Vai na fé!
Para muitos, a vida só tem sentido quando se crê numa força suprema
Por Pilar Magnavita • 19/07/2007
Zenon Moraes se curou de um câncer sem perder a fé e a alegria. Maura Santos ganhou de presente o amor de sua vida, após os 40 anos, depois que se tornou otimista. Mônica Testa, que era atéia e rebelde, encontrou a compreensão e a paz interior no Espiritismo. Fábio Crespo venceu o desemprego assim que passou a orar. Elza da Silva e Wilson Lopes dedicaram as vidas para cuidar do próximo e, no leito de morte, declararam terem vivido plenamente e que fariam tudo de novo. O que todos eles têm em comum é a fé. São católicos, budistas, sem religiões, espíritas e umbandistas que descobriram que uma torcida positiva conta sempre quando esperamos que algo dê certo.
"É uma simples mudança que faz uma grande diferença", afirma Mônica Testa, que alega ter encontrado paz depois que passou a encarar a vida com mais leveza. "Quando temos fé, nos sentimos mais seguros, não balançamos, não titubeamos, não roemos as unhas. Confiamos e vamos em frente". Na opinião dela, essa segurança transmitida pela confiabilidade garante certa impetuosidade. "A pessoa que tem fé quando não sabe que uma coisa é impossível vai até lá e faz!", diz, categórica.
Ninguém nasce sabendo ser feliz. A gente vai aprendendo com as experiências e descobrindo que prazeres proporcionam felicidade vazia, que vai embora com a boa sensação
Segundo o físico quântico Gilmar Gonçalves, a diferença entre uma pessoa que tem fé e outra que não tem é ver o belo em tudo. "Quem crê consegue reconhecer Deus em tudo. É uma pessoa otimista, segura, que se sente amparada por um poder maior", explica. Ele diz que pensar positivamente, torcer ou orar para que a graça seja alcançada, de fato, acontece. "Não podemos nos esquecer que tudo no universo se interliga: é a teoria do caos, em que se diz que se uma borboleta bate asas no Oriente, os efeitos repercutem no Ocidente. Assim, ocorre com o ser humano: não somos somente o físico, somos ondas, magnetismo e ação. Se essas nossas funções se voltam para uma mesma finalidade, podemos dizer que ocorre um 'milagre'", teoriza.
A teóloga Eliane Cunha explica que o homem busca, naturalmente, um sentido para a sua existência. "Buscamos respostas para o sofrimento, para a morte, para a razão da vida, e um dos caminhos é a religião", explica. Eliane, que sempre fora muito católica, passou a questionar sua fé quando um infarto matou seu marido, há 15 anos. Ela afirma que tais perguntas nunca foram respondidas, porém o conforto e as análises que a fé lhe trouxe foram suficientes para entender a necessidade de se acreditar em algo maior que nós mesmos.
"Não há notícias de sociedades na história sem uma base religiosa", afirma a teóloga. "É preciso haver um parâmetro de conduta que a religião também propõe. Sempre tivemos dificuldades de entender que não somos onipotentes e quando o rumo da vida é contrário aos nossos desejos, acreditar em Deus nos ampara, protege", explica. "O maior inimigo da religiosidade é a materialidade e, isso, Santo Agostinho já dizia na Idade Média. Quem é religioso não tem dúvidas de que o abstrato é tão real quanto o que há de concreto".
Para a budista Kátia Luz, a religião torna mais claro o significado da vida. Ela explica que a doutrina ensina os seguidores a compreenderem a própria mente. Segundo ela, pensamentos virtuosos levam a um estado de felicidade e os não-virtuosos, infelicidade. "As pessoas se pegam muito nas coisas temporárias e quando elas passam, as pessoas sofrem. Ninguém nasce sabendo ser feliz. A gente vai aprendendo com as experiências e descobrindo que prazeres proporcionam felicidade vazia, que vai embora com a boa sensação. Já o amor livre de vícios e as boas lembranças são sólidos e o tempo não apaga", diz.
A médium umbandista Nair Silva comenta que são muitas as pessoas que a procuram buscando um consolo, uma notícia do "lado lá", como definem os fiéis, ou um conselho sobre que decisões tomarem em um momento importante. "Mesmo quem não acredita em nada, às vezes, me procura. Quando essas pessoas se encontram numa situação difícil, em que estão de mãos atadas, elas ficam desesperadas. Quem tem fé é seguro, confia".
Religiosidade no Brasil
Quando indagados sobre a existência de Deus, 97% dos brasileiros afirmam acreditar totalmente; 2% dizem terem dúvidas; e 1% não acredita. Mesmo entre os que não têm religião, 81% acreditam que Deus existe. Os dados são do Datafolha, de abril desse ano. De acordo com a pesquisa, 93% dos brasileiros acreditam totalmente que Jesus ressuscitou após morrer na cruz; 92%, que Espírito Santo existe; 87%, na ocorrência de milagres; 86%, que Maria deu a luz a Jesus, apesar de virgem; 77%, que Jesus voltará a Terra no final dos tempos.
Foi constatado ainda que pouco mais da metade da população acredita que a hóstia é o corpo de Jesus; que após a morte, algumas pessoas vão para o céu ou para o inferno; que existe vida após a morte e que existem santos. Cerca de 44% dos brasileiros não acreditam em reencarnação, 37% acreditam totalmente e 18% têm dúvidas.
A reencarnação é algo no qual acreditam quase totalmente a maioria dos espíritas (cerca de 93% deles), dos umbandistas (79%) e dos adeptos do candomblé (68%). Para a diretora do centro espírita Marieta Gaio, Maria Célia Cruz, os percentuais refletem uma incompreensão das religiões por parte dos próprios adeptos: "A essência das religiões espiritualistas é, não só a crença da vida após a morte, mas também a aceitação da idéia de reencarnar. A filosofia por trás é socrática, tem por base o conceito de plano ideal e plano material que Platão imortalizou nos diálogos. Voltar à vida é receber uma nova oportunidade de acertar, de ser feliz, de perdoar e ser perdoado. Quem dessas religiões não acredita nisso, é porque não entendeu ainda o que resolveu seguir".
Para Maria Célia, a incompreensão é notada também nos católicos: quase 44% acreditam totalmente na reencarnação, idéia que a religião condena. Já entre os evangélicos pentecostais, a taxa dos que não acreditam é coerente com a crença que escolheram: cerca de 74% não crêem nessa possibilidade.
http://bolsademulher.click21.com.br/estilo/materia/vai_na_fe/9204/1
A Fé no Brasil
A Fé no Brasil
"Assombra-me o universo e eu crer procuro em vão, que haja um tal relógio e um relojoeiro não.
VOLTAIRE
Porque tanto se orgulhar de nossos conhecimentos se os instrumentos para alcançá-los e objetivá-los são limitados e parciais ?
A Guerra faz de heróis corajosos assassinos covardes e de assassinos covardes heróis corajosos .
No fim ela mostra o que somos , apenas medíocres humanos.

VOLTAIRE
Porque tanto se orgulhar de nossos conhecimentos se os instrumentos para alcançá-los e objetivá-los são limitados e parciais ?
A Guerra faz de heróis corajosos assassinos covardes e de assassinos covardes heróis corajosos .
No fim ela mostra o que somos , apenas medíocres humanos.