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De acordo com uma pesquisa da Gallup, somente 12% dos americanos acreditam que a vida na Terra evoluiu através de um processo natural, sem interferência de uma divindade. Trinta e um por cento acreditam que a evolução "foi guiada por Deus". Se nossa cosmovisão fosse colocada em eleição, noções de "design inteligente" iriam derrotar as ciências biológicas por aproximadamente 3 contra 1. Isso é problemático, pois a Natureza oferece nenhuma evidência persuassiva de um designer inteligente e inúmeros exemplos de design não inteligente. Mas a controvérsia atual de "design inteligente" não deve nos cegar do escopo real de nossa confusão religiosa nos primórdios do século 21.
A mesma pesquisa da Gallup revelou que 53% dos americanos são realmente criacionistas. Isso significa que apesar de um século inteiro de insights científicos atestando a antigüidade da vida e uma antigüidade ainda maior da Terra, mais da metade de nossos vizinhos acreditam que todo o cosmos foi criado há 6000 anos. Isso é, incidentalmente, cerca de 1000 anos depois dos sumérios terem inventado a cola. Aqueles com o poder de elegeram nossos presidentes e congressidentes - e muitos dos que foram eleitos - acreditam que dinossauros viveram aos pares na Arca de Noé, que a luz de galáxias distantes foi criada em trânsito até a terra e que os primeiros membros de nossa espécie foram criados à partir de lama e sopro divino, em um jardim com uma cobra falante, pelas mãos de um Deus invisível.
Entre as nações desenvolvidas, a América firma-se sozinha com essas convicções. Nosso país agora aparenta-se - como em nenhum momento da história - a um gigante desajeitado, belicoso e estúpido. Qualquer um que se importa com o futuro da civilização fará bem em reconhecer que a combinação de grande poder com grande estupidez é simplesmente aterrorizante, mesmo entre nossos amigos.
A verdade, entretanto, é que muitos de nós parecem não se interessar pelo futuro da civilização. 42% da população americana está convicta que Jesus irá retornar para julgar os vivos e mortos em algum momento nos próximos 50 anos. De acordo com a interpretação mais popular de profecia bíblica, Jesus irá retornar somente após as coisas derem horrivelmente errado aqui na Terra. Portanto, não é um exagero dizer que se a cidade de Nova York fosse subitamente substituída por uma bola de fogo, uma porcentagem significativa da população americana veria uma mensagem reconfortante na nuvem em forma de cogumelo subseqüente, já que iria sugerir aos mesmos que a melhor coisa que poderia acontecer está prestes a acontecer: o retorno de Cristo. Deveria ser cegamente óbvio que crenças desse tipo vão nos ajudar muito pouco a criar um futuro durável para nós mesmos: socialmente, economicamente, ambientalmente e geopoliticamente. Imagine as consequências se qualquer componente significativo do governo dos EUA realmente acreditasse que o mundo iria acabar e que seu fim seria glorioso. O fato que quase metade da população americana aparentemente acredita nisso, puramente tomando como base dogma religioso, deveria ser considerada uma emergência moral e intelectual.
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