidades humorísticas.

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(editado por sugestão do Acauan)

No mais, pode como disse o Acauan..

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Vai embora vai..
É por falta de adeus? Então tchau...pode ir..
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Quer que eu leve as malas pra você?
Editado pela última vez por Aurelio Moraes em 12 Dez 2005, 08:42, em um total de 1 vez.

Rush
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Re: Re.: Fé

Mensagem por Rush »

zencem escreveu:
Samael escreveu:
Dante, the Wicked escreveu:
Rush escreveu:O pós modernismo é irracional e ultracético (pirronista), chegando a dizer que qualquer mito tem tanto valor como a ciencia.


Pós-modernismo não é ultra-cético, mas ultra-relativista.

Mas você está certo em dizer que é irracional. Aliás, pós-modernismo é a maior merda de toda histórias do pensamento.


De acordo.


No mínimo, o pós modernismo seria um fundamentalismo cético, ficando muito limitado, se sua fé estivesse reservada, unicamente, ao que fosse sua própria experiência.
Como vivemos em sociedade, seria um desperdício não compilar a experiência alheia.
De qualquer modo, discordo que seja totalmente irracional.
Mais fácil admitir que seja exageradamente racional, e isso só poderia ter-se criado em período infinitamente posterior ao nascimento da razão, quando a humanidade começou a se conscientizar de que sua base racional estava mergulhada nas trevas.
Justifica-se, portanto, como uma reação transitória.

abçs!



O pós-modernismo é retórica vazia sem qualquer racionalidade. É uma pseudo-racionalidade... nao tem conteudo.


Os Novos Paradigmas da Educação
Por DESIDÉRIO MURCHO
Terça-feira, 29 de Janeiro de 2002

Alguns discursos de responsáveis e estudiosos da educação são muito inquietantes. Esses discursos têm vários ingredientes, um dos quais é precisamente o uso de expressões como "novos paradigmas", "modernidade", "pós-modernidade" e outros deste género. Nestas linhas vou procurar mostrar alguns dos problemas de que enfermam este tipo de discursos.

Em primeiro lugar, estão ultrapassados. Os chamados "novos paradigmas" são ideias que se baseiam em livros que têm quase 40 anos. Tomemos a ideia de que o projecto da modernidade "faliu" e que estamos a transitar para a "pós-modernidade". Estas ideias estão longe de ser novas ou aceitáveis. O escândalo Sokal devia fazer as pessoas das "ciências" da educação pensar duas vezes neste tipo de ideias. Só porque alguns intelectuais fizeram um dado diagnóstico cultural temos de o aceitar dogmaticamente, sem discussão? Por outro lado, olhe-se para a realidade: quais são as melhores universidades do mundo? São as que adoptaram as ideias pós-modernistas, ou as que continuam a apostar nos melhores padrões de seriedade académica, que colocam a objectividade e a procura da verdade acima dos interesses, do poder e da retórica?

Em segundo lugar, ainda que tais ideias não estivessem ultrapassadas e não fossem discutíveis, é sempre triste ver como as pessoas que falam da educação não têm a menor ideia do que é educar, não têm um conceito claro, não têm uma visão. Tudo o que fazem é repetir acriticamente certas ideias como se fossem a novidade triunfante da educação, da cultura, e da sociedade. Mas se há um axioma básico da educação é que não pode andar a reboque das últimas novidades fascinantes - e tantas vezes fascizantes no seu relativismo incoerente e no seu aplauso à retórica sofística. Porque as últimas novidades fascinantes serão velharias inúteis, ideias mortas e enterradas, dentro de 20 anos. E quando introduzimos mudanças na educação, elas fazem-se sentir dentro de 20 anos e não hoje. Orientar a nossa educação pelas ideias de hoje já é um disparate, mas orientar a educação por ideias que até hoje já estão enterradas é monstruoso. A educação de qualidade é um projecto para o futuro, para o desconhecido, para o que será o mundo que nós agora desconhecemos. Não podemos andar a reboque das últimas modas da pedagogia.

Precisamente porque não sabemos como será o mundo daqui a 20 anos, temos de transmitir o nuclear, para que os estudantes possam enfrentar com criatividade, seriedade e competência os desafios do futuro. E o que é o nuclear senão estar à-vontade com as ideias, saber discuti-las, saber argumentar, e ter um conhecimento sólido das disciplinas milenares centrais? Um estudante que tem um conhecimento sólido de física, história, das línguas cultas mais significativas, de filosofia, geografia, matemática, etc., e que tem instrumentos críticos que lhe permitem avaliar criativamente ideias, será um cidadão bem equipado para enfrentar os desafios do futuro. Um estudante que sabe enfrentar problemas, avaliar e propor teorias e argumentos - que sabe, em suma, pensar por si - é um cidadão criativo e crítico, elementos sine qua non para uma sociedade próspera. Mas um estudante que sabe apenas repetir ideias que não compreende e que não discute, ideias que não passam de jogos de palavras e que não têm qualquer relação com seja o que for, é garantia de atraso. Se ainda por cima essas ideias já forem velhas quando ele as aprendeu, o atraso será grotesco. Não se percebe agora melhor o atraso nacional?

Um ensino voltado para as "necessidades concretas" dos estudantes e da sociedade é um mau ensino. Porque as "necessidades concretas" são mitos, configurações do que algumas pessoas pensam agora que é necessário, em função da maneira antiquada como vêem o mundo. É como decidir agora ensinar a todos os estudantes de forma dogmática e acrítica a usar o Windows 95. Daqui a 10 anos ninguém se vai lembrar do que é o Windows 95, e os estudantes vão ficar com uma aprendizagem que podem deitar para o lixo. O ensino de qualidade não pode estar todo ele voltado para o que agora está na moda, porque as modas passam. Ao invés, tem de estar voltado para o que nunca passará de moda: a capacidade para compreender problemas, teorias e argumentos, e a capacidade para reagir a eles de forma criativa e consequente.

Veja-se um exemplo das ideias erradas sobre a educação em Portugal: o programa de Filosofia do Ministério da Educação para o 10.° e o 11.° anos de escolaridade. Compare-se este programa "pós-moderno" com a proposta do Centro para o Ensino da Filosofia (CEF), da Sociedade Portuguesa de Filosofia. Qualquer pessoa, mesmo sem qualquer formação filosófica, compreende imediatamente que o programa do CEF é sério, tem conteúdos e apela à criatividade do estudante. Paradoxalmente, mesmo pessoas com uma boa formação em filosofia terão dificuldade em perceber o que se vai fazer com o programa do Ministério - a não ser deitá-lo para o lixo. Isto acontece quando não se tem uma visão do que é a educação, quando não se tem preparação técnica em filosofia e quando se conhecem as pessoas certas para fazer passar uma vergonha académica. É o pós-modernismo em acção: quaisquer critérios objectivos de qualidade e seriedade são postos de lado e tudo o que conta é quem tem o poder do seu lado.

O que há de irónico em tudo isto é que estas ideias nunca foram concebidas para serem colocadas em prática. As ideias dos grandes gurus pós-modernos e das "ciências" da educação podem e devem ser discutidas nas universidades, mas não devem servir para orientar políticas educativas. É uma grande confusão. Essas ideias servem para notas de rodapé eruditas e vazias, para teses de mestrado e doutoramento infinitas, e mais nada. Calculo que as pessoas que se vêem confrontadas com a aplicação destas ideias inaplicáveis se sintam um pouco angustiadas. Deve ter sido por isso que o Ministério levou anos a preparar um programa que não lembra ao diabo, ao passo que o CEF fez uma contra-proposta num mês. Quando se têm ideias claras e se trabalha com seriedade, as coisas são diferentes do que acontece quando temos fantasias vagas na cabeça que não batem certo em lado nenhum e temos de reinventar a pólvora seca debaixo de água para fazer passar a coisa.

Um país sem uma visão educativa ambiciosa não pode deixar de ser um país do terceiro mundo. Ao longo da humanidade, a educação e o conhecimento sempre foram o apanágio de apenas alguns sortudos. Os nossos antepassados recentes mais esclarecidos compreenderam o valor da educação e a injustiça social que resulta de o conhecimento se manter nas mãos dos sortudos. Hoje, nenhum país pode considerar-se civilizado se não fornecer a todos os seus cidadãos uma educação de qualidade. E isto não é apenas por solidariedade, numa postura irónica e irresponsável como as advogadas por Rorty. É também porque é o mais racional a fazer - porque o conhecimento e a inteligência dos seus cidadãos é o que de mais valor um país tem, e o talento e o génio não escolhem classes sociais. Um sistema em que apenas as elites têm acesso à educação é um sistema pior porque nesse sistema pessoas muito mais inteligentes do que os que pertencem às elites não podem desenvolver todo o seu potencial, porque são à partida excluídos.

Hoje, as elites descobriram uma nova maneira de manter os seus privilégios e lixar todo o país: nivelam por baixo. Isto é fixe porque dá a sensação que estão a ser progressistas. Mas é evidente que quem tem a ganhar com um mau ensino generalizado, em que todos os estudantes passam, é quem tem privilégios. Que o filho de um professor universitário ou de um médico tenha uma educação miserável na escola é muito pouco importante porque a tem em casa; mas para o filho do pedreiro, é muito grave: se não a tem na escola, não a tem em lado nenhum. E isto é mau para o país. Porque acabamos por ficar com piores professores universitários e médicos e advogados e engenheiros, que o são só por serem filhos dos privilegiados, ao passo que os filhos dos que não pertencem às elites, mesmo que sejam mais inteligentes do que os outros, vão ficar sempre para trás. E é claro que do ponto de vista pós-modernaço está tudo bem assim, porque é tudo precisamente uma questão de luta irracional, sofística e simiesca pelo poder, não havendo quaisquer critérios de justiça social nem de racionalidade que nos valham.

Quem nos livra dos novos paradigmas da educação?

Professor no King's College, Londres


http://pascal.iseg.utl.pt/~ncrato/Recor ... 020129.htm
"...As nossas dúvidas são traidoras e fazem-nos perder o bem que poderíamos conquistar, se não fosse o medo de tentar. "

william shakespeare

Rush
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Re.: Fé

Mensagem por Rush »

Gostei da expressao: "o ponto de vista Pós-modernaço" :emoticon22:

E o texto mostra, Zencen, que nao há transiçao nenhuma. E o Pós-modernismo nem é novidade. Em todos os tempos sempre existiram Sofistas. Os mais antigos de que há memória, seriam os Sofistas Gregos...que Socrates tanto abominava.
"...As nossas dúvidas são traidoras e fazem-nos perder o bem que poderíamos conquistar, se não fosse o medo de tentar. "

william shakespeare

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zencem
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Re: Re.: Fé

Mensagem por zencem »

Rush escreveu:Gostei da expressao: "o ponto de vista Pós-modernaço" :emoticon22:

E o texto mostra, Zencen, que nao há transiçao nenhuma. E o Pós-modernismo nem é novidade. Em todos os tempos sempre existiram Sofistas. Os mais antigos de que há memória, seriam os Sofistas Gregos...que Socrates tanto abominava.


Oi, Rush!
Minha intenção não era opinar, nem propor, algum modelo educacional.
Me limitei ao significado literal que você deu ao Pos Modernismo, como sendo ultra-cético,
numa discussão onde o assunto era a fé e a razão,
na construção da consciência humana.
E nesse sentido, embora exagerado, o ultra ceticismo se justifica.
Claro que, se não for transitório, vai limitar o conhecimento, transformando o indivíduo
num exótico e obtuso ermitão.
Isso se ele tiver coragem de encarar a vida, renunciando a todas as condições gregárias.

Saudações!

Rush
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Re.: Fé

Mensagem por Rush »

O Dante falou que o Pos-modernismo nao é bem ultra-ceticismo mas um relativismo extremo. Eu já li algures que o Pós-modernista é um cético extremo e que isto conduz ao extremo relativismo... porque ele coloca coisas absurdas como a astrologia e a ciencia no mesmo saco. Ou seja desvaloriza a ideia que hajam ideias melhores que outras. Há apenas subjetividade cultural. Mas o Pós-moderno nao acredita nem na Astrologia nem na ciencia que para ele sao puramente subjetivas (daí o ceticismo) mas respeita o valor da subjetividade (daí o relativismo). Mas o relativismo deles é extremo e absurdo. Completamente irracional, ou pseudo-racional, porque como podem eles defender que as ideias de Newton, por exemplo, que sao usadas para por satélites em órbita ou para construir avioes, sao ideias subjetivas ao mesmo nível da previsao Astrológica. Para defender a ideia que a ciencia é tao subjetiva como o mito Africano que diz que a lua é uma Cabaça, eles recorrem a sofismas, a uma linguagem rebuscada, incompreensível e essencialmente vazia de conteudo. É um embuste. Nao vejo como pode um embuste ser útil, mesmo que seja numa suposta fase de transiçao...
"...As nossas dúvidas são traidoras e fazem-nos perder o bem que poderíamos conquistar, se não fosse o medo de tentar. "

william shakespeare

Rush
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Re.: Fé

Mensagem por Rush »

Alguém já leu sobre a fraude de Sokal? Sokal é um Físico sério que resolveu desmascarar o pós-modernismo escrevendo um artigo fraudulento mas cheio de retórica impressionante ao estilo dos pós-modernos. Nada do que ele escreveu no artigo faz qualquer sentido, mas ele foi publicado na revista Social text, um importante baluarte do Pos-modernismo.




A fraude de Sokal
No número da Primavera/Verão de 1996 (pp. 217-252), a revista Social Text publicou um artigo de Allan Sokal, Professor de Fisica da Universidade de Nova Iorque, intitulado Transgressing the Boundaries: Towards a Transformative Hermeneutics of Quantum Gravity. O artigo era uma fraude apresentada, de acordo com Sokal, para testar se "uma revista lider em estudos culturais publicava um artigo largamente recheado de absurdos se (a) soasse bem e (b) apoiasse os preconceitos ideológicos dos editores?" Publicava. Não é necessário dizer que os editores de Social Text não gostaram.

Sokal afirma que os editores, se tivessem sido escrupulosos e intelectualmente competentes, reconheceriam desde o primeiro parágrafo do seu ensaio que se tratava de uma paródia. O físico diz que "estava incomodado por um aparente declínio nos padrões do rigor intelectual em determinadas áreas dos estudos humanisticos americanos. " A fraude era a sua maneira de chamar a atenção para este declínio.

No seu artigo, Sokal ataca "o dogma imposto pelo hegemonia do pos-Iluminismo sobre o panorama intelectual ocidental " de que existe um mundo externo governado pelas leis da natureza que nós podemos compreender imperfeitamente usando o método científico. Reivindica também que a "realidade 'física'" ... é no fundo uma construção social e linguística." Além disso, escreveu,

Ao longo do artigo, utilizo conceitos cientificos e matemáticos de tal modo que poucos cientistas ou matemáticos os podem levar a sério.
Por exemplo, sugiro que o "campo morfogenético'' -- uma ideia bizarra da New Age devida a Rupert Sheldrake -- constitui uma teoria de ponta da gravidade quantica. Isto é pura invenção; nem mesmo Sheldrake faz tal afirmação. Afirmo que as especulações psicoanaliticas de Lacan foram confirmadas por trabalhos recentes na teoria do campo quantica. Mesmo leitores não cientistas podem perguntar-se que raio tem a teoria quantica a ver com a psicanálise; no meu artigo não dou nenhum argumento para apoiar tal relação.

Em suma, escrevi intencionalmente o artigo de tal modo que um fisico ou matemático competente (ou mesmo alguem com conhecimento razoável) percebesse que era uma fraude. Evidentemente, os editores de Social Text publicaram calmamente um artigo sobre fisica quantica sem se preocuparem em consultar alguem com conhecimentos nessa matéria.

Tal laxismo editorial seria de esperar numa revista da New Age, onde afirmações infundadas sobre "energias" paranormais validadas pela mecanica quantica são vulgares. Mas Sokal pensa que seria de esperar mais de uma revista prestigiada editada por pessoas distintas das humanisticas.

Muitos já apontaram as profundas implicações desta história. Pelo menos, os artigos devem ser revistos por especialistas nos campos abrangidos pelos artigos. Fontes e referências citadas nos artigos devem ser verificados pelos editores.

Acima de tudo, contudo, esta história demonstra como estamos prontos a ser enganados em assuntos em que acreditamos fortemente. Somos mais criticos de artigos que atacam as nossas posições do que em relação àqueles que pensamos que as apoiam [Gilovich]. Esta tendencia afecta fisicos, professores de ciências sociais e humanas bem como todos nós.


http://brazil.skepdic.com/sokal.html
"...As nossas dúvidas são traidoras e fazem-nos perder o bem que poderíamos conquistar, se não fosse o medo de tentar. "

william shakespeare

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o anátema
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Re.: Fé

Mensagem por o anátema »

Dakwins escreveu um texto/"review" bastante bom sobre um livro Sokal, "intellectual impostures". O texto é "postmodernism disrobed"

No final ainda dá o link para o "postmodernism generator", que gera ensaios pós-modernistas automaticamente.
Sem tempo nem paciência para isso.

Site com explicações para 99,9999% de todas as mentiras, desinformações e deturpações criacionistas:

www.talkorigins.org
Todos os tipos de criacionismos, Terra jovem, velha, de fundamentalistas cristãos, islâmicos e outros.

Série de textos sugerida: 29+ evicences for macroevolution

Índice com praticamente todas as asneiras que os criacionistas sempre repetem e breves correções

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zencem
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Re: Re.: Fé

Mensagem por zencem »

Rush escreveu:Alguém já leu sobre a fraude de Sokal? Sokal é um Físico sério que resolveu desmascarar o pós-modernismo escrevendo um artigo fraudulento mas cheio de retórica impressionante ao estilo dos pós-modernos. Nada do que ele escreveu no artigo faz qualquer sentido, mas ele foi publicado na revista Social text, um importante baluarte do Pos-modernismo.




A fraude de Sokal
No número da Primavera/Verão de 1996 (pp. 217-252), a revista Social Text publicou um artigo de Allan Sokal, Professor de Fisica da Universidade de Nova Iorque, intitulado Transgressing the Boundaries: Towards a Transformative Hermeneutics of Quantum Gravity. O artigo era uma fraude apresentada, de acordo com Sokal, para testar se "uma revista lider em estudos culturais publicava um artigo largamente recheado de absurdos se (a) soasse bem e (b) apoiasse os preconceitos ideológicos dos editores?" Publicava. Não é necessário dizer que os editores de Social Text não gostaram.

***.


http://brazil.skepdic.com/sokal.html


Ficou claro que esse Pos Modernismo não vai além de um modismo irracional, que nada tem de cético, nem ultra-cético, além de não possuir uma referência onde se possa construir alguma base de pensamento.
Meus argumentos, portanto, sustentam apenas o aspecto do ultra ceticismo, nada tendo a ver com este movimento porra loca.
Valeu os esclarescimentos!





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carlo
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Re: Re.: Fé

Mensagem por carlo »

Fernando Silva escreveu:
Seminarista escreveu:Ninguém ama o que não conhece, se isso lhe serve de consolo.

De acordo, se você se refere a seu desconhecimento da mentalidade ateísta. Fui católico por mais de 40 anos e nunca tinha visto um ateu. Achava até que eles eram apenas uma possibilidade teórica.
Quando me desconverti, achei por um tempo que era o único. Se não fosse a Internet, talvez ainda pensasse assim.


E por mais que vc fale Fernando Silva, eles não vão entender!Eu tbm fui cristão, baptista por mais de 40 anos e ficava abismado quando se aventava na possibilidade de haver um ateu.

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carlo
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Re: Re.: Fé

Mensagem por carlo »

carlo escreveu:
Fernando Silva escreveu:
Seminarista escreveu:Ninguém ama o que não conhece, se isso lhe serve de consolo.

De acordo, se você se refere a seu desconhecimento da mentalidade ateísta. Fui católico por mais de 40 anos e nunca tinha visto um ateu. Achava até que eles eram apenas uma possibilidade teórica.
Quando me desconverti, achei por um tempo que era o único. Se não fosse a Internet, talvez ainda pensasse assim.


E por mais que vc fale Fernando Silva, eles não vão entender!Eu tbm fui cristão, baptista por mais de 40 anos e ficava abismado quando se aventava na possibilidade de haver um ateu.



Vc fernando Silva, acreditaria hoje, que um deus mandou uma ursa matar 40 adolescentes, isto como castigo, por ter chamado um velho decrépito de careca ?Pois eles acreditam em uma merda desta!Incluso aí o seminarista, a não ser que ele não leia este livreto tido por ele como "sagrado". É de amargar!

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Fernando Silva
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Re: Re.: Fé

Mensagem por Fernando Silva »

carlo escreveu:Vc fernando Silva, acreditaria hoje, que um deus mandou uma ursa matar 40 adolescentes, isto como castigo, por ter chamado um velho decrépito de careca ?Pois eles acreditam em uma merda desta!Incluso aí o seminarista, a não ser que ele não leia este livreto tido por ele como "sagrado". É de amargar!

Eu conhecia muito pouco do Antigo Testamento, só as partes que eram lidas nas missas. E o pouco que eu conhecia, eu não reparava nos absurdos.

Exemplo: Deus endureceu o coração do faraó para que ele não deixasse partir os hebreus e depois o castigou por isso. É absurdo mas eu não percebia.

E o Novo Testamento eu conhecia um pouco melhor mas não parava para pensar nas contradições, por exemplo.
Não era assunto meu, não era para se discutir, era para aceitar e pronto.

Trancado