Quénia à beira da guerra civil
Vaga de confrontos que se seguiu às eleições presidenciais já fez pelo menos 300 mortos
É cada vez mais provável o cenário de guerra civil no Quénia. Os confrontos entre apoiantes do Presidente e do candidato derrotado nas eleições já fizeram pelo menos 300 mortos. Washington e Londres lançaram um apelo aos dirigentes políticos para que “demonstrarem espírito de compromisso, colocando em primeiro lugar os interesses democráticos do Quénia".
Pelo menos 50 pessoas foram queimadas vivas numa igreja, esta terça-feira, em Eldoret, a norte da capital, Nairobi. O local sagrado servia de refúgio a centenas de pessoas que ali esperavam escapar à violência. A maioria era de etnia Kikuyu, a mesma do Presidente queniano.
Temiam retaliações por parte dos apoiantes do candidato derrotado e, segundo um jornalista da agência Reuters presente em Eldoret, terá sido um grupo de jovens apoiantes de Raila Odinga que ateou fogo à igreja.
A destruição nesta cidade a cerca de 300 quilómetros de Nairobi é um espelho da violência que percorre o país.
Os confrontos duram há cinco dias e já fizeram pelo menos 300 vítimas mortais. Os apoiantes de Raila Odinga não aceitam os resultados das eleições presidenciais que deram a Mwai Kibaki a reeleição.
Odinga culpa o actual presidente pela situação e diz que só há uma forma de acabar com a violência no Quénia.
A comunidade internacional mostra-se preocupada com a situação actual no que era até agora visto como a democracia mais estável e próspera do leste de África. O primeiro-ministro britânico exige uma solução rápida para o fim dos confrontos no país.
De acordo com a polícia, cerca de 3 mil pessoas já tiveram de abandonar as casas devido aos confrontos entre facções políticas. A acalmia nas ruas não se prevê para breve. Esta terça-feira, a oposição apelou a que mais de um milhão de pessoas se juntasse num comício para exigir a demissão do presidente Mwai Kibaki.
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