zumbi filosófico escreveu:Tulio escreveu:Vito Álvaro escreveu:O ENCOSTO escreveu:Vitão, você não disse que ia parar de postar neste forum?
Eu disse, mas fui sem querer. Estou em volta.
Estou de volta.
Porra, cara! Aprende a escrever direito, tu és surdo, mas não és burro!
A surdez atrapalha algumas coisas na aquisição de linguagem normal. Pense que, por exemplo, é como aprender um segundo ou terceiro idioma.
O primeiro acho que seria a lingua de sinais, a segunda seria aprender a falar sem ouvir o que fala, e entender a linguagem falada com o aparelho de surdez*, que é algo totalmente diferente de ouvir como nós ouvimos (é meio como ouvir apenas consoantes ou só vogais, intermediado por um zunido constante... é quase como um "código morse" em matéria de similaridade, e também deve guardar pouca semelhança com o mesmo idioma escrito).
Não é só uma segunda linguagem, mas é muito diferente, não tem todas as coisas correspondentes à linguagem falada/ouvida, que é muito mais parecida com a escrita. Há surdos que nem sabem falar. Pelo que sei, o Vito é bem avançado até, e vem melhorando bastante desde que vi pelas primeiras vezes por esses fóruns.
* Para se ter uma idéia de como a coisa é complexa, há quem argumente que o melhor é que as pessoas surdas não usem aparelho de surdez, porque depois que eles se adaptam ao modo de vida surdo, se readaptar a audição é muito difícil. O nome de um livro sobre isso inclusive é "The Mask of Benevolence: Disabling the Deaf Community" ("a máscara de benevolência: desabilitando a comunidade dos surdos"). Coisa similar ocorre com os cegos que retornam a ver. Esses sentidos e o seu aproveitamento nos parecem tão naturais, mas a realidade é que precisam ser aprendidos desde o nascimento. As pessoas cegas às quais se devolve a visão, não se acostumam, não "sabem ver". Menciono o exemplo da cegueira, porque, talvez até mais do que a audição e linguagem, parece algo totalmente natural e automático... você vê, e entende o que vê... profundidade, espaço, movimento, objetos, etc. Mas mesmo isso que parece tão básico, não é bem assim. Acho que linguagem pode ser até mais complicado, e mesmo que não seja, também não é exatamente algo muito simples.
Recomendo o livro "um antropólogo em Marte", de Oliver Sacks, por falar nisso, é sobre esse tipo de coisas, em parte.