
SÃO PAULO - Stanley Miller, primeiro a recriar as condições que teriam permitido o surgimento da vida, morreu aos 77 anos no último domingo, 20, de uma parada cardíaca em um hospital da Califórnia, Estados Unidos, segundo o The New York Times.
O químico que foi o primeiro a demonstrar que moléculas orgânicas necessárias para criar a vida poderiam ser geradas em laboratório, simulando a atmosfera da Terra jovem e, com a ajuda de descargas elétricas, produzir aminoácidos, base da vida como conhecemos.
Miller sofreu uma série de derrames desde 1999 e vivia em uma casa de assistência, de acordo com seu irmão Donald.
Quando o cientista começou seu trabalho como estudante em 1952, cientistas já especulavam por décadas como a vida surgiu no planeta, mas os poucos experimentos realizados sempre falhavam.
Ele resgatou o trabalho de Harold C. Urey, da Universidade de Chicago, que em 1951 sugeriu que previamente a atmosfera terrestre continha metano, amônia, hidrogênio e água - e nenhum oxigênio.
Trabalhando no laboratório de Urey, Miller colocou estes gazes em um sistema fechado sobre um recipiente de água, simulando o oceano. Aqueceu a água para preencher o sistema com vapor e aplicou descargas elétricas no gás repetidamente para simular relâmpagos.
Em semanas, ele demonstrou que reações espontâneas no sistema produziram 13 dos 21 aminoácidos - componente essencial das proteínas - necessários para a vida. Ele publicou suas descobertas em 15 de maio de 1953 em uma reportagem de duas páginas do jornal Science.
Urey deixou seu nome de fora do estudo, porque achou que Miller não teria crédito suficiente. "Eu já tenho um prêmio Nobel", disse o cientista.
Quando Miller apresentou seus resultados em um prestigiado seminário, o físico Enrico Fermi gentilmente perguntou como poderíamos saber se esse tipo de processo pode ter acontecido na Terra primitiva. Urey respondeu que "se Deus não fez assim, então perdeu uma boa aposta".
Os resultados foram largamente veiculados em jornais em revistas. O cientista passou boa parte de suas próximas cinco décadas de vida estendendo seu trabalho e demonstrando que outros componentes cruciais poderiam ser produzidos em condições similares.
Os experimentos ganharam credibilidade em 1969, quando um meteorito caiu na Austrália e foram encontrados componentes orgânicos iguais aos que Miller encontrou em seu experimento, apontando que ele facilmente formou as condições presentes no sistema solar a 4,5 bilhões de anos atrás.
Mas a ultima meta de Stanley Miller, a criação de um organismo vivo em um tubo de ensaio, iludiu ele e outros pesquisadores e o cientista nascido em Oakland, Califórnia, em 7 de março de 1930, entrou para a história sem realizar seu sonho.
FONTE: Agência Estado
Abraços,