http://www.letraseletras.com.br/pdf/relativo.pdf
Nos dias de hoje, sabemos que a ciência não pode ser entendida como um progresso contínuo e cumulativo de “verdades”, como uma espécie de “religião leiga” em cujo poder todos depositam uma confiança cega e cuja autoridade intelectual merece um respeito quase universal, mas como uma série de “revoluções”. A teoria epistemológico-racionalista de Popper mostra-nos que não podemos provar a verdade de uma teoria científica, mas tão somente sua falsidade. Por sua vez, os primeiros frankfurtianos (Adorno), ao enfatizarem as condições histórico-culturais da produção do saber, deram uma contribuição decisiva para se relativizar a racionalidade científica ocidental. Por essência, é “tecnológica” (Marcuse), pois só apreende o mundo em sua instrumentalidade; e o logos que a anima se revela fundamentalmente técnico, dominador e manipulador. O que podemos ler, em seu empreendimento, é uma lógica da dominação, uma visão do mundo típica de uma sociedade que se constrói e se expande vinculando seu “ser” e seu “destino” à exploração da . Donde a insurreição dos relativistas, que não mais se limitam a uma crítica da ciência (exterior e de eficácia limitada), mas desenvolvem uma crítica de ciência, pretendendo atingir o cerne mesmo da atividade científica. É o que constata o físico Lévy-Leblond quando nos garante que, para entendermos por que a imagem da ciência não corresponde à sua realidade, precisa-ríamos levar em conta quatro paradoxos definindo sua situação atual:
Paradoxo econômico: “Nunca a ciência fundamental esteve tão intimamente vinculada ao sistema técnico e industrial; mas seu peso econômico próprio está, doravante, em regressão”;
Paradoxo social: “Nunca o saber tecnocientífico atingiu tanta eficácia prática; mas mostra-se cada vez menos útil face aos problemas (saúde, alimentação, paz) da humanidade em seu conjunto”;
Paradoxo epistemológico: “Nunca o conhecimento científico atingiu tal grau de elaboração e de sutileza; mas se revela cada vez mais lacunar e fragmentado e cada vez menos capaz de síntese e de reformulação”;
Paradoxo cultural: “Nunca a difusão da ciência dispôs de tantos meios (mídia, livros, museus, etc.); mas a racionalidade científica permanece ameaçada, isolada e sem controle sobre as ideologias que a recusam ou (pior) a recuperam”. (1a)
HILTON JAPIASSU. Nem tudo é Relativo
Paradoxos/antinomias da atual condição da ciência
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