O absurdo existe

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zumbi filosófico
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Re: Re.: O absurdo existe

Mensagem por zumbi filosófico »

cognitivo escreveu:
Miles Teg escreveu:
Azathoth escreveu:
cognitivo escreveu:quando os seres biológicos poderiam ser meros autômatos orgânicos.


O que quer dizer por autômato orgânico?


Acho que "zumbi filosófico".


Pra mim, a palavra "zumbi" descreve melhor quem desqualifica toda uma explanação com apenas 4 palavras


Qual a necessidade de agressões? Em vez de confirmar se era o que quis dizer, aproveitou o termo "zumbi" só para agredir a toa.

E ninguém usou apenas 4 palavras.

Isso aqui é um fórum de discussão. O que você esperava? Queria apenas que todos aceitassem que, porque você (nem ninguém ainda) entende bem como a experiência subjetiva pode ser um fenômeno material, todos prontamente aceitassem que então existe uma esfera de luz (numa faixa do espectro ortogonal à luz conhecida) "semi-imaterial" que cria uma conexão por meio de vibrações sub-quarkicas, entre o cérebro material e os 4 compoentes plenamente imateriais modulares que constituem a mente? (os módulos imateriais são: consciência, amor, humor e inteligência)

Ou que, a despeito desses detalhes ainda não bem certos das possíveis teorias "imateriais" da consciência, que simplesmente aceitassemos que é "imaterial" ou que pode ser "imaterial", seja lá o que for isso de "imaterial"?

Acho engraçado como, uma resposta "materialista" é vista como problemática, enquanto uma alternativa "imaterialista" é uma resposta pronta, clara, e auto-evidente que soluciona tudo, ou no mínimo ser uma "alternativa que não pode ser descartada", apesar da "imaterialidade" ser a coisa mais vaga que se pode imaginar, de não responder absolutamente nada na verdade. Na verdade só trocamos um problema com o qual ao menos podemos lidar por um incomensuravelmente maior, não por uma resposta.
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a[r]es
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Mensagem por a[r]es »

[cognito]Meu Deus... porque não aceitam os meus argumentos perfeitos[/cognito]

a[r]es
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Re.: O absurdo existe

Mensagem por a[r]es »

Ei Miles impio... eu não entendo essa história de centrar a discução da consciencia em termos de materialismo/imaterialismo. Só confunde. a consciencia deve acontecer... logo deve ter substrato. Se não tiver substato como pode existir? E o que é imaterial afinal? Tem substrato?

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zumbi filosófico
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Re: Re.: O absurdo existe

Mensagem por zumbi filosófico »

a[r]es escreveu:a consciencia nao é absurda. Segundo o Zoologo Donald Griffith (que descobriu o sonar dos morcegos) é útil e deve existir em muitos animais


O neurólogo Bjorn Merker acha que uma "consciência primária" existe nos seres com algo suficientemente similar ao nosso tronco cerebral.

http://sciencenews.org/articles/20070915/bob9.asp
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betossantana
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Re: Re.: O absurdo existe

Mensagem por betossantana »

cognitivo escreveu:Nós precisamos definir melhor a palavra "consciência.". Quando digo consciência, me refiro à bizarra suposta propriedade de subjetividade da matéria. "Ela" sente dor e prazer. Se esses fenômenos têm algo a dizer sobre como surge essa consciência, nós nunca iremos concordar.


Que confusão, animais também sentem dor e prazer, alguns autores já apontados neste tópico defendem que animais têm também suas consciências rudimentares mas você parece estar se referindo á consciência nos moldes humanos, se for isso, isso de prazer e dor não tem nada a ver porque qualquer animal sente.
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Anna
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Re: Re.: O absurdo existe

Mensagem por Anna »

Miles Teg escreveu:
Azathoth escreveu:
cognitivo escreveu:quando os seres biológicos poderiam ser meros autômatos orgânicos.


O que quer dizer por autômato orgânico?


Acho que "zumbi filosófico".


Quáquáquáquá!!
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zumbi filosófico
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Re.: O absurdo existe

Mensagem por zumbi filosófico »

:emoticon5: por que a risada?

... acho que pelo termo ser meio desconhecido..... procurando no google há apenas 1,5 páginas de resultado em português, sendo um dos resultados esse aqui..... outro lá no fCC, pelo Luis Dantas... mas há outros além desse...

http://en.wikipedia.org/wiki/Philosophical_zombie
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zumbi filosófico
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Re: Re.: O absurdo existe

Mensagem por zumbi filosófico »

betossantana escreveu:
cognitivo escreveu:Nós precisamos definir melhor a palavra "consciência.". Quando digo consciência, me refiro à bizarra suposta propriedade de subjetividade da matéria. "Ela" sente dor e prazer. Se esses fenômenos têm algo a dizer sobre como surge essa consciência, nós nunca iremos concordar.


Que confusão, animais também sentem dor e prazer, alguns autores já apontados neste tópico defendem que animais têm também suas consciências rudimentares mas você parece estar se referindo á consciência nos moldes humanos, se for isso, isso de prazer e dor não tem nada a ver porque qualquer animal sente.


Na verdade apenas alguns animais sentem dor e prazer, a menos que se supusesse que o cérebro não tem nada a ver com isso.
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zumbi filosófico
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Re: Re.: O absurdo existe

Mensagem por zumbi filosófico »

a[r]es escreveu:Ei Miles impio... eu não entendo essa história de centrar a discução da consciencia em termos de materialismo/imaterialismo. Só confunde. a consciencia deve acontecer... logo deve ter substrato. Se não tiver substato como pode existir? E o que é imaterial afinal? Tem substrato?


Acho que as pessoas não param para pensar no problema que é dizer que a alma é imaterial. Parece que para a maioria das pessoas que sugerem isso, é algo evidente, óbvio, tanto ao ponto da tentativa de explicação científica ser meio análoga a explicações "alternativas". Mas duvido que a maioria sequer tenha uma definição de "imaterial", soubesse explicar.

Talvez uns até digam algo como que "é inexplicável por natureza", mas mantendo que é a consciência é uma alma imaterial, e a justificativa de que tem que ser imaterial porque não se pode explicar materialmente. :emoticon12:

Os espíritas ainda sapecaram no meio o "semi-material". Eu me pergunto, se é para ter um ou dois níveis "não materiais", sem nem saber o que viria a ser "não material", porque não 17 níveis "não-materiais", cada um diferindo um do outro tanto quanto o material supostamente difere do (o que quer que isso venha a ser) imaterial "clássico"?

Acho que aí então usam a navalha de occam. :emoticon12:


Esse problema da imaterialidade até leva alguns desses pró-alma bolar alguns rascunhos de modelos materiais para a alma. Lembro de ter visto, acho que no canal discovery ou no programa "fantástico" da rede globo algum cientista (acho que era) propondo algo como "ranhuras no tecido quântico do espaço" ou algo que soa parecido com isso, mas que talvez, com otimismo, faça algum sentido. Mas não sei quem defendia isso era alguém sério ou algum daquela turma do "what the bleep", que defendem que a água se aborrece se a ofendemos e etc. Mas de qualquer forma tem também o Roger Penrose, que é físico e tido como sério, com umas idéias assim, de um nível subatômico para a consciência... que uns gostam de imaginar que pudesse manter-se em homeostase depois da morte do corpo.
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Anna
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Re: Re.: O absurdo existe

Mensagem por Anna »

Miles Teg escreveu::emoticon5: por que a risada?

... acho que pelo termo ser meio desconhecido..... procurando no google há apenas 1,5 páginas de resultado em português, sendo um dos resultados esse aqui..... outro lá no fCC, pelo Luis Dantas... mas há outros além desse...

http://en.wikipedia.org/wiki/Philosophical_zombie


Pq esse termo é muitooooooo engraçado.
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zumbi filosófico
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Re.: O absurdo existe

Mensagem por zumbi filosófico »

hehe... poderia ter um filme "madrugada dos zumbis filosóficos".... diversos filósofos levantam de suas tumbas, gemendo, grunhindo, sedentos por sangue, carne humana, e cérebros!
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Malamen
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Re.: O absurdo existe

Mensagem por Malamen »

Você também é absurdo e existe...
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cognitivo
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Re: Re.: O absurdo existe

Mensagem por cognitivo »

Miles Teg escreveu:
cognitivo escreveu:
Miles Teg escreveu:
Azathoth escreveu:
cognitivo escreveu:quando os seres biológicos poderiam ser meros autômatos orgânicos.


O que quer dizer por autômato orgânico?


Acho que "zumbi filosófico".


Pra mim, a palavra "zumbi" descreve melhor quem desqualifica toda uma explanação com apenas 4 palavras


Qual a necessidade de agressões? Em vez de confirmar se era o que quis dizer, aproveitou o termo "zumbi" só para agredir a toa.

E ninguém usou apenas 4 palavras.

Isso aqui é um fórum de discussão. O que você esperava? Queria apenas que todos aceitassem que, porque você (nem ninguém ainda) entende bem como a experiência subjetiva pode ser um fenômeno material, todos prontamente aceitassem que então existe uma esfera de luz (numa faixa do espectro ortogonal à luz conhecida) "semi-imaterial" que cria uma conexão por meio de vibrações sub-quarkicas, entre o cérebro material e os 4 compoentes plenamente imateriais modulares que constituem a mente? (os módulos imateriais são: consciência, amor, humor e inteligência)

Ou que, a despeito desses detalhes ainda não bem certos das possíveis teorias "imateriais" da consciência, que simplesmente aceitassemos que é "imaterial" ou que pode ser "imaterial", seja lá o que for isso de "imaterial"?

Acho engraçado como, uma resposta "materialista" é vista como problemática, enquanto uma alternativa "imaterialista" é uma resposta pronta, clara, e auto-evidente que soluciona tudo, ou no mínimo ser uma "alternativa que não pode ser descartada", apesar da "imaterialidade" ser a coisa mais vaga que se pode imaginar, de não responder absolutamente nada na verdade. Na verdade só trocamos um problema com o qual ao menos podemos lidar por um incomensuravelmente maior, não por uma resposta.


Qual a necessidade de agressões? Vai me dizer que você citou "zumbi filosófico" sem nenhum tom pejorativo? Ora não venha se fazer de vítima

E não entendi qual foi a resposta imaterialista minha que soluciona tudo.

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Azathoth
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Re.: O absurdo existe

Mensagem por Azathoth »

"Zumbi filosófico" é um termo recorrente em filosofia da mente, não houve nada de pejorativo na postagem do Miles.
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cognitivo
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Re: Re.: O absurdo existe

Mensagem por cognitivo »

Azathoth escreveu:Então recomendo que você leia Dennett, os Churchlands e Kevin O'Regan para algumas abordagens bem conservadoras. Estou longe de ser um especialista na produção intelectual desses pesquisadores e você possui muito mais a aprender com os mesmos do que comigo.

Ok, obrigado pelas referências.

Azathoth escreveu:Se você está tão convicto assim de que ontologicamente não pode-se derivar a consciência a partir de termos físico-funcionais (um posicionamento possível, é o de David Chalmers) você deverá aceitar a conclusão de que conteúdo mental consciente ou é causalmente ineficaz ou impotente.

Se você acha que não existe gap ontológico mas que existe um epistemológico, há muitas defesas de materialismo tipo-B disponíveis como a fantástica feita por Brian Loar


A única coisa de que estou convicto é que a ontologia, ou "natureza" da consciência subjetiva, ou sua simples existência em vez de nenhuma consciência, não pode ser explicada por estudos de correlatos entre causa e efeito físicos.

Petição de princípio de que não pode ser acomodado em uma perspectiva fisicalista. Você tem que explicar por quê você acha que não é acomodado, por exemplo se você é convencido pelo argumento do conhecimento de Frank Jackson. Incredulidade pessoal ou apelo à ignorância não é suficiente.


Estou afirmando que uma coisa é absurda do ponto de vista fisicalista. Se isso for apelo à ignorância, então que seja.
Da mesma forma, então einstein ao desgostar da mecânica quântica dizendo que "Deus não joga dados" (o deus panteísta dele) também estava apelando para a ignorância.

Não há boas razões para se achar que a consciência possui origem quântica. A sua insatisfação com a arquitetura clássica wetware do cérebro deveria acompanhar computação quântica em microtúbulos ou nanotúbulos dentro do mesmo.

Não sei se eu teria de me ater aos microtúbulos em particular. Quem sabe, não exista algum fenômeno de emaranhamento quântico nas sinapses. Eu não faço idéia. Saiu na Nature este ano uma matéria de cientistas que estão desconfiando que os cloroplastos executam computação quântica para realizar a fotossíntese. (G S Engel et al, Nature, 2007, 446, 782 )

Primeiro, com as qualificações: Hammeroff não é físico, ele é um médico anestesista e Scott Hagan nem de longe tem o mesmo calibre que Max Tegmark.

Segundo, Tegmark em pessoa já respondeu ao paper citado.

Terceiro, o modelo de Penrose-Hammeroff já está errado desde sua base com a asserção de que não existem processos algorítmicos fora da mecânica quântica, existem fenômenos clássicos não-algorítmicos também.

Quarto, a argumentação de Lucas-Penrose a partir do teorema de incompletude de Gödel que foi a inspiração de toda essa jornada de mente quântica já foi exacerbadamente criticada e não é boa razão para desmerecer que o raciocínio matemático possa ter origem clássica.


Ok, desculpe pela falta de atenção no caso do Hammeroff. Mas você entendeu que eu só queria argumentar que a invalidação de Tegmark não é tão consensual assim, né.
Também não sou fã do modelo de Penrose , assim como você não cedeu a Edelman. Não estou defendendo ela. Só queria mostrar que não é consenso ainda.

cognitiva escreveu:Nós precisamos definir melhor a palavra "consciência.". Quando digo consciência, me refiro à bizarra suposta propriedade de subjetividade da matéria. "Ela" sente dor e prazer. Se esses fenômenos têm algo a dizer sobre como surge essa consciência, nós nunca iremos concordar.


Você não pode resolver um problema difícil de uma vez só em um pulo. Precisa prestar muita atenção em problemas menores da mente como o fenômeno da sinestesia, poder de rotação mental, uma gama de condições neurológicas geradas por dano cerebral, limitações da imaginação, alucinações visuais e juntar os pedaços. Isso, é claro, se você não usa argumentos apriorísticos de que não pode-se explicar a consciência em termos físico-funcionais.

O fenômeno de change blindness possui muitas implicações para o entendimento da mente e localização do conteúdo mental. Peço novamente que leia o artigo de Kevin O'Regan.


Acho que estou sendo bastante objetivo em dizer que defendo que a experiência subjetiva, não importa quantos campos fisicalistas diferentes tenha de se estudar, é absurda fisicamente.

cognitiva escreveu:Quero dizer seres orgânicos sem consciência, apenas com as respostas de conduta necessárias para propagarem seus genes, como presumo que seja o caso das plantas, que não possuem sistema nervoso.


Por sua definição, então tudo que utiliza informação extra-genética para propósitos além de diferencial reprodutivo não é um 'autômato inconsciente'? Então para acomodar esses efeitos extras no mundo você precisa aceitar que a consciência ontologicamente possa ser explicada por termos físico-funcionais.


[/quote]

Você entendeu o que quis dizer. Só citei os genes para fazer uma ligação com a "conduta". No geral, quis me referir a máquinas. Se não me referi propósitos além de diferencial reprodutivo, não quer dizer que eu tenha de atribuir consciência a eles.

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Azathoth
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Re: Re.: O absurdo existe

Mensagem por Azathoth »

cognitivo escreveu:Ok, obrigado pelas referências.


Por nada.

cognitivo escreveu:A única coisa de que estou convicto é que a ontologia, ou "natureza" da consciência subjetiva, ou sua simples existência em vez de nenhuma consciência, não pode ser explicada por estudos de correlatos entre causa e efeito físicos.


Repetindo seu posicionamento para clarificações: não podemos conhecer a ontologia da experiência subjetiva a partir de pesquisas envolvendo causa e efeito físicos.

Você tem as seguinte opções:

- Misterianismo: o problema não jaz na natureza última da consciência - ela pode muito bem ser física - o problema é que por alguma razão, não podemos conhecer a resposta do problema porque ele está além de nossa capacidade de investigação

- Variantes de dualismo: o gap epistemológico deriva um gap ontológico. Para explicar o problema, precisamos acrescentar pelo menos um ingrediente não-físico.

Implicações disso: se o ingrediente envolver estrutura & dinâmica e interagir com matéria ele aparentemente está multiplicando desnecessariamente nossa ontologia porque já temos estrutura & dinâmica suficiente com sistemas físicos. Depois, por quê a Física não poderia comportar essa estrutura & dinâmica nova?

Então talvez o ingrediente não-físico não envolva estrutura e dinâmica alguma. Com isso temos as seguintes implicações: o ingrediente extra ou não influencia em nada no comportamento do ser consciente (epifenomenalismo, posicionamento auto-contraditório) ou ele é impotente, seus efeitos são exatamente os mesmos que existiriam nos sistemas em questão (overdetermination).

Se você quiser conservar a importância da experiência subjetiva em sua vida, melhor re-considerar posições materialistas.

cognitivo escreveu:Estou afirmando que uma coisa é absurda do ponto de vista fisicalista. Se isso for apelo à ignorância, então que seja.


A sua desavença emocional e o fato de explicações fisicalistas serem extremamente contra-intuitivas não é o suficiente, é apenas incredulidade pessoal.

Não é diferente do vitalista de 2 séculos atrás que batia o pé no chão e aceitava que sistemas biológicos precisavam de um ingrediente extra não-físico, o élan vital.

Você precisa substanciar seu argumento. Precisa mostrar com sucesso que não existe dependência ontológica entre pelo menos uma propriedade mental e propriedades físicas. Filósofos da mente não-fisicalistas tradicionamente procuraram defender essa tese com experimentos mentais como "qualia invertido" e o "quarto de Mary".

cognitivo escreveu:Não sei se eu teria de me ater aos microtúbulos em particular. Quem sabe, não exista algum fenômeno de emaranhamento quântico nas sinapses. Eu não faço idéia.


Suponha que exista. No que esse fenômeno ajudaria a entender a experiência subjetiva? Uma crítica tradicional feita aos programas de pesquisa de mente quântica é que os mesmos inadvertidamente estão associando dois conjuntos de fenômenos contra-intuitivos e estranhos na esperança de que exista uma estranheza em comum aos dois.

cognitivo escreveu:Saiu na Nature este ano uma matéria de cientistas que estão desconfiando que os cloroplastos executam computação quântica para realizar a fotossíntese. (G S Engel et al, Nature, 2007, 446, 782 )


Eu li um press release sobre isso, achei também fascinante. Mas trata-se apenas de seres vivos apropriando-se de efeitos quânticos precisamente na escala em que os mesmos existem e podem ser explorados. Não está claro em por quê e como um neocórtex tão caro e grande quanto o nosso poderia ter evoluído amplificando efeitos quânticos dos menores constituintes de seus circuitos elétricos.

cognitivo escreveu:você entendeu que eu só queria argumentar que a invalidação de Tegmark não é tão consensual assim, né.
Também não sou fã do modelo de Penrose , assim como você não cedeu a Edelman. Não estou defendendo ela. Só queria mostrar que não é consenso ainda.


Por consensual quero dizer o que a maior parte dos filósofos e cientistas que trabalham em estudos de consciência acham a respeito do problema. E a minoria que defende mente quântica é uma minoria ainda menos representativa que os dualistas de propriedade. E fora da área interdisciplinar de estudos da consciência, os resultados de Max Tegmark tiveram impacto entre muitos outros físicos, tendo sido reportada em revistas de física, isso também conta como consenso.

cognitivo escreveu:Acho que estou sendo bastante objetivo em dizer que defendo que a experiência subjetiva, não importa quantos campos fisicalistas diferentes tenha de se estudar, é absurda fisicamente.


Novamente se por "absurda fisicamente" você está querendo dizer "contra-intuitiva", concordo plenamente. Se por "absurda fisicamente" você quer dizer "impossível", você precisa demonstrar isso, o repúdio de sua própria intuição não é suficiente. Diversos problemas hoje resolvidos tiveram soluções contra-intuitivas. Não espero que o compreendimento melhor da consciência possua explicações fáceis, visto que é um dos maiores problemas científicos em aberto.

cognitivo escreveu:Você entendeu o que quis dizer. Só citei os genes para fazer uma ligação com a "conduta". No geral, quis me referir a máquinas.


O que significaria para uma entidade consciente ser uma não-máquina? Acredito que ela deveria ter efeitos no mundo diferentes de "máquinas". Só que para esse propósito, acrescentar propriedades não-físicas ao problema não vai lhe conceder nenhum poder comportamental extra, vai continuar sendo uma máquina.

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Re: Re.: O absurdo existe

Mensagem por betossantana »

Miles Teg escreveu:Na verdade apenas alguns animais sentem dor e prazer, a menos que se supusesse que o cérebro não tem nada a ver com isso.


SÉRIO?? Não sabia mesmo!
É um problema espiritual, chupe pau!

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Re: Re.: O absurdo existe

Mensagem por betossantana »

cognitivo escreveu:A única coisa de que estou convicto é que a ontologia, ou "natureza" da consciência subjetiva, ou sua simples existência em vez de nenhuma consciência, não pode ser explicada por estudos de correlatos entre causa e efeito físicos.


Uma convicção a priorística.

cognitivo escreveu:Estou afirmando que uma coisa é absurda do ponto de vista fisicalista.


Defina "ponto de vista fisicalista".


cognitivo escreveu:Acho que estou sendo bastante objetivo em dizer que defendo que a experiência subjetiva, não importa quantos campos fisicalistas diferentes tenha de se estudar, é absurda fisicamente.


Você simplesmente não chega a lugar nenhum.
É um problema espiritual, chupe pau!

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zumbi filosófico
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Re: Re.: O absurdo existe

Mensagem por zumbi filosófico »

cognitivo escreveu:Qual a necessidade de agressões? Vai me dizer que você citou "zumbi filosófico" sem nenhum tom pejorativo? Ora não venha se fazer de vítima


Eu acho que "autômato orgânico" é um termo que você cunhou para se referir ao que o pessoal da área chama de "zumbi filosófico".

Eu não disse que ninguém é um "zumbi filosófico"... ainda que, por definição, eu não pudesse mesmo saber... :emoticon12:



E não entendi qual foi a resposta imaterialista minha que soluciona tudo.

Você não está sugerindo que o materialismo é insuficiente, e que devêssemos aceitar que há uma alma imaterial? Isso ou "preparou o terreno", para isso, pelo que vi.
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Trancado