Matemática revolucionária
por Percival Puggina em 15 de junho de 2007
Resumo: Mais um exemplo de charlatanice esquerdista apresentada como produção intelectual séria.
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Há alguns dias escrevi sobre os “fazedores de cabeça” que embrutecem a inteligência acadêmica do país, alimentando-a com as rematadas tolices da literatura esquerdista. Agora, recebo outra robusta prova dos extremos a que chega esse processo. Trata-se de uma tese de doutorado. Ela se tornou conhecida pelo convite divulgado pelo autor para o ato de defesa que ocorreu no final do mês passado. A mensagem passou a circular na rede. Omitirei o autor e a instituição porque prefiro denunciar o veneno a dar publicidade à cobra. O importante, aqui, é o fato em si. O autor existe. Há diversas referências a ele na internet e o que pude ler é totalmente coerente com o que segue abaixo, na reprodução do convite que fez a seus pares. Após indicar o quando e o onde da apresentação, ele designa o trabalho que apresentará e que trata das “contribuições de Paulo Freire e Ubiratan D'Ambrosio para a formação do professor de matemática no Brasil”. E resume assim o conteúdo da apresentação:
“Nos impusemos como tarefa analisar a formação do professor de matemática de modo contextualizado com a nossa realidade social atual e reconstituindo a função histórica que a nossa escola e a formação docente desempenharam como reforçadora das desigualdades sociais e mantenedoras do status quo da sociedade capitalista”.
“No levantamento histórico, utilizamos as contribuições de G. Freyre, S. B. de Holanda, C. Prado Júnior, L. Basbaum, C. Furtado, F. de Azevedo, J. K. Galbraith, O. de O. Romanelli, A. Teixeira, entre outros. E, em nossa análise, nos valemos das contribuições de K. Marx, F. Engels, A. Gramsci, M. Chauí, L. Althusser, J. Contreras, O. Skovsmose A. Ponce, M. Gadotti, K. Kosik e outros referenciais próprios da área”.
“A formação do professor de matemática é vista como resultado de um processo histórico-cultural que mantém ainda uma forte herança de elementos de uma sociedade colonial, corroborado pela não participação democrática do povo brasileiro em seu processo de constituição sócio-cultural numa sociedade capitalista e excludente”. E segue, anunciando que “os atuais processos de formação de professor de matemática ainda são fortemente sedimentados numa formação alienada aos ditames de uma sociedade de classes, que não permite ao futuro professor compreender e fazer uso da necessária autonomia inerente à sua atuação. (...) Assim, a investigação indica a necessidade de uma atuação dos formadores no sentido de conscientizar os futuros professores de matemática de sua tarefa como intelectuais orgânicos a serviço da construção da hegemonia dos excluídos, dos explorados em geral”.
Como se vê, o doutor está convencido de que a tarefa de um professor de matemática é servir à construção da hegemonia dos excluídos. Pergunto eu: de que serve, para esse fim, ensinar tabuada, trigonometria e álgebra? Qual a função revolucionária de integrais e diferenciais? Nessa perspectiva, matemática financeira deve ser matéria neoliberal e cálculo de área coisa prá dono de latifúndio. Calcule, agora, leitor, onde essa coisa vai parar.
FONTE:
https://antigo.religiaoeveneno.com.br/viewtopic.php?t=11833