À Rainha dos deuses.
Velha ladainha é aquela que o ser humano precisa acreditar em algo para viver. Ladainha repetitiva, mas que surpreendentemente não deixa de estar certa! Divagando sobre isso resolvi expressar parte de minhas crenças, e como fé logo é associada a algum tipo de deus, vou logo tratando de identificar os deuses nos quais acredito.
A despeito das críticas que alguns podem levantar tanto dos religiosos, quanto de alguns ateus mais extremados, posso seguramente me arriscar escrever que neste estágio da vida, sou um politeísta.
Politeísta sim. Assim como as diversas igrejas que existem por aí. Sinceramente, dizer que toda a cristandade acredita no mesmo deus, seria no mínimo falta de coerência. Basta para isso, o observador da religião atentar ao temperamento deste “mesmo deus”.
Se um dia ele roda a baiana e afoga todo mundo por pura incompetência de realizar seus objetivos, no outro ele diz amar o pecador e odiar somente o pecado. Sinceramente, se ele odiasse apenas o pecado, não seria no mínimo estranho assassinar todo mundo num dilúvio?
Para mim, que nem sou nem onipotente nem nada, seria mais fácil fazer que ninguém mais errasse, caso eu pudesse. Mas para quê complicar, se eu posso matar todo mundo?
A partir do momento que ele deixou de ser um bárbaro assassino e começou a ser o pai que ama todo mundo, houve nele um distúrbio de personalidade. Sabem como é né? Todo aquele ódio e sentimento de vingança não iam simplesmente desaparecer. Então a demagogia divina se mostrou de forma a dar inveja e inspiração a muitos políticos que na frente se fazem de bonzinhos, mas nas costas, se não satisfeitos, te queimam no inferno.
A vantagem dos políticos é que o “inferno” que eles te jogam um dia acaba. Ou você morre de fome, ou dá a volta por cima. Não que isso anule o mal que lhe fizeram, mas pelo menos não tem a megalomania do deus abraâmico que te tortura eternamente, sem dó nem piedade!
Ah, mas isso é escolha de cada um! Dirão alguns.
Para esses mais afoitos eu diria: - Mentira! Ninguém escolheria ser queimado eternamente. Pelo menos ninguém em seu juízo perfeito. E no mais, desde quando ameaça é direito de escolha?
Aliás, qual a finalidade do inferno mesmo? Se o camarada vai pra lá só pra ser torturado eternamente, não há nada além de simples sede de vingança. Não serve nem para reabilitar o coitado, nem para acabar com ele! O que resta é o sadismo habitual desse deus. Pura vontade de se vingar.
Mas algumas religiões não acreditam nessa punição eterna.
Pronto. Este argumento acaba de criar mais um deus. Só até aqui já temos uns três. Um assassino, um bom (que apesar disso queima suas vítimas para sempre), e um que não queima. Antes que eu me esqueça, existe um quarto deus, que tem um inferno temporário. Isso sem falar que para a maioria dos cristãos ele é Três!
Que bagunça!
Mas como eu disse sou politeísta e como tal minhas crenças e caráter saem das concepções meramente cristãs.
Achou o quê? Que eu ia me prender somente aos habituais modismo e cultura ocidentais? Não o cavaleiro aqui!
Tenho meus próprios deuses e me orgulho de seguí-los!
O primeiro que vou listar, na verdade é uma deusa. O que não é de se estranhar, porque até onde eu sei, a regra da natureza é que quem cria e dá a vida sempre foi a mulher. Salvo algumas exceções, como o cavalo marinho, mas isso antes de ser regra é mera exceção.
Por que deus seria um ser do sexo masculino? Por que a bíblia diz? Ou porque o malucão do Mohammed afirmou? Acredito que seja por causa da nunca questionada tradição que passa de geração em geração e dá os pilares de nossa atual sociedade. Machista, diga-se de passagem.
Bem, voltando ao assunto, me considero filho de Gaia, a grande mãe, nossa querida natureza. Gaia é o espírito da Terra e como filho e parte desta maravilhosa deusa, que tanto nos dá, nos protege e nos serve de lar, tenho plena consciência do meu dever de protegê-la. A gratidão a essa figura não pode ser ignorada jamais! Minha mãe sempre exemplificou sua generosidade com uma estória de um rapaz que plantava apenas um grão de milho, mas que para colher todos os grãos gerados a partir daquele único, seria necessário encherem-se as mãos, e que se plantados todos estes últimos encher-se-iam sacas de milho!
Meu segundo deus é Hórus, símbolo da justiça. Neste deus baseio as relações com meus semelhantes humanos e a crença de que tudo o que eu fizer na vida haverá um retorno certo. Para cada ação, uma reação. É Hórus que me faz seguir a bondade e me lembra de meus deveres patrióticos e cívicos. Afinal acredito ser natural a vontade de querer todas as benesses para quem me for mais próximo. Daí para a defesa de meus compatriotas é um pulo.
Apesar da polêmica que pode ser levantada, meu terceiro e mais admirado deus é Lúcifer. Não o diabo cristão, que por má fé ou ignorância começou a ser confundido com esta deidade romana. Lúcifer antes de todas as deturpações que sofreu era tão somente o deus que portava a luz. Lúcifer na verdade é o meu ideal enquanto homem. Possuir a luz do conhecimento e disseminá-la é o maior ato de generosidade que posso conceber.
Até aqui os deuses que sigo me levam à defesa de nosso planeta, seus espécimes e rica natureza, à incansável batalha por um mundo melhor aos meus semelhantes, com justiça e retidão, rigor e bondade e finalmente à generosidade de compartilhar o conhecimento adquirido. Nada demais, a não ser para meu próprio desenvolvimento interno.
Mas realmente a deusa que me faz ter orgulho de meu politeísmo é a Razão.
A Razão deveria ser considerada a principal deusa de qualquer panteão ou religião no mundo. Muito mais atrativa e maravilhosa, não deixa que as pessoas se entreguem ao misticismo desmedido das religiões e não deixa que qualquer um que a venere -assim como eu- pelo menos pense que algum destes deuses que citei sejam reais. Quem usa a Razão sabe que não passam de arquétipos onde podemos depositar as virtudes que mais admiramos e prezamos.
No meu ponto de vista a Razão é apenas utilizada pelos homens, mas estes não são seus proprietários. Como tal ela sempre esteve presente na história humana, mas como deusa exigente que é, só se mostrava àqueles que ousavam usar a inteligência com sabedoria.
Como recompensa para nós humanos, sempre que ela foi adorada, ela desenvolveu diálogos e união entre as pessoas. Técnicas e Artes que puderam ser divididas entre os amantes das relações humanas.
Não obstante, como deusa que não impede que lhe dêem as costas, todas as vezes que foi ignorada, viu-se surgirem guerras e confrontos entre os povos, morte e ignorância entre os mais ignorantes e simples. Fanatismo e intolerância, terrorismo e barbáries.
Está aí o mundo radical islâmico que não me deixa mentir. Em pleno século XXI, mulheres sendo apedrejadas por adultério, homens sendo açoitados até a morte. Terroristas se matando e levando dezenas de outros consigo, em nome de uma falsa promessa. Isto sem dizer dos bilhões de cristãos desperdiçando suas únicas vidas na espera de um retorno que jamais acontecerá. Milênios de espera e sabe-se lá quanto tempo à frente! Religiões custam muito para morrer e se tornarem (finalmente) o que nunca deixaram de ser: Mitologia.
Então, deixo aqui minha reverência especial à Gaia, Hórus, Lúcifer e à Rainha dos deuses: A Razão.
À Rainha dos deuses
- Cavaleiro do Ébano
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À Rainha dos deuses
"Procure não morrer"
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