Crentes choram ante a queda de seu deus no estádio Olímpico.
02/12/2007 - 18h17
Corinthians empata com o Grêmio em Porto Alegre e vai para a Série B do Nacional
da Folha Online
O Corinthians está rebaixado para a Série B. O time, que precisava vencer, empatou com o Grêmio por 1 a 1 neste domingo, no estádio Olímpico, em Porto Alegre, na última rodada do Campeonato Brasileiro. Com a vitória do Goiás sobre o Inter no Serra Dourada, a equipe paulista terminou o torneio na 17º posição, com 44 pontos --um a menos do que o Goiás--, na zona da "degola".
Os jogadores corintianos viajaram a Porto Alegre com o objetivo de manter o time na elite do Nacional. Mas não conseguiram. Na quarta-feira, eles perderam para o Vasco por 1 a 0, no Pacaembu, e a "decisão" passou para este domingo.
Robson Ventura/Folha Imagem
Corintianos lamentam rebaixamento do time
Finazzi, suspenso pelo STJD por ofender o árbitro na partida contra o Goiás, e Dentinho, que recebeu o terceiro cartão amarelo contra o Vasco, ficaram fora do jogo.
Antes da partida, o técnico Nelsinho Baptista fez muito mistério. Sem revelar a escalação, o técnico tentou surpreender o rival. A equipe entrou em campo com 15 minutos de atraso. Só nesse momento, a formação titular foi revelada. Nelsinho optou em colocar Vampeta no meio-campo e Clodoaldo no ataque.
Após tanto segredo e muita demora, a partida começou. E o desespero do time paulista aumentou aos 2min. Após cruzamento, o atacante Jonas, do Grêmio, cabeceou e abriu o placar.
Com apoio da torcida e com tranqüilidade, o Grêmio era superior. A defesa e o goleiro Felipe do Corinthians tiveram muito trabalho. No entanto, a pressão passou, e partida ficou equilibrada.
A torcida corintiana pôde respirar mais aliviada, aos 31min. Carlos Alberto, dentro da área, tocou para Clodoaldo. Mesmo atrapalhado pela marcação, o centroavante mandou a bola para as redes.
Depois do gol, o Corinthians passou a trocar mais passes na intermediária, porém não conseguiu superar os defensores gremistas e criar jogadas perigosas.
No intervalo da partida, Vampeta declarou que a equipe não podia se preocupar com os outros resultados da rodada. "É difícil. A gente se preparou para a decisão e tomamos logo um gol. Temos que jogar sem pensar em ninguém. Temos que ganhar", falou Vampeta à TV Globo.
No começo da etapa final, as duas equipes pouco produziram. Com isso, Nelsinho tentou tornar o Corinthians mais ofensivo. Aos 20min, ele já tinha feito as três substituições. Saíram Bruno Octávio, Everton Ribeiro e Vampeta, e entraram Arce, Ailton e Héverton.
Muito nervosa, a equipe paulista encontrou muitas dificuldades. Os jogadores correram muito, mas sem qualidade técnica a equipe sofreu muito.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/espo ... 0614.shtml
03/12/2007 - 09h12
Após o rebaixamento, Corinthians inicia debandada já esperada
Marcius Azevedo, em Porto Alegre (RS)
Ainda sob efeito do rebaixamento, o Corinthians já planeja 2008 e muitos dos jogadores que colocaram o time na segunda divisão não vão continuar. Até o técnico Nelsinho Baptista sabe que está fora.
Do time considerado titular, Betão, Moradei e Finazzi têm contrato apenas até o final do ano, assim como outros jogadores como Bruno Octávio, Vampeta, Aílton, Iran...
A diretoria ainda terá que resolver outros casos, como o de Clodoaldo. O atacante, que fez o gol no empate com o Grêmio, tem mais dois anos de contrato, mas não irá ficar para o próximo ano.
"É como se tivesse morrido alguém da minha família. Não lembro nem que fiz o gol. É uma tristeza profunda", disse o jogador, em Porto Alegre.
Ricardinho, Kadu, Wilson são outros jogadores do atual elenco que estão na mesma situação de Clodoaldo. Eles dificilmente vão jogar pelo clube em 2008, apesar dos contratados serem mais longos.
O Corinthians também corre o risco de perder jogadores que não gostaria, como o goleiro Felipe. Ainda chorando pela queda, o jogador, que virou ídolo máximo da torcida, não confirmou se fica.
"Eles terão que vender jogadores para fazer caixa. As receitas do clube devem diminuir", afirmou o goleiro, que tem uma proposta da Espanha.
Outro que pode sair é Lulinha, que, apesar de renovar contrato recentemente, diz ter uma oferta do Chelsea para 2008.
"Muitos jogadores vão sair e outros vão chegar. A equipe será forte. Não sei se serão jogadores de Série B, serão jogadores do Corinthians", afirmou o presidente do Corinthians, Andrés Sanchez. "Quero jogadores com vontade de estar aqui".
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O EMPATE QUE SELOU A QUEDA
O Corinthians escreveu o capítulo mais triste da sua história neste domingo. A equipe do técnico Nelsinho Baptista só empatou com o Grêmio por 1 a 1, no estádio Olímpico, em Porto Alegre, e não conseguiu evitar o rebaixamento à Série B.
O time quatro vezes campeão brasileiro acabou ultrapassado na tabela de classificação pelo Goiás, que venceu o Internacional, em Goiânia, e fechou o Campeonato Brasileiro com apenas um ponto de vantagem para o rival paulista e fora da zona de degola. Além do Corinthians, o Paraná, que perdeu do Vasco, também vai estar na Série B em 2008.
http://esporte.uol.com.br/futebol/ultim ... 38928.jhtm
03/12/2007 - 09h18
Rebaixado, Corinthians consegue "derrotar" até a torcida
MÁRVIO DOS ANJOS, da Folha de S.Paulo
Décimo-segundo e mais importante jogador da história corintiana, a torcida ontem parecia reavaliar seu papel. O ano de 2007 será lembrado como aquele em que um time do Parque São Jorge derrotou a Fiel.
Quando o árbitro Alício Pena Júnior encerrou a agonia, veio à tona um sentimento de impotência de uma massa de anônimos que sempre se orgulhou de jogar junto com a equipe e vencer os piores desafios.
Um sentimento vivido no Tatuapé, no Bom Retiro, na Vila Madalena, nos Jardins, onde quer que houvesse uma concentração. Mas, na quadra da Gaviões, epicentro da paixão corintiana no bairro do Bom Retiro, era mais especial.
Um torcedor se deitou no chão. Outros choravam, escorados em paredes, agachados na porta. Casais se abraçavam. "Eu nunca vou te abandonar, Corinthians", gritavam alguns. "Ano que vem, não tem erro, a gente tira", prometiam outros.
Na quadra da principal organizada, que migrou em massa para Porto Alegre, não havia ninguém meia hora antes da partida. Aos poucos, porém, cem torcedores chegaram para assistir ao jogo --ou melhor, a uma noção dele-- numa TV de 20 polegadas, vinda do barracão. Cheia de fantasmas. Sem som. De fato, corintiana.
Segundo o metalúrgico e gavião Carlos Henrique, da Ponte Rasa, a TV só foi conseguida aos 20min do primeiro tempo, e as caixas de som não davam vazão. A solução foi abrir o porta-malas de um carro com rádio AM.
Cenário bastante diferente do bar Museu Preto e Branco, tradicional reduto corintiano. Telões e TVs transmitiam o jogo diante de mais de 400 mosqueteiros de todas as castas.
Ali tinha um bando de loucos.
Lá, ex-jogadores, como Zé Maria e Adãozinho, e ex-cartolas, como Marlene Matheus, mesclavam-se ao sofrimento de anônimos kalungas, suvinis, pepsis e samsungues num calor infernal. Tirar a camisa era proibido, tanto por respeito ao bar quanto pelo time.
O telão promovia a simbiose dos que foram com os que ficaram. Cada vez que as câmeras obsessivas focalizavam torcedores cantando, o bar se juntava à arquibancada corintiana do Olímpico num uníssono que cobria os 1.109 km de distância entre as capitais de SP e RS.
A Fiel havia agüentado bem o baque no gol precoce de Jonas. Mesmo com muitos de seus membros em lágrimas, continuava cantando. O Tatuapé incendiava o time, o Corinthians melhorava, Clodoaldo empatou a partida. Intervalo.
Marlene Matheus sorria, confiante. Jamanta, primeiro torcedor a envergar a camiseta do "Fora Dualib", mostrava outra roupa, com os dizeres: "Brasileiro sem Corinthians é como Copa sem Brasil."
A reportagem vai atrás de outros sinais da via-crúcis. Nas calçadas, poucas pessoas. Trânsito bom na Radial Leste. São Paulo parecia estar em casa ou estacionada diante das TVs.
Pelo rádio, ouve-se que há um pênalti cobrado três vezes no Serra Dourada. O Corinthians voltava à zona de rebaixamento e, num Siena ao lado do carro da reportagem, um pai de família comemorava, ao lado da mulher e de duas crianças.
O trânsito torcia contra o Corinthians. Poucos metros antes do Preto e Branco, no começo do primeiro tempo, uma moça no semáforo entregava um panfleto imobiliário perguntando quase ao mesmo tempo se o Grêmio tinha feito 1 a 0. Diante do sim, satisfez-se.
A reportagem volta à quadra do Bom Retiro. O 2 a 1 do Goiás estava estabelecido, e o Corinthians já não ia mais à frente com a freqüência de antes. Escanteios, cada vez mais escassos, eram aplaudidos.
A rádio AM avisava: fim de jogo em Goiás. "Ai, Corinthians, não faz isso...", murmura um gavião, roendo as unhas. Alguns abandonavam suas cadeiras de plástico, incrédulos.
O Timão não encontrava o caminho do gol, por mais que cada torcedor orientasse. Não bastou ser Fiel a cada jogo, o ano inteiro. Hiper-reforçado por investidores russos, cartolas de moral dúbia, três técnicos e muitos jogadores limitados, o Corinthians conseguiu o incrível: derrotou a Fiel.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/espo ... 0650.shtml
Policial militar faz com torcedor corinthiano o que o Grêmio fez com o time do Corinthians em campo, nos primeiros minutos de jogo.
Corinthianos apostólicos tatuapeanos comungam, engolindo a bandeira do time em pleno estádio Olímpico.
Ailton, jogador muçulmano do Corinthians, ora voltado para Meca, pedindo as bênçãos de Allah, no momento em que desmarcado, Jonas abre o placar para o Grêmio em Porto Alegre
Cotinthianos oram à espera de um milagre. Que não veio, obviamente.