Alain Touraine

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Joe
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Alain Touraine

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Alain Touraine

Alain Touraine (Hermanville-sur-Mer, 3 de agosto de 1925) é um sociólogo francês.

Tornou-se conhecido por ter sido o pai da expressão "sociedade pós-industrial". O seu trabalho é baseado na "sociologia de acção"; ele acredita que a sociedade molda o seu futuro através de mecanismos estruturais e das suas próprias lutas sociais.

O ponto de interesse vital da sua carreira tem sido o estudo dos movimentos sociais. Tem estudo e escrito acerca dos movimentos de trabalhadores em todo o mundo, particularmente na América Latina e mais recentemenete na Polónia onde observou e ajudou ao nascimento do Solidarność. Na Polónia, desenvolveu um método de pesquisa denominado intervenção sociológica.

Touraine ganhou imensa popularidade na América Latina bem como na Europa Continental. No entanto, esse reconhecimento tem tardado a chegar dos países do mundo anglo-saxão. Dos cerca de vinte livros, apenas menos de metade foi traduzida para Inglês

Obra

Em seus escritos, Tourain aponta para as transformações pelas quais a sociedade moderna e industrial vem passando. Nesta sua tese trava diálogos com os autores clássicos da sociologia como Durkheim e Marx (este com relação às novas formas de conflitos sociais).

Touraine faz parte de uma linha teórica que se denomina pós-moderna, ainda que critique a mesma em alguns pontos e de fato não assuma todas as teses dessa como algumas asserções a respeito do fim da história, fim dos conflitos e, principalmente, da inviabilidade da compreensão racional dos mecanismo sociais. Para Touraine, a sociedade pós-industrial, longe de acabar com os conlfitos, generaliza-os.

Como este autor coloca em "A sociedade pós-industrial", a sociologia não é fruto da revolução industrial, mas somente se consolidou a partir da segunda metade do século XIX, quando a sociedade passa a ter um maior controle dos mecanismos econômicos surgidos com as revoluções industriais, os quais, no momento de seu surgimento, levaram às construções teóricas do início do século XIX que identificavam um desenvolvimento econômico intervindo na organização social. Com a retomada do controle social das mudanças econômicas é que, portanto, a sociologia pode se constituir numa ciência que não mais fetichizava o social, tal como o indivíduo da filosofia. Passa-se da identificação de uma natureza social para o reconhecimento da historicidade, ou seja, da ação social e da capacidade desta em direcionar o desenvolvimento do conjunto da sociedade.

É sob estas premissas que Touraine fala da sociologia de uma sociedade pós-industrial. Com os primórdios do desenvolvimento industrial, a empresa capitalista e o proletariado eram de fato os elementos centrais na transformação social e política. Numa sociedade pós-industrial, como aponta o autor, esta centralidade da indústria e, portanto, do fator econômico produtivo se perde. Nesta nova sociedade o conhecimento e a informação passam a constituir elementos chaves na produção.

Os conflitos sociais, da mesma maneira, não se concentram mais no elemento econômico. Apesar dos conflitos de classe não desaparecerem (a indústria não desaparece), a relação trabalhador-patronato não detem mais a proeminência de outrora. Isto, principalmente, pelo fato destes conflitos de classes terem, de uma forma geral, se insitucionalizado abrindo espaço para outras reivindicações sociais, agora não mais econômicas, mas destacadamente culturais: surgem os movimentos feministas, de homossexuais, estudantil, etc.

Os laços que unem estes novos movimentos são mais comunitários e localizados, apesar de uma abrangência socialmente ampla. Se permanecerem reivindicações localizadas e restritas não constituem-se, segundo Touraine, em movimentos sociais propriamente ditos. Para tanto devem adquirir um destaque mais amplo e nacional. A direção para qual devem caminhar tais movimentos são as instituições e, portanto, para o âmbito das decisões políticas. A sociedade, segundo Touraine, deve lutar para democratizar o acesso aos mecanismos decisórios da política.

Daí a importância que este autor dá ao tema da alienação. Esta pautada pela participação dependente, ou seja, a integração dos indivíduos no jogo dos aparelhos dominantes que visam impor um modelo de desenvolvimento econômico sob um aspecto impessoal de forma a aparecer como a única alternativa possível e no interesse de toda a sociedade. Os termos que Tourains se utiliza para descrever esta alienação são a integração, a manipulação e a sedução.


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Joe
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Re.: Alain Touraine

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Quem concorda?

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André
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Re: Alain Touraine

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Joe escreveu:Alain Touraine

Alain Touraine (Hermanville-sur-Mer, 3 de agosto de 1925) é um sociólogo francês.

Tornou-se conhecido por ter sido o pai da expressão "sociedade pós-industrial". O seu trabalho é baseado na "sociologia de acção"; ele acredita que a sociedade molda o seu futuro através de mecanismos estruturais e das suas próprias lutas sociais.

O ponto de interesse vital da sua carreira tem sido o estudo dos movimentos sociais. Tem estudo e escrito acerca dos movimentos de trabalhadores em todo o mundo, particularmente na América Latina e mais recentemenete na Polónia onde observou e ajudou ao nascimento do Solidarność. Na Polónia, desenvolveu um método de pesquisa denominado intervenção sociológica.

Touraine ganhou imensa popularidade na América Latina bem como na Europa Continental. No entanto, esse reconhecimento tem tardado a chegar dos países do mundo anglo-saxão. Dos cerca de vinte livros, apenas menos de metade foi traduzida para Inglês

Obra

Em seus escritos, Tourain aponta para as transformações pelas quais a sociedade moderna e industrial vem passando. Nesta sua tese trava diálogos com os autores clássicos da sociologia como Durkheim e Marx (este com relação às novas formas de conflitos sociais).

Touraine faz parte de uma linha teórica que se denomina pós-moderna, ainda que critique a mesma em alguns pontos e de fato não assuma todas as teses dessa como algumas asserções a respeito do fim da história, fim dos conflitos e, principalmente, da inviabilidade da compreensão racional dos mecanismo sociais. Para Touraine, a sociedade pós-industrial, longe de acabar com os conlfitos, generaliza-os.

Como este autor coloca em "A sociedade pós-industrial", a sociologia não é fruto da revolução industrial, mas somente se consolidou a partir da segunda metade do século XIX, quando a sociedade passa a ter um maior controle dos mecanismos econômicos surgidos com as revoluções industriais, os quais, no momento de seu surgimento, levaram às construções teóricas do início do século XIX que identificavam um desenvolvimento econômico intervindo na organização social. Com a retomada do controle social das mudanças econômicas é que, portanto, a sociologia pode se constituir numa ciência que não mais fetichizava o social, tal como o indivíduo da filosofia. Passa-se da identificação de uma natureza social para o reconhecimento da historicidade, ou seja, da ação social e da capacidade desta em direcionar o desenvolvimento do conjunto da sociedade.

É sob estas premissas que Touraine fala da sociologia de uma sociedade pós-industrial. Com os primórdios do desenvolvimento industrial, a empresa capitalista e o proletariado eram de fato os elementos centrais na transformação social e política. Numa sociedade pós-industrial, como aponta o autor, esta centralidade da indústria e, portanto, do fator econômico produtivo se perde. Nesta nova sociedade o conhecimento e a informação passam a constituir elementos chaves na produção.

Os conflitos sociais, da mesma maneira, não se concentram mais no elemento econômico. Apesar dos conflitos de classe não desaparecerem (a indústria não desaparece), a relação trabalhador-patronato não detem mais a proeminência de outrora. Isto, principalmente, pelo fato destes conflitos de classes terem, de uma forma geral, se insitucionalizado abrindo espaço para outras reivindicações sociais, agora não mais econômicas, mas destacadamente culturais: surgem os movimentos feministas, de homossexuais, estudantil, etc.

Os laços que unem estes novos movimentos são mais comunitários e localizados, apesar de uma abrangência socialmente ampla. Se permanecerem reivindicações localizadas e restritas não constituem-se, segundo Touraine, em movimentos sociais propriamente ditos. Para tanto devem adquirir um destaque mais amplo e nacional. A direção para qual devem caminhar tais movimentos são as instituições e, portanto, para o âmbito das decisões políticas. A sociedade, segundo Touraine, deve lutar para democratizar o acesso aos mecanismos decisórios da política.

Daí a importância que este autor dá ao tema da alienação. Esta pautada pela participação dependente, ou seja, a integração dos indivíduos no jogo dos aparelhos dominantes que visam impor um modelo de desenvolvimento econômico sob um aspecto impessoal de forma a aparecer como a única alternativa possível e no interesse de toda a sociedade. Os termos que Tourains se utiliza para descrever esta alienação são a integração, a manipulação e a sedução.


Fonte


Eu concordo.E olha isso aqui

"A sociedade, segundo Touraine, deve lutar para democratizar o acesso aos mecanismos decisórios da política."

Algo que eu digo com insistência. Essa é a posição de cientistas políticos, e muitos dos que mais estudam política.

A descentralização dos movimentos que são comunitários, e não mais sociais, pois não tem caráter amplo, assim como boa parte da analise de Touraine é de grande valor, e procede em grande medida.

Vejamos ainda isso

"Daí a importância que este autor dá ao tema da alienação. Esta pautada pela participação dependente, ou seja, a integração dos indivíduos no jogo dos aparelhos dominantes que visam impor um modelo de desenvolvimento econômico sob um aspecto impessoal de forma a aparecer como a única alternativa possível e no interesse de toda a sociedade. Os termos que Tourains se utiliza para descrever esta alienação são a integração, a manipulação e a sedução."

É outra forma de falar da falta de educação política mas de forma invertida, que é invés de falar da falta dessa educação, e do exercício da cidadania, há a presença da alienação, promovida pelos próprios aparelhos do Estado, e mecanismos privados. Toma como naturais e absolutas, construções sociais e alteráveis, e ai reside muito do seu autoritarismo, opressão o individuo, e por conseqüência com a fragmentação, a dificuldade desse se organizar coletivamente na busca das transformações que iram refletir suas escolhas. Assim é necessário simultaneamente combater a alienação, mas para isso a democratização do acesso aos mecanismos decisórios da política é essencial, em certa medida um pré-requisito.

Alias essa deve ser a luta das organizações que se pretendem lutar pelo coletivo, pois dela, derivam todas as outras, e somente com mais poder aos cidadãos seria possível desconstruir os mecanismos autoritários e impositivos presentes mesmo nas sociedades modernas democráticas, que são democráticas, apenas não o suficiente. Sendo desnecessário repetir que certos limites, como ser laica, secular, respeito a liberdade de pensamento...São basilares, e sem eles não há democracia efetiva, porém os limites no acesso as decisões, e democratização dos espaços públicos, isso sem duvida pode ser progressivamente feito, sem nunca nos afastarmos dos princípios que mantém as garras da opressão e dos ódios, longe do poder. Isso depende apenas de nós, obviamente.
Visite a pagina do meu primeiro livro "A Nova Máquina do Tempo." http://www.andreteixeirajacobina.com.br/

Ou na Saraiva. Disponivel para todo Brasil.

http://www.livrariasaraiva.com.br/produ ... 0C1C301196


O herói é um cientista cético, um pensador político. O livro debate filosofia, política, questões ambientais, sociais, bioética, cosmologia, e muito mais, no contexto de uma aventura de ficção científica.

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Samael
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Re.: Alain Touraine

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Minha assinatura e meu avatar.

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Re.: Alain Touraine

Mensagem por Samael »

E "pós-modernismo" é um termo bobo que não define nada. Idem à modernismo.

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André
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Re: Re.: Alain Touraine

Mensagem por André »

Samael escreveu:Minha assinatura e meu avatar.


Vero :emoticon12: :emoticon12:
Visite a pagina do meu primeiro livro "A Nova Máquina do Tempo." http://www.andreteixeirajacobina.com.br/

Ou na Saraiva. Disponivel para todo Brasil.

http://www.livrariasaraiva.com.br/produ ... 0C1C301196


O herói é um cientista cético, um pensador político. O livro debate filosofia, política, questões ambientais, sociais, bioética, cosmologia, e muito mais, no contexto de uma aventura de ficção científica.

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Re.: Alain Touraine

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Na verdade, faz parte da Escola Analítica Francesa. Sempre ganharam muito bem para irem de encontro ao marxismo, principalmente da fundação Rockfeller.

Entretanto, Touraine é incrível. Tem um diálogo soberbo com Marx e Foucault. Só não concordo com o seu otimismo quanto ao sucesso da democracia liberal.

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Joe
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Re: Re.: Alain Touraine

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Samael escreveu:Na verdade, faz parte da Escola Analítica Francesa. Sempre ganharam muito bem para irem de encontro ao marxismo, principalmente da fundação Rockfeller.

Entretanto, Touraine é incrível. Tem um diálogo soberbo com Marx e Foucault. Só não concordo com o seu otimismo quanto ao sucesso da democracia liberal.


Basicamente ele exprime idéias concisas, mas porque não concorda com a abordagem dele diante o sucesso da democracia liberal?

Por causa da meritocracia?

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Re: Re.: Alain Touraine

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Joe escreveu:
Samael escreveu:Na verdade, faz parte da Escola Analítica Francesa. Sempre ganharam muito bem para irem de encontro ao marxismo, principalmente da fundação Rockfeller.

Entretanto, Touraine é incrível. Tem um diálogo soberbo com Marx e Foucault. Só não concordo com o seu otimismo quanto ao sucesso da democracia liberal.


Basicamente ele exprime idéias concisas, mas porque não concorda com a abordagem dele diante o sucesso da democracia liberal?

Por causa da meritocracia?


Não. Touraine, como qualquer intelectual sério que mereça meu apreço, desdenha ferrenhamente dessa utopia boba e que beira o darwinismo social, que é a ultra-meritocracia liberal.

O meu problema com o otimismo dele fica em torno do problema de representação popular numa democracia (Rousseau), da praticidade de um Estado que daria voz a quem não é capaz de administrá-lo e, principalmente, no duelo com Foucault, na questão do poder e da opinião pública e midiática enquanto males que se colocariam frente ao ideário de liberdade individual trazida pelas sociedades modernas.

Trancado